O MÊS, SEMANA A SEMANA, À LUZ DA FÉ E DA TEOLOGIA DE JESUS

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Esta pasta contém Acontecimentos comentados à luz da Fé de Jesus, a única que não é religiosa, mas Política; e à luz da sua Teologia, a única que não é idolátrica, mas Maiêutica.

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Edição 174, janeiro 2022

ELEIÇÕES: QUEM REPRESENTA QUEM E A QUE PREÇO?

Condenam-nos a sermos populações sem vez nem voz, mas com voto. Só que o voto de populações sem vez nem voz acaba sempre por se virar contra elas, umas vezes mais, outras vezes menos, mas sempre contra elas. A prova provada acaba de ser feita com os debates televisivos que precederam a campanha eleitoral que culminará nas eleições legislativas antecipadas, dia 30 deste mês. Debates de 30 minutos entre os líderes dos Partidos que vão a eleições, dois líderes de cada vez, nos canais de notícias e nas rádios, logo seguidos de comentadores contratados. O cúmulo do roubo da vez e da voz das populações, reduzidas assim a meros votantes.

Tudo acontece como se as populações não existissem. E mais. Como se os Partidos fossem apenas os respectivos líderes, também eles condenados a ter de andar a correr de um debate para outro. Sem tempo para se prepararem para os duelos de palavras, todas elas sopradas pelo veneno da retórica e da habilidade, não pela fecundidade da Verdade-realidade que nos faz livres. Pior ainda, sem tempo para os afectos compartilhados.

Nunca a perversão política foi tão longe como desta vez. E tudo a pretexto da Covid-19 e respectiva pandemia. Pelos vistos, só, agora, para este deprimente espectáculo político, a Covid-19 e a respectiva pandemia foram tidas e achadas. Não assim, na hora de os partidos com assento parlamentar votarem o OE 2022. Chumbaram-no, e logo na generalidade. E bem sabiam todos que, chumbado na generalidade, o Parlamento seria dissolvido dias depois e o País teria de avançar para eleições antecipadas. E isto, em plena pandemia causada pela Covid-19. Só de loucos políticos com fome de Poder.

Justifica-se, por isso, mais do que nunca, a pergunta em título, Quem representa quem e a que preço? As populações sem vez nem voz, apenas com voto dado a pessoas escolhidas pelos Partidos políticos, não por elas, já que, delas, aqueles apenas querem o seu voto, sem elas jamais chegarem a estar representadas neste tipo de democracia política partidária. Só mesmo as minorias privilegiadas e, mesmo estas, espalhadas por diversos Partidos, quantos mais melhor. Uma arma mais do Poder que, deste modo, nunca chega a ser olhado e tratado como estranho que divide para reinar, de modo a melhor nos poder roubar, matar e destruir. De um só golpe ou lentamente.

Cabe às populações roubadas da vez e da voz pelo Poder e sua Lei decidir em consciência o que fazer no dia 30, o das eleições antecipadas por decisão unilateral dos Partidos políticos que agora lhes pedem o voto. Ou não votam, ou votam em branco, ou votam nulo, ou votam num dos Partidos, cujos lideres conhecem, pelo menos, de rosto. Sem nunca esquecerem porém o provérbio que diz, 'Quem vê caras, não vê corações'. Nem de um outro, quando o Poder era um exclusivo dos clérigos, 'Bem prega Frei Tomás, diz mas não faz'. Por mim, decido, em consciência, não votar.

O CÉU OU A TERRA?

O Céu é a perdição. A Terra, a salvação. Por mim, entre a verticalidade – céu – e a horizontalidade – Terra – escolho sempre a horizontalidade. Só a horizontalidade nos salva, entenda-se, faz-nos progressivamente crescer de dentro para fora em Humano, não em divino. Já que fora da Terra, perdemos o pé e perecemos. Respiramos veneno, bebemos veneno, comemos veneno.

Nos milénios anteriores, como é sabido, as populações foram sistematicamente levadas a pensar que nascer, crescer e viver na Terra era um degredo, uma vez que ela mais não era do que um vale de lágrimas. Onde gemíamos e chorávamos. De pés no chão e cabeça no céu. A lúcida horizontalidade era a perdição. E a demencial verticalidade, a salvação.

São milénios marcados pelo Religioso e pelo seu irmão gémeo, o ateísmo. Este só muito mais recentemente. No passado, declarar-se ateu era candidatar-se às fogueiras da Santa Inquisição, uma espécie de Auschwitz antes do tempo. É por isso um escândalo de todo o tamanho, quando, na minha condição de Presbítero-Jornalista, escrevo e publico um Livro, intitulado, 'E Deus disse: do que Eu gosto é de Política, não de Religião', Campo das Letras 2002.

Pessoas há que, graças a este Livro, hoje se declaram abertamente ateias. Não que o Livro em si conduza a essa postura, bem pelo contrário, mas porque os clérigos das religiões e das igrejas não só o não acolheram, como abertamente o criticaram e, autoritariamente, perseguiram quem com a simplicidade de uma menina, de um menino, acolheu o Livro como uma luz no seu caminhar na História.

Sabemos bem que ainda hoje o Religioso faz tudo por tudo para se manter à tona da água e não ir ao fundo. E tem-no conseguido, graças ao seu irmão gémeo, o ateísmo. Trata-se de um Religioso light, feito de fórmulas, rituais e sistemas de doutrina, fundados em livros apresentados como sagrados, com destaque para a Bíblia e o Alcorão, quando, na realidade, são livros mais do que maquiavélicos. Cujo deus todo-poderoso está aí, impunemente, a fazer da Terra um inferno para as maiorias, e um paraíso para as minorias privilegiadas, entre as quais estão, antes de mais, os clérigos e outros gurus, todos especialistas na verticalidade, a negação viva da horizontalidade.

Só a Política praticada que o Poder político odeia e mata, conhece a horizontalidade. Ama a Terra, não o céu. Ama os seres humanos e os povos que constantemente vê, não deus que nunca vê. É que só entre os outros seres humanos como nós, somos e vivemos. Reconhecemo-nos como Terra-Consciência, misteriosamente habitados e portadores de energia-vida que levanta mortos e caídos. Outros Jesus histórico, mas agora séc. XXI. Ontologicamente sempre com Deus. Existencialmente sempre sem deus.

MUDAR DE ANO OU DE ESTILO DE VIDA?

Enquanto a Ciência não se faz Sabedoria, somos esta apagada e vil tristeza, instalados na inércia dos dias e das noites, sem percebermos que, como nascidos de mulher, nos cumpre viver intensamente cada dia, na sucessão dos dias, como se ele fosse o único. Semelhante postura exige criatividade, mas só assim nos realizamos como seres humanos e como povo de povos.

A Preguiça é a mãe de todos os vícios. E mata. Não a preguiça dos que não mexem uma palha, nem dão um passo para sair do sítio onde um dia foram plantados. Essa é timbre dos que não são nem frios nem quentes. Um viver de aranha que constrói a sua teia e passa os dias e as noites à espera que um distraído insecto caia nas suas malhas para o devorar e se alimentar.

Quando digo Preguiça, digo a daquelas, daqueles que nunca encontram tempo para escutar o Vento e dar atenção aos Sinais dos tempos. Nem para fazerem seu, cada dia, o viver das aves do céu e a beleza dos lírios do campo, afadigados que vivem em amontoar riqueza sobre riqueza, Poder sobre Poder. Nem que para isso tenham de ir viver longe da terra que os viu nascer e sujeitar-se como escravos aos caprichos e às ambições das multinacionais e dos Partidos, longe das filhas, dos filhos acabados de gerar e que deixam entregues à respectiva progenitora, num viver de mãe solteira.

É desta Preguiça que falo. A Preguiça que, de tão activa, mata a alma e os afectos dos que se deixam apanhar por ela. É capaz de cumular riqueza e Poder, mas à custa de perder a própria alma e os afectos. E sem a alma, sem os afectos, quantos mais anos viverem na História, mais desgraçados são e desgraçam o mundo. Pelo que melhor fora que não tivessem nascido.

Mudar de ano ou de estilo de vida? Só por causa dos calendários que inventamos para melhor podermos gerir as nefastas ambições de Ter e de Poder é que me vejo forçado a formular a pergunta. Fôssemos seres humanos nascidos de mulher e povo de povos e a pergunta não chegaria sequer a ser formulada. Todo o nosso ser-viver estaria inteiramente focado em cada dia que, na sucessão dos dias, nos é dado viver sobre a Terra a girarmos ininterruptamente com ela à volta do Sol e à volta de si mesma.

Seríamos Terra-Consciência. A crescer, cada dia, de dentro para fora, não em Ter nem em Poder, sim em Ser e Viver em sintonia com a Terra. Progressivamente religados uns aos outros, ao modo dos vasos comunicantes. Fiéis àquele primeiro princípio da Vida que diz, De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas reais necessidades. Uma vez que tudo o que é Essencial para sermos-vivermos na História – o Ar que respiramos, a água que bebemos e os frutos produzidos pela Terra – nos é dado de graça. E tudo o mais vem por acréscimo, quando, obviamente, somos e vivemos vasos comunicantes-Consciência.

Edição 173, dezembro 2021

O mamarracho deixado pelo pároco Pe. André

CONCLUÍ-LO E COM QUE DINHEIRO, OU DERRUBÁ-LO?

Em 17 de novembro, envio este email a

'Manuel Linda, Bispo da Igreja do Porto

Meu irmão em Humanidade

Na minha qualidade de presbítero-jornalista, venho pedir-lhe que me diga se o Pároco anterior, Pe. André Ferreira, deixou na conta da Paróquia o dinheiro em falta da megalómana obra que há anos projectou e se encontra parada e abandonada, desde a conclusão da primeira fase; ou se, pelo contrário, o levou com ele.

Tenho perguntado a pessoas que trabalharam mais de perto com ele, inclusive, na angariação do dinheiro para a obra, mas nenhuma delas se mostra informada a esse respeito. De modo que a sensação com que fico é que, com a saída do Pe. André, saiu também o dinheiro da megalómana obra parada e abandonada.

Cabe-lhe, como Bispo da Igreja do Porto, esclarecer-me, para eu, presbítero-jornalista, poder informar as populações cada vez mais distantes dos párocos que a Diocese lhes impõe - o verbo é forte, mas corresponde à realidade, como bem sabe - uma vez que elas, nestes assuntos, nunca são tidas nem achadas.

Sei que o assunto é melindroso, mas quem não deve não teme. E eu que aqui vivo, por opção, gostaria de poder informar com verdade as pessoas que cá residem e as das freguesias vizinhas, todas conhecedoras da situação.

Antes de concluir, aproveito para lhe agradecer por me 'desbloquear' e me aceitar de novo como seu 'seguidor' no Twitter. Devo confessar entretanto que quase sempre fico gelado com o não-Evangelho de Jesus histórico que lá divulga, bem como nas Mensagens semanais, ao cimo da última página da VP.

O meu abraço presbiteral

P.S.

Tomo a liberdade de reencaminhar este email para o da Diocese do Porto.'

Como era expectável, este meu pedido não teve, até ao presente, qualquer resposta. O bispo residencial é o Poder de um só em toda a diocese, tal como cada pároco é o Poder de um só em toda a paróquia. E o papa de Roma é o Poder de um só em toda a terra. O que diz bem o que é e como funciona o sistema eclesiástico e do qual só fazemos bem, se fugirmos. Em boa hora, porém, acabo de me encontrar pessoalmente com o sucessor do Pe. André, nos fundos da casa paroquial que os familiares dele puderam pôr, dispor e estragar nos muitos anos em que ele cá esteve como pároco. E o que acabo de saber junto dele diz bem o que são o sistema eclesiástico e a generalidade dos clérigos.

Fiquem, pois, as populações de Macieira da Lixa e arredores a saber que o pároco Pe. André saiu para outras paróquias, mas o dinheiro da dívida foi com ele. Na paróquia ficou a dívida e o mamarracho megalómano que, tal como está, não se chega sequer a perceber para que serve, caso haja quem demencialmente ainda queira prosseguir a sua construção. Antes do seu início, um conjunto de voluntários disponibilizou-se para andar a receber, mês após mês, das famílias, as contribuições que o pároco havia atribuído a cada uma delas. Famílias houve, mais desafogadas, que decidiram entregar de uma só vez ou em duas vezes a respectiva contribuição. Foi o que perderam. O dinheiro recebido em cada mês era entregue por todos e cada um ao pároco. Só que na hora do pagamento da primeira fase, o dinheiro mais do que suficiente para pagar ao empreiteiro não apareceu. E este acabou por ter de recorrer ao tribunal e a dívida de muitos milhares de euro tem estado a ser paga, por decisão judicial, a prestações mensais de 5 mil euro cada uma.

Do novo pároco, Pe. Abílio, a quem ofereci um exemplar do meu mais recente Livro – devo aqui testemunhar que gostei muito da sua simplicidade e do seu acolhimento – fiquei também a saber que ele, neste momento, está a tentar juntar todas as peças deste escabroso puzzle e, quando o concluir, enviará toda a informação ao bispo titular e, simultaneamente, informará ao pormenor a paróquia. A mim garantiu-me que a dívida de muitos milhares de euro é para pagar – não me revelou onde e como vai arranjar o dinheiro – sob pena de penhora da obra, por parte do Tribunal. E diz-me que, para ele, pagar a dívida é uma questão de honra. De resto, também para isso ele aceitou em obediência ao bispo assumir a paróquia de Macieira, nas condições desgraçadas em que ela se encontra. juntamente com as de Borba de Godim e de Vila Cova, cidade da Lixa

Caberá, entretanto, às populações de Macieira que se revejam neste tipo de igreja clerical e piramidal decidir se aceitam continuar a dar do seu dinheiro para que o mamarracho acabe de ser construído, ou se, pelo contrário, alertados pela oportuna canção 'Os Vampiros', do nosso querido José Afonso – 'Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada' – optam por deixar o bispo Manuel Linda, ex-Bispo das Forças Armadas e de Segurança, a falar sozinho. O que se espera que venha a acontecer. De contrário, aplica-se-lhes o provérbio, 'Tão ladrão é o que rouba como o que fica à porta'. Neste caso, os que continuam a engordar os clérigos que os sugam e enganam e ainda por cima abusam das suas filhas, dos seus filhos crianças e adolescentes. É de bradar aos céus e às pedras da calçada. Acordai, pois, meus conterrâneos e demais populações do concelho e país! Acordai!

N.E.

JF faz aqui a habitual pausa do Solstício de inverno e conta regressar na sexta-feira 6 de janeiro 2022.

A Terra é de todos os seres vivos, não apenas dos humanos

VACINAR, OU MUDAR DE ESTILO DE SER E DE VIVER?

Os meus dois últimos Livros, respectivamente, 'DA CIÊNCIA À SABEDORIA' e 'DO MÍTICO CRISTO-DA-FÉ AO JESUS HISTÓRICO', Seda Publicações /Gugol.pt – em meu modesto entender, deveriam ser traduzidos nas principais línguas faladas no mundo – transmitem-nos, no seu conjunto, cada qual a seu modo, a boa notícia mais esperada pelos povos da Terra, desde há, pelo menos, três mil anos, tantos quantos os da existência da Bíblia. A hebraica, primeiro, exclusiva dos judeus, mais tarde, traduzida para o grego (Septuaginta), e a judeo-cristã (Vulgata, em latim), versão católica romana imperial, sob a forma de dois Testamentos, o Primeiro ou Antigo (46 livros) e o Segundo ou Novo (27 livros).

A afirmação é ousada, mas quem conhecer cordialmente o conteúdo destes meus dois Livros, depressa concordará comigo. Devo esclarecer que praticamente não sou o Autor deles. Escutei-os no Vento, ao longo dos dias, meses, anos e a partir das minhas próprias práticas quotidianas, vividas sempre à intempérie, o mesmo é dizer, sem nunca ser do mundo do Poder. E só eu sei o preço que tenho pago e continuo a ter de pagar por me atrever a um viver assim. Posso, por isso, dizer que estes meus dois Livros têm como Autor o Vento ou Ruah – um substantivo feminino na língua hebraica – ora brisa, ora vendaval e que, 6-5 anos antes desta nossa era comum, se faz, entre nós e connosco, o alfa e o ómega dos nascidos de mulher, em Nazaré da Galileia, na Palestina, então colónia militarmente ocupada pelo Império romano. Por isso, Um frágil ser humano bem nos antípodas do Poder imperial e sem jamais ser dele.

Há, porém, uma outra razão para sustentar a minha afirmação inicial. É que os Povos da Terra e a própria Terra integramos o Cosmos que, depois de 13.700 milhões de anos, continua ainda aí em expansão. Pelo que nós, os nascidos de mulher, só conseguimos sobreviver com qualidade de vida, se nos mantivermos religados uns aos outros e à Terra, o nosso único denominador comum. De contrário, perdemos o pé e perdemo-nos e à própria alma ou identidade. Acontece que, como hoje sabemos pela Ciência, primeiro, é a Terra e, só muito recentemente, somos nós, dotados de consciência e de liberdade. O que nos torna responsáveis por nós, uns pelos outros e pela própria Terra.

Ora, nestes últimos três milénios de Bíblia, a que se juntou, há uns 13 séculos, o Alcorão, têm superabundado sobre a Terra religiões, igrejas cristãs, templos, sinagogas, mesquitas, clérigos, pastores e muitos outros funcionários a tempo integral, universidades, biliões e biliões de livros, esculturas, pinturas, músicas, mosteiros, conventos, famílias, reis, Estados, grandes e pequenas empresas, que nos têm levado a pensar que os seres humanos éramos os únicos seres com direito a ocupar a Terra, a dominá-la, a explorá-la, a esventrá-la, em busca de riqueza cada vez mais acumulada e concentrada em cada vez menos mãos. Até que chegamos aos grandes grupos financeiros de hoje que, de tão poderosos que são, mandam, até, nos próprios Estados das nações e, através deles e respectivos órgãos de soberania, Partidos políticos incluídos, também em todos os nascidos de mulher e na própria Terra.

Acontece que, com todo este acelerado desenvolvimento, até nos esquecemos que a Terra é um organismo vivo e exige que cuidemos dela. E também nos esquecemos que ela é habitada por biliões de outros seres vivos que, como nós, precisam de espaço, de alimento e de alojamento. E como não cuidamos dela, antes a esventramos e produzimos armas cada vez mais sofisticadas com que nos permitimos matar e destruir quantos se nos opuserem, como se fossem uns estranhos e não nascidos de mulher como nós, a Terra, como organismo vivo sofre e reage, movida pelo instinto de sobrevivência. E, com ela, reagem também os biliões de outros seres vivos, a maioria dos quais microscópicos, que, de repente, se vêem sem alimento e sem alojamento.

Se calham de encontrar corpos de nascidos de mulher que lhes garantam alimento e alojamento, instalam-se aí e as consequências são nefastas, como hoje estão aí bem à vista de todas, todos nós. Chamamos-lhes pandemias e corremos de imediato à Ciência e aos cientistas para que produzam vacinas, a troco de dinheiro, muito dinheiro. E lá estão depois os Estados com seus órgãos de soberania e todos os grandes media a imporem aos povos da Terra que se façam vacinar. Quando o imperativo ético é, como sublinham e bem esses meus dois livros mais recentes, que mudemos de estilo de ser e de viver.

Um estilo de ser e de viver que tenha em linha de conta o bem-estar de todos os nascidos de mulher e o de todos os biliões de outros seres vivos que têm tanto direito à Terra como nós. Apostar apenas nas vacinas, é deitar remendos de pano novo em tecido velho. Perdem-se ambos. A única saída – e quem disser o contrário é mentiroso – é mudarmos de estilo de ser e de viver. Exactamente o que dizem os meus dois livros mais recentes. Cujos deveriam ser devidamente traduzidos, difundidos e praticados, urbi et orbi.

A CAMINHO DO NATAL, OU DO SOL(STÍCIO) DE INVERNO/VERÃO?

A igreja católica e todas as outras que dela brotaram - qual delas a pior – estão tão fora da realidade e da História, que até o calendário por que se regem é distinto do dos povos das nações onde estão implantadas. O que diz bem, só por si, quanto elas se têm na conta de superiores a eles e quanto se orgulham disso. São Poder religioso. Mas também político e financeiro. O que faz delas umas estranhas para as populações sobre as quais estão implantadas, sem jamais se misturarem com elas. As quais, durante séculos e séculos, foram violentamente submetidas por elas. Uma postura que este terceiro milénio manifestamente já não está disposto a suportar mais. E ainda bem.

Vejamos tão só este facto. Tudo nos diz, nestes dias de dezembro, a quantos somos e vivemos no hemisfério norte, que vamos a caminho o SOL(stício) de inverno. E aos que são e vivem no hemisfério sul que vão a caminho do SOL(stício) de verão. Esta é a indesmentível realidade. Porém, para as igrejas cristãs, católica romana imperial à cabeça, implantadas em ambos os hemisférios, nada disto é verdade. Basta atentar nas suas publicações periódicas em suporte papel e digital e nos conteúdos das suas liturgias, para ficarmos a saber que todas elas, contra a verdade conhecida como tal, não se cansam de dizer que vamos a caminho do natal ou nascimento do menino-jesus. Um mito criado por elas, com a agravante de que todos os anos ele é posto a nascer, ser morto, ressuscitar ao terceiro dia e subir aos céus. Num ciclo anual com tudo de sinistro!

Só agora que chegamos ao terceiro milénio, é que nos damos conta de que passamos dois milénios a repetir estas liturgices – o termo é feio, mais feia é a realidade eclesiástica reiterada e impunemente praticada – com tudo de infantil e de demencial, causa, por isso, de criminoso atrofiamento daquelas mentes, nas quais as igrejas conseguiram introduzir todas estas idiotices teológicas. Com a agravante de que nem elas nem os seus peritos em liturgia deixaram ainda de repetir, em cada missa de domingo, o Credo de Niceia-Constantinopla, séc. IV, onde está definido como dogma de fé que o seu menino-jesus nasceu, cresceu, foi morto, sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos e o seu reino não terá fim. Isto, apesar de não haver maneira de ele vir nem de implantar o seu reino. O que vem – e cada vez mais em força e cientificamente organizado – é o Poder financeiro nuclearmente armado, com seu Mercado global que mantém os povos das nações cosidos de Medo e na mais abjecta submissão sócio-política.

Urge darmo-nos conta de que é deste Poder financeiro nuclearmente armado que vem todo o tipo de vírus e todo o tipo de pandemias que lhes permite alimentar mais e mais o Medo nas populações e, deste modo, fazer delas gato-sapato, pau-para-toda-a-colher e carne-para-canhão. Com uma elite privilegiada em cima com seus Partidos políticos e respectivos deputados nos Parlamentos, e todos os mais na base. Atentos, obedientes, subservientes e reverentes. Com algumas tentativas de insurreição, aqui e ali, prontamente reprimidas pela Polícia e pelos militares, devidamente fardados e armados, para, desse modo nunca se aperceberem de que mais não são do que capachos do Poder, o tirano dos tiranos, o louco dos loucos.

Pois bem. Para tudo isto ser possível e durar até aos nossos dias, as igrejas cristãs contaram sempre com quatro capítulos que hoje sabemos garantidamente apócrifos, por isso, míticos com que abrem dois dos 4 Evangelhos em 5 Volumes. Concretamente, os dois primeiros capítulos do Evangelho de Mateus e os dois primeiros capítulos do Evangelho de Lucas, Volume I. O meu novo Livro aí está a revelar toda esta montagem, mandada escrever pelo Poder papal imperial muito tempo depois dos 4 Evangelhos originais em 5 Volumes terem sido escritos na clandestinidade e em linguagem encriptada. E que originalmente começavam, como o de Marcos, o mais antigo de todos, com João Baptista. Sem estes 2 + 2 capítulos garantidamente apócrifos e sem um pingo de verdade histórica, nunca teria sido possível à igreja imperial de Roma e às que dela nasceram, imporem aos povos a sua 'festa do natal do menino-jesus'. Um puro mito!

O mais impressionante é que, como oportunamente sublinha o meu Livro, nenhuma daquelas narrativas é histórica. E mais. As narrativas apócrifas dos 2 primeiros capítulos de Mateus são totalmente distintas das dos 2 primeiros capítulos de Lucas, Volume I. Saibam então que nem os reis magos vieram a Belém, nem o rei Herodes mandou matar as crianças da cidade, nem Maria e José fugiram para o Egipto, nem o anjo Gabriel veio falar com Zacarias no templo, nem com Maria em Nazaré da Galileia, nem esta foi visitar a sua prima Isabel, muito menos recitou o chamado 'Magnificat'.

Tudo isto constitui um embuste e um vómito eclesiástico, clerical e teológico, causa de ateísmo generalizado e – pior do que isso – causa de desconhecimento total de Jesus histórico, da sua Fé, da sua Teologia, da sua Espiritualidade e do seu Projecto político alternativo ao do Poder. Que enquanto não forem acolhidos e praticados, não há, não pode haver, futuro para a Vida na Terra nem para a própria Terra. Garantidamente.

Edição 172, novembro 2021

O regresso do terrorismo político

VACINADOS, CURADOS OU MORTOS?

Com o aproximar do inverno, as populações já começam a ver-se de novo cercadas pelo terrorismo político relacionado com a Covid-19. Já não bastava o habitual terrorismo publicitário das prendas de natal do Mercado, mais o terrorismo das iluminações das Autarquias nas cidades e vilas e o fogo de artifício para entreter plebeus citadinos que se recusam a crescer de dentro para fora, a que se junta o terrorismo religioso das igrejas cristãs com todas as suas aldrabices litúrgicas sem um pingo de verdade no que respeita ao nascimento ou natal de Jesus histórico. Ainda reaparece aí em força na UE o terrorismo político contra aqueles cidadãos, elas e eles, que, na liberdade que nos foi reconhecida e bem, insistem em não ser cobaias das grandes farmacêuticas. E como eles sabem que não têm legitimidade científica para tornarem obrigatória a vacina, aterrorizam-nos com uma afirmação que eu de imediato converti em interrogação, Vacinados, curados ou mortos?!

O autor do slogan é um dos ministros do Governo da Alemanha que foi de Hitler e hoje é dos grandes grupos financeiros que matam que se fartam as populações do planeta e o próprio planeta. Tanto que, se tivermos em linha de conta o número de mortos causados por eles e os da Covid 19, bem se pode dizer que, à beira deles, esta mais não é do que uma formiga no carreiro em sentido contrário ao deles, portadora de um oportuno e salutar alerta dirigido às populações do mundo, 'Mudem de Deus, mudem de Deus, vivam a sororidade'. É que os grandes grupos financeiros, seus Estados, religiões e igrejas cristãs todas fazem do Dinheiro e da riqueza acumulada e concentrada o seu deus e das maiorias da população mundial capachos dos seus pés. Nisso, são em tudo semelhantes ao papa imperial de Roma, o jesuíta Francisco, que chegou ao cúmulo de criar o 'Dia Mundial dos Pobres', para que estes nunca mais acabem, pelo contrário, continuem aí cientificamente a crescer de ano para ano.

Só porque a esmagadora maioria dos cientistas prefere estar ao serviço dos grandes grupos financeiros em cada Estado, são poucos, muito poucos, os que vêem a Covid 19 como um vírus que pode matar, sim, mas só em condições e ambientes que lhe sejam favoráveis e que urge convertermos em condições e ambientes saudáveis. E são ainda menos os cientistas que vêem no tipo de vacinas anti-covid criadas a todo o vapor um elevado risco para a saúde das populações do mundo, num futuro não muito distante, e, por isso, as recusam. Trata-se de vacinas não suficientemente testadas, mas logo comercializadas. Fossem um verdadeiro antídoto ao vírus, com efeitos secundários facilmente neutralizados pelo organismo humano, e todos os cientistas do mundo seriam unânimes a recomendar aos Estados que a sua toma fosse obrigatória. E que, para tanto, as grandes indústrias farmacêuticas fossem obrigadas a abdicar dos seus chorudos lucros.

Não é o que se vê, muito pelo contrário. E como a recente COP26 em Glasgow veio pôr ainda mais a nu, o estado do planeta é tal que, para termos amanhã, temos, a partir de agora, pensar-projectar-e-agir-globalmente. Porque não há um planeta b, por mais rios de dinheiro que se continue aí estupidamente a gastar na sua busca fora da Terra. Já não há mais dúvidas, Ou nos salvamos todos, ou perecemos todos. Se os Estados e os Partidos políticos que se guerreiam entre si não percebem isto e, consequentemente, também não agem em conformidade, são loucos que nos querem levar a todas, todos para o abismo. Seremos populações suicidas, se, perante o desgraçado espectáculo que os Partidos políticos e seus líderes estão aí a dar todos os dias, insistirmos em confiar-lhes os próprios destinos. Quando o mais elementar bom senso exige que nos religuemos uns aos outros e, assim religados, assumamos os próprios destinos nas mãos, juntamente com os destinos do planeta.

Tudo o que não for assim é terrorismo político. Por isso, um crime que só não é punido, porque os Tribunais e respectivos juízes são parte dos órgãos de soberania. Tão criminosos quanto eles. Mas é por eu saber que não há outro caminho que, quando alguém me pergunta se estou bem de saúde, gosto de responder com humor e amor, Tenho obrigação de estar bem, porque recusei ser cobaia de qualquer das vacinas anti-covid. E procuro sabiamente viver em ambientes não poluídos, onde o ar que respiro é garantidamente saudável. Fora deles, uso a máscara e higienizo regularmente as mãos. As pessoas olham-me, então, de alto abaixo e logo concluem que estou a falar a sério e constatam que efectivamente gozo de boa saúde, uma vez que a idade não é, nunca foi, nunca será uma doença. Por mais que o Sistema de Poder nos tente fazer crer que sim e nos queira encurralar em 'lares de idosos'. Comigo o Poder não colhe, porque eu sei, com Jesus histórico, que ele é mentiroso e o pai de mentira. Pelo que, nas opções de fundo, faço sempre o contrário do que ele quer.

O meu novo Livro continua a andar por aí como o Vento

E QUE FOI ELE DIZER À LIVRARIA GATO VADIO?

Desta vez, o encontro aconteceu na Livraria Gato Vadio, na Rua da Maternidade, cidade do Porto. Um espaço densamente humano, palavra à solta, regras e proibições nenhumas, responsabilidade plena de cada uma, cada um que lá entra. Não são muitas, muitos a entrar e a participar, porque isto de viver sem tutores tem o que se lhe diga. Mas nesta Sessão, foram os bastantes para fazerem acontecer um encontro diferente. E a verdade é que o meu novo Livro sentiu-se lá dentro tão ao seu jeito, que, logo de início, tomou conta da sessão e passou a interpelar os presentes, elas e eles, todos muito próximos uns dos outros, como só amigos unidos pela simplicidade são capazes de ser e de estar. Ninguém arredou pé. E todos saímos da Sessão muito mais humanos do que entramos. Que este Livro tem esse condão. A princípio estranha-se, depois entranha-se.

E a primeira Pergunta que o Livro, nesta Sessão, delicadamente dirige à nossa mente cordial é esta: Olhem bem para o meu rosto ou capa e digam-me porque será que o Autor e o Editor me registaram com este título ou nome que me serve de identificação, aonde quer que eu agora chegue, concretamente, a todas as casas do mundo onde existe uma Bíblia traduzida na língua falada no respectivo país? A pergunta não deixa de surpreender e provoca, até, uma sonora gargalhada, sobretudo, por o ouvimos dizer, sem mais aquelas, que pretende chegar a todas as casas onde existe uma Bíblia e na língua falada por cada um dos povos da Terra. Mas o Livro terá gostado da sonora gargalhada e logo se nos justifica, É que eu nasci e foi-me dado este nome, porque venho com a missão de destruir de vez a Bíblia judeo-cristã e, nela e com ela, todos os demais Livros ditos sagrados. E a prova é que, pela primeira vez, em dois mil anos de cristianismo, o católico romano e todos os outros que dele nasceram, apresento-me, finalmente, com a missão de dar a conhecer Jesus histórico, que o mundo ainda hoje desconhece de todo. E não só a ele. Dar também a conhecer o seu Projecto político alternativo ao dos sistemas de Poder.

Bem sei – prossegue avisadamente o Livro– que esta minha missão é martirial para quem a assumir, mas aquele que me escutou no Vento e nos Sinais dos tempos e me teclou no seu computador, fê-lo, depois de muito ter estudado as mais recentes investigações histórico-científicas, ao mesmo tempo que, na sua condição histórica de presbítero-jornalista, foi já três vezes assassinado, ainda que de forma incruenta. E isso dá-lhe uma invulgar capacidade de ver o que tem passado despercebido à generalidade dos nascidos de mulher, geração após geração. Só alguém como ele que vive no Sistema de Poder, mas não é dele, está interiormente capacitado para escutar o Vento e ler os Sinais dos tempos. Com especial destaque para os lancinantes gritos dos milhares de milhões de vítimas humanas e outras, entre as quais se inclui a própria Terra.

São já três milénios seguidos de Bíblia e do seu falso deus todo-poderoso. Um milénio de judaísmo davídico, com o seu palácio real e o seu grandioso templo mai-los respectivos sacerdotes, já que o deus da Bíblia, como todo-poderoso que diz ser, assim o exige. Os últimos dois são os milénios do Cristianismo, fundado pelo grupo dos Doze que traem Jesus histórico, mai-los seus familiares de sangue, mãe carnal incluída. Estamos agora a iniciar um novo milénio e uma coisa eu sei, Com os 4 Evangelhos em 5 Volumes, finalmente desencriptados, venho deixar claro a todas, todos: Ou regressamos ao Jesus histórico e ao seu Projecto político alternativo ao do Poder, com os seres humanos e os povos organizados como protagonistas, ou vamos a grande velocidade para o abismo.

Nesta Sessão na Gato Vadio, faço questão de convidar os presentes a darem um salto ao meu índice e a dizerem o que nele mais os surpreende. E todos eles, com um exemplar nas suas mãos, logo percebem que eu ignoro por completo o antiquíssimo testamento e desfaço o chamado novíssimo testamento tal como ele ainda hoje se nos apresenta em todas as Bíblias. E que, a existir, terá de começar com a Carta aos Romanos, uma vez que o chamado Livro Actos do Apóstolos mais não é do que uma subliminar fraude e um crime sem perdão. É um livro que nunca existiu. O que existe é o Evangelho de Lucas em dois volumes. No primeiro, testemunha Jesus histórico e as suas práticas políticas; no segundo, denuncia a traição que o grupo dos Doze, com Pedro à cabeça, e a família carnal de Jesus, com o irmão Tiago à cabeça, fizeram dele e do seu Projecto político, depois que o apanharam morto e maldito. O horrendo crime triunfa, porque depressa se lhes veio a juntar Paulo de Tarso, judeu cidadão romano, os Padres da igreja, e, no início do séc. IV, o imperador Constantino, o dos Concílios de Niceia-Constantinopla com o seu Credo, onde não se encontra uma afirmação que não seja mítica, por isso, absurda.

Como se depreende, a Sessão foi muito conversada e, no final, nenhum dos presentes quis regressar a casa sem um exemplar do Livro que pode muito bem mudar as suas vidas. No mínimo, levá-los a viver no mundo do Poder, mas sem jamais serem dele. E você que ainda o não adquiriu, de que está à espera para o fazer? Encontra-o na Editora

(Gugol.pt), no Autor (96 80 78 122 ou padremario@sapo.pt), nas Livrarias UNICEPE e Gato Vadio.

São 3 mil anos de judeo-cristianismo, Biblia e teologia

QUANDO JULGAMOS E CONDENAMOS TODOS OS CRIMES COMETIDOS?

Não têm conta nem medida os crimes cometidos pelo judeo-cristianismo, sua Bíblia e sua falsa teologia. Indubitavelmente, os mais horrendos alguma vez cometidos na história da Humanidade. Com a conivência das sucessivas gerações, cujas mentes sempre foram formatadas pela teologia de um deus todo-poderoso que atravessa toda a Bíblia, do Génesis ao Apocalipse. Nem sequer as elites eruditas, nem os grandes artistas dos diferentes ramos da Arte se deram conta destes horrendos crimes. E, se se deram conta, foram coniventes e cooperaram em troca de privilégios e outras mordomias. Ao longo destes 3 mil anos, todos nascemos form(t)ados por essa teologia bíblica do Poder. Até os que hoje se dizem ateus. E são milhares, milhões as seitas religiosas e cristãs que dispõem da Bíblia e insistem em utilizá-la como justificação de todos os crimes que todos os dias cometem, reiterada e impunemente, à sombra dela!

Foi com a pergunta em título e com estas e outras afirmações bem fundamentadas que abri a minha intervenção na sessão de apresentação do meu novo Livro, realizada na UNICEPE, Cooperativa Livreira, à qual o País em geral e o Grande Porto em especial muito devem. E que hoje, com o acelerado avanço das tecnologias de informação e da digitalização, está em riscos de vir a desaparecer. É um enorme manancial de Livros com apelativas capas que nos esperam lá dentro. Porém, são cada vez menos as mãos humanas que pegam neles e também os olhos que ficam fascinados com as suas capas. Entre as quais, a partir desta Sessão, a que mais se nos impõe é a deste Livro.

Eu sei – sublinhei ainda na minha intervenção – que nem todos os incontáveis e horrendos crimes dos 3 mil anos de judeo-cristianismo e sua Bíblia mataram, roubaram e destruíram as pessoas e os povos de forma violenta e cruenta. Porque os piores de todos os crimes são os que se cometem na mente dos seres humanos e dos povos. Levam uns e outros a suicidar-se como sujeitos e protagonistas das suas próprias vidas, ao mesmo tempo que, geração após geração, os impedem de viver ao comando da História, quando para isso é que nascemos e viemos ao mundo. E não só. Levam-nos também a despojar-se dos próprios bens a favor das respectivas seitas ou corporações às quais são levados a aderir, como, antes deles, já fizeram os pais deles e demais antepassados.

O exemplo mais gritante é o daquela viúva pobre, de que nos testemunham os Evangelhos sinópticos. É vista a entregar ao Tesouro do templo de Jerusalém o último cêntimo de que dispõe para viver. Uma postura tão absurda, que escandaliza Jesus histórico que, na altura, está lá a observar, para depois poder denunciar o roubo com fundamentação. E não é que, nestes dois milénios de cristianismo, clérigos e pastores de igreja, biblistas e suas universidades confessionais, catequeses e sermões ou homilias têm tido o desplante de converter o mais do que justificado escândalo de Jesus histórico, num rasgado louvor e num exemplo a ser seguido, não por eles, mas pelos seus fanáticos fiéis sem vez nem voz?! Todavia, é este tipo de crimes não cruentos que mais matam. Sem que haja rios de sangue a correr para mares de sangue. A verdade, porém, é que há mentes que, do nascer ao morrer, são criminosamente impedidas de se desenvolverem de dentro para fora e acabam atrofiadas, como se nunca tivessem nascido.

No sábio dizer de Jesus histórico, os piores crimes cometidos ao longo da História, também os destes três mil anos de teologia do judeo-cristianismo e da sua Bíblia, não são os que matam o corpo das pessoas e dos povos, ainda que também estes e que, de tantos que foram e são, sejam impossíveis de contar. Os piores são os que matam a alma, entenda-se, a vez-e-a-voz única e irrepetível de cada um dos seres humanos e de cada um dos povos das nações.

Perante estes 3 mil anos de horrores, é, pois, imperioso e urgente – é com estes dois grandes apelos com que encerrei a Sessão de apresentação na UNICEPE – 1, encontrarmos maneira de fazermos chegar este meu Livro, devidamente traduzido, a todos espaços habitados e frequentados por pessoas, nos quais a Bíblia do judeo-cristianismo entrou e continua a ser lida e estudada. Jesus histórico, o deste Livro com os 4 Evangelhos em 5 Volumes finalmente desencriptados, rebenta de vez com ela e, consequentemente, também com o judeo-cristianismo e a sua perversa teologia de um deus todo-poderoso; 2, Que se constitua um núcleo clandestino de juristas honestos, amigos da Verdade e da Liberdade e outras pessoas bem formadas e de boa vontade que, com base neste Livro, formulem uma acusação de crimes contra a Humanidade, a apresentar num Tribunal de Opinião Pública mundial, cometidos por estes 3 milénios de judeo-cristianismo, sua Bíblia e sua teologia, as quais estão na raiz do que hoje demencialmente chamamos Civilização e que mais não é do que um planetário mar de sangue derramado e de horrores sem conta nem medida. E todos eles indescritíveis!

COP 26 na Escócia

A ÚLTIMA OPORTUNIDADE PARA O PLANETA TERRA?

Vão ser quase duas semanas a partir pedra. Uma especialidade dos chefes de Estado e de Governo das nações e da maioria dos milhares de especialistas que estão lá a participar, desde o passado domingo, 31 de outubro. Entre os participantes, lá está também o presidente Biden dos EUA que aproveitou a viagem e fez escala em Roma, sobretudo para se encontrar com o papa Francisco. É católico e foi ao beija-mão protocolar. O encontro foi prolongado e só os próprios sabem do que falaram e decidiram. As reportagens das tvs do Ocidente apenas deram a ver e a ouvir aos que ainda têm pachorra de as sintonizar o habitual 'folclore' que sempre rodeia este tipo de encontros. O 'miolo' dos encontros é dos próprios e de mais ninguém. Aos povos-peões cabe-lhes carregar com eles aos ombros, uma vez que recusam fazer seu o 'pão' outro de Jesus histórico, que é assumirmos as nossas vidas e a vida da Terra nas próprias mãos.

Chega a ser caricato que a questão da lei da despenalização do aborto que o Partido de Biden quer fazer aprovar nos EUA esteja a dividir os bispos católicos norte-americanos e a própria Cúria romana. E teme-se uma cisão entre os bispos católicos norte-americanos. Há uma boa parte deles que estão determinados a recusar a comunhão na missa que o presidente Biden, como católico praticante, sempre frequenta aos domingos e dias santos de guarda. Dementes, que são. Nem percebem que despenalizar o aborto, não é sinónimo de promover a prática do aborto. Também por cá, os bispos católicos fizeram tudo por tudo para que a Lei não fosse aprovada. Foi e hoje é já manifesto que os abortos clandestinos praticamente acabaram. E dizem as Estatísticas que há hoje muito menos abortos no país, graças à aplicação dessa Lei de despenalização. E os bispos e demais clérigos párocos lá se decidiram a meter a viola no saco, mas sem nunca chegarem a pedir desculpa por toda o 'terrorismo' que, nesse então, fizeram e abençoaram.

À despedida, o papa terá dito ao seu súbdito Presidente dos EUA que ele é um bom católico e que deve continuar a ir à missa e comungar. Uma indirecta aos bispos norte-americanos que se mantêm na deles. Coisa mais caricata, quando, a grande questão que, por estes dias e nos dias e anos que se seguem, é se a COP26, em Glasgow é a última oportunidade para para salvarmos o Planeta. Mas que querem? São assim os clérigos católicos e os pastores protestantes. São peritos em filtrar mosquitos e engolir camelos!

Uma coisa Biden já sabe. É que, apesar de católico de missa e de comunhão, o papa de Roma já não olha tanto para os seus EUA como no passado. Toda a sua atenção está hoje focada noutro colosso, a China comunista de Xi Jinping, cujo presidente nem sequer participa nesta COP26. Assim como, a Rússia de Putin, outro colosso, por sinal, ambos dos maiores poluidores do ar cada vez mais envenenado que respiramos. Ou o papa Francisco não fosse jesuíta. É. Por isso, o pleno do jesuitismo de Inácio de Loyola que nunca antes conseguiu entrar e instalar-se tanto nas mentes dos seres humanos e dos povos das nações. Toda a sua aposta, neste milénio, é entrar na China comunista. É nesse sentido que vão os passos todos da diplomacia vaticana. Enquanto para bispos dos EUA e demais clérigos católicos a grande preocupação de momento é impedir que a Lei de despenalização do aborto seja aprovada! Além de confrangedor, é uma indignidade

Até parece que para os católicos norte-americanos e católicos em geral as guerras do passado e do presente sempre foram e são um bem a promover. Como se os milhões de vidas jovens nelas sacrificadas não fossem crimes consumados, mil vezes piores que a Lei de despenalização do aborto. E a prova de que para eles as guerras são, até, um bem a promover é que incorporam nelas padres capelães militares, como sucedeu entre nós durante a criminosas Guerra Colonial e durante a Primeira Guerra Mundial, a tal que a senhora de fátima do teatrinho do cónego Formigão garantiu a pés juntos, na chamada última 'aparição' de 13 de outubro de 1917, 'A Guerra acaba hoje'. Uma descarada mentira que o famigerado 'milagre do sol' tentou fazer esquecer, sem jamais o conseguir.

Temos sido, geração após geração, demasiado crédulos e infantis. Levam-nos a isso as catequeses, liturgias e sermões dos clérigos. Hoje, felizmente, em vias de extinção. Assim estivessem também em vias de extinção os Estados e os Governos das nações. Seria sinal de que os seres humanos e os povos das nações já haviam expulsado de vez das suas mentes o Medo que, para seu mal, os tem levado a criar deusas e deuses e a confiar os seus próprios destinos a estranhos que são todos os agentes do Poder. E, na sua fragilidade, haviam decidido religar-se uns aos outros, cuidar uns dos outros, de si próprios e do planeta Terra. De resto, a única via sócio-política que garantirá futuro ao planeta Terra e a todos os nascidos de mulher que a habitam, na variadíssima mistura de cores, falares e tradições. Um passo que o Poder, com esta sua COP26 e todas as muitas outras Cimeiras jamais aceitará, pois seria o seu fim. Preparemo-nos, pois, para o pior.

Edição 171, outubro 2021

O triunfo do Mal cresce a um ritmo alucinante

A QUEM RESPONSABILIZAR, DEUS OU OS SERES HUMANOS?

Recordo-me bem daquele dia 28 de maio 2006, em que o então papa Bento XVI visitou o campo de concentração de Auschwitz (Polónia), o maior centro de extermínio nazista, onde foram mortos 1.100.000 pessoas, 90% das quais, judeus. Depois de um pesado e prolongado tempo de silêncio, leu para o mundo um longo discurso que já levava previamente escrito para ser pronunciado naquele momento e naquele local E entre todos os disparates teológicos que proferiu, lá estão as famigeradas perguntas, típicas do cristianismo, da sua Bíblia judeo-cristã e da sua teologia deísta e idolátrica, 'Onde estava Deus naqueles dias? Por que Ele silenciou? Como pôde tolerar este excesso de destruição, este triunfo do mal?' Vai, depois, ainda mais longe em depravação teológica e cita como justificação o salmo 44, sinal inequívoco de que irá morrer sem nunca ter chegado a perceber que toda a Bíblia – Salmos e Profetas incluídos – mais não é do que um Manual de instruções do Poder, sem a qual os seus sucessivos agentes históricos, os grandes e os menos grandes, ficariam a descoberto como criminosos institucionais e as vítimas deles sem o ópio que as leva a gemer e chorar neste vale de lágrimas, mas sem nunca se rebelarem politicamente e de forma desarmada.

Antes dele, já havia lá ido o seu imediato predecessor, João Paulo II, polaco de nascimento, depressa canonizado, após a sua morte e, desse modo, convertido num mito mais. Para que jamais alguém o acuse de todos os crimes que cometeu, nomeadamente, contra os milhões de vítimas da pedofilia dos clérigos católicos, dos quais foi sabedor, mas escondeu-os sob um pesado manto de silêncio que só agora começa a ter voz. E também já lá esteve o seu imediato sucessor, o actual papa Francisco, jesuíta. Os três, a uma só voz, reproduzem a mesma cartilha e interpelam deus, o da Bíblia, sem perceberem que ele, todo-poderoso, como dizem que é, só pode ser um monstro que se alimenta de gente e ainda legitima o Poder, mai-los seus agentes de turno, todos criminosos institucionais. Fora e acima da Humanidade, por isso, todos sem salvação. Uma vez que só dentro dela ela acontece de verdade.

É por isso que, perante todo o Mal institucional e não-institucional, hoje, cientificamente produzido e organizado, aí a crescer de forma galopante nesta nossa Casa comum que é a Terra, onde as alterações climáticas estão na ordem do dia e cada vez mais incontroláveis – o caso do vulcão de La Palma é um minúsculo exemplo – é imperioso perguntar, A quem havemos de responsabilizar, Deus ou os seres humanos? Os três papas antes referidos, sucessores todos de S. Pedro, o negador-mor de Jesus histórico e do seu Projecto político alternativo ao do Poder, e o seguidor-mor do mítico Cristo davídico, sempre se viram para o deus, não para eles próprios. E, perplexos, perguntam, Onde estás tu, Senhor, e por que te silencias perante tanto mal que ocorre na história?

Com este seu falar e interpelar, é manifesto que todos eles, como todos os crentes, não crentes e até ateus convictos, publicamente assumidos, culpam deus. Chegam, inclusive a perguntar, Que mal fiz eu a deus, para que isto me acontecesse? Por isso, sempre se auto-absolvem e absolvem todos os demais agentes do Poder de turno. E, de tão cegos e surdos, ei-los aí, geração após geração, a praticar toda a espécie de crimes institucionais, sem que os povos, suas vítimas, lhes possam ir à mão. Pelo contrário, num regime de democracia partidária, como a dos países ocidentais, estes ainda correm a votar neles. Sem nunca perceberem que apenas escolhem os seus sucessivos algozes.

Só seres humanos e Povos que se mantêm filhos de mulher do nascer ao morrer, como acontece de forma paradigmática com Jesus histórico, jamais se viram para Deus que nunca ninguém viu a interpelá-lO e a acusá-lO. Pelo contrário, sempre se viram para o Poder, seu deus todo-poderoso, e todos os seus agentes históricos. Porque, com a Luz que é Jesus histórico, sua Fé política e sua Teologia, nos antípodas da fé religiosa-cristã e respectiva teologia, sabem que tudo o que acontece na História é da nossa exclusiva responsabilidade, por acção ou omissão, nunca de Deus Abba-Mãe, a Omnifragilidade máxima que urge escutar no Vento, nos Sinais dos tempos e, sobretudo, no clamor do incontável número de vítimas produzidas pelo Poder e seus agentes. De modo científico.

Neste particular, é bom ler-escutar o meu mais recente Livro e darmo-nos conta que aquela Pergunta que Jesus histórico, já crucificado, instantes antes de dar 'um grande grito' e expirar, formula, 'Meu deus, meu deus por que me abandonaste?', faz explodir, de uma vez por todas, a Bíblia e o deus dela, o mesmo de todas as fés religiosas e cristãs, bem como de todos os ateísmos. Cabe-nos, por isso, viver na História como se Deus que nunca ninguém viu não existisse. Por outras palavras, cabe-nos viver, ontologicamente sempre com-Deus – somos habitados por Ele! – mas, existencialmente, sempre sem-Deus. Tal e qual como o próprio Jesus histórico, o filho de Maria, vive. É por isso que ele é o alfa e o ómega da Humanidade na sua diversidade de seres humanos e de povos.

IGREJA OU HUMANIDADE?

O Sínodo dos bispos em 2023

A igreja católica imperial de Roma, sucessora do Império de Constantino – quando falamos dela, convém nunca esquecermos que esta é a sua marca de origem – está, desde já, freneticamente a trabalhar na preparação do próximo Sínodo dos Bispos que culminará em 2023. Porque o papa jesuíta, o poder monárquico absoluto e infalível, decidiu que, desta vez, o Sínodo, com o tema, 'Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão', deveria decorrer em três fases complementares, diocesana, continental e universal.

Os trabalhos já começaram este mês de outubro 2021 em cada diocese católica do mundo e prolongam-se até outubro 2023. O propósito, no dizer do papa jesuíta, é dar voz e vez 'a todo o povo de Deus'. Um propósito muito sugestivo, mas absolutamente impossível de concretizar, no actual modelo de igreja piramidal e clerical, onde a igreja é apenas e só o papa que, por sua vez, delega o seu poder nos bispos residenciais nomeados por ele que, por sua vez, o delegam também nos párocos escolhidos por eles. Os chamados 'fiéis leigos' – as mulheres nem são referidas – são apenas isso, fiéis leigos. Sem voz, sem vez e sem voto deliberativo nas diferentes matérias, também nas deste Sínodo.

Aliás – queira ou não queira o papa jesuíta – sabemos hoje por Jesus histórico, graças ao meu Livro 52, Povo Deus são todos os Povos das nações, uma vez que para Deus que nunca ninguém viu não há Igreja, de um lado e Humanidade, de outro lado e, para cúmulo, acima da Humanidade. O que existe é a Humanidade, na multiplicidade de Povos, todos diferentes, todos iguais, ao modo arco-íris. Nenhuma igreja segregada e acima da Humanidade é criação de Deus, o de Jesus histórico. DEle, é a Humanidade já misteriosamente presente em semente no Big-Bang, ocorrido há 13.000 e 700 milhões de anos.

A iniciativa (só) aparentemente arrojada do papa jesuíta é, porventura, a maior encenação deste seu pontificado. E só possível, porque, pela primeira vez, na história do papado há um papa jesuíta. Quer isto dizer que o jesuíta argentino, Jorge Mário Bergóglio, para lá dos demenciais três votos que as freiras e os frades são levados a fazer – pobreza, obediência, castidade – ainda fez um quarto voto mais demencial do que os outros três, concretamente, o voto de incondicional obediência ao papa de turno, neste momento, o papa Francisco. Nunca, pois, o Papado foi tão longe em encenação e em alienação.

Basta vermos que até finais de 2023 quantas, quantos ainda aceitam fazer parte desta seita universal ou católica quase não farão mais nada do que ocupar-se com o Sínodo, cuja temática, de tão eclesiástica, não tem o mínimo interesse para a Humanidade, na sua variedade de povos e nações. Melhor fora, por isso, que esta seita universal ou católica fosse lançada fora e pisada pelos seres humanos, como Jesus histórico diz que se faz ao sal, quando ele, em vez de impedir a corrupção, no caso, a da sociedade, não só a não impede como é até o principal causador dela, ainda que o faça deste modo hábil e sensacionalista em que o papa jesuíta e sua Cúria são super-peritos.

Bem podem as vítimas da pedofilia dos clérigos franceses bradar aos céus; bem pode a pobreza e os pobres continuarem a crescer em massa e de forma científica em toda a terra; bem pode a lava do vulcão nas Canárias arrasar tudo o que é casa na ilha; bem podem os muçulmanos continuar a matar-se uns aos outros, por causa do ocorrido recentemente no Afeganistão; bem podem as alterações climáticas continuar a gritar-nos que mudamos radicalmente de estilo de vida, ou desaparecemos e que a Terra, de organismo vivo que é, passa a planetário crematório sem vida-consciência – que, até finais de 2023, nada disso distrai da sua rota o papa jesuíta e sua igreja católica imperial romana.

Felizmente, somos já, neste início do terceiro milénio, uma Humanidade pós-religiões e pós-igrejas cristãs. Ainda não somos outros Jesus, agora, terceiro milénio, mas basta que em cada aldeia, vila e cidade do planeta Terra haja dois ou três (re)unidos em seu nome e em sua memória, para continuarmos a garantir Amanhã ao nosso Hoje. É para nos estimular a sermos assim, que escrevi e acabo de editar o meu Livro 52, 'Do mítico Cristo-da-fé ao Jesus histórico, Os 4 Evangelhos em 5 Volumes finalmente desencriptados', Seda Publicações. Peçam-no ao Autor (968 078 122), ou à Editora (wwweditoraseda.pt ou Gugol.pt). Ninguém perca a Luz que este Livro é. 

Escolher é preciso

O DINHEIRO OU OS SERES HUMANOS?

Ninguém, a não ser Jesus histórico, nos diz que não podemos servir aos seres humanos-e-aos-Povos de toda a Terra e ao Dinheiro. Assim mesmo, Dinheiro com maiúscula, porque tem sido ele, em todos estes milénios que nos precederam, o único deus que este tipo de mundo do Poder onde nascemos, vivemos e morremos conhece e cultua, sob múltiplos nomes e disfarces. Juntamente com todas as religiões e igrejas geradas por ele e unha-e-carne com ele a oprimir e a formatar as nossas mentes-consciências, para que nunca cheguemos a ser Eu-sou, Nós-somos, outros Jesus, agora terceiro milénio!

É por ter sido sempre assim que o quotidiano da Humanidade é hoje o crime cientificamente organizado e institucionalizado que bem conhecemos, mas que acatamos como se de uma fatalidade se tratasse, quando, na realidade, é um crime cientificamente organizado e institucionalizado. Porventura, até já sem retorno, porque não só lhe não resistimos, como até lhe damos o nosso melhor em tempo e em capacidades. A troco, obviamente, de mais e mais dinheiro. Numa demência individual, familiar, nacional, mundial sem fim.

Eu sei que Jesus histórico não diz exactamente assim como eu acabo de escrever-dizer. E, se dúvidas houvesse, basta abrir e ler-escutar o meu Livro 52 acabado de editar. Mas também sei – e isso aprendo já com ele – que Jesus histórico, como, de resto, cada uma, cada um de nós, é no tempo, mas não é do tempo. Pelo que cabe a cada nova geração que vem a este tipo de mundo, escutar Jesus histórico e praticá-lo no seu hoje e aqui. E ao modo social e cultural do seu hoje e aqui. É assim que eu, como presbítero-jornalista e autor do Livro, procuro fazer todos os dias. Por isso, sou tão fecundamente incómodo para todo o institucional e seus agentes de turno.

No seu hoje e aqui social de camponeses e latifundiários, de escravos e de senhores, Jesus histórico fala em dois senhores. Concretamente, 'Ninguém pode servir a dois senhores'. Neste seu falar social e culturalmente situado, o verbo 'servir' remete-nos de imediato para a condição de escravos que é então a da esmagadora maioria da população da Palestina, com destaque para a Judeia, sob o férreo domínio dos sumos-sacerdotes, do Sinédrio, dos doutores da Lei e dos grandes latifundiários judeus, aos quais se junta ainda o domínio armado do império romano. O que Jesus histórico diz e o modo como o diz é mais do que óbvio, naquele seu contexto social e cultural. Mas não é assim tão óbvio no actual contexto do século XXI e início do terceiro milénio. Aliás, nesse seu contexto, Jesus vai ainda mais longe e diz quais são em concreto os dois senhores que ninguém pode servir ao mesmo tempo, 'Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro'.

Ora, no nosso hoje e aqui de ateísmo e de religiosidade popular generalizados, com todas as religiões e igrejas a viver no mundo do Poder e serem dele, é manifesto que só há um senhor, o Dinheiro, e que todos os seres humanos e povos são seus escravos. De luxo, uma minoria; de lixo, a esmagadora maioria. Daí a nova formulação que eu, presbítero-jornalista que vivo neste tipo de mundo, mas não sou dele, escuto e, consequentemente, escrevo-digo, Não podeis servir aos seres humanos e-aos-povos da Terra e ao Dinheiro. Porque é também assim que Jesus histórico séc. XXI e terceiro milénio, que é no tempo, mas não é do tempo, diz.

E é ainda com Jesus histórico que todas, todos aprendemos que a Deus nunca ninguém O viu. O que vemos constantemente são os seres humanos e os Povos da Terra. Outra coisa mais aprendemos com ele, 'Ninguém pode dizer com verdade que ama a Deus que não vê, se não ama os seres humanos e os povos da Terra que vê'.

Daí, a importância deste meu novo Livro, acabado de editar neste início do terceiro milénio, porque é por estas águas da realidade que ele navega. E não pelos variados e maquiavélicos sistemas de doutrina e de overdoses de discursos com que o Poder, suas religiões e igrejas criminosamente nos cegam os olhos da mente cordial. Pelo que adquiri-lo, lê-lo-e-escutá-lo, traduzi-lo, praticá-lo, difundi-lo é imperioso e urgente. De contrário, muito antes de acabar este milénio, a Terra continuará indubitavelmente a sua dança à volta do Sol, mas definitivamente sem nós. Porque este milénio é jesuânico ou não será.

P.S.

Podem adquirir o Livro no Autor, via SMS (968 078 122), ou Messenger (Fb), ou na Editora Seda Publicações, via site de vendas (editoraseda.pt ou Gugol.pt). Cada exemplar (383 pgs) custa apenas 16€.

Poder e Fragilidade

QUAL DOS DOIS SALVA A HUMANIDADE?

Por nascimento, somos todas, todos a máxima Fragilidade, nenhum Poder. Embora o BI ou, como agora se diz, Cartão de Cidadão teime em garantir que somos filhas, filhos de Fulano e de Fulana – o nome do pai, primeiro, o da mãe, segundo – a verdade é que é da mulher que nascemos, não do homem. Como também é dentro da mulher que vivemos os nossos primeiros 9 meses, os mais decisivos, ainda que a idade de cada qual só se comece a contar a partir do dia do nosso natal, não do dia da nossa concepção. Não me digam que são pormenores sem importância, porque a importância da Vida revela-se nos pormenores. O Poder que há milénios está ao comando do mundo e da Humanidade sabe disso – mas o que é que ele não sabe, se até o Saber é Poder? – e por isso faz tudo para que as coisas nos sejam assim ensinadas e apresentadas, quando elas são exactamente o contrário.

É, pois, mais do que manifesto que da natureza humana faz parte a Fragilidade, não o Poder, que é o que há de mais estranho e absurdo para a Vida-Consciência que somos. De modo que só a Fragilidade nos pode salvar, nunca o Poder. E quem diz salvar, diz libertar-humanizar-fraternizar e Mesas compartilhadas-viveres históricos religados uns aos outros, na máxima variedade de povos, de falares, de culturas e de tradições.

Nestes últimos 5 meses, tenho a graça de viver cada dia muito próximo de Diogo Alexandre, filho do Vento, como todos os nascidos de mulher, elas e eles, e, no caso dele, também da Cristina e do Isidro, tal como a sua irmã Francisca, já a caminho dos 12 anos. Tudo nele, como em todas as meninas, todos os meninos da mesma idade, em todo o mundo, é Fragilidade, nenhum Poder. Entregue a si próprio, poucas horas sobreviveria. Graças aos cuidados da mãe, do pai, da irmã, da avó e demais pessoas vizinhas e amigas, Alexandre desenvolve-se de dentro para fora, cada dia um pouco mais, rumo à sua própria autonomia e independência. Mas mesmo esta só é possível, graças à existência dos demais com os quais todas, todos estamos inevitavelmente em relação. Pois somos essencialmente relação. Deixados inteiramente sós, cada uma, cada um de nós pereceria em pouco tempo, porque a total solidão mata!

O Evangelho de Marcos, 10, 13-15, finalmente desencriptado, como o meu Livro, 'Do mítico Cristo-da-fé ao Jesus histórico', Seda Publicações, já no-lo apresenta, bem como aos outros três, João, Mateus e Lucas, este em 2 Volumes, narra-nos um episódio por demais eloquente e que nós, formatados que vivemos pela ideologia e teologia do Poder, as mesmas de todas as religiões e igrejas, não valorizamos, para desgraça nossa. Importa sublinhar, antes de o transcrever, que os 4 Evangelhos em 5 Volumes não fazem parte da Bíblia e são Livros profanos, não sagrados, e do que há de melhor e mais belo na literatura mundial. Urge, por isso, resgatá-los da Bíblia, dos templos e das liturgias e escutá-los em Oficinas de Leitura, por exemplo.

Eis, 'Apresentam-lhe [a Jesus] uns pequeninos para que os toque; mas os discípulos repreendem os que os trazem. Ao ver isto, Jesus fica indignado e diz-lhes, Deixai vir a mim os pequeninos e não os afasteis, porque o Reino de Deus [= Sociedade alternativa à do Poder] pertence aos que são como eles. Em verdade vos digo, Quem não recebe o Reino de Deus como um pequenino não entra nele. Depois, toma-os nos braços, abençoa-os e faz-lhes uma festa nos cabelos.'

Imediatamente depois, desta espantosa revelação, Marcos refere o conhecido episódio do homem rico que quer viver para sempre, mas sem repartir a sua iníqua riqueza acumulada e concentrada, entenda-se, sem se tornar Fragilidade e Religação com os demais. Escuta das boas, ditas com os verbos mais exigentes que saem da boca de Jesus histórico, 'Vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e tens um tesouro no céu [= a Terra sem Poder]; depois vem e segue-me.'

Como vemos, há Poder e há Fragilidade. O Poder é um estranho que mata e destrói o Humano nas mentes de todos os nascidos de mulher em que se alojar. Só mesmo a Fragilidade diz com a nossa matriz original, por isso, só ela nos salva e salva a Terra, organismo vivo. O mais trágico, porém, é que, contra a nossa própria natureza, somos concebidos, nascemos, crescemos, vivemos e morremos no mundo do Poder e do Saber. Quando, afinal, só a Fragilidade e a Sabedoria ou a Arte de Cuidar da Vida, dizem com a nossa matriz original. Vamos pela Fragilidade e pela Sabedoria, não pelo Poder e o Saber, ou perecemos. Escolher é preciso.

Ainda as Eleições Autárquicas 2021

SABEM PORQUE SOU DA MAIORIA QUE NÃO VOTA?

Desta vez, até nas eleições autárquicas realizadas no último de domingo de setembro em Portugal, quase metade dos votantes não compareceu às urnas. Eu próprio sou um desses. Nem todos o fazem pelo mesmo motivo que me leva a mim a não votar nem em autárquicas, nem em nenhumas outras eleições promovidas pelo Poder. E sabem porque me comporto assim e pretendo até servir de exemplo aos meus concidadãos, elas e eles, com mais de 18 anos de idade? É que, na minha condição de nascido de mulher e de Presbítero-Jornalista ao serviço da Humanidade, embora tenha de viver no sistema do Poder, faço questão de nunca ser dele. Tal como Jesus histórico, o filho de Maria, o camponês-artesão que o meu Livro 52 dá finalmente a conhecer. Por mais que o Poder, sobretudo religioso-eclesiástico e financeiro, e seus agentes históricos de esquerda ou de direita se danem comigo e me risquem dos seus registos oficiais.

Talvez não saibam – nunca no-lo dizem, nem nas escolas-universidades, nem nas catequeses, nem nas famílias – mas a verdade é que nós, os seres humanos e os povos da Terra vivemos num tipo de 'Civilização', fundada na Bíblia judeo-cristã e, a partir do séc. VII, também no Alcorão. Um tipo de 'Civilização que tem tudo de incivilização, uma vez que, à partida, exclui da Mesa dos bens produzidos por todos e que deveria, por isso, ser de todos, segundo as necessidades de cada qual, a esmagadora maioria dos nascidos de mulher. Apresenta-se organizada em pirâmide, uns poucos, muito poucos, em cima, a esmagadora maioria dos outros na base; e, entre a minoria do topo e a maioria na base, vivem e medram as minorias privilegiadas, entre as quais se destacam as que ocupam os principais lugares do sistema de Poder político, religioso-eclesiástico e económico-financeiro. O que perfaz um vómito político institucionalizado, mascarado de 'democracia'.

São estas minorias, antípodas de Jesus histórico, que estão no sistema de Poder e são dele, como seus agentes atentos, reverentes e dedicados. Que o Poder é afrodisíaco p.b. e faz-se sempre passar por bom, até por deus ou divino! Quanto mais poderoso, mais deus, mais divino. Já a esmagadora maioria da Humanidade, condenada a viver na base, ainda tem de carregar sobre os seus ombros todos esses agentes do Poder, na verdade, seus algozes bem engravatados e bem falantes. Os quais, em altura de eleições, ainda têm o desplante de apelar de mil e uma maneiras às maiorias suas vítimas que não deixem de cumprir o 'dever cívico' de votar. Aonde chega o despudor destas minorias privilegiadas e mais escolarizadas! A confirmar à saciedade que o Saber, só por si, é perito em mentir, dominar, matar, roubar, destruir a vida e a Terra. E porquê? Porque o Saber é Poder e só a Sabedoria, iletrada que seja, é perita na Arte de cuidar da vida, uns dos outros e da Terra, organismo vivo!

'Sermos outros Jesus, traz-nos muitas complicações'. É assim que reza o título do capítulo 16 do Evangelho de João que no meu Livro 52 surpreendentemente se apresenta logo a seguir ao de Marcos, sem dúvida o mais antigo dos 4 Evangelhos em 5 Volumes. Este título, surpreendente, está mais do que justificado pelo texto do referido capítulo, finalmente desencriptado neste meu Livro. Leiam-escutem o que concretamente diz Jesus histórico a quantas, quantos, como ele, vivem no mundo do Poder, mas não são dele, 'Haveis de ser expulsos das sinagogas – hoje, igrejas clericalizadas – e vai chegar o tempo em que quem vos matar julga que presta um serviço a Deus!' E, a concluir este mesmo capítulo, 'No mundo [do Poder], tendes tribulações, mas, Coragem! Comigo, o mundo do Poder já não tem mais hipóteses'.

E o capítulo imediatamente anterior a esse apresenta-se titulado assim neste meu Livro, 'O Mandamento de Jesus nem sequer fala em Deus'. Trata-se de um mandamento exclusivo de Jesus histórico e formula-se assim, 'É isto o que vos mando, que vos ameis uns aos outros'. E logo a seguir, tem o cuidado de alertar, 'Se o mundo [do Poder] vos odeia, sabei que ele antes me odeia a mim. Fôsseis vós do mundo [do Poder] e o mundo [do Poder] amaria o que é seu; mas como não sois do mundo [do Poder], pois eu escolho-vos do meio do mundo [do Poder], este odeia-vos'.

É por isso que o propósito maior deste Livro, com os 4 Evangelhos em 5 Volumes, finalmente desencriptados, é dar origem a um tipo de Civilização outra, que tenha por base, não a fé religiosa e/ou o ateísmo religioso, mas a mesma Fé de Jesus histórico, o seu mesmo Projecto político maiêutico e a sua mesma Teologia que nos remete para um Deus que nunca ninguém viu, nos habita-e-potencia de dentro para fora, de modo a vivermos na História, como se Ele não existisse, a Cuidar de nós, uns dos outros e da Terra, organismo vivo. Esta é a Espiritualidade ou a Ruah /Sopro maiêutico que move Jesus histórico e há-de mover-nos também a nós, seres humanos e povos da Terra, se quisermos ser outros Jesus, terceiro milénio. E não me digam que é um Projecto irrealizável. Porque ou o realizamos e somos uma família de muitas famílias, à escala planetária, nenhum Poder, nenhuma religião, ou perecemos, como Vida-Consciência, ainda agora recém-chegados ao Universo que há 13 mil e 700 milhões de anos se mantém em expansão.

Edição 170, setembro 2021

'Do mítico Cristo-da-fé ao Jesus histórico'

O QUE HÁ DE MAIS RELEVANTE NESTA VERSÃO?

O meu Livro 50 foi todo reformulado por mim, a começar pelo título, o que faz dele um Livro com um novo registo. Esqueçam, por isso, a versão anterior e acolham, como meninas, meninos adultos, esta versão definitiva, muito mais completa e reveladora. E também muito melhor planificada. À versão anterior, falta um fio condutor que desse progressivamente a conhecer Jesus histórico, tal e qual ele é, 'o filho de Maria', não 'o filho de David', como sempre pretendeu o Cristianismo, nas suas múltiplas versões. E também o seu Projecto Político alternativo a todos os projectos do Poder, nos três poderes – o religioso, o político e económico-financeiro.

Este novo Livro vem revelar-nos, de forma histórica e cientificamente bem fundamentada (ver a extensa bibliografia no final), que tudo o que a igreja cristã católica romana imperial e demais igrejas que dela nasceram nos têm dado a conhecer, nestes dois milénios de Cristianismo, é pura fraude, porventura, a maior fraude da história da Humanidade. Uma fraude que todas as universidades e sucessivas gerações de académicos, cientistas, artistas, historiadores, teólogos, exegetas, clérigos e pastores, consciente ou inconscientemente, se têm limitado a absorver, adoptar e ensinar-divulgar. Sem nunca perceberem que isso que fazem é a mais aberrante das fraudes, a mãe-o-pai de todas as demais fraudes.

Esta fraude começa logo com a inclusão dos 4 Evangelhos canónicos em 5 volumes, escritos na clandestinidade e em género encriptado, no chamado Novo Testamento da Bíblia judeo-cristã, quando – sabemo-lo, hoje, por este Livro – Jesus histórico, na sua arriscadíssima missão, entre meados do ano 28 e abril do ano 30, rompe definitivamente com o Judaísmo davídico e com a Bíblia hebraica, mandada escrever pela Casa real de David-Salomão e posteriormente concluída pela chamada fina-flor dos sacerdotes judeus, auto-apresentados como pessoas sagradas acima de toda a suspeita, quando, efectivamente, são os mais perversos entre os nascidos de mulher.

Com a Bíblia e o deus todo-poderoso nela referido, pretendia a dinastia de David-Salomão impor-se definitivamente à sua própria tribo e às demais tribos de Israel. E conseguiu. Só não conseguiu foi convencer dessa sua falácia os sucessivos impérios que, com o passar do tempo, se formaram, o mais arrasador dos quais foi sem dúvida o império romano que, no ano 70, de Jerusalém, de quem lá vivia e do seu templo, não deixa pedra sobre pedra. De tal modo que o templo nunca mais foi reerguido e o sacerdócio e respectivos clérigos ou funcionários foram definitivamente extintos. Resta apenas a Bíblia constituída por um conjunto de Livros – a Torá, os Salmos e os Profetas – mas melhor fora para o Povo judeu e demais povos da Terra que nada restasse, para além dele próprio e demais povos em pé de igualdade e religados uns aos outros numa planetária Comensalidade. Sem Poder. Sem Religião. Sem Templo.

Nesta versão definitiva, o Livro vem exigir-nos que rompamos de vez com o mítico Cristo-da-fé, suas igrejas, seus clérigos, seus ritos e passemos, de coração aberto, ao Jesus histórico e ao seu Projecto político que urge conhecer e praticar de forma actualizada para este milénio. Como depressa perceberemos, os 4 Evangelhos em 5 Volumes apresentam-se neste Livro pela ordem cronológica do seu aparecimento. E cada um dos seus capítulos vem encimado com um título, qual deles o mais surpreendente e eventualmente chocante, logo seguido de um grande número de 'dados para desencriptar o capítulo' com que cada um deles se tece. Cinco Volumes para serem lidos-escutados-praticados longe dos templos e dos altares, pois são o que há de melhor na chamada literatura mundial. Tal como este meu Livro é para ser lido-escutado nas casas, nas bibliotecas, longe dos templos e das suas liturgias de mau gosto.

Outra grande surpresa que nos espera é ficarmos a saber que o chamado Livro Actos dos Apóstolos nunca existiu como tal. Por isso, o que existe e está em todas as Bíblias católicas e protestantes corresponde a uma perversa jogada do Cristianismo e sua igreja católica que é, simultaneamente, um crime sem perdão. O que faz ela? Toma o Volume II do Evangelho de Lucas e transforma-o num Livro autónomo. Atribuiu-lhe depois o nome que continua aí a figurar em todas as bíblias, 'Actos dos Apóstolos'. E faz ainda pior. O Volume originalmente escrito para denunciar o crime consumado por Pedro, o chefe dos Doze, por Tiago, irmão de Jesus histórico, mas a quem ele tem por 'louco', e por Saulo/Paulo de Tarso, o perseguidor-mor de Jesus histórico, acaba convertido num Livro autónomo, destinado a promover os traidores e negadores de Jesus histórico, entre os quais está incluída – espantem-se – a própria mãe de Jesus, Maria, de seu nome. Uma realidade sempre escondida, mas aqui revelada logo no 1.º capítulo do Volume II do Evangelho de Lucas, com que termina este meu Livro.

Felizes seremos, por isso, se fizermos deste Livro o nosso Livro de todas as horas. E se o acolhermos, mastigarmos, difundirmos e praticarmos, de forma actualizada, até sermos, no nosso hoje e aqui, outras, outros Jesus terceiro milénio.

Ainda a morte de Jorge Sampaio

TANTAS LOAS PARA QUÊ?!

Por ocasião da sua morte, choveram loas e mais loas ao viver histórico de Jorge Sampaio. Não distinguem – por manifesta incapacidade de quem o faz – o filho de mulher que ele matricialmente é, do filho do Poder em que depressa se veio a tornar. E deveriam distinguir. Bem sei que Jorge Sampaio, como filho do Poder, sempre quis marcar a diferença. Só que com isso, conseguiu até deixar nas populações a falsa ideia de que há um Poder bom e um Poder mau. Quando o Poder é mau por natureza. E uma das mais clamorosas excepções a este seu esforço de marcar a diferença para melhor, acontece em 2004, quando o Primeiro-Ministro Durão Barroso abandona o cargo e o País, para ir assumir o cargo de Presidente da Comissão Europeia. O Presidente Jorge Sampaio, em vez de convocar novas eleições, nomeia Santana Lopes, PSD, como primeiro-ministro, o que deixa o País partidário de então à beira de um ataque de nervos.

Saibam – é oportuno sublinhá-lo, aqui e agora, porque mais ninguém no-lo diz – que a Morte, quando acontece, só mata definitivamente os filhos do Poder. Aos filhos de mulher que todas, todos começamos por ser ao nascer e que assim ousamos manter-nos, vida fora, a Morte mais não é do que o derradeiro parto que nos faz chegar à plenitude da Vida. Pelo que não há quaisquer razões nem para dias de luto, nem para elogios fúnebres. Tão pouco para notícias nos jornais e nas tvs do Poder.

São muitas, muitos, os filhos de mulher que morrem todos os dias. E delas, deles, os grandes media não falam, porque não são do mundo do Poder. Aliás, os grandes media e todos os agentes de turno do Poder não entendem nada da Vida humana. Só quantas, quantos entre os nascidos de mulher nos experimentamos e assumimos, cada dia, fragilidade humana e, consequentemente, fazemos questão de viver na História religados uns aos outros, a cuidar de nós, uns dos outros e do planeta Terra, é que nos experimentarmos Vida-Consciência a caminho da plenitude, tal como os rios vão a caminho do Oceano. Com a diferença de que em nós toda esta realidade é vivida-celebrada de forma consciente e feliz.

Só a Morte das filhas, dos filhos do Poder, por isso, seus agentes históricos, é o fim definitivo de cada um deles. Daí todo o frenesim e todo o reboliço dos jornais e das tvs, os comentários de outros filhos do Poder ainda no activo, os dias de luto nacional – três, no mínimo! – o ruidoso velório à volta do cadáver em exposição, as lágrimas de crocodilo derramadas perante as tvs, com louvores, à mistura, com as mais que estafadas declarações de que essa morte constitui 'uma perda irreparável'. Falam assim, porque não entendem nada da Vida. Nem vêem que o Poder depressa arranja outro agente seu para ocupar a cadeira deixada momentaneamente vazia.

No que respeita à morte de Jorge Sampaio, gostei, concretamente, de dois pormenores que nenhum dos grandes media pôs em evidência. O primeiro tem a ver com a hora da sua mais do que esperada morte, desde que ele havia sido internado de emergência num dos Hospitais de referência na capital. Acontece pouco depois de todos os matutinos do país, em suporte papel, terem acabado de parar as rotativas. Vai daí, as grandes manchetes com fotos a condizer só puderam aparecer quase 24 horas depois!... O que, nestes nossos dias de informação ao segundo, representa um fiasco de todo o tamanho para este tipo de jornais e respectivas empresas que insistem em prosseguir neste tipo de jornalismo.

O segundo pormenor tem a ver com a total ausência de clérigos no funeral do cadáver que Jorge Sampaio, como qualquer outro nascido de mulher, deixa, ao tornar-se definitivamente invisível aos nossos olhos. Com esta sua opção, deixa bem claro ao país e ao mundo que os clérigos, mai-las suas missas e os seus ritos são coisas do passado que nunca deveriam ter sequer existido. E se os clérigos católicos e não-católicos não querem ouvir Jesus histórico, 'Deixa que os mortos sepultem os seus mortos', oiçam, ao menos, Jorge Sampaio e outros filhos de mulher consequentes quanto ele no que respeita aos respectivos cadáveres que deixam, quando a Morte, ao chegar, nos torna a todas, todos, definitivamente invisíveis aos olhos. Pena foi que ele não tivesse também deixado escrito que não queria funeral de Estado para o seu cadáver. Assim, foi o 'show' fúnebre mediático que se viu e ofendeu o País.

Autárquicas 2021

DELEGARMOS OU ASSUMIRMOS?

Quantas, quantos vivemos no sistema de Poder, mas não somos dele, somos olhados e tratados como marginais e loucos pelas maiorias vítimas dele e pelas elites privilegiadas que o servem. Dizem-nos e tratam-nos assim, porque sabem que, embora poucos em número, somos os únicos seres humanos verdadeiramente fecundos, ao modo do fermento na massa, do sal na comida e na sociedade, da luz na treva, da sentinela na cidade. Por isso, mulheres e homens que, mesmo calados e não participativos nas iniciativas do sistema de Poder, incomodamos e de que maneira! Muito pior ainda, se intervimos-escrevemos-falamos. Somos vivos sinais de contradição que, com Jesus terceiro milénio, pomos a nu as ambições e os perversos projectos que andam escondidos no coração de muitas, muitos.


Vem isto a propósito das próximas eleições autárquicas, marcadas para o último domingo deste mês de setembro. Como é público e notório, são muitos milhares os candidatos, elas e eles, que sonham vir a ser caciques das populações das freguesias e dos concelhos. Cabe-nos, como seres humanos e povos que vivemos no sistema de Poder mas não somos dele, fazer orelhas moucas a toda essa sua asquerosa propaganda e jamais delegarmos nas mãos deles os nossos destinos, antes assumirmo-los nas nossas próprias mãos, custe o que custar. É de resto o que significa etimologicamente 'autarquia'. Uma palavra resultante de duas palavras gregas, 'autós' e 'arkô' e que, juntas, significam gerir por nós mesmos os nossos destinos, em vez de os delegarmos-confiarmos a estranhos.


O sistema de Poder em que somos forçados a viver tem, porém, o perverso condão de nos encandear e cegar. É intrinsecamente mau; mascara-se de bom. É 'lobo'; mascara-se de 'cordeiro'. É 'mercenário'; mascara-se de 'pastor'. É 'cizânia'; mascara-se de 'trigo'. E quem vive nele e aceita ser dele sempre toma por realidade a máscara com que sempre se apresenta. O desastre é então completo e total. Porque só chegamos a ser plena e integralmente humanos, quando nos assumimos e aos nossos destinos na História, como se Deus que nunca ninguém viu, não existisse.


Não entende assim a esmagadora maioria dos seres humanos e dos povos, ofuscados que vivem pelo holofote do sistema de Poder e suas elites privilegiadas, e é levado por elas a delegar os seus destinos na mão de estranhos. Em vez de os assumir nas próprias mãos. As urnas de voto tornam-se então urnas funerárias. E só não cheiram mal os locais onde elas se encontram no dia de votar, porque o suicídio de quem lá se apresenta a votar é incruento. Não mata o corpo de quem vota. Matasse, e as populações abriam os olhos. Mata-lhes a alma que se não vê. Precisamente a morte que mais havemos de temer, no sábio alertar de Jesus histórico. 'Não temais os que matam o corpo – adverte – e não podem matar a alma. Temei, sim, Aquilo que, depois de matar o corpo, ainda pode matar a alma'.


Para nosso mal e mal do planeta Terra, dois mil anos depois da sua morte crucificada, ainda não vamos por Jesus histórico, o grande desconhecido dos seres humanos e dos povos. Em vez de praticarmos o Vento e a Liberdade – a via 'porta estreita' que é Assumirmos os nossos destinos – cedemos à Preguiça ou lei do menor esforço e escolhemos a via 'porta larga' que é Delegarmos a estranhos os nossos destinos. Esquecemos que somos nascidos de mulher, por isso, fragilidade; não somos nascidos do sistema de Poder, ainda que vivamos nele. E, como nascidos de mulher, cabe-nos, a partir do momento em que se dá o corte do cordão umbilical e passamos a respirar e a alimentar-nos por nós, crescer progressivamente de dentro para fora em liberdade-responsabilidade e vivermos religados uns aos outros ao modo dos vasos comunicantes.


É por isso uma tontice política de todo o tamanho chegamos à maioridade legal e corrermos a delegar em estranhos, com tudo de caciques mascarados de bons, os nossos destinos, quando nos cumpre assumi-los com inteligência cordial e sabedoria. Quando, pois, fazemos orelhas moucas aos discursos das elites privilegiadas do Poder e deixamos sem um único voto as urnas delas e dele?!

Pandemia Covid 19

O FIM, OU O COMEÇO DAS DORES?!

Desde cedo, deu para perceber que isto do coronavírus tinha tudo para ser uma guerra contra as populações das múltiplas nações do mundo. Uma guerra conduzida pelos governos e demais órgãos de soberania dos respectivos Estados, Partidos políticos com assento parlamentar incluídos. A estes, logo se juntaram os grandes media, numa invulgar sintonia que veio a revelar-se um verdadeiro massacre informativo. A fazer lembrar os sinistros tempos dos fascismos e das ditaduras de má memória, com destaque para os de Estaline na URSS, Mussolini na Itália e Hitler na Alemanha nazi.

Embora sempre fosse dito que a vacina era opção de cada qual, na prática, só muito poucos tiveram a capacidade mental e a força interior bastante para resistir a tanta pressão informativa, martelada ao segundo. Nunca o verbo vacinar foi tão conjugado nas nações do mundo como neste último ano e meio de 'pandemia' (as aspas justificam-se, porque até o vocábulo passou a ser usado de forma abusiva e como uma arma mais, de terror).

Felizmente, sou da minoria que resistiu, não porque seja anti-vacina por princípio, mas porque, neste caso da Covid 19, recusei liminarmente ser cobaia das grandes multinacionais farmacêuticas. Tive de resistir, inclusive, ao meu médico de família e à minha enfermeira do Centro de Saúde da Lixa. Mas aqui estou, firme e feliz. Porque a verdadeira imunidade a este e outros vírus nocivos para a nossa saúde há-se ser – tem de ser – fruto sobretudo da nossa mente cordial e do estilo de vida de qualidade que nos cumpre assumir, nos antípodas dos estilos de vida impostos pelo Grande Mercado.

Em Portugal, as coisas passaram a entrar ainda mais nos eixos do mal, a partir do momento em que o Governo e a Presidência da República decidiram colocar um vice-almirante das Forças Armadas, Gouveia e Melo, de seu nome, a dirigir a máquina de guerra, que dá pelo nome de 'Task Force'. Este não se fez rogado e sempre tem feito questão de se apresentar ao país devidamente fardado de camuflado, a fazer lembrar os 13 anos da Guerra Colonial em três frentes de África. Um crime hediondo que contou, como o da Covid 19 também conta, com a bênção da hierarquia católica portuguesa e da Cúria romana. E a prova provada de que tem cumprido exemplarmente o que dele pretendia o Poder, é que acaba de ser condecorado pelo seu comandante supremo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Numa cerimónia com tudo de velório e de vergonha.

Nesta altura, já com as grandes multinacionais farmacêuticas a rebentar pelas costuras com os lucros dos milhões e milhões de vacinas produzidas e vendidas e com a maior parte das populações ocidentais já inoculadas com o vírus – nesta guerra vacinal, senhores, nem sequer as crianças são poupadas! – os grandes media vêem-se obrigados a ter de encontrar outras guerras com que encher os seus tempos de antena. Se bem que ainda ninguém saiba quantas doses mais vão ter de ser inoculadas nas populações, hoje totalmente de cócoras perante o Poder político e financeiro.

O pior de tudo – só que disso não convém falar – são as novas doenças que a curto e médio prazo as doses das vacinas anti-Covid 19 vão despoletar em quantas, quantos se prestaram a ser suas cobaias, devido à pressão dos grandes media, dos órgãos de soberania de cada Estado e das hierarquias religiosas. Com destaque para o papa Francisco que, por estes dias, não resistiu a entrar no coro do terror vacinal e veio a correr dizer, 'Vacinar é um acto de amor'. E de amor será, mas ao Dinheiro, que é o deus de todas as religiões e de todos os Estados do mundo, Vaticano à cabeça.

O mais trágico é que em toda esta guerra nem os Cientistas saem de mãos limpas. Fartaram-se de ter tempos de antena, mas todos os seus dizeres foram no sentido de servir o Poder dos Estados e as grandes farmacêuticas. Fossem, como sempre deveriam ser, Cientistas ao serviço da Vida, não do Poder financeiro e político, e teriam recusado entrar neste massacre vacinal. Porque o não fizeram, muito pelo contrário, daqui lhes digo sem que a mão e a voz me tremam, Ou têm a audácia de converter a Ciência em Sabedoria, ou melhor fora não terem nascido. Daí a mais do que pertinente Pergunta em título, O fim, ou o começo das dores?!

Edição 169, junho 2021

Porque no BC não há temas tabu, o Espiritismo esteve em debate

SISTEMAS DE DOUTRINA, OU PRÁTICAS POLÍTICAS AO MODO DA PARTEIRA?

O Espiritismo esteve em debate no BC, da ACR AS FORMIGAS DE MACIEIRA, onde não há temas tabu e onde a Palavra anda sempre à solta. Aconteceu na noite de sábado 19. Em boa verdade, o debate quase não aconteceu, uma vez que o Professor, espírita convicto, relativamente recente, mas fanático q.b, aproveitou a oportunidade que lhe foi dada para fazer uma longa dissertação videoprojectada sobre o Espiritismo, segundo Allain Kardec. Sem nunca se aperceber que tudo o que disse, e muito foi, era uma fraude. Como é uma fraude tudo o que os sistemas de doutrina terminados em 'ismo' dizem e fazem. No caso do Espiritismo, a fraude começa logo no nome do fundador, Allain Kardec, pseudónimo de origem druída, de uma encarnação anterior, no dizer de um 'medium', tido por infalível, como se diz do papa de Roma, sempre que ele fala 'ex cathedra'. Sem nada a ver, portanto, com Hippolyte Léon, nascido em 1803 de Jeanne-Louise, em França . E falecido 64 anos depois, vítima de um aneurisma, quando, cheio de novos projectos, se preparava para mudar de residência. Sem que os 'Espíritos' que, pelos vistos, lhe ditaram os textos dos muitos Livros escritos por ele, o avisassem, muito menos, lhe valessem!

Ia já longuíssima a sua dissertação videoprojectada, quando o pequeno comando com que o Professor fazia avançar na tela o respectivo conteúdo, resolveu não obedecer ao seu utilizador. E, também aqui, nenhum 'espírito' lhe valeu. Para espanto meu e dos demais presentes no BC, vejo o Professor descer do palco de onde nos fala, de pé, e dirigir-se à respectiva régie. O bastante para provocar uma inesperada pausa na dissertação que só terá sido arreliadora para as muitas pessoas presentes, porque o Professor conseguiu manter, do princípio ao fim, uma pose serena ou 'paz', no seu douto dizer. Um dos presentes aproveitou para perguntar se podia formular uma questão. O Professor consentiu, mas continuou na régie e só regressou ao palco, quando conseguiu ter o comando de novo a funcionar e o vídeo recolocado no ponto em que havia parado. E o que, a partir do palco, disse sobre a questão que, de tão profunda, havia tirado o chão à sua dissertação, foi o mesmo que nada, já que toda a sua preocupação era levar ao fim a dissertação videoprojectada. E, aí chegado, o mais surpreendente, pelo menos, para mim, sempre atento aos pormenores, foi ver que a última página videoprojectada na tela fechava com uma fotografia. De quem? Do próprio Professor que, assim, por momentos, ficou presente em duplicado no BC! Como se só ele existisse e nós fôssemos ninguém.

A partir daí e apesar do adiantado da hora, mais pessoas levantaram questões, entre as quais também eu. Só que, ao contrário da do Professor, super-formatado pelo Espiritismo, a minha intervenção foi a de um ser humano, nascido de mulher, consciente, desde a minha ordenação de Presbítero, aos 25 anos de idade, que todos os sistemas de doutrina são intrinsecamente maus, porque encobridores da realidade /verdade. São holofote apontado aos olhos da mente das pessoas e dos povos, não luz que nos faz ver a realidade. Por isso apresentam-se-nos sempre da mesma maneira, como se as pessoas e os povos com seus dramas e suas aspirações não existissem. Na minha curta e exaltada intervenção, fiz questão que a realidade mais real que é a Humanidade 'pé-descalço', sadicamente mantida na injustiça pelos sistemas de doutrina, Espiritismo incluído, falasse mais alto. E falou, mas nem assim conseguiu quebrar a pose de 'paz' do Professor.

De modo que entre mim e ele ficou escancarado um abismo intransponível. Alargado, por instantes, a alguns dos presentes no BC, anestesiados que já estavam pela longuíssima dissertação videoprojectada e sibilinamente dita naquele tom monocórdico de robô, a que o Professor reiteradamente chama 'paz'. E paz será, mas a dos sistemas de doutrina intrinsecamente perversos, que estão por trás de todos os sistemas de Poder, a justificá-los. Só assim se compreende que a esmagadora maioria da Humanidade continue a ser carne para canhão e o mexilhão que vive lixado do nascer ao morrer. Sem nunca chegar a virar as armas contra as minorias privilegiadas do Poder, de tão formatadas que estão as mentes dela pelos templos e pelos quartéis, pelas escolas e pelos grandes media. Sempre as vira contra os seus irmãos de condição social e até de sangue.

O abraço que à despedida fiz questão de dar ao Professor foi um abraço de paz, mas da paz que é espada-que-abre caminhos-ainda-por-andar e chicote nos templos, covis de ladrões. Uma paz desarmada que as minorias privilegiadas, das quais o Professor faz parte, não têm nem podem dar. E, por isso, apenas nos dão sistemas de doutrina terminados em 'ismo', quando as pessoas e os povos das nações do que temos fome é de práticas económicas e políticas ao modo da parteira, as únicas que nos fazem crescer de dentro para fora religados uns aos outros em protagonismo político, até chegarmos a ser responsáveis pelos nossos próprios destinos e pelos destinos do planeta. Que para isto nascemos e viemos ao mundo. Não fora assim e melhor seria então não termos nascido!

Prossegue a corrida às vacinas anti-covid 19

NEM NA PANDEMIA NOS ABRIMOS AOS AFECTOS?

Ao contrário da maioria das pessoas que vive aterrorizada com o coronavírus e faz o que pode e o que não pode para ser vacinada, eu faço questão de continuar a integrar o grupo dos que recusam ser cobaia das grandes multinacionais farmacêuticas. Para tanto, tive de enfrentar e resistir ao meu médico de família e à minha enfermeira do Centro de Saúde onde estou inscrito, os quais, mais do que surpreendidos, ficaram quase estarrecidos com a minha determinação. Porém, após o inevitável confronto com um e com outra, separadamente, acabaram ambos quase a concordar comigo. O confronto deu para perceber que ambos vivem sob fortíssima pressão das grandes multinacionais farmacêuticas e dos gestores dos órgãos de soberania deste país que, desde a fundação, há quase 900 anos, continua a viver de cócoras perante o poder dos poderes, o papa de Roma, com cujo Estado, de resto, mantém uma Concordata.

Como nascidas, nascidos de mulher, deveríamos ser capazes de transformar este nosso tempo de pandemia global numa espécie de kairós ou tempo favorável, para nos auto-compreendermos e assumirmos na História como os mais fragilizados dos seres vivos, dotados de consciência. E, em consequência, olharmo-nos nos olhos uns dos outros até nos descobrirmos irmãs, irmãos a amar e a cuidar, não estranhos a evitar, menos ainda inimigos a atacar. Tempo de pandemia global, tempo favorável a fazermos despertar no mais fundo de cada uma, cada um de nós, os afectos. Porque só os afectos sororais-fraternos nos podem defender do coronavírus e de todos os outros vírus, a começar pelo pai de todos eles, o vírus religião que nos religa na vertical, quando só na horizontalidade somos seres humanos saudáveis e fazemos saudável o nosso planeta Terra.

É sabido – está aí bem à vista de toda a gente - que os gestores dos órgãos de soberania de cada país não estão sozinhos neste seu agir contra os respectivos povos. Têm com eles os grandes media e todos os clérigos e pastores das igrejas cristãs e de outras religiões. De modo que as grandes multinacionais farmacêuticas sabem, logo à partida, que podem pôr e dispor das populações como suas cobaias. Só assim se explica que sejamos bombardeados dia e noite com a mentira de que só a vacina nos pode salvar da pandemia. E corremos por ela, como baratas tontas, sem darmos conta de que, assim, acabamos cada vez mais sós e desamparados.

Fossem os Centros de Saúde e os hospitais verdadeiros Serviços de Saúde e cuidariam das populações, ao modo da parteira, por isso, sempre a partir delas próprias e com elas próprias ao comando das suas vidas. Seriam serviços focados no desenvolvimento dos afectos, na qualidade dos alimentos a ingerir e no fomento de actividades de índole cultural, como o canto, a dança, a pintura, a promoção de tertúlias, a leitura partilhada de Livros, a prática de desportos, ioga e outros exercícios físicos, entre os quais as caminhadas diárias, de preferência por zonas arborizadas e florestais.

Estamos longe, muito longe, de sermos países de povos religados uns aos outros pelos afectos, como deveríamos ser. O Poder religioso, pai de todos os poderes, jamais nos permite sermos assim. Ainda está para chegar o dia em que deixemos de confundir os Povos das nações com os Estados das nações. Só esta confusão mantém os povos reféns de minorias privilegiadas, à cabeça das quais estão os clérigos e os pastores das igrejas cristãs e outras religiões. No seu conjunto, estas minorias constituem o estranho que encontramos logo ao nascer e somos depois educados-formatados a reconhecer como nossos legítimos superiores. Ou não fossem destas minorias as escolas e as universidades, os grandes media e os templos ou mesquitas, às quais, insensatamente, confiamos as filhas, os filhos, na esperança de que venham um dia a integrá-las também. Sem percebermos que, desse modo, deixam de ser filhas, filhos nossos, para serem filhas, filhos do Poder.

Por mim – nunca é demais sublinhá-lo – procuro navegar por outras águas, nos antípodas das do Poder. Não prescindo dos afectos nem das práticas alternativas às do Poder Em cada uma, cada um dos outros, vejo outras, outros como eu. Frágeis como eu. Faço-me próximo e cuidado de todas, todos. Surdo aos discursos dos clérigos e pastores das igrejas cristãs e outras religiões, aos grandes media, aos gestores dos órgãos de soberania do país e do mundo. Sei que é dentro de mim, como dentro de cada uma, cada um dos demais que está a solução para os problemas. Nunca fora. E que só os afectos vividos na horizontalidade nos garantem saúde e qualidade de vida. É por esta via que vou. A via que aprendi, desde menino, com Ti Maria do Grilo, jornaleira, minha mãe!


Da comunidade de base no Grande Porto

À ASSOCIAÇÃO PADRE MAXIMINO, JORNAL FRATERNIZAR E BARRACÃO DE CULTURA

Após duas prisões políticas em Caxias, como pároco de Macieira da Lixa, seguidas de dois julgamentos no Tribunal Plenário do Porto e de duas absolvições, com desfechos completamente distintos – na primeira, sou surpreendido com um banquete no paço episcopal do Porto e oiço o respectivo bispo D. António Ferreira Gomes dizer, num emocionado brinde, '20 séculos depois o Evangelho voltou de novo ao Pretório e desta vez saiu absolvido'; na segunda, oiço o mesmo bispo dizer, 'Enquanto eu for bispo do Porto, você nunca mais será pároco nem terá qualquer ofício canónico na diocese' – decido-me por uma profissão secular remunerada, para poder continuar Presbítero da Igreja do Porto de graça. Quis o Sopro maiêutico que me guia desde o ventre de minha mãe que o diário REPÚBLICA me acolhesse como seu jornalista na Delegação do Porto.

Encontro-me, na altura, inserido, a pedido dos respectivos párocos e sob a sua jurisdição, na Zona Pastoral Ribeirinha do Porto, onde depressa ganha corpo a Comunidade de Base do Grande Porto, com tudo de clandestino. Aceito o convite e corro a dizer, olhos nos olhos, ao bispo D. António que já tenho um ofício remunerado. Quando lhe digo que sou jornalista do REPÚBLICA, ele fica visivelmente perturbado e diz, 'Então eu tiro-lhe uma tribuna - o altar e o púlpito - e o Pe. Mário encontra uma outra muito mais influente, porque de âmbito nacional?' Assim era, de facto, mas porque ele assim proporcionou as coisas, ao libertar-me de todo e qualquer ofício canónico. Sou desde então Presbítero-Jornalista. De um novo tipo de jornalismo, porque praticado à luz da Fé e da Teologia de Jesus histórico, e não à luz da ideologia-teologia do Poder que, em lugar de nos dar a conhecer a realidade, vende-nos sucessivas encenações.

Nesses escaldantes meses pós-25 abril 74, surpreendo, um dia, o bispo D. António, quando, manhã cedo, me apresento como repórter do República no local onde vai decorrer em dois dias mais um encontro do Conselho Presbiteral da Diocese. A longa reportagem previamente preparada e assinada por mim a enquadrar esse evento diocesano, publicada na tarde do primeiro dia, leva o bispo a tomar uma drástica decisão, anunciada por ele no dia seguinte, no recomeço dos trabalhos. Diz, alto e bom som, que, por causa dessa minha longa reportagem da véspera, eu não sou digno de continuar presente na sala como repórter do República. Escuto, sem surpresa, ou já o não conhecesse bastante bem, levanto-me, saio como uma flecha directo à Delegação do vespertino e comunico telefonicamente o facto a Lisboa, antes ainda de dactilografar o corpo da notícia que vem a ser uma das manchetes da edição dessa tarde, 'Repórter do República expulso pelo bispo do Porto do Conselho Presbiteral'. Venho a saber, dias depois, pelo próprio Director Raul Rego, que D. António fez tudo por tudo junto dele para que eu fosse afastado do jornal. Felizmente, Raul Rego não cedeu e só deixo o República quando, um mês após o 25 de novembro 75, ele é definitivamente encerrado pelo novo Poder emanado desse golpe.

Meses depois, sou surpreendido pelo convite do Director do matutino Correio do Minho, sediado em Braga para Redactor Principal do jornal. Aceito e passo a viver e a trabalhar, durante 10 anos, semi-clandestino em Braga, onde cresço profissional e presbiteralmente. Tanto, que ainda hoje me é difícil dizer onde acaba o Presbítero e começa o Jornalista. Uma coisa sei, A fusão é total, a confusão é nenhuma. E posso afirmar duas coisas, 1, Não há jornalismo mais autêntico e fiel à realidade do que o praticado por um Presbítero sem ofício canónico como eu; 2, Nunca o Presbítero ordenado o é tanto, como nesta fusão sem nenhuma confusão com o Jornalista.

Quando completo 50 anos de idade e 25 de Presbítero ordenado, negoceio a minha saída do Correio do Minho e, consequentemente, de Braga. Dou conhecimento dessa minha decisão às companheiras e companheiros da Comunidade de Base do Grande Porto, da qual sou, por votação unânime, presbítero animador e no seio da qual ganha corpo por esses dias a fundação de uma Associação Cultural e Editorial, convictos de que só a Cultura, nunca o assistencialismo e o religioso, consegue despertar as populações e fazê-las crescer de dentro para fora para a liberdade, a autonomia e o protagonismo político, nos antípodas do Poder político.

Nasce então a APM-Associação Padre Maximino, com sede em S. Pedro da Cova, Gondomar, na altura, uma das mais degradadas freguesias do concelho. E é para lá que vou viver, integrado numa pequenina Comunidade, baptizada 'Grão de Trigo', constituída por 4 pessoas, Maria Celeste, Celeste Vieira, Joaquina Marques e eu próprio. Primeiro, no andar de um apartamento, na Paradela, depois numa moradia que adquirimos a uma família emigrante em França, que a havia construído junto do degradado Bairro Mineiro, onde somos fecunda presença-e-Actuação política, com tudo de sadia subversão.

Registamo-la como propriedade e sede da APM e, com ela, registamos também o Jornal Fraternizar, como publicação periódica mensal, hoje só online, depois de 23 anos editado em suporte papel. Os salários de cada um dos 4 membros da 'Grão de Trigo' são depositados numa conta comum e tudo o que sobra do nosso austero e frugal viver de qualidade, é transferido para a conta da APM e do JF, cujos conteúdos exigem de nós uma permanente Conversão às práticas políticas maiêuticas de Jesus histórico, devidamente actualizadas para o nosso hoje e aqui, por isso, bem nos antípodas das dos cristianismos, o pior dos quais é o católico imperial de Roma. E 18 anos depois, o mesmo Sopro que, desde o ventre de minha mãe, me guia e conduz, faz-me avançar sozinho para Macieira da Lixa, onde, desde 2004, vivo exclusivamente da minha reforma de jornalista (680,00€/mês), numa casinha arrendada e onde sou absolutamente decisivo na construção do BC-BARRACÃO DE CULTURA, da ACR AS FORMIGAS DE MACIEIRA, um pequeno-grande Sinal de Contradição no Concelho de Felgueiras, no país e no mundo. Inevitavelmente odiado pelo Poder, mas a Casa outra de quantas, quantos de nós buscamos um estilo de vida aves do céu e lírios do campo, alternativo ao do Poder. E como tudo o que lá acontece é tão belo e tão bom! É preciso ver para crer.

A pergunta que se impõe

SÃO VÁLIDOS OS CASAMENTOS CANÓNICOS?

Felizmente, está hoje cada vez menos na moda o casamento canónico ou pela igreja. E escrevo-digo, felizmente, porque o ritual do casamento canónico é apenas isso, Ritual. Ninguém, com um mínimo de sentido de dignidade e de simplicidade de viver pode sentir-se bem naquele papel de noiva e de noivo, tal como ele hoje é programado. Desde logo, pelo vestir da noiva e do noivo. Depois, pelo elevado número de convidados e pela ostentação que chega a raiar o escândalo. Os próprios convidados, elas e eles, olham para os nubentes como figurantes de um filme, que os repórteres fotográficos, especializados neste tipo de negócio, não deixam por mãos alheias. No dia aprazado encontram-se os dois na igreja paroquial da noiva ou do noivo, onde são humilhados pelo clérigo pároco que, embora impedido de casar, é obrigado a presidir ao Ritual e, por isso, a ter todo o protagonismo na 'cerimónia'. Daí, seguem todas, todos para uma quinta onde os comes e bebes são mais do que muitos e variados, a maior parte para ficar na quinta, arrendada para o efeito por bom dinheiro.

Vem do Concílio de Trento, o dos anátemas, séc. XVI, a definição dogmática do Matrimónio, como um dos sete sacramentos. Lá está, preto no branco,“Se alguém disser que o matrimónio não é verdadeiro e propriamente um dos sete Sacramentos da Lei do Evangelho, e instituído por Cristo Senhor, mas sim inventado pelos homens da Igreja, e que não confere a graça, seja anátema”. Trata-se, pois, de um dogma de fé católica romana ainda aí em vigor, como se vivêssemos no séc. XVI, o da 'Reforma protestante' de Martinho Lutero, essa mesma que provocou a realização deste Concílio.

O próprio conceito 'dogma', etimologicamente, uma opinião entre muitas outras, constitui uma aberração. Acontece, sempre que a igreja católica imperial de Roma, que se tem na conta de infalível em matéria de fé e costumes, se arroga o direito de dizer que a opinião dela é a única verdadeira. Em consequência, todas as outras passam automaticamente a ser falsas e heréticas! E quem persistir em defendê-las é excomungado, o mesmo é dizer, fica fora da da igreja e, por isso, fora da salvação. Quando a Igreja católica imperial romana, porque criada à parte e acima da Humanidade, é que vive fora da salvação.

Mas regressemos à pergunta em título, São válidos os casamentos canónicos? Por mim, não hesito em afirmar que não são válidos e nem sequer são sacramento do Matrimónio. E justifico: 1, Vista de hoje, início do terceiro milénio, a definição dogmática do Concílio de Trento não tem ponta por onde se lhe pegue; 2, A exigência de ter de ser presidida pelo pároco da noiva ou do noivo é uma prepotência de todo o tamanho. E mais prepotência é, quando diz que o sacramento do Matrimónio que não for realizado assim não é válido..

Parecem ignorar os bispos presentes no Concílio que quem faz o sacramento do matrimónio não é o pároco da noiva ou do noivo, sim os nubentes, quando livre e responsavelmente se declaram um ao outro marido e mulher. Só eles, os nubentes - mulher e homem, mulher e mulher, homem e homem - são o sujeito do sacramento do Matrimónio, nunca o pároco da noiva ou do noivo que só aparece ali para, desse modo, garantir que os chamados 'casamentos em consciência', a que, até então, recorriam muitos párocos, nunca mais poderão acontecer. Podem os clérigos párocos levar a vida libertina que muito bem entenderem, só não podem é casar. Nem pela igreja, nem pelo civil. Sob pena de serem destituídos da função clerical e dos respectivos privilégios.

Em Portugal e por força da Concordata de 1940, os casamentos canónicos ou pela igreja são simultaneamente casamentos civis. A Conservatória limita-se a organizar o processo civil, em paralelo com o da paróquia da noiva ou do noivo, mas só o respectivo pároco preside aos dois, o canónico e o civil. O que é absolutamente obsceno. Sacrílego, até! Por isso, inválido.

Por mim, presbítero-jornalista, sugiro que quantas, quantos decidam fazer o sacramento do matrimónio, convidem amigas, amigos e familiares de ambos os lados, e na véspera ou na manhã do dia marcado, todos preparem um farnel variado e, com ele na bagagem, dirijam-se para o local previamente escolhido e anunciado pelos noivos, de preferência, um monte. E, uma vez aí, entre as árvores e os cantares dos pássaros, os nubentes declarem-se com as suas próprias palavras e gestos, marido e mulher. Partilhem-se depois os farnéis entre todos e, no final, cantem, dancem e escutem testemunhos de outros mais velhos, a quem uma decisão idêntica os fez de verdade marido e mulher por toda a vida. E tempos depois do casamento realizado e consumado, passem os dois, num qualquer dia de semana, a combinar com a Conservatória do Registo Civil, a registá-lo, para os devidos efeitos legais. Não conheço Sacramento do Matrimónio mais digno, autêntico, feliz e festivo do que este.

Edição 168, maio 2021

A pergunta que o Bispo do Porto não formulou

E PORQUE SÃO PERSEGUIDOS OS CRISTÃOS?!

Na sua Mensagem 122, titulada, 'O varrimento', e publicada na VP de 19 de maio, o Bispo do Porto não faz a mais leve referência nem à guerra, então em curso, entre o Estado de Israel e o Hamas, nem à martirizada Faixa de Gaza. A preocupação dele vai inteira para a a perseguição aos cristãos em certas partes do mundo. Sem nunca se perguntar, E porque são perseguidos os cristãos? Em vez disso, prefere avançar com alguns números e localidades. 'No Iraque - escreve - 'os cristãos foram dizimados ou tiveram de fugir e de dois milhões em 2003, passaram para os actuais duzentos mil; em Mossul foram destruídas todas as 45 igrejas; o norte da Síria testemunha uma razia contra os cristãos, a destruição de cerca de 150 templos, adolescentes raptadas para serem vendidas como escravas sexuais e 300 eclesiásticos desaparecidos.'

Lê-se e quase nem se acredita no que se lê. É que fica a fundada impressão de que, para D. Manuel Linda, só os cristãos são gente. Pelo que toda a perseguição que não envolva cristãos não conta para a generalidade da hierarquia católica que ele, para seu mal, também integra e de que maneira. O exemplo mais paradigmático de que quem não é cristão não é gente, é Jesus histórico, o filho de Maria. Como nunca foi cristão e vê no mítico Cristo ou Messias davídico o Grande Tentador e o Grande Inquisidor, deixou de ter qualquer valia para a hierarquia cristã católica e para as populações nascidas e criadas nos países da cristandade ocidental, onde os clérigos católicos sempre foram - ainda são - reis e senhores. Desconhece o Bispo do Porto que ninguém nasce cristão. Pelo que quantas, quantos, ao contrário de Jesus histórico, se fazem cristãos, deixam de ser humanos e tornam-se uma seita separada da Humanidade, em tudo iguais aos fariseus no tempo de Jesus histórico, rotulados por ele de 'hipócritas'.

Acontece, porém, que todas, todos nascemos, não cristãos, mas humanos e livres, religados uns aos outros e à Terra. E se temos a graça, como eu tive, de nascer numa família que vive no sistema do Poder, mas não é dele, conseguimos crescer de dentro para fora em idade, estatura, sabedoria e graça ou entrega de nós aos demais. Pelo que tudo o que vem de fora de nós e nos seduz faz parte do 'estranho' ou Poder, perante o qual temos o imperativo ético de lhe resistir até ao sangue. Porque o 'estranho' ou Poder é um vírus mil vezes pior que o coronavírus, nas suas diversas variantes. Lá onde entra e actua, embora não mate o corpo, faz mil vezes pior, pois mata a alma - a mente cordial e maiêutica - a única que nos define como Humanos, outros Jesus. O cúmulo do 'estranho' ou Poder é hoje o sistema financeiro que está aí cientificamente organizado a tentar-nos por todos os lados. Pelo que a arte de Educar, ao modo da parteira, é hoje a mais difícil de todas as artes, pois cabe-lhe fazer crescer de dentro para fora cada um dos nascidos de mulher, elas e eles, de modo que nunca se rendam às seduções dele.

O Bispo do Porto, nestas suas Mensagens semanais, não assinadas, e colocadas ao alto da última Página, revela-se já totalmente 'apanhado' pelo vírus dos cristianismos, no caso dele, do vírus cristão católico romano, incapaz, por isso de entender até o que aqui estou a escrever. Desde muito cedo, o 'estranho' ou Poder entrou na sua mente, por decisão da família que o fez baptizar. Quando chegou à maioridade, poderia - deveria - tê-lo expulsado da sua mente como eu expulsei, mas fez exactamente o contrário. Alimentou-o. E quando, mais tarde, foi ordenado Presbítero da Igreja ao serviço da Humanidade, em vez de ser fiel a esta missão com tudo de martirial, como eu tenho procurado ser, aceitou que o reduzissem à absurda condição de sacerdote e de clérigo ou 'separado' dos demais.

Escolhido, anos depois, pelo chefe da Cúria imperial romana para bispo titular das Forças Armadas e, posteriormente, para Bispo do Porto, mais não é, desde então, do que um excelentíssimo e reverendíssimo pau-mandado do Estado do Vaticano. Para o qual, neste sistema do Poder, os nascidos de mulher em qualquer parte do mundo só passam a ter direito de cidadania, se se fazem cristãos religiosos ou ateus. De contrário, são uns não-existentes ou carne para canhão, que podem reiteradamente morrer nas águas do Mar Mediterrâneo, ou vítimas da pandemia da fome e das guerras de todo o tipo, que nada disso lhe tira o sono, nem a toda essa outra trupe do Poder apostada em fazer deste nosso mundo o mais crasso dos absurdos.

Até as pedras choram com os gritos dos Povos

CUIDARMOS DE DEUS, OU UNS DOS OUTROS E DA TERRA?

Seremos ainda mais insensíveis do que as pedras, se conseguimos viver nesta Europa rica, à custa dos roubos e dos assassinatos sem conta dos povos que empobrecemos nos continentes aonde chegámos, nos séculos passados, com a espada numa mão, a cruz na outra mão e a bíblia no alforge, se nem os gritos dos Povos vítimas da fome e da guerra nos tiram do sério e já só pensamos nas férias deste verão que vamos poder desfrutar a troco de muitos milhares de euro. Os hotéis mais caros do Algarve, por exemplo, já se orgulham de lotações esgotadas em certas semanas. E não é apenas de gente do Reino Unido que vem aí aos milhares, mas de gente que vive neste país à beira mar plantado, sem parar um segundo que seja a pensar e a comover-se com as vítimas da tragédia planetária em que está mergulhada a Humanidade, com destaque para as centenas de pessoas que continuam a morrer nas águas do Mar Mediterrâneo, nas nações de África, América Latina, Faixa de Gaza e Índia.

É em situações limite, como as que estamos a viver nestes meses de pandemia, que faz todo o sentido perguntarmo-nos, cada noite, antes de adormecer, Cabe-nos cuidar de Deus que nunca ninguém viu (cf. João 1, 18), ou, pelo contrário cuidarmos uns dos outros e da Terra que nos serve de casa e de alimento-base, sem o qual perecemos, desde logo, o ar que dia e noite respiramos e que, como bem sabemos, nos é dado de graça e sem discriminação de nenhuma espécie. Não é da Terra e uns dos outros que havemos de cuidar, antes ainda de cuidarmos de Deus que nunca vimos nem vemos? A minha resposta, firmada na mesma Fé de Jesus histórico e na sua mesma Teologia, só pode ser esta, Cumpre-nos cuidar uns dos outros e da Terra e não de Deus.

Bem sei, pela catequese que tive de decorar sentado com outras crianças como eu, elas e eles, no chão da sala da 'Senhora Mestra' da aldeia onde nasci, que à Pergunta, 'Para que fim nos criou deus?', haveríamos de responder no exame para a comunhão solene, 'Deus criou-nos para o amarmos e servirmos na terra e depois da morte gozarmos com ele no céu.' Gerações e gerações foram formadas/ formatadas por este tipo de catequese, verdadeira escola de ateísmo religioso e cristão. Outra, porém, muito outra, é 'catequese' de Jesus histórico, o filho de Maria. Para quantas, quantos de nós cuidamos de deus e não uns dos outros e da Terra, são-nos dirigidas estas duras palavras que o Evangelho de Mateus (7, 21-23), põe na boca de Jesus histórico, 'Nem todo o que me diz, Senhor, Senhor, entra no reino do céu. Muitos me vão dizer naquele dia, Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos, em teu nome que expulsamos demónios e em teu nome que realizamos muitos milagres? Então dir-lhes-ei, Nunca vos conheci! Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade'!

Só cegos que não queiram ver e surdos que não queiram ouvir é que não vêem nem ouvem que estas duras palavras de Jesus histórico encaixam como uma luva nas religiões e nas igrejas cristãs todas, bem como nas suas grandes academias confessionais e laicas-ateias, do único ateísmo possível, o do judaísmo-cristianismo-islamismo. Sempre com Deus /Jeová /Alá na boca, mas completamente de cócoras e de joelhos diante do Dinheiro, o único deus comum a todas elas, a todos eles.

Felizes seremos se, como nos ensina Jesus histórico, nos abrimos aos lancinantes gritos das inúmeras vítimas das águas do Mar Mediterrâneo, da fome e de guerras sem conta. A estes seus gritos, havemos de juntar também os da Terra. É que não há outra saída que não seja cuidarmos uns dos outros e da Terra, em vez de cuidarmos de deus, o das religiões e igrejas cristãs todas. Deixemos, pois, os sacerdotes e os pastores, os rabinos e os anciãos a falarem sozinhos, uma vez que todo o seu palrar, todas as suas missas, rezas e liturgias são um escarro a juntar ao palrar e às liturgias laicas dos políticos ao serviço do Poder, nos três poderes, todos de cócoras e de joelhos perante o Dinheiro, o único deus que tanto elas como eles conhecem e cultuam. Por isso sadicamente insensíveis aos gritos das inúmeras pessoas que morrem nas águas do Mar Mediterrâneo e dos bilhões que morrem de fome de pão e d justiça e de guerras sem fim, um pouco por toda a parte, com destaque para a Faixa de Gaza. O que vale às vítimas é que a última palavra cabe-lhes por inteiro. Nunca aos seus carrascos de turno, religiosos e laicos.

Vacinar as pessoas a todo o gás

E DA TERRA, QUEM CUIDA?!

Vacinar as pessoas está a ser a grande prioridade no nosso país e no mundo. Até com recurso a militares fardados de camuflado. Como se de uma nova guerra colonial se tratasse. Ainda nos não curamos dos traumas que os 13 anos de Guerra Colonial deixaram nas populações que tiveram de a suportar, e já estão a injectar-nos novos traumas, o das agulhas a ser espetadas num dos braços de quem aceita ser vacinado. Aquelas agulhas têm tudo de balas que se não matam na hora - tem havido casos não divulgados em que sim, se não na hora, nas horas que se lhe seguem - nem por isso deixam de introduzir em quem as recebe um corpo de todo estranho que, num futuro, mais próximo do que somos levados a pensar, poderá causar distúrbios sobre distúrbios, por agora, desconhecidos de todo. Porque as grandes multinacionais farmacêuticas não são amigas dos seres humanos, nem dos povos das nações, nem da Terra, organismo vivo como nós, e o único habitat que a nossa espécie conhece em todos estes milénios. Delas nunca podemos esperar nada de bom. Muito menos que sejamos pessoas e povos saudáveis do nascer ao morrer. Elas querem-nos doentes, porque só assim os seus chorudos lucros vão em galopante crescendo. E, com eles, o seu poder sobre os Estados das nações, já seus reféns.

Por outro lado, começa já a criar-se uma nova discriminação entre as muitas discriminações que já temos de suportar. Só cegos que não queiram ver é que não vêem que está aí em crescendo a discriminação, até ao nível legal, entre pessoas vacinadas e pessoas não vacinadas. Esta discriminação é ainda maior em relação às pessoas não vacinadas por opção, como é o meu caso .A propaganda oficial dos Estados diz que a vacina contra a covid-19 é opcional. Mas como explicar então que as milhares de pessoas que em cada país da UE e demais Estados do mundo optam por se não vacinar, fiquem fora do absurdo 'passaporte verde'? Se para alguém poder entrar num Centro de saúde, por exemplo, basta o teste do termómetro apontado à nossa testa, porque não seguir o mesmo critério para se entrar num avião? A prepotência dos Estados raia a paranoia. A confirmar o que sempre tenho dito que dos Estados, como das grandes multinacionais farmacêuticas e todas as outras, nunca podemos esperar nada de bom. Sempre havemos de estar à defesa e em permanente estado de alerta. Também os Estados nos querem doentes e intoxicados de medicamentos. Sabem bem que Povos saudáveis são povos autónomos que vivem muito melhor uns com os outros sem eles, do que com eles.

Mas nem só de vacinas anti-covid-19 se faz o dia a dia dos seres humanos e dos povos das nações. Muito antes delas, está aí a Terra, até agora o nosso habitat, bem como o habitat de bilhões de outros seres vivos que, no seu conjunto, constituem o ecosistema de que necessitamos para nascermos, crescermos e vivermos saudáveis. Até que a chamada Morte, nossa irmã gémea, naturalmente aconteça quando somos suficientemente maduros para nos fazer passar à plenitude da Vida, que, de tão plena e tão outra, só os olhos cordiais a podem ver, como vêem o Essencial..

Acontece - é hoje gritantemente público e notório - que a Terra, nosso habitat natural, está gravemente doente. E para esta sua doença, as grandes multinacionais farmacêuticas não querem nem conseguem criar uma vacina. O que elas e todas as outras multinacionais do mundo fazem é esventrá-la e fazê-la adoecer de dia para dia. Impunemente. Sem que Tribunal algum do mundo lhes vá à mão, a não ser para as beijar. O problema é que a doença da Terra é mil vezes pior do que a covid-19. Os Estados das nações, mai-las hierarquias das religiões e das igrejas, são inimigos da vida e da autonomia dos povos, por mais que se mascarem de benfeitores. Seremos politicamente ingénuos, se ainda esperamos deles e delas soluções para os graves problemas da Terra. Todos eles, como todas elas são peritos em grandes encenações, como a Cimeira Social da UE, no final da semana passada no Porto. Muita parra, uva nenhuma. Nem para os seres humanos e povos, nem para a Terra. De modo que, com ou sem vacinas, esta Cimeira Social da UE mais não foi do que um passo mais para o abismo, já aí. E com ele, o fim da vida humana e da Terra. Que de habitat da vida de bilhões de espécies, passará a planetária vala comum.

O debate está na ordem do dia

MAS HOUVE GUERRA COLONIAL?

Bem posso dizer que a Guerra Colonial marcou para sempre a minha vida de Presbítero da Igreja que está no Porto e no mundo. Foi o grande apocalipse ou a grande revelação que me fez ver, de uma vez por todas, que a igreja hierárquica não é a Igreja de Jesus histórico e que o Poder, todo o Poder, também o Poder político, é intrinsecamente mau. Por mais que se faça cobrir de sumptuosas roupas, habite em grandes palácios, pontifique em grandes catedrais e santuários de renome. É tudo encenação para esconder a perversão estrutural que todo o Poder é. Lobo disfarçado de cordeiro e mercenário disfarçado de pastor, no dizer de Jesus histórico, a Luz que está no sistema de Poder, sem nunca ser dele. E que este odeia, persegue, mata, porque continuamente mostra que são más todas as suas obras, inclusive o seu bem-fazer.

Está hoje na ordem do dia, ainda que timidamente, a questão se houve ou não houve Guerra Colonial. O próprio Presidente da República, que não é de sangue limpo nesta Guerra e hoje é o Comandante-chefe das Forças Armadas, tal como Américo Tomaz, ao tempo da Guerra Colonial, surpreendeu o País, ao dedicar o seu discurso na sessão solene comemorativa do 25 de Abril 74, a este crime histórico que, à mistura com a Pide/DGS, as cadeias para presos políticos e os tribunais plenários foi, sem dúvida, um dos mais escabrosos dos 48 anos de fascismo. A juntar aos quase oitocentos anos de monarquia, com o clero católico, no topo da pirâmide, a nobreza, no meio e o Povo ou plebe na base, a carregar com todos os de cima. Uma história de horrores que todos os historiadores sem excepção, integrantes do Poder, se encarregam de branquear.

O seu discurso foi aplaudido por quase todas as bancadas do Parlamento, sinal inequívoco que todos os deputados dos maiores partidos políticos, agentes de turno do Poder legislativo, são na essência, todos iguais. Mais à esquerda ou mais à direita, todos sem excepção são agentes do Poder, perversos quanto ele. O discurso foi apenas isso, discurso. Os povos das nações clamam por práticas sócio-políticas de justiça, de igualdade, de reciprocidade, de fraternidade e de liberdade, e os agentes de turno do Poder dão-lhes overdoses de discursos. E quando, lá do alto dos seus palácios e grandes santuários parecem ir além dos discursos, fazem ainda pior, porque não vão além da humilhante Caridadezinha ou bem-fazer. Um vómito. Corruptos, todos, ou não seja verdade que todo o Poder corrompe e o Poder absoluto corrompe absolutamente.

Vivi a Guerra Colonial por dentro, como capelão militar à força, na região de Mansoa, integrado no Batalhão de Caçadores 1912, na Guiné-Bissau. Metido nela, vi pela primeira vez com os meus olhos cordiais de Presbítero da Igreja de Jesus que está no Porto e no mundo, com tudo de clandestina e perseguida pela igreja hierárquica, o pecado estrutural organizado. Antes de embarcar no Cais de Alcântara, no Niassa a abarrotar, em finais de 1967, tive de frequentar, como Aspirante, um Curso intensivo de 5 semanas na Academia Militar de Lisboa, onde o bispo castrense era um dos professores. As suas lições pretendiam convencer os 50 padres que frequentávamos aquele curso que a Guerra Colonial era uma espécie de Cruzada ou Guerra Santa. Quem nela perdesse a vida era um santo para a igreja católica e um herói pera o Estado colonial. Nunca da sua boca ouvi dizer que a Guerra Colonial era o maior crime-e-pecado organizado que efectivamente era.

Quando chego a Mansoa e deparo com o Quartel todo cercado de arame farpado, com dezenas de crianças descalças e de latas na mão, a pedir restos de comida, confirmo de imediato que a Guerra era mesmo Colonial e, por isso, um crime organizado. Entretanto, o que o Comandante do Batalhão, militar de carreira, espera então de mim, como alferes capelão, é que contribua para transformá-la em Cruzada ou Guerra santa. Porém, a minha consciência de Presbítero da Igreja de Jesus, leva-me a perguntar, dois meses depois, na homilia de 1 de janeiro 1968, Dia Mundial da Paz, com o meu Comandante presente, se estávamos ali para ajudar o Povo colonizado a conseguir a sua autonomia e independência, ou, pelo contrário, para a impedir. Percebo na hora, pela reacção do meu Comandante, que o meu destino estava traçado. E não me engano. Ainda lhe digo, quando convocado por ele no dia seguinte ao seu gabinete, 'Mudem a Constituição, que eu não posso mudar o Evangelho'. Mas de nada adiantou.

Poucas semanas depois, sou expulso de capelão militar. E quando regresso a Lisboa de avião, oiço da boca do próprio Bispo castrense, D. António dos Reis Rodrigues, que, em seu entender hierárquico, não passo de um 'padre irrecuperável'. Sou, desde então, Presbítero da Igreja clandestina de Jesus para a Humanidade, presença maiêutica entre e com as populações, a dar corpo a uma Sociedade outra, de irmãs-irmãos religados uns aos outros e ao Cosmos, ainda que um não-existente para a hierarquia da igreja, toda ela em estado de pecado estrutural, por mais que se pense cheia de razão. Tudo nela é pecado, até o bem-fazer em que é tida como perita e por isso louvada por todo o Poder.

Edição 167, abril 2021

QUE HUMANIDADE E QUE TERRA PÓS-COVID-19?

Diz-me o Vento que a Humanidade e a Terra nunca mais serão o que eram antes da Pandemia Covid-19. A Terra, nossa mãe comum, e que nos dá de graça tudo o que é essencial para vivermos com saúde e bem-estar, está agora bem mais doente do que antes. O ar que respiramos vem carregado de poluição e de múltiplos vírus, qual deles o mais perigoso. Os alimentos que comemos, de tão envenenados, são causa de novas doenças que as grandes farmacêuticas nunca curam, apenas atenuam com a venda de mais e mais medicamentos. Entre esses alimentos contam-se as carnes vermelhas, de porco e de frango, produzidas à pressão, em espaços exíguos e fechados. E até os mares que dia e noite recebem a água dos rios carregada de dejetos de toda a ordem e estão a abarrotar de toneladas de plástico e de máscaras cirúrgicas, à mistura com outros tipos de lixos que produzimos e vão lá desaguar, modificam o ADN dos peixes que ingerimos e nos adoecem. E que dizer dos outros peixes criados e alimentados com hormonas em enormes espaços de aquacultura, concebidos e geridos pelo grande Mercado?

A juntar a tudo isto, há agora as vacinas anti-covid, produzidas em tempo record pelas grandes farmacêuticas. Espantam-se muitas, muitos com a capacidade da ciência e dos cientistas. Mas que tipo de ciência e de cientistas são ela e eles que aceitam servir em exclusivo as grandes multinacionais farmacêuticas? Fossem ciência e cientistas amigos da Terra, dos seres humanos e dos povos das nações e colocariam os seus múltiplos conhecimentos e seus refinados laboratórios ao exclusivo serviço da Humanidade, na sua diversidade de seres humanos e de povos. Não é o que acontece, pelo que melhor fora que esse tipo de ciência e de cientistas não existisse. Podem trazer algum bem aos seres humanos e aos povos, mas à custa do muito mal que nos fazem e à Terra. E fazer mal à Terra é fazer mal à nossa mãe comum que, assim, em vez de gerar seres humanos e povos saudáveis, vê-se condenada a ter de gerar seres humanos doentes e condenados a viver quotidianos de horrores, causados pelas frequentes alterações climáticas.

Nem os chamados alimentos biológicos o são de verdade. Porque as estufas onde são produzidos não são o melhor habitat dos alimentos de que necessitamos para viver com saúde e bem-estar. São 'ilhas' cercadas de vírus por todos os lados que, entretanto, vão na água com que são regados e no ar que respiram a todo o instante. É hoje mais do que manifesto que desses guetos chamados estufas não saem os alimentos de qualidade que a publicidade, mentirosa e criminosamente, anuncia aos quatro ventos. Além disso, quando entram no grande Mercado, ficam logo poluídos por ele. Os seus custos são mais elevados, mas os resultados são idênticos aos outros produtos sem o rótulo de 'biológicos'. Porque uma Terra gravemente doente como a deste terceiro milénio é incapaz de produzir alimentos que garantam viveres saudáveis a quem os ingere.

A juntar a tudo isto, há agora os efeitos secundários das vacinas anti-covid, dos quais ninguém fala. Mas eles estão aí e não leva muito tempo a darmos por eles. Porque o coronavírus, em constante mutação, uma fez introduzido nos corpos dos seres humanos vacinados, não desaparece. As vacinas são a via mais fácil para criar anti-corpos em quem as recebe, mas que podiam e deviam ser criados pelas nossas próprias mentes, se desenvolvidas de dentro para fora. Com duas agravantes, 1, Quem as recebe ainda não sabe por quanto tempo fica imune, até voltar a ter de ser vacinado; 2, Que alterações genéticas as vacinas vão causar nas gerações nascidas de mães-pais que as receberam.

Uma coisa é certa. O Grande Mercado financeiro, do qual fazem parte as grandes farmacêuticas e as grandes fábricas de armamento, não está empenhado em garantir mais saúde e qualidade de vida aos seres humanos, aos povos e à Terra. O grande objectivo dele é, por um lado, acumular e concentrar riqueza em pouquíssimas mãos e, assim, controlar toda a Humanidade através de minorias sobredotadas formadas por ele, ao modo dos robôs, por isso, despojadas de todo o tipo de valores de ordem moral e ética; e, por outro lado, criar maiorias consumidoras, infantilizadas e bombardeadas ao segundo com informação falsa e entretidas com overdoses de diversões estupidificantes, nenhuma Espiritualidade, nenhuma Cultura, nenhuma Arte.

Com as variantes da Covid-19 a 'fintar' os cientistas

VACINAR-NOS OU CUIDARMOS DA TERRA?

Como sabem, ao chegar à idade da reforma como jornalista - o Presbítero ordenado que sou desde 5 de agosto 1962 não conhece reforma - decido abandonar S. Pedro da Cova onde vivo e intervenho, incansavelmente, durante 18 anos, e vir viver numa casinha arrendada, em Macieira da Lixa, Rua Alto da Paixão 298. Um espaço que, até então, era um anexo da casa do Casal José Maia e Hugutte Maia. Ele paraplégico, ela cidadã francesa. Para aqui poder viver, o meu amigo José Maia faz acoplar às duas salas já existentes uma cozinha, onde, desde então, confecciono as minhas refeições diárias. Uma delas faz de quarto e a outra é para a minha actividade presbiteral e profissional onde se inclui também o acolhimento de pessoas que vêm presencialmente por mim.

Tudo isto para dizer que vivo numa aldeia limpa de poluição, a dois minutos das matas, onde abundam pinheiros, eucaliptos, sobreiros, carvalhos e castanheiros. Para lá da muita água que corre dia e noite nas levadas e antigamente fazia mover moinhos, hoje abandonados, e que continua a regar alguns campos da freguesia, onde crescem vinhas e mais vinhas, quase todas cientificamente geridas pela Adega Vinhos Borges, cujas instalações, de tão gigantescas, quase 'comem' a residência paroquial e respectiva igreja, cujo pároco, mais clérigo ordenado e sacerdote do que Presbítero com o ADN de Evangelizar, está quase sempre ausente, pois é o 'patrão' de mais três paróquias!

Perguntar-se-ão, Mas a que propósito vem tudo isto, quando o título principal do Texto é, Vacinar-nos ou Cuidarmos da Terra? Faço-o, para melhor poderem perceber porque é que eu, entre vacinar-nos e Cuidar da Terra, escolho Cuidar da Terra e não vacinar-me. Felizmente, esta é uma daquelas decisões que cabe a cada uma, cada um de nós. De modo que, quando um destes dias me chamam, via tlm, para ser vacinado, eu dou uma sonora gargalhada e pergunto, Há alguma penalização, se eu recusar vacinar-me, uma vez que vivo no meio da natureza, faço a caminhada diária de 45m, quase sempre por entre as árvores, confecciono as minhas refeições sempre frescas, nas quais não entra nenhuma espécie de carne, nem produtos com glúten e a minha mente vive fortemente blindada de dentro para fora à Covid-19?!

A funcionária do Centro de Saúde da Lixa que me conhece bem, também riu e diz-me, Não, não há qualquer penalização, embora a orientação da DGS e do SNS vá toda no sentido de que é melhor ser vacinado. Apenas o seu nome passa para o fim da lista. A resposta dela é exactamente a que eu esperava ouvir. E, cada dia que passa, reforço mais a minha convicção de que é muito mais importante cuidarmos da saúde da Terra do que sermos vacinados e continuarmos a descuidar-nos da Terra. Pela minha parte, faço tudo para cuidar da Terra e por ser, entre e com os meus vizinhos, amigos e conhecidos, elas e eles, um vivo exemplo de qualidade de vida. O que mais me dói é ver que a DGS e o SNS vivem há mais de um ano a massacrar-nos ao minuto com o tema vacinas. E a juntar a todo este envenenado ruído que, se não somos mentes blindadas de dentro para fora, só por si, já nos arrasta para depressões, ainda há os sucessivos Estados de Emergência - vamos já décimo quinto! - mais as leis do confinamento, que nos tratam a todas, todos como social e politicamente irresponsáveis. O que revela prepotência q.b.

O pior é que, no meio de todo este alarido, ninguém, absolutamente ninguém cuida da Terra. Nem sequer se fala dela. E, se fala, são discursos e mais discursos, práticas alternativas, nenhumas. Aliás, as grandes potências mundiais com o que estão (pre)ocupadas é servir as grandes multinacionais, com destaque para as farmacêuticas e as fábricas de armamento. Tanto assim, que passam os dias a provocar-se umas às outras, ansiosas por guerras e mais guerras. Fazem-no sem que ninguém lhes vá à mão, porque têm com elas as três Religiões do Livro, cujo mítico deus é 'o todo-poderoso' e 'o senhor dos exércitos', mai-los respectivos seguidores formatados-fanatizados por elas. Aos quais se junta também a própria a ONU,com o respectivo presidente António Guterres, uma máquina falante. Pelo que a Terra bem pode continuar a girar à volta do Sol, que todas as preocupações deles vão inteiras para se perpetuarem no Poder, com leis e institucionais à medida dos seus perversos objectivos. Com a agravante de que todos os grandes media, em papel e digitais, mataram definitivamente o jornalismo e trabalham dia e noite, muitas vezes em directo, exclusivamente para eles, numa intoxicação mental e social nunca antes vista.

O problema é que, sem Cuidarmos a sério da saúde da Terra, não há vacinas que nos valham. Por isso, a minha decisão em relação às várias vacinas contra a Covid-19 está tomada: não aceito ser cobaia das grandes farmacêuticas que, a coberto de cuidarem da nossa saúde, vendem-nos overdoses de veneno sob a forma de vacinas, confeccionadas com produtos que, com o passar dos meses e dos anos, podem vir a alterar o nosso material genético de uma vez por todas. E para tão hediondo crime, à custa da saúde da Terra e da saúde dos múltiplos povos que a habitamos, não contem comigo!

Teólogo Hans Küng morre aos 93 anos

MUITA SABEDORIA OU MUITO SABER?!

O grande teólogo suíço Hans Küng acaba de protagonizar a sua derradeira páscoa. Por outras palavras, acaba de chegar à sua plenitude de vida. Depois de 93 anos a viver visivelmente entre nós e connosco, envolvido em sucessivos combates teológicos que ele próprio tem como os mais oportunos. Morre em tempos de Covid-19, mas não chega a ser atingido por ela. Tão pouco, recorre à morte medicamente assistida ou eutanásia, apesar de a defender para quem, em fase terminal e em situação de grande e intolerável sofrimento, entenda pedir que desliguem as máquinas, ou, vai ainda mais além, e pede expressamente que o ajudem a morrer.

Como presbítero-jornalista ao serviço do Jornal Fraternizar, 23 anos em suporte papel e desde 2011, apenas em suporte digital (www.jornalfraternizar.pt), tenho acesso à maior parte dos seus livros, em tradução espanhola, oferecidos pela Editorial Trotta, em Madrid. Inclusive, os 3 grossos volumes das suas Memórias. De todos os que recebo - e muitos são - tenho a felicidade de poder fazer a respectiva recensão crítica. Desconheço se alguma dessas muitas recensões lhe chega às mãos. Sei que nem sempre são do agrado da Editora.

Ao estudá-lo, dou-me conta de que estou perante um teólogo altamente erudito, assessorado por uma equipa de colaboradores, elas e eles, muito traduzido, lido, escutado e muito viajado pelo mundo, com milhares de conferências em espaços com muitas centenas de fervorosos e entusiásticos ouvintes. Tanto acolhimento e tanto entusiasmo por um teólogo cristão católico que, em pleno século XX, se exprime numa linguagem distante da dos clérigos nos respectivos templos e altares, é só por si um fenómeno que perturba, e muito, o sistema de Poder católico imperial de Roma que, às pressas, lhe retira o direito de dar aulas nas universidades católicas. Só que o 'castigo' - ou 'promoção?! - valeu-lhe, nesse então, ainda mais credibilidade, mais audiência e mais procura dos seus inúmeros Livros.

Tenho tudo isto presente em mim e, mesmo assim, ou por isso mesmo, pergunto-me se Hans Küng é um teólogo de muita sabedoria, ou, pelo contrário, um teólogo de muito saber. Consciente de que Sabedoria, é Cuidar, e Saber, é Poder. E consciente também de que dizer, Cristianismo, é dizer Poder monárquico absoluto e infalível. Dai concluir, sem risco de errar, que Hans Küng é um grande teólogo cristão católico, por isso, de muito Saber, não de muita Sabedoria. Só isso explica que, embora venha a conhecer na própria carne bastante ostracismo, por parte da Cúria romana e muitas cúrias diocesanas, nunca seja excomungado nem tido como maldito, muito menos veja o seu nome riscado dos registos oficiais da igreja que um dia o ordena Presbítero. Pelo contrário, chega até a ser um dos 'peritos' no Concílio Vaticano II. E agora que acaba de acontecer a sua esperada morte, lá estão, entre as inúmeras referências elogiosas ao seu ser-viver de teólogo cristão católico, também as da Cúria romana.

Nunca é por demais sublinhar que entre os praticantes da Sabedoria e do Saber há um abismo intransponível. Enquanto os praticantes da Sabedoria trazem no bojo o Sopro-Ruah da suprema de todas as Artes que é a Arte de Cuidar da vida humana e da vida da Terra, os praticantes do Saber trazem no bojo o sopro do Poder, o assassino da vida humana e da vida da Terra. Como tal, só mesmo os praticantes da Sabedoria, para lá de perseguidos e ostracizados, acabam sempre assassinados, hoje, preferencialmente, de forma incruenta, e vêem riscados os seus nomes dos registos institucionais, pois atestam, com as suas práticas políticas maiêuticas, que o Poder, por mais que se mascare de bonzinho ou benfeitor, é sempre assassino e ladrão. Enquanto os praticantes do Saber, por mais críticos do Poder que se apresentem nos seus escritos e palestras, acabam sempre tolerados, reconhecidos por muitas das suas cúpulas e, por fim, até canonizados!

Por tudo isto, não estranho nada que, dentro de alguns anos, o teólogo Hans Küng seja um dos grandes nomes com que o Papado da Roma imperial, o pai de todos os poderes, vai auto-justificar-se e reforçar-se ainda mais. Porque sabe muito bem que o grande teólogo suíço, embora o tenha criticado e muito, jamais se atreve a dizer que ele é intrinsecamente mau. Como efectivamente é! Quis muito reformá-lo, nunca quis derrubá-lo. E a prova é que defende em toda a parte aonde chega a sua voz que só haverá paz entre as nações, quando houver paz entre as três religiões do Livro, a maior das quais é, sem dúvida, o Cristianismo, com destaque para religião católica da Roma imperial. Quando os praticantes da Sabedoria o que proclamam aos quatro ventos é que só há paz entre as nações, quando todas as religiões, com destaque para as três religiões do Livro, forem definitivamente extintas, para darem lugar aos seres humanos e aos povos das nações misteriosamente habitados e a crescer, de dentro para fora até gerirem os seus próprios destinos, os destinos uns dos outros e os destinos da Terra. E tudo isto, como se Deus que nunca ninguém viu, não existisse!

Edição 166, março 2021

O que hoje mais havemos de temer

A COVID-19, OU AQUILO QUE NOS MATA A ALMA?


Quase nem damos por isso, mas a verdade é que estamos a viver os primeiros dias e as primeiras noites do equinócio da primavera 2021, por sinal, estranhamente quentes, eles, excessivamente frias, elas. E quase nem damos por isso, porque o Inimigo da Vida e da Natureza - o Poder financeiro e todos os seus media - faz seu, o falar imposto pelo Calendário litúrgico da igreja católica imperial de Roma, seu alter-ego em feminino. E, tal como ela, também ele insiste em chamar a estes dias, não de equinócio da primavera, mas dias de paixão-morte-e-páscoa da ressurreição do seu mito-mor, chamado Cristo ou Jesuscristo. Efectivamente, só de um mito se pode dizer que todos os anos nasce, cresce, vive, morre crucificado-e-ressuscita, para, no ano seguinte, voltar a nascer, crescer, viver, morrer crucificado e ressuscitar. E assim, sucessivamente, ano após ano. De um ser humano, nunca este falar é possível.


Acontece então que, enquanto os dias e as noites do equinócio da primavera 2021 nos mostram a Natureza a abrir-se em flor, ao som do canto dos pássaros que nos enche os pulmões de festa, os dias de paixão-morte-e-páscoa da ressurreição, pelo contrário, levam os seus cultores ao cúmulo sadomasoquista de ostentarem nas entradas das suas próprias casas cruzes envoltas em laços roxos. E no dia principal da festa fazem sair alguns deles em grupos para as ruas e caminhos com cruzes enfeitadas com um crucificado bem pregado em cada uma delas, de onde, pelos vistos nunca terá chegado a sair e, se saiu, de nada lhe valeu, porque a Roma imperial, inimiga da Vida e da Natureza, tal como o seu alter-ego em masculino, o Poder financeiro, depressa voltou a colocá-lo lá e ainda tem milhares, milhões de réplicas espalhadas por todo o mundo onde há funcionários seus no activo, como é o caso - para sua vergonha-humilhação - desta aldeia de Macieira da Lixa, onde vivo. E onde, quando seu pároco, nos idos da década de setenta, acabei com todo esse perverso negócio e toda essa tortura.


O mais chocante é que somos-vivemos terceiro milénio, assumidamente secular e laico, pelo que o nosso viver e falar de seres humanos e de povos das nações deveria ser intensamente marcado, não pelo sadomasoquista falar do Inimigo da Vida e da Natureza que é a igreja católica imperial de Roma, mai-lo Poder financeiro, sim pelos movimentos de rotação e de trasladação da Terra, respectivamente, em volta de si mesma, uns dos outros e em volta do Sol. E só porque o nosso quotidiano falar ainda não é assim, é que se justifica a Pergunta, O que mais havemos de temer, a Covid-19 ou Aquilo que nos mata a alma?


A pergunta, como facilmente percebemos, é sobretudo retórica e propedêutica, uma vez que a resposta é por demais evidente, O que mais havemos de temer é Aquilo que nos mata a alma, entenda-se, o Inimigo da Vida e da Natureza. Porque sem alma, somos coisas-que-mexem, robôs que comandam outros robôs, progressivamente despojados dos princípios e dos valores estruturantes da Vida e da Natureza que só ela conhece, pois é com eles que ela se alimenta e desenvolve.


Parte-se-nos o coração, ao vermos tudo o que de Mal o Inimigo da Vida e da Natureza, o Poder financeiro e seu alter-ego em feminino, igreja católica imperial de Roma, mai-los chamados órgãos de soberania dos múltiplos Estados do mundo, têm feito aos seres humanos e aos povos das nações, sem que nada, ninguém o amarre e, finalmente, decapite. Cabe-nos, pois, sermos suficientemente lúcidos e sábios, para lhe resistirmos até ao sangue, como faz, em abril do ano 30, em seu tempo e país, Jesus histórico, o filho de Maria. De contrário, acabamos apanhados por ele e perdemos a alma.


Escolher entre a realidade e o mito é preciso. Ou escolhemos Cristo/Jesuscristo e sua igreja católica imperial de Roma, o mito, ou escolhemos Jesus histórico e o seu Projecto político alternativo ao do Poder, a realidade. Felizes quantas, quantos escolhemos a realidade, porque só assim somos Terra-Consciência em permanente movimento de rotação à volta de nós próprios, religados uns aos outros e em permanente movimento de trasladação à volta do Sol. Numa Dança cósmica sempre em expansão.

N.E. JF faz aqui a habitual pausa do Equinócio da Primavera. Contamos regressar, sexta-feira 16, com o início da Edição 167 de abril.

Com o Governo a desconfinar a 'conta-gotas'

REGRESSO ÀS HÓSTIAS COM GLÚTEN, OU ÀS COMIDAS-COMENSALIDADE DE JESUS?!

Com o Governo a desconfinar a conta-gotas e a possibilidade de mais um Estado de Emergência no horizonte, por imposição do Presidente da República que, tal como o Papa de Roma a quem acaba de ir prestar vassalagem, do que mais gosta é do poder monárquico absoluto e infalível, as dioceses e paróquias católicas de Portugal regressam às missas e às hóstias com glúten nos templos, ou, pelo contrário, desistem de vez dessas obscenas encenações litúrgicas, e abrem-se progressivamente às Comidas-Comensalidade em que Jesus histórico, o de antes do cristianismo, é assíduo praticante? Na verdade, só estas Comidas-Comensalidade são um exclusivo de pessoas inteiras, com vez e voz, e não meras espectadoras desconectadas entre si que, no final desses rituais nos templos ou online, se experimentam muito mais deprimidas do que antes.

Se nem a Pandemia Covid-19 consegue abrir os olhos dos clérigos e fazê-los passar de nascidos do Poder, em que se tornaram, a nascidos de mulher, em sintonia com a sua matriz original, única e irrepetível, temos de concluir então que todos eles são inconvertíveis. E, nesse caso, melhor fora que nunca tivessem nascido. Porque tudo o que dizem e fazem traz o sopro do Poder, visceralmente assassino, antes de mais da sua própria mente cordial. E sem a mente cordial, os clérigos são estéreis funcionários eclesiásticos a evitar a todo o custo. Pelo que frequentar os espaços onde eles são reis e senhores, os únicos com voz e vez, e nos quais levam as pessoas a engolir hóstias com glúten e a escutar leituras bíblicas escolhidas e comentadas por eles de acordo com os seus corporativos interesses, é o mesmo que perder a alma.

O Concílio Vaticano II bem quis acabar de vez com os tenebrosos 16 séculos de domínio clerical, conhecidos como Cristandade Ocidental, e dar corpo a um novo modelo de Igreja, sem clérigos, sem hierarquia, apenas com ministérios ou serviços ordenados, concretamente, de diácono, presbítero e bispo. A verdade é que a Constituição dogmática sobre a Igreja, 'Lumen Gentium' que, explicitamente avança esse novo modelo, continua ainda por acolher, digerir e praticar. Uma vez que a Cúria Romana, furiosa com a sua aprovação, esperou que morressem os dois papas - João XXIII e Paulo VI - que presidiram ao Vaticano II e correu a buscar à Polónia católica, inimiga figadal da Liberdade e da Autonomia das pessoas e dos povos, o Cardeal Woytila, um dos bispos da minoria conciliar que havia votado contra a aprovação da 'Lumen Gentium' e fez dele papa de Roma, mascarado de João Paulo II. Com a expressa missão de meter a 'Lumen Gentium' na gaveta, como se ela nunca tivesse existido,

E assim se fez durante o seu longuíssimo mandato. Depois da sua morte e daquela apressada canonização por Ratzinger, o carrasco dos teólogos de libertação, elas e eles, como seu sucessor na cátedra de Pedro, esse mesmo que negou Jesus histórico por três vezes, a Cúria romana foi ainda mais longe. Correu a tirar da gaveta a Constituição 'Lumen Gentium' sobre a Igreja, queimou-a e espalhou as cinzas no deserto, para que ela nunca mais a volte a assombrar nem a ela nem ao Papa de turno. Uma jogada de mestre da perfídia que, desde há oito anos, tem contado com a bênção do primeiro papa jesuíta, de seu nome Francisco, cristão dos quatro custados, filho de Inácio de Loyola e de S. Paulo, o perseguidor histórico de Jesus, o de antes do cristianismo, e o doutrinador-mor do judeo-cristianismo, no qual a Cristandade Ocidental encontra plena justificação.

Regressar a Jesus, o de antes do cristianismo e às suas práticas políticas alternativas, é imperioso e urgente. Um regresso, de todo vedado aos clérigos, filhos do Poder. A menos que eles desistam de vez desse seu perverso estatuto e regressem à sua matriz original de filhos de mulher. Se nem esta pausa imposta pela Pandemia Covid-19 os faz mudar, é por demais manifesto então que são inconvertíveis. Neste caso, avisados andaremos, se os deixamos a falar sozinhos e nos organizamos, alegremente, a partir de nossas próprias casas, em redor de Comidas-Comensalidade. Porque lá, onde este tipo de Comidas acontecem, Jesus histórico está activamente presente, mediante o seu Corpo Sopro/Ruah, o único que nos faz progressivamente humanos e sororais. O que é bom, muito bom para nós e para toda a Humanidade.

Com o número de vítimas da pandemia a descer

TESTAR-VACINAR, OU CULTIVARMOS A SAÚDE?

Porque vivemos no universo do Poder, temos todos, seres humanos e povos das nações, de viver em permanente estado de alerta, de contrário corremos sério risco de sermos sistematicamente enganados por ele, seus Governos e Oposições. No caso da Pandemia, por exemplo, impõem-nos soluções que têm tudo a ver com fazer crescer os lucros das grandes multinacionais farmacêuticas, e muito pouco ou nada a ver com cultivar a nossa saúde e a saúde uns dos outros e a da Terra. A simples existência destas grandes multinacionais farmacêuticas é, só por si, um atentado de todo o tamanho à nossa saúde e à saúde da Terra. Já que cada uma delas dispõe de um poder tal que, no seu conjunto, acabam por ser elas a mandar nos Governos das nações e respectivas Oposições; e a soprar-lhes soluções para os problemas, em especial os relacionados com a nossa saúde e a da Terra, qual delas a mais perniciosa e maléfica.

No caso desta Pandemia Covid-19, a grande palavra de ordem que elas mais sopram aos Governos das nações e às Oposições é, Testar-testar, vacinar-vacinar. E os Governos e as Oposições, ingenuamente, fazem-na sua, sem perceberem que, embora essa seja a via mais à mão para suster, no imediato, a Pandemia, à distância, é a mais falaciosa. Porque a via mais saudável e duradoira é de outra ordem de grandeza bem mais exigente. Consiste em cultivarmos, em cada agora e a longo prazo, a nossa Saúde, a saúde uns dos outros e a da Terra. Uma postura política que tem de ser transversal a todos os nossos ambientes familiares, sociais, espirituais, culturais e aos currículos escolares, do berçário às grandes universidades.

O Poder, seus Governos e Oposições mascaram-se de amigos dos seres humanos e dos povos, quando, por natureza, são mercenários. O máximo aonde podem ir é mascararem-se de benfeitores das populações. Nomeadamente, quando há eleições no horizonte. Fazem-no na expectativa de arrecadarem mais votos das populações que, na sua ingenuidade política, continuam a pensar que o voto é uma 'arma' e um direito conquistado à custa de muitas lutas e muito sangue derramado de gerações anteriores.

Sabemos todas, todos dessas lutas e desse sangue derramado. Mas temos obrigação de saber também que não foram nem essas lutas nem esse sangue derramado que determinaram o reconhecimento do direito de voto. Este só foi reconhecido, quando o Poder, seus governos e oposições encontraram maneira de tirar partido dessa decisão. Concretamente, quando esse voto das populações os não impede de continuarem a mantê-las sob as suas garras. Por mais que nas suas intervenções no Parlamento e nas campanhas eleitorais todos se digam defensores dos trabalhadores e do povo, a verdade é que, na sua prática institucional, são Poder, por isso, com benesses e mordomias que os trabalhadores e o povo nunca desfrutarão.

Apenas a Sabedoria ao leme da Ciência pode vir a gerar Cientistas maieuticamente religados aos seres humanos e aos povos. E estes dão-se conta, mais cedo do que tarde, desta coisa espantosa, Que os Centros de Saúde e os Hospitais são, devem ser, o último recurso, nunca o primeiro. Uma vez que a grande aposta dos seres humanos e dos povos vai inteira para o cultivo da sua própria saúde, da saúde uns dos outros e da Terra. Porque só viveres saudáveis garantem seres humanos, povos e Terra saudáveis. E tão saudáveis, que acabam, até, imunes a todo o tipo de vírus que o Capital, seu Mercado e suas multinacionais farmacêuticas produzem, ao mesmo tempo que os medicamentos que os neutralizam, mas nunca os liquidam de vez!

Ousemos, pois, criar e garantir viveres politicamente saudáveis para todos os seres humanos e povos e seremos imunes a todo o tipo de vírus. Obviamente, que o Poder, seus Governos e Oposições nunca trilharão esta via. E insistirão na via do Testar-Vacinar. Cabe-nos, seres humanos e povos, fazermos-lhes o manguito e pormos a Sabedoria a conduzir politicamente os nossos viveres na História. Serão viveres tão saudáveis que, por regra, nem precisamos de recorrer aos hospitais. E se sim, só como excepção, nunca como regra.

Com o Coronavírus ainda a corroer-nos a alma

E ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, SENHORES, QUEM AS TRAVA?!

Muito mais mortíferas do que o Coronavírus que nos corrói a alma, mais ainda do que o corpo, são as cada vez mais alarmantes alterações climáticas em curso no planeta Terra. A uma velocidade que começa a ser estonteante. Enquanto as populações do conjunto dos Estados do mundo com o que mais se preocupam, neste início do mês de março 2021, é se vamos, sim ou não, ter verão nas praias do país e do estrangeiro e se vamos voltar a ter enchentes de turistas, agora, munidos de 'passaporte-vacina', para, desse modo, voltar a recuperar a Economia do Capital e garantir, assim, a quem para ele trabalha, as magras ou menos-magras migalhas que caem da mesa dos Bancos dele. Sem nunca percebermos que, se o Capital nos dá cinco ou dez, os outros noventa e cinco ou noventa dos cem produzidos, são para ele. De modo que ele cresce e quem para ele trabalha diminui. Sobretudo, em Humano sororal. Até acabar uma mercadoria mais.

Não no-lo dizem, nunca no-lo dirão, mas a verdade é que, até, o coronavírus é criação do Capital e da sua economia de mercado que não tem alma, ainda que tenha deus, o Dinheiro, para ele o único valor supremo e absoluto, ao qual todos os outros valores devem submeter-se. Ou deixarão de figurar nas notícias dos seus grandes media. Sinal inequívoco de que são valores sem valor de Mercado. E, como fora do Mercado, não há salvação - é o próprio Mercado, suas religiões-igrejas e seus sacerdotes-pastores que no-lo garantem - todos os outros valores sem valor de Mercado, como a Liberdade e a Verdade Praticada, mai-la Sororidade e a Comensalidade, a Partilha dos frutos da Terra e o ar que respiramos estão aí, cada dia que passa, a cair aceleradamente em desuso. E de tão encandeados que vivemos neste tipo de mundo do Poder financeiro, nem vemos que sem esses valores sem valor de Mercado, simplesmente perecemos.

As próprias gerações nascidas neste terceiro milénio - um milénio com tudo para poder ser um novo big-bang, agora de cariz definitivamente Humano sororal e religado ao modo dos vasos comunicantes - estão a ver-se brutalmente atropeladas pelo Coronavírus. Desse atropelamento, fazem parte os sucessivos e escandalosos Estados de Emergência que trazem com eles toda a tribulação que o compulsivo confinamento em casas programadas para se dormir, não para se viver nelas 24 horas sobre 24 inevitavelmente produz. Uma tribulação alimentada por ruidosas disputas entre gerações, lutas fratricidas e consequentes desorientação e desmotivação. Impossível, em ambientes tão pesados, alimentar a alma, corroída, cada dia que passa, pelo Coronavírus e seu respirar cada vez mais envenenado e mortal.

A juntar a toda esta destruição humana, é imperioso recordar que, há mais de um ano, somos bombardeados ao segundo pelas notícias das vítimas do Coronavírus. E nestes últimos dias, também pelas 'sensacionais' notícias da NASA, emitidas por um robô directamente de Marte. Prova provada de que o Capital, incontrolável glutão, ainda não destruiu definitivamente a Terra - quase só nos falta cairmos todos no Abismo sem regresso - e já se prepara para invadir, ocupar e esventrar o planeta Marte. É da natureza dele, matar, roubar, destruir. Sem que ninguém possa decapitá-lo, a não ser na Mente cordial de cada uma, cada um de nós, uma opção fecunda e exemplar, mas manifestamente insuficiente neste tipo de mundo do Poder, seu Mercado, suas religiões e igrejas. Facínoras, todas, todos, mas abençoados por tudo quanto é sacerdote-pastor e pelo seu deus, o Dinheiro.

Importa, entretanto, sublinhar, a concluir, que de modo algum tudo isto é obra do acaso. Pelo contrário, é cientificamente programado para ser assim.. Ou o Capital não tivesse ao seu incondicional serviço os melhores cérebros de cada nova geração que vem ao mundo, garantidamente formatados por ele, sob o disfarce de grandes e renomadas Universidades. Disponíveis, por isso, todos eles, para o servirem incondicionalmente. E sem quaisquer escrúpulos de ordem moral e ética, tudo valores sem valor de Mercado.

Pelo que as alterações climáticas, muito mais mortíferas do que coronavírus, bem podem continuar aí a agravar-se que os povos das nações, vítimas desse agravamento, continuarão a não ser politicamente mobilizados para as combater. Em vez disso, continuarão a ser perfidamente anestesiados pelos sonantes e bem elaborados discursos do secretário-geral da ONU, António Guterres, candidato a mais um mandato de 5 anos, e pelos discursos moralistas e hipócritas do papa Francisco, jesuíta argentino, actual chefe do Estado mais tenebroso do mundo, o Vaticano.

Edição 165, fevereiro 2021

Com a pandemia a abrandar

DESCONFINAR, E DEPOIS?

São muitas as vozes que hoje dizem, Nunca mais voltamos a ser o que éramos antes da Covid-19. É bonito e dá gosto ouvir. Só que estas vozes deviam também dizer, e não dizem, que o coronavírus veio para ficar. Na melhor das hipóteses, controlado pelas vacinas, mas sempre presente e em constante mutação. E quando nos dizem que nunca mais voltamos a ser o que éramos antes, tão pouco nos dizem se saímos desta Pandemia mais humanos e mais peritos na Arte de Cuidar de nós, uns dos outros e do cosmos, ou se, pelo contrário, saímos das nossas casas mentalmente mais blindados do que nunca em relação aos outros, assim a modo de multidões com tudo de rebanho, muito juntos, porventura até aos encontrões, mas cada um por si. Em que o medo do outro é ainda mais presente do que antes. Se assim for, vamos voltar a ver-nos de novo juntos, mas cada uma, cada um muito mais só e ainda muito mais desamparado do que antes.

E porq ue, neste prolongadíssimo Estado de Emergência - o que era excepção, 'virou' regra - os espaços culturais e as livrarias, os restaurantes e os bares foram obrigados a manter-se fechados, sob pena de pesadíssimas multas aos infractores, as populações viram-se privadas do Pão e do Vinho outros absolutamente essenciais para sermos e crescermos de dentro para fora fiéis à nossa matriz original de nascidos de mulher. Porque nem só do pão e do vinho do Mercado as populações vivem, ainda que o Poder nos queira convencer de que sim e, por isso, manteve abertos e acessíveis todos os supermercados do país. Ao privar-nos das Comidas-Comensalidade, servidos com Poemas e a culminar em Danças eucarísticas à Vida que nos fez acontecer na História, o Poder mostra bem quanto é inimigo do Humano. E o que mais teme é ver-nos crescer de dentro para fora em liberdade, em autonomia e em responsabilidade.

Com os espaços culturais e as livrarias, os bares e os restaurantes, compulsivamente fechados, definhamos por falta desta Comida outra que só a Convivencialidade que neles se respira nos garante. Ao acatarmos em bloco tão autocrática decisão do Poder político, ficou bem a nu que continuamos ainda a anos-luz de sermos sujeitos dos nossos próprios destinos, dos destinos uns dos outros e do cosmos. E ao impor o encerramento desses espaços, o Poder mostra bem que só lhe interessa ter súbditos votantes em eleições por ele super-controladas e em Partidos políticos por ele reconhecidos e com cada um a puxar para o seu lado contra os demais. De modo algum, lhe interessa ter cidadãos de corpo inteiro, por isso, políticos praticantes maieuticamente religados às populações.

Desconfinamos, e depois? Esta é a grande questão que ninguém ousa formular, muito menos quer ver respondida. Porque se o Poder, durante o prolongado confinamento, nos privou do Pão e do Vinho outros, bem podemos dizer sem medo de errar que vamos sair desta Pandemia mentalmente muito mais enfraquecidos, por isso, muito mais à mercê das minorias chico-espertas e bem falantes. Culturalmente subnutridos, com as mãos e os pés mais entorpecidos, a respiração muito mais alterada, sem sabores e sem olfacto por isso, multidões ainda mais à deriva do que antes da Pandemia. E consequentemente mais à mercê de mercenários que se nos apresentem vestidos de cordeiro, quando, por dentro, são lobos rapaces.

Todavia, nem tudo é assim tão negativo. Porque com os espaços culturais e as livrarias, os restaurantes e os bares de novo a funcionar em pleno, vai-nos ser possível regressar depressa a Convivencialidade e, com ela, voltar a saborear o Pão e o Vinho outros que o Grande Mercado desconhece, mas que os povos com fome e sede de Beleza, de Dança, de Livros lidos e escutados em outras tantas Oficinas de Leitura-Escuta, e de Comidas-Comensalidade em redor de Mesas comuns nunca mais dispensarão, confinados que, porventura, voltem a ter de estar. E, assim, depressa nos ergueremos novos deste desastre e bem mais avisados em relação ao Poder.

Por isso, o Poder e seus agentes de turno que se cuidem, porque podem enganar-nos uma vez, não podem enganar-nos sempre. Confesso que, para mim, esta nova consciência dos povos pós-confinamento compulsivo, é o pilar de uma grande e fundada esperança e causa de grande e fecunda alegria. Assim todas, todos ousemos praticar esta via da resistência política activa ao Poder, nos três poderes.

Xeque-mate ao calendário litúrgico e não só

A CAMINHO DA PÁSCOA OU DO VERÃO?

Com a pandemia ainda e sempre ao ataque, bem se pode dizer que o terceiro milénio entrou a matar. Tudo o que vem dos milénios anteriores está a ficar reduzido a sucata. Desde logo, a Arte que, em todas as suas múltiplas formas, esteve sempre ao serviço do Poder e das suas encenações litúrgicas, as religiosas e as laicas, presididas pelos respectivos clérigos, do maior ao mais pequeno. De modo que a Pergunta em título, longe de ser provocadora, é reveladora dos novos tempos que estamos a viver, saudavelmente pós-cristãos e pós-religiões. E também pós-Órgãos de soberania de cada país, actualmente formados a partir de disputas eleitorais entre Partidos. Em que o mais palrador e demagogo leva a palma e, mais cedo do que tarde, é posto ao leme de cada país, enquanto houver pessoas politicamente ingénuas que votem neste tipo de democracia partidária!

A chegada do terceiro milénio e a sua primeira Pandemia deram xeque-mate às igrejas-religiões e ao seu calendário. Mas não só. Também aos chamados órgãos de soberania. Os próprios clérigos, religiosos e laicos, percebem agora que nunca deveriam ter existido. Os medos e os horrores que causaram nos povos foram mais do que muitos e por sucessivas gerações. Para cúmulo, com os pais de cada nova geração a inocular na mente das suas filhas, dos seus filhos, o vírus do religioso, fruto do Medo, e, deste modo simples, mas altamente eficaz, a contribuir para criar e perpetuar um modelo de sociedade e de civilização que nunca deveria ter existido. Porque criminosamente nos impediu de crescermos de dentro para fora até nos tornarmos responsáveis pela História.

Tenebrosos foram esses milénios cristãos e respectivos Órgãos de Soberania. Cujo deus se alimentou de gente e fez da dor e do sofrimento dos povos um sacrifício de redenção-salvação. A covid-19, com suas surpreendentes variantes, qual delas a mais agressiva, vem, pois, na hora certa. Está aí a gritar-nos que todos os institucionais do Poder, nos três poderes, vão nus. Os seres humanos e os povos são, é verdade, os mais afectados pelo vírus, mas apenas por manifesta incapacidade dos órgãos de soberania de cada país e do mundo, todos de raízes cristãs, por isso, estranhos e sacrificialistas. Ou percebemos isto e, como seres humanos e povos das nações, deixamos de lhes confiar os nossos destinos e os destinos do Cosmos, ou pereceremos juntamente com eles.

Vamos felizmente a caminho do Verão, não da Páscoa. É uma mudança de paradigma, por isso, estrutural. Até os conceitos com que nos expressamos têm de mudar. Permito-me, a este propósito, voltar a lembrar que o meu mais recente Livro 'Da Ciência à Sabedoria', Seda Publicações/Gugol.pt, aponta-nos o novo caminho civilizacional a trilhar. Exige de nós, seres humanos e povos, completa ruptura com os milénios anteriores e os seus Órgãos de soberania que sempre estiveram ao comando do mundo, quando este nos pertence por direito, como a mais suprema de todas as artes, até hoje nunca realizada.

Determinante, em todo este processo de mudança estrutural e civilizacional, é o que este meu novo Livro chama, a 'Geração Terceiro Milénio'. E porquê? Porque Jesus histórico - ainda hoje o grande desconhecido - é crucificado em abril do ano 30 deste era comum, precisamente, por ser o primeiro ser humano pleno e integral que, pela primeira vez na História, pratica e anuncia um Projecto político alternativo aos dos sistemas de Poder. Um Projecto que se atreve a colocar os seres humanos e os povos do mundo que vemos, antes, inclusive, de Deus que nunca vemos, mas misteriosamente nos habita-potencia de dentro para fora, para vivermos na História como se Ele não existisse. Criadores, por isso, de uma Civilização plena e integralmente Humana, cujos membros são peritos na mais suprema de todas as artes, a Arte de Cuidar. De nós. Uns dos outros. E do Cosmos ainda em expansão.

A Pandemia ordena, Fiquem em casa!

A FAZER O QUÊ?!

Se a mais repetida palavra de ordem da Pandemia Covid-19 e dos governos das nações é, Fiquem em casa, faz todo o sentido a pergunta, A fazer o quê? Se o confinamento fosse opcional e responsável, a Casa onde ficamos confinados seria, indubitavelmente, um espaço de fecundidade e de criatividade. Porque um espaço saudavelmente envolvido pela musicalidade do Silêncio e a correspondente escuta do Essencial. Como não é opcional nem responsável, antes imposto pelo Estado de Emergência e sob ameaça de pesadas multas, a Casa onde ficamos confinados acaba convertida num espaço a abarrotar de ruídos de tvs ligadas dia e noite, tlms, computadores, nervos, palavrões, insultos, encontrões, estresse e depressões sem conta. À mistura com exagerado consumo de bebidas alcoólicas. Numa palavra, todo aquele caldo de ingredientes que a pandemia mais aprecia para se propagar sobre a Terra.

Neste contexto de pandemia e de confinamento compulsivo, a Ciência é cada vez mais olhada como a grande tábua de salvação. Há, inclusive, quem ache que estes dias são de celebração da Ciência, porque, em menos de um ano conseguiu, pela primeira vez na História, uma vacina anti-covid 19 e respectivas variantes. Por mim, sou mais prudente e comedido, porque não posso esquecer que a Ciência tem como seus principais protagonistas os cientistas, todos filhos de mulher por nascimento, mas que, de um momento para o outro, podem tornar-se filhos do Poder. E quando assim é, colocam-se, a troco de benesses, ao incondicional serviço dos Grandes Interesses Financeiros, também os da área da 'saúde', digam-se nacionais ou privados. Dói ter de o reconhecer, mas a gratuitidade é uma postura de vida que a Ciência e os cientistas, filhos do Poder, desconhecem, de todo. Até como mero conceito!

Sou um acérrimo defensor da Ciência, mas sem nunca deixar de ser eticamente exigente com os cientistas. A História grita-nos que os grandes crimes contra a Humanidade e contra a própria Terra, nossa mãe-e-casa comum, tiveram-têm o decisivo contributo de cientistas. Alguns deles, prémios Nobel. A própria Economia, etimologicamente, ciência do cuidado da casa, a familiar e a comum que é a Terra, tem sido até agora quase só uma Economia-que-mata os povos e a Terra. E antes de matar, envenena e adoece os seres humanos e os povos das nações. Para cúmulo, ainda tem a dar-lhe cobertura moral uma Teologia, cujo deus é todo-poderoso e, por isso, Aquilo que depois de nos matar o corpo, também nos mata a alma e, deste modo, reduz-nos a robôs.

É indiscutível que este é o milénio da Ciência. Por isso, também dos cientistas. O facto, só por si, não dá garantias de que venha a ser o mais Humano de todos os milénios que nos precederam. Não me confesso, como muitos de nós, crente na Ciência, como, de resto, Presbítero-Jornalista que sou, me não confesso crente em deus. E devo dizer que fico sempre de pé atrás, quando alguém nos fala muito em deus. Dá-me vómitos ouvir certos pastores e fiéis de igrejas encher suas bocas com deus p'ra cima, deus p'ra baixo. Quando assim é, adianto-me e pergunto, Mas de que deus é que estás-estais a falar? A pergunta vale tanto para crentes religiosos, como para ateus de raízes cristãs e católicas como são os ateus de hoje.


Por mim, aprendiz de discípulo de Jesus histórico, digo-me assim, Creio Deus que nunca ninguém viu e me/nos habita em permanência e potencia de dentro para fora até sermos livres e autónomos, capazes de gerir os nossos destinos, os destinos uns dos outros e do planeta-cosmos, como se Ele não existisse. E à Ciência e aos cientistas, sempre pergunto, Ao serviço de quê e de quem colocais todas as vossas capacidades? Uma coisa eu sei e é da História: A Ciência e os cientistas, quando contratados como assessores dos agentes de turno que comandam o mundo levam-no, inevitavelmente à sua progressiva destruição. E uma outra coisa eu sei também, Apenas uns escassos100 segundos nos separam do inferno nuclear à escala global.

Concluo, pois, esta minha reflexão como confinado opcional e responsável em casa, com esta declaração solene e com tudo de imperativo ético: Cabe à Sabedoria, filha da Fragilidade humana, própria dos filhos de mulher, não dos filhos do Poder, a condução da História. E à Ciência e aos cientistas, ordeno-lhes, em nome das incontáveis vitimas dos sistemas de Poder, que disponibilizem graciosamente aos cuidadores maiêuticos os seus conhecimentos. Só então faz todo o sentido a palavra de ordem, Fiquem em casa. Porque juntos, Sabedoria e Ciência, cientistas e cuidadores maiêuticos, secamos e extirpamos a raiz do Mal e damos corpo a um mundo alternativo a este que não é um mundo que se apresente.

Tenebrosos são estes tempos de pandemia

QUE VIA POLÍTICA PODE SALVAR-NOS?

Formados-formatados para presidirem a certas funções ritualizadas que lhes são institucionalmente reservadas em exclusivo, os clérigos católicos são, nestes tenebrosos tempos de pandemia que veio para ficar, os mais infelizes dos nascidos de mulher. E é assim como clérigos que insistem em apresentar-se aos demais nascidos de mulher, sem jamais terem consciência de que estão ao serviço de um monstro de muitas cabeças - o Estado do Vaticano e sua Cúria - que tem a dar-lhe cobertura e plena legitimidade o deus todo-poderoso da Bíblia, de S. Pedro, de S. Paulo e de todos os teólogos cristãos de renome, hoje o deus Dinheiro, o mais poderoso e macabro de todos os deuses sobre a Terra, já totalmente apanhada e envenenada por ele.

Se os ventos já não iam nada de feição para os clérigos católicos, a chegada do coronavírus com sua pandemia pode muito bem representar o seu extermínio puro e simples. O que se saúda! Porque se os ritos litúrgicos em que todos são peritos já eram um evento com tudo de tortura, quando realizados presencialmente nos templos, agora, realizados via internet, são sucessivos tiros nos próprios pés dos que a eles presidem.

Dei-me ao cuidado de visionar, no último domingo de janeiro, pedaços de um desses ritos transmitidos diariamente da Sé catedral do Porto, presidido pelo respectivo capelão. Como era previsível, ele limitou-se a seguir o Missal romano desse dia. Vai daí, lá começou por confessar a deus pai todo-poderoso os seus pecados, bateu duas vezes com a mão no próprio peito, enquanto dizia, 'Por minha culpa, por minha grande culpa'; depois auto-absolveu-se e aos potenciais seguidores confinados nas suas casas, recitou integralmente o Credo de Niceia-Constantinopla e foi assim monocordicamente até ao fim como um robô. E nem à despedida, foi capaz de mudar o ritual e limitou-se a reproduzir o que lá está escrito, 'Ide em paz e o senhor vos acompanhe'. Mas como irem, se ninguém estava ali com ele na tenebrosa sé catedral do Porto? E irem para onde, se a palavra de ordem da Pandemia é, 'Fiquem em casa'?!

Entretanto, se os clérigos católicos estão em extinção e não há felizmente neste milénio quem esteja interessado em assumir essa estéril e maléfica função, o mesmo se pode e deve dizer dos actuais governos dos Estados das nações e dos partidos políticos com assento nos Parlamentos de cada um deles. O agir de uns e de outros em tempos de pandemia é típico de alguém que de repente fica cego e anda às apalpadelas a ver se consegue orientar-se e voltar a ter o controlo da situação. Só que nesta luta semelhante à do gato e do rato, o rato - o coronavírus - leva sempre vantagem, porque conhece os esgotos e até se alimenta nos esgotos, enquanto o gato - governos das nações, Partidos políticos e os respectivos Parlamentos - carregado de privilégios, vive de dia para dia cada vez mais aos papéis, esgotado e desorientado. E sem lucidez bastante para parar e descobrir uma via política alternativa à dos sistemas de Poder, que nos torne imunes a todo o tipo de vírus. Essa via política existe. O difícil é dar por ela e frequentá-la. Porque é via porta-estreita e tão apertada, que só mesmo o Vento-Sopro, que é também o nosso respirar de nascidos de mulher, o consegue.

Felizmente, para os povos da Terra, este já não é mais o tempo dos clérigos. E é bom para os mesmos povos que também deixe de ser o tempo dos governos dos Estados, dos Partidos e dos Parlamentos como hoje os conhecemos. Os privilégios com que todos se fazem rodear deixam-nos cegos e às apalpadelas em busca de soluções, qual delas a pior. E a prova está aí bem à vista dos povos. Dizem uma coisa de manhã, outra ao final da tarde e uma outra no dia seguinte. E assim sucessivamente. Somos, em consequência, um povo de povos à deriva. E mal avisados andaremos, se, em desespero de causa, ainda corrermos a confiar a estranhos, mercenários por natureza, a solução que se impõe. Porque, ou a solução que se impõe vem de dentro de nós, Povo de povos, como o nosso primeiro respirar, depois do corte do cordão umbilical, ou acabamos todos infectados-envenenados-comidos pelo rato Coronavírus e outros que, inevitavelmente, se lhe seguirão.

Fundamental, nesta hora, é termos sempre presente que esta pandemia covid-19 é apenas o começo das dores. Não só se manterá, como até se agravará, se nós, Povo de povos, não passarmos do estilo de vida ao jeito do Grande Mercado, gerador de sucessivos vírus e de doenças de todo o tipo, para um outro estilo de vida, ao jeito das aves do céu, dos lírios do campo e dos vasos comunicantes, gerador de criatividade, saúde, bem-estar, paz, cultura e afectos, muitos afectos.

Edição 164, janeiro 2021

Com a pandemia ainda sem fim à vista

VACINAR-SE OU TORNAR-SE IMUNE AO CORONAVÍRUS?

É certo e sabido, pelo menos para os que vivemos à escuta do Vento e atentos aos Sinais dos tempos, que nunca mais voltamos ao tipo de mundo que conhecemos antes de aparecer o coronavírus, com suas variantes, qual delas a mais mortífera e a que deixa nas pessoas que lhe sobrevivem sequelas mais ou menos graves. E quem de nós quiser dar sinais de sabedoria, prepare-se para suscitar dentro de si os antídotos mais eficazes ao coronavírus, de modo a tornarmo-nos de dentro para fora imunues a este e outros tipos de vírus que garantidamente se lhe seguirão.

Devo confessar que o aparecimento do coronavírus me não surpreendeu. Já o esperava. Há muito que a Terra, nossa casa-e-mesa comum, organismo vivo quanto nós, nos gritava, como a Formiga no carreiro, de José Afonso, Mudem de rumo, mudem de rumo, vivam a sororidade/fraternidade global. Fizemos orelhas moucas e corremos a empanturrar-nos com todo o tipo de produtos que o Grande Mercado habilmente nos mete olhos dentro. Quando demos conta, já estávamos a braços com a pandemia e todo o seu pesado cortejo de dores e horrores. E, mesmo agora, já só pensamos nas vacinas, em vez de investirmos o melhor de nós para nos tornarmos imunes ao coronavírus. Vacinar pode ser uma ajuda, mas é sempre algo de estranho e maligno que introduzimos voluntariamente no nosso organismo, para o obrigar a reagir e a defender-se.

Sim, as vacinas são uma solução, mas no universo da lei do menor esforço, própria das maiorias que infelizmente não dispõem de energia bastante para comportamentos que exijam um grande esforço. Cabe por isso às minorias maiêuticas - das minorias dos privilégios nada de bom há a esperar - assumir a responsabilidade histórica que este momento de grande aflição e de grande dor a todas, todos nos exige, muito em particular a elas. Concretamente, ousem práticas de vida alternativas às propagandeadas pelo Grande Mercado, até acabarem imunes à pandemia, nesta altura, ainda sem fim à vista.

Da lista de comportamentos alternativos aos ditados pelo Grande Mercado, surge, logo à cabeça, a indispensável capacidade de evitarmos a todo o custo sermos apanhados pelo pânico. Para tanto, temos de fazer orelhas moucas à divulgação ao minuto do número de mortos e de infectados por dia. Em vez dessa macabra informação, exijamos dos matutinos, das tvs e das rádios a divulgação diária dos inúmeros casos de pessoas infectadas que se curaram em suas próprias casas. E das inúmeras outras que tiveram de ser internadas nos hospitais e também conseguiram recuperar. E não esqueçamos que cada uma destas pessoas tem histórias de vida para contar. Cujas, divulgadas ao vivo nas tvs e nas rádios, num clima de bom humor, ajudarão a gerar um saudável clima de serenidade e de contagiante alegria que nos livre da depressão e do medo castrador e faça de nós canto e dança, riso e presenças de luz e de paz.

Um outro comportamento fundamental tem a ver com a nossa própria mente que é tanto mais humana e saudável, quanto mais cordial. Nunca o vírus do Grande Mercado pode entrar nela, porque, se queremos um viver saudável, tem de ser ela, não ele, a comandar a nosso viver na História. Antes de mais, importa termos consciência de que somos seres permanentemente habitados, por isso, potenciados de dentro para fora. O que nos exige viver cada dia na maior das simplicidades,a fim de fazermos sair de dentro para fora de nós tudo o que é Essencial para, assim, nos tornarmos imunes a todo o tipo de vírus.

Devo dizer-vos, a este propósito, que não é por acaso que há mais de 15 anos vivo sozinho por opção numa casinha arrendada, super-fria no inverno e super-quente no verão. No entanto, quando tomo banho, ao levantar, é sempre com água fria. Socorro-me apenas de uma singela escalfeta para pousar os pés, quando estou em actividade, sentado à secretária. Chova ou faça sol, faço a minha caminhada diária, no mínimo, 45 minutos, passada certa e determinada, de início ao fim. Confecciono as minhas refeições do modo mais austero e frugal. E canto, canto muito na casa, inclusive, enquanto cozinho. Mastigo devagar os alimentos, onde abundam a agua logo em jejum, frutas variadas, secas incluídas, legumes, leguminosas, com destaque para o feijão, lentilhas e grão de bico, peixe, ovos e queijo fresco, em vez de leite.

Os momentos das refeições são vividos por mim em grande comunhão com todos os povos da Terra e todo o Cosmos. Sem nunca esquecer que sou, somos Terra-consciência a dançar à volta do Sol, a estrela que nos está mais próxima e sem a qual não haveria vida de nenhuma espécie neste espantoso planeta. Experimento-me, por isso, Eucaristia viva, Mesa-comensalidade, sem necessidade de quaisquer ritos, todos mentira e causa de perigosas doenças do foro mental. Cada dia mais imune a todo o tipo de vírus, a começar pelo pai de todos eles, o vírus Religioso, criado e alimentado pelo Medo, O inimigo maior da Espiritualidade.

Presidenciais 2021 em dias de pandemia covid-19

O QUE LEVA OS POVOS A CONFIAR A ESTRANHOS OS SEUS DESTINOS?

São já este domingo as eleições presidenciais 2021 e sete os candidatos. Qual deles o mais estranho para os povos que dão corpo a este país plantado à beira-mar, cada vez mais muro do que ponte para o resto do mundo, e cada vez mais reservatório de lixo, de plástico e até de máscaras cirúrgicas, do que berço de vida na sua variadíssima quantidade e qualidade de peixes. A prova provada de todo o oportunismo político dos membros dos sucessivos órgãos de soberania, com destaque para a Presidência da República, Assembleia da República, Governo, Tribunais e Chefias militares terra, mar e ar.

Nem depois da Revolução Francesa e do Concílio Vaticano II, os povos das nações e das igrejas-religiões dão sinais de quererem crescer de dentro para fora em autonomia e liberdade. Pelo contrário, é manifesta a crescente fobia pela política praticada, por parte deles e até das novas gerações. Violentamente cercados e atacados, eles e elas, sobretudo elas, por enxurradas de futilidades disparadas por sofisticadas máquinas portáteis, criadas e vendidas pelas grandes multinacionais, cada vez mais ricas, poderosas e assassinas da nossa autonomia e da nossa liberdade. Às quais se veio juntar, para gáudio delas, a pandemia covid-19, com a macabra informação ao minuto ou ao segundo do número de mortos por dia, de infectados, de internados nos hospitais a rebentar pelas costuras e nas unidades de cuidados intensivos.

O mais trágico é que já começa a ser tarde para revertermos a situação, hoje global. Porque, na voragem dos dias e na vertigem da velocidade a que tudo isto está a acontecer no planeta, os povos são cada vez mais sem vez e sem voz. Reduzidos a compulsivos consumidores de todo o tipo de produtos não-essenciais. Quando, como filhas, filhos de mulher que simplesmente querem crescer de dentro para fora e gerir os seus destinos e os do planeta, cumpre-nos viver apenas com o Essencial que - sabemo-lo bem - nem sequer se encontra no Mercado, sim na Terra, nossa Casa-e-Mesa comum.

Dos estranhos, nem bons ventos nem bons pensamentos. Menos ainda boas práticas políticas. Se, mesmo assim, insistimos em confiar-lhes os nossos destinos, depois não nos queixemos. Todos os estranhos sem excepção são mercenários. É da sua natureza. Mesmo que se mascarem de 'próximos' e de ´gente de bem', são todos compulsivos ladrões e assassinos dos povos. De modo cada vez menos cruento, por isso, ainda mais perigosos do que os velhos tiranos e os ditadores do passado recente, de má memória.

Só sairemos deste mundo-cão, se, como meninas, meninos, resistirmos a todas as seduções do Poder. E nos decidimos a viver só com o Essencial. Quantas, quantos de nós já o fazemos, crescemos de dia para dia de dentro para fora em idade, estatura, sabedoria, alegria e entrega recíproca uns aos outros. Quantas, quantos, pelo contrário, optam por atolar-se de coisas supérfluas, criam tantas e tais dependências que se sentem cada vez mais impotentes para se assumirem e aos seus destinos. E, quais baratas tontas, correm a entregar a sua gestão a estranhos. E é o que se vê, neste Ocidente de raízes cristãs, por isso, estranhas à nossa matriz, cada vez mais doente e irrelevante.

Neste domingo 24, em Portugal, há sete estranhos candidatos reconhecidos não por nós, mas por um outro estranho ainda maior do que eles, chamado Tribunal Constitucional. Do muito tempo de antena de que todos usufruíram, nenhum deles nos lançou o desafio - nem podia - a crescermos de dentro para fora, até gerirmos os nossos destinos. Pelo contrário, todos se nos apresentaram como ladrões da nossa autonomia, da nossa liberdade e da nossa capacidade de gerir os nossos destinos. Uma capacidade que só quem vive com o Essencial e sem estranhos em casa, é capaz de ter e de fazer crescer de dentro para fora. Por isso, não se surpreendam se as urnas de voto deste domingo 24 forem, no dia seguinte, urnas funerárias que levam a cremar-sepultar a nossa capacidade política de gerirmos os nossos destinos e os da Terra.

Com a Covid-19 furiosamente ao ataque

SALVAR A ECONOMIA OU OS SERES HUMANOS E A TERRA?

Nem mesmo em tempos de Pandemia Covid-19, estamos a ser capazes de perceber, de uma vez por todas, que ou pomos todos os seres humanos que estamos sempre a ver, e a Terra, nossa casa comum, antes de tudo o mais, inclusive antes de Deus que nunca ninguém viu, ou simplesmente perecemos. E a prova é que com a Pandemia Covid-19 a fazer das dela, os governos das nações mostram-se muito preocupados com salvar a economia. Uma preocupação que parece sensata, mas não é. Porque temos de perceber, antes de mais, que modelo de economia é que se pretende salvar.

Convém recordar que, de todos os modelos de Economia, só um é verdadeiro, aquele modelo de Economia que é plena e integralmente humano, ao modo dos vasos comunicantes. Ora, não é este modelo de Economia que impera nos Estados e respectivos Governos das nações do mundo. Pelo contrário. Pelos frutos que reiteradamente produz, temos de concluir que esse é um modelo de Economia que mata os seres humanos e os povos. Lentamente. Até o pão que nos permite pôr na mesa é mais ou menos envenenado. Cientificamente programado para nos fazer doentes, quando deveria ser sabiamente programado para nos tornar autónomos e condutores dos nossos próprios destinos e dos destinos da Terra. Querer salvar um modelo de Economia assim, mais não é do que aliar-se à Covid-19 e matar ainda mais pessoas, a pretexto de as salvarmos. E é destruir ainda mais o nosso habitat natural, a Terra.

Neste tipo de mundo do Poder como o nosso, a Economia dos respectivos governos das nações põe todo o seu engenho e arte - assassina arte, sublinhe-se - no produzir-acumular-concentrar riqueza em cada vez menos mãos. De modo que as maiorias vêem-se sistematicamente condenadas a ter de viver na História como eternas assalariadas e escravizadas. E, embora, ao crescermos, comecemos por estranhar um tipo de mundo assim, lá acabamos por o deixar entranhar-se em nós, na convicção de que ele faz parte da ordem natural das coisas. E acabamos a fazer o possível e o impossível por integrar algum dos seus quadros especializados. Se conseguimos, temos os aplausos de amigos e familiares. E a inevitável inveja de quantas, quantos ficam pelo caminho.

Cabe, porém, à geração nascida neste milénio o imperativo ético de dar corpo a uma Economia outra, geradora de Vida de qualidade e abundância para todos os seres humanos e povos das nações, sem deixar ninguém de fora. Uma Economia que exija que o Grande Capital passe de Grande Patrão que tem sido em todos estes milénios anteriores, a um instrumento mais, nas mãos dos seres humanos e povos. E nunca mais, como em todos os milénios anteriores, o Grande Patrão dos seres humanos e dos povos.

É imperioso que se saiba - e isto ninguém no-lo diz - que por trás de uma Economia há sempre uma teologia, ou concepção de Deus. De modo que falar de Economia e não falar de Teologia é uma perversão estrutural. Porventura, a maior das perversões que todas as grandes universidades e as grandes religiões e igrejas do Livro e respectivos teólogos e catedráticos têm cometido ao longo da História. Impunemente!

Não admira, pois, que, pressionados pela Pandemia Covid-19 que continua a aí a ceifar cada vez mais vidas humanas, os governos das nações se mostrem preocupados em salvar a Economia. Se, porém, a Economia que querem salvar é a dos milénios anteriores, vamos de mal a pior. Porque a Economia que eles querem salvar tem a justificá-la uma Teologia-que-mata. Consequentemente, não é uma Economia que interesse ao terceiro milénio, pós-religioso e pós-cristão.

Só um modelo de Economia pode salvar-nos e à Terra. A Economia grávida de Sabedoria. A única que conjuga e pratica o verbo Cuidar-da-vida-da-Terra, organismo vivo, e da-vida-dos-seres-humanos-e-dos povos. Sem deixar ninguém de fora da Mesa dos bens produzidos pela nossa actividade, hoje, cada vez mais coadjuvada pelos robôs. Trata-se então de uma Economia que converte o Grande Capital num instrumento mais, nas mãos dos seres humanos e dos povos. O mesmo que, nestes anteriores milénios, foi o todo-poderoso deus Dinheiro, inclusive, naqueles Estados que, mentirosamente, se disseram e ainda dizem socialistas e comunistas. Também aí, todos os nascidos de mulher mais não são do que servos e vassalos do Estado, o Grande Patrão, que é, simultaneamente detentor e gestor do Grande Capital. Cujos Povos são todos sem vez e sem voz. O que perfaz uma barbaridade sem nome.

Nem com as vacinas a pandemia abranda

E SE A TERRA JÁ NOS NÃO QUER MAIS A DANÇAR COM ELA?!

Enquanto a Terra continuar a dançar em volta do Sol, no seu admirável movimento de trasladação, um ano sucederá a outro ano. Impreterivelmente. O que não é tão impreterível assim, é que nós, seres humanos e povos, prossigamos a dançar com a Terra. Ela pode muito bem deixar de nos querer a dançar com ela, de tão mal que a temos tratado e continuamos a tratar. E preferir prosseguir sem nós a sua dança em volta do Sol. Em tempos de pandemia, como os que vivemos há praticamente um ano, e ainda sem convincentes sinais de abrandamento, a questão é deveras pertinente. Por mais que nos custe, e aos cientistas, termos de o admitir. Mas manda a Sabedoria que coloquemos e mantenhamos na ordem do dia a questão, E se a Terra já nos não quer mais a dançar com ela? Esta é, sem dúvida, a mais decisiva de todas as questões.

Nem os próprios cientistas se mostram à altura do momento por que estamos a passar. Teimam em ser cientistas ao serviço do Poder dos poderes, o Poder financeiro, quando sempre deveriam ser cientistas exclusivamente ao serviço da Vida. E não só da vida humana. Antes de mais, da vida da Terra onde a vida humana acontece. Chega a parecer que nem os cientistas deste terceiro milénio têm consciência de que a Terra é Organismo vivo e como tal tem de ser tratada por nós. Sob pena de deitarmos tudo a perder.

Eu sei que depois de dois mil anos de cristianismo e de Bíblia judeo-cristã, que nunca deveriam ter existido, bem se pode dizer que todos os cientistas deste início de terceiro milénio são cristãos, por isso, não humanos. Ainda que muitos deles se confessem ateus ou agnósticos. Mas ateus ou agnósticos cristãos. Por isso com suas mentes formatadas pela Bíblia, o Manual do Poder monárquico absoluto e infalível, adorador de um mítico deus omnipotente, omnisciente, omnipresente, o pai de todo o Poder nas suas diversas vertentes. Consequentemente, são levados a tratar a Terra, com os seus mares, rios e florestas, como uma coutada das minorias do Dinheiro. E, sem quaisquer escrúpulos, pelo contrário, até com orgulho e vaidade, colocam todo o seu conhecimento científico ao serviço dos mandantes do mundo que não olham a meios para obterem os seus fins.

Todos os indicadores nos gritam neste início de 2021 que a Terra, mais ainda do que a Humanidade que a habita, está gravemente doente. Antes de os seres humanos serem infectados pelo coronavírus-19, foi a Terra, organismo vivo, a primeira a conhecê-lo e a sofrê-lo. E não vemos os cientistas preocupados com ela e com a sua saúde. Apenas com os seres humanos. Já há vacinas aí, mas nenhuma se destina a proteger-defender a Terra. São todas destinadas aos seres humanos, antes de mais, os residentes nos continentes e países mais ricos. E ao agirmos assim, nem vemos quão insensatos somos.

Apetece-me, por isso, gritar com todas as minhas forças aos cientistas, às universidades e aos governos das nações (as igrejas cristãs já não contam para nada, são um cancro maligno a erradicar quanto antes!), É a Terra, organismo vivo, estúpidos! É a Terra! De que adianta, pois, cuidarmos da saúde dos seres humanos e dos povos, especialmente, dos países mais ricos, se não cuidamos da Terra que nos deu e dá à luz, nos serve de berço, de casa comum e ainda nos garante a alimentação de que tanto necessitamos? Sim, de que adianta acumularmos fortuna sobre fortuna, se perdemos a Terra e com ela o ar que respiramos, a água que bebemos, os alimentos que comemos? Ou somos tão infantis que, nestes loucos tempos dos robôs e das plataformas digitais, também pensamos que o que bebemos e comemos nos vem dos supermercados, não da Terra?!

E, a concluir, permitam-me que lhes continue a dizer que o meu Livro, 'Da Ciência à Sabedoria. Em tempos de Covid-19', Seda Publicações, continua aí à espera de ser escutado por todas as famílias e também pelos cientistas. Na sua nudez, simplicidade e densidade, é todo ele um Livro premonitório. Ainda ninguém sabia que vinha aí o coronavírus-19 e já o Livro se lhe refere, uma e outra vez, sem obviamente lhe dizer o nome. Vai ainda mais fundo o Livro e diz-nos em concreto como havemos de ser-viver com a Terra e uns com os outros, se queremos continuar a dançar com ela à volta do Sol. Não fossem todas as tvs do país propriedade do Poder financeiro, inimigo da Vida, como efectivamente são, e este meu Livro bem poderia ter sido classificado como 'O Livro do ano 2020-2021'. Em vez disso, foi, é, simplesmente ignorado Quem sai a perder com essa postura, por parte das tvs e dos seus profissionais, é a Terra, organismo vivo, e somos todas, todos nós.

Edição 163, dezembro 2020

Natal em tempos de Pandemia Covid-19

NASCEMOS E VIEMOS AO MUNDO PARA QUÊ?

A Pergunta, Nascemos e viemos ao mundo para quê?, é a mais oportuna das Perguntas. Porque há nasceres-viveres históricos tão cheios de ódio, de sangue derramado e de opulência no meio de pobreza e de miséria imerecidas em massa, que melhor fora que nunca tivessem acontecido. Esta Pergunta ganha ainda mais força, se lhe acrescentamos estoutra, Ao serviço de quê e de quem coloco a vida que me é reiteradamente dada e as capacidades que, progressivamente, se desenvolvem em mim, de dentro para fora, à medida que me vejo crescer em anos? E, no entanto, quantas, quantos de nós somos e vivemos confrontados com estas fundamentais Perguntas? Sim, quantas, quantos de nós?

Outra coisa fundamental em que também nunca pensamos é que já há natal, desde que a Terra gira à volta do Sol, no seu movimento de translação. O chamado natal do Sol(stício) de inverno. O único verdadeiro e amigo da Terra, organismo vivo. Diz-se de inverno, neste nosso hemisfério norte, porque no hemisfério sul nesse mesmo dia é o Solstício de verão. E só porque o cristianismo católico foi fundado na Roma imperial, situada no hemisfério norte, esta pôde impor à cidade e ao mundo, mesmo contra a natureza, o seu natal do Sol(stício) de inverno. Com uma agravante sem perdão, Substituiu o natal do 'Solis Invictus' pelo do seu mítico 'Christus Invictus', o mesmo do Credo de Niceia-Constantinopla, imposto a toda a ecumene de então por Constantino.

Vai já para dois mil anos que o cristianismo católico imperial romano e todos os outros que dele derivam, islamismo incluído, andam aí impunemente a aterrorizar os seres humanos e os povos das nações de que só nos salvamos e somos saudáveis, se nos fizermos cristãos católicos romanos, quando na verdade todos nós só nos salvamos e somos saudáveis, se, do nascer ao morrer, vivemos religados uns aos outros e à Terra, organismo vivo. E sempre ao seu responsável comando, em vez de o confiarmos ao Poder financeiro, via elites dos Estados das nações, das religiões e das igrejas.

Este ano é a primeira vez na história que celebramos o natal do Sol(stício) de inverno, sob o terror da Pandemia Covid-19. As vacinas contra ela já se anunciam e até já começam a ser apressadamente injectadas nas pessoas que se prestam a suas cobaias. A prioridade é dada às pessoas de mais idade. Se em vez de as imunizarem, as matarem, é certo e sabido que nem os respectivos familiares se insurgirão contra o Poder dos respectivos Estados assassinos.

Entretanto, lá longe, na sua Roma imperial, o papa Francisco reza e tudo abençoa!!! E os povos, seus súbditos, aplaudem!!! Acham, até, que nestes 20 séculos de cristianismo, jamais houve um papa que se lhe iguale. A comprovar à saciedade que o Consistório de cardeais, em 2013, soube bem o que fez, ao escolher pela primeira vez na história um jesuíta para papa. Tudo o que ele faz é mal, mas, como bom jesuíta que é, consegue que os seus súbditos o vejam como bem. Bem se pode por isso dizer que nunca um papa foi tão longe em simulação e em ilusionismo, como este jesuíta argentino.

Não foi, porém, para isto que nascemos e viemos ao mundo. Muito pelo contrário. E sabemos isso, desde abril do ano 30 desta nossa era comum, quando, num Hoje sem ocaso, o Cosmos-Consciência - a Humanidade no seu todo - escuta Jesus Nazaré, o filho de Maria, o alfa e o ómega da Geração Terceiro Milénio, dizer a Pilatos, no seu Pretório ou Tribunal romano, edificado em Jerusalém, "Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da Verdade. E todo o que é pela Verdade escuta a minha voz' (cf. João 18, 37). E como ele, também todas, todos os nascidos de mulher. Por isso, Pilatos e os sacerdotes do Templo de Jerusalém o condenam à morte na cruz, como o maldito dos malditos!

A tragédia é que, chamados, em cada geração, a escolhermos entre Jesus histórico que nasce e vem ao mundo para dar testemunho da Verdade e ser a Verdade feita prática, e Barrabás/Poder financeiro, ladrão e assassino, nós, os seres humanos e os povos das nações temos sido reiteradamente levados pela ideologia-teologia do Poder a escolher Barrabás/Poder financeiro. E fazemo-lo, porque as nossas obras, cientificamente encenadas como boas, postas perante a Luz-Jesus, são todas más. A começar pelas dos mais graúdos das religiões e das igrejas, dos Estados e das multinacionais.

Cabe-nos, pois, Geração Terceiro Milénio, prosseguirmos Jesus Nazaré, o alfa e o ómega dos seres humanos e, como ele, nascermos e virmos ao mundo para dar testemunho da Verdade e sermos a Verdade feita prática. Daí, a perene actualidade do meu Livro editado em outubro 2020, 'Da Ciência à Sabedoria', Seda Publicações / Gugol.pt. O mais simples e o mais condensado de todos os meus 51 Livros já editados. Dele, aqui fica um breve parágrafo 13 do cap 17 (são 45 caps. no total), 'Só conscientemente habitados, somos dádiva viva e alegre uns para os outros, uns com os outros. Não importa o nome de quem nos habita. Importa que nos experimentemos habitados. Tudo o mais vem por acréscimo.'

N.E.

Como é habitual, JF encerra aqui esta edição 163 e conta iniciar a edição 164, sexta-feira 8 de janeiro 2021.

Em tempos de Coronavírus-19

ARMAI-VOS, OU AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU
 VOS AMO?

É cada vez mais manifesto que o coronavírus-19 veio para ficar. Quaisquer que sejam as vacinas freneticamente aprovadas e anunciadas para 2021. Importa também não nos deixarmos distrair com certas teorias da conspiração. Visam ilibar as Religiões, as Igrejas, os Estados do mundo e os respectivos Povos, cúmplices delas, deles. Bem como este tipo de mundo a que deram origem e continuam aí apostados em defender como o único possível. Temo-nos como Povos civilizados, só porque criamos grandes cidades, estamos munidos da mais refinada tecnologia, possuímos o mais sofisticado armamento e cultuamos um único deus, historicamente materializado no Dinheiro! Quão insensatos somos!

Acontece que as grandes cidades são hoje outras tantas Sodomas e Gomorras bíblicas, dentro das quais proliferam os mais depravados vícios e a mais sádica das corrupções. O anonimato é total e os milhões que nelas residem são condenados a viver confinados como outras tantas galinhas em aviários e como outros tantos peixes em reservatórios de aquacultura. Alimentados de vírus, geradores de doenças desconhecidas que desfiguram quantas, quantos nelas vivem. Sem saberem mais o que são afectos, abraços, relações de proximidade. Nem o que são árvores purificadoras do ar cheio de vírus que os intoxicam, adoecem e matam. O mais recente dos quais dá pelo nome de coronavírus-19.

Aqui nos trouxeram as religiões e as igrejas, bem como os Estados que elas geraram e não se cansam de reiteradamente apoiar e abençoar. Por mais seculares e laicos, agnósticos e ateus que se digam os seus chefes. Sabem bem, uns e outros, que sem a aliança entre a Cruz e a Espada, e sem os ritos religiosos nos templos e nos grandes santuários e sem os ritos laicos nas grandes praças públicas, há muito que teriam sido abandonados como sucata pelos respectivos povos, suas vítimas.

Somos terceiro milénio e é este tipo de mundo cada vez mais mortífero que encontramos ao nascer. Altamente competitivo. Cada um por si. Povoado de seres humanos com tudo de robôs. Nos antípodas do mundo inspirado pelo Sopro-Ruah de Jesus histórico e do seu Deus que nunca ninguém viu, e que no espantoso dizer do Evangelho de João, o mais antropológico-teológico dos 4 Evangelhos em 5 Volumes - impossível não associar de imediato estas palavras ao título do meu Livro 50 - o único mandamento ou Lei que nos dá é, 'Amai-vos uns aos outros como eu vos amo'. Sem menção explícita a Deus!

Como vos tenho dito e não me cansarei de o lembrar, é por estas águas outras que navega também o meu mais recente Livro, 'Da Ciência à Sabedoria'. Um Livro premonitório que ninguém deveria deixar de ler-escutar-debater-praticar. E só espero que quem me lê-escuta me leve a sério, o acolha, o mastigue e o pratique. Nele vem reiteradamente aflorada a necessidade de ganhar corpo neste tipo de mundo do Poder e do Dinheiro - o único deus que as religiões, as igrejas e os Estados das nações conhecem - uma minoria a que chamo 'Geração terceiro milénio', animada pelo mesmo Sopro-Ruah de Jesus histórico, hoje, Jesus terceiro milénio.

Só uma minoria assim é capaz de dar origem e corpo a um novo tipo de mundo, nos antípodas deste que encontramos ao nascer e cuja principal Lei ou mandamento é 'Armai-vos/matai-vos uns aos outros', e substituí-lo pelo único mandamento de Jesus terceiro milénio, Amai-vos uns aos outros como eu vos amo. No acto de escrever, tudo é demasiado simples, pois basta deixar cair o 'r' de 'armai-vos' e logo nos vemos no mundo do 'Amai-vos uns aos outros como eu vos amo', de Jesus histórico e do seu Deus que nunca ninguém viu, nos habita e potencia de dentro para fora. Mas não se trata de uma questão de escrita. Sim de práticas económicas e políticas alternativas, geradoras de vida de qualidade e abundância para todos os povos sem excepção. Ou protagonizamos neste milénio esta radical mudança global, ou não há vacinas que nos valham! Será deitar remendos de pano novo em tecido velho.

Em tempos de pandemia Covid-19

QUE PODEM OS POVOS ESPERAR DOS PARTIDOS?

Publicamente, ainda não são tão boçais e grosseiros quanto BolsoNero e Trump, mas os actuais líderes dos partidos políticos e seus núcleos duros avançam todos a passos largos nessa demencial direcção. Numa fratricida guerra de palavras e de decisões. Nem em tempos de pandemia Covid-19, são capazes de buscarem, juntos, soluções para os graves problemas com que todas, todos nos vemos hoje confrontados. Pelo contrário, com o ciclo de eleições presidenciais e autárquicas já no horizonte, cavalgam os graves problemas que nos afligem com um único objectivo, o de conseguirem mais e mais cadeiras no Parlamento de Lisboa, a casa do Poder, não a Casa do Cuidar. Se dúvidas houvesse, o que acaba de ocorrer na Região Autónoma dos Açores tê-las-ia dissipado.

Não! Não há partidos políticos bons. Digam-se de (extrema) esquerda, do centro ou de (extrema) direita. Tão pouco, há governos bons, saídos de eleições, cada vez mais agressivas e cuspidas de insultos. Como corporações que são, tudo o que os partidos políticos fazem e dizem tem em mira o voto de quantas, quantos continuam ingenuamente a confiar-lhes os seus destinos. Sem perceberem que é o mesmo que confiar à raposa a guarda das galinhas.

Entenderemos bem isto que aqui escrevo e digo, se já formos capazes de reconhecer, como eu há muito reconheço e abertamente defendo, que toda e qualquer solução política que não tenha os povos das nações como protagonistas, é sempre intrinsecamente má. Tem no seu bojo o vírus da divisão e da alienação. Com a agravante de que os grandes media - hoje a negação do jornalismo e a ditadura da Propaganda, da Mentira e do Insulto - sabem que vendem tanto mais quanto mais ódios interpartidários incendiarem-dfundirem. E como hoje tudo se sabe ao minuto e em directo, até as suas manchetes acabam por reproduzir quase só os sucessivos arrotos dos líderes de cada um dos partidos.

No meio de todo este pantanal interpartidário, quem mais se lixa - é bem de ver - somos todas, todos nós, os povos das nações, reduzidos, assim, à condição de mexilhão. Sem as mínimas condições sociais e políticas para escutarmos o Vento e podermos dar a devida atenção aos sinais dos tempos. Tantos os ruídos e tamanhas as banalidades!

Como é público e notório, nem a pandemia Covid-19 tem conseguido que os líderes partidários se unam numa séria busca de soluções conjuntas. O que, aliás, diz bem com a natureza deles. Esperar deles posturas políticas de cooperação e de busca conjunta do bem dos povos, é revelador de crassa ingenuidade política. Pelos frutos se conhecem os partidos e os seus governos. E os frutos estão aí bem à vista: gerações e gerações caídas em becos sem saída. Jovens grávidos de capacidades, mas todas abortadas. Pobres e pobreza em massa. E em vez de Justiça, Caridedezinha a rodos. Um vómito.

Só elites dotadas do sopro feminino, peritas na Arte de Cuidar, conseguem despertar de dentro para fora dos povos das nações a consciência de que trazemos em nós a capacidade política de cuidarmos de nós próprios, uns dos outros e do planeta Terra, hoje em acelerado risco de vir a continuar a girar em volta do Sol, mas já sem nós, porque definitivamente extintos.

O meu Livro 'Da Ciência à Sabedoria' tem um capítulo, o 32, titulado, 'No princípio são as mulheres. As mulheres mães'. Nele se revela, de forma condensada, simples e fecunda, o caminho a trilhar neste novo milénio. Tem a ver com a entrada em cena do Sopro feminino que as mulheres, nomeadamente, as mulheres-mães, respiram. A solução dos nossos problemas como povos e como Terra, organismo vivo, é por elas que passa e por quantas, quantos, como elas, fazemos do respirar feminino, gerador do Cuidar, o nosso quotidiano respirar. O que só acontece, quando os nossos viveres são um NÃO vivo ao Poder e ao seu sopro de morte, e um SIM vivo ao Cuidar e ao seu Sopro de vida. O paradigma deste Sopro feminino, gerador de Vida e de Cuidar, é o ser humano Jesus, o filho de Maria, hoje, Jesus terceiro milénio. É este Sopro feminino que procuro respirar cada dia. E Vós, cada uma, cada um de Vós?!

Edição 162, novembro 2020

Entre 1961-1962 e 2020

E TUDO O VENTO LEVOU, OU, EM MIM, TUDO O VENTO FEZ NOVO?

Quando no domingo 22, o penúltimo deste mês de novembro, abro o Fb, sou surpreendido com a transmissão em directo da chamada missa da Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo, na diocese do Porto, que inclui a ordenação de 4 + 1 novos diáconos a caminho do Presbiterado. Ao contrário do habitual, a celebração não se realiza na sé catedral, sim na igreja do Seminário Maior, dita de 'São Lourenço'. Mas sem dispensar a pompa e a circunstância da corte episcopal dos anos anteriores sem pandemia Covid-19. Toda ela constituída por um numeroso grupo de figurantes clérigos ou paraclérigos e um cerimonial de se lhe tirar o chapéu. O bispo apresenta-se de báculo na mão e mitra na cabeça, precedido dos respectivos bispos auxiliares, de mitra na cabeça, mas sem o báculo do Poder, dependentes que são do titular. Como se vê, uma pálida réplica da alucinada corte imperial no céu, onde o mítico cristo rei e senhor do universo - no litúrgico dizer do Missal romano - reina, vence e impera sobre todos os povos da terra, via papa de Roma e demais chefes de Estado ou de Governo!!!

Dou-me conta, logo ao abrir, que o ritual está ainda no começo. Por isso desligo e prossigo com a minha actividade de presbítero-jornalista daquele dia. Com o firme propósito de, mais tarde, regressar ao registo completo do evento que durou 1h25m. E qual não é então o meu espanto, quando, de repente, me vejo a viajar para trás no tempo até aos anos 1961 e 1962, quando eu próprio sou ordenado respectivamente, diácono e presbítero por D. Florentino de Andrade e Silva. O meu desconforto é total, ao confirmar que em 2020 tudo é exactamente como em 1961-1962. O que faz rebentar de imediato dentro de mim, a Pergunta, E tudo o Vento levou, ou, em mim, tudo o Vento fez Novo?

Reconheço com alegria que em mim, tudo o Vento fez novo e continua a fazer, já que vivo à sua escuta e atento aos sinais dos tempos. Já no Institucional religioso-cristão-eclesiástico - com lágrimas o escrevo e digo - e dentro do qual tive de viver confinadíssimo durante 12 sinistros anos do seminário de Trento, condição então indispensável para poder ser ordenado Presbítero, chamado que sou desde o ventre de minha mãe, Ti Maria do Grilo, jornaleira, mantém-se tudo tal e qual. Sinal inequívoco de que nele não há nada de Humano, nem de organismo vivo ou de Respirar. O que explica que quantos lhe dão o seu tempo e as suas vidas acabam como ele, grosso betão armado à prova de todos os abalos sísmicos. Robôs que apenas reproduzem aquilo para que foram programados pelas universidades que os formaram/formataram.

Comigo, felizmente, isso não acontece, porque já nesse então percebo bem que a minha vocação e ordenação são de serviço maiêutico aos seres humanos e aos povos (= diácono) e de Evangelizar-Libertar-Resgatar os pobres e os povos (= Presbítero, não Sacerdote), num contínuo viver entre eles e com eles, ao modo das parteiras junto das mulheres que estão para dar à luz. Sem quaisquer regalias ou privilégios. Longe dos templos e dos altares, inteiramente secular como Jesus histórico, o filho de Maria. Nada de Poder, nada de vencer, nada de mandar, nada de dominar, nada de Ter, nada de Acumular, nada de sacerdotal. Sempre no mundo, sem nunca ser do mundo. Conduzido interiormente pelo Vento, ou Sopro/Respirar, cuja matriz original é o feminino hebraico Ruah, o de Jesus histórico, nos antípodas do mítico Cristo da Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo do Calendário litúrgico. Uma barbaridade sem nome e sem perdão.

Felizmente, para mim e para a Humanidade que integro, o Institucional eclesiástico - não confundir com Igreja-movimento de Jesus histórico - que volto a ver neste video-gravado ficou lá, em 1961 e 1962. Dele saio com a naturalidade com que a borboleta sai do casulo e com a naturalidade com que eu próprio saio do útero materno. E, como num relâmpago, vejo a múmia que hoje seria, se tenho ficado para sempre dentro dele, como todos aqueles clérigos que continuam a dar corpo à corte imperial do Vaticano, à corte episcopal de cada diocese e à corte paroquial de cada paróquia. Felizmente, cresço, desde então, de dentro para fora, num viver histórico à intempérie, feito de sucessivos big-bangs, ou explosões que sempre iniciam novos começos. Mas ai de quantos continuam amarrados a ele e a servi-lo com zelo suicida. E de quantos, elas e eles, insistem em procurar pão junto deles, quando deles só recebem pedras, travestidas de hóstias de farinha de trigo sem fermento mas com gluten, e toscos ritos litúrgicos teatrais, sempre os mesmos.

Pandemia Covid-19

NO FIM, OU AINDA NO COMEÇO DAS DORES?

Não será a anunciada vacina que vem pôr fim às dores que a pandemia covid-19 está a causar em todo o mundo, com surpreendente incidência nos países que integram a União Europeia, mais os Estados Unidos de Trump, o Brasil de BolsoNero e a Rússia de Putin. Poderá atenuá-las, não suprimi-las de vez.

Diz-me o Vento e confirmam-mo os Sinais dos tempos que, cerca de um ano depois do primeiro caso de coronavírus 19, não vamos já a caminho do fim, mas ainda no começo das dores. E não pensem que o Vento e os Sinais dos tempos são sádicos. Sádicos somos todas, todos nós, seres humanos e povos da Terra, que, apesar de tantas dores e tantas lágrimas já derramadas, ao longo dos séculos, teimamos em não descolar o pé do acelerador na desenfreada busca do Lucro, na exploração da Terra, nas guerras por mais e mais domínio do mundo, na refinada fabricação de armamento, no ódio entre facções religiosas, na contaminação das águas, no extermínio das fontes e na descriação de toda a variedade de fauna e de flora marinhas, nas profundezas dos oceanos. Em consequência também na destruição dos habitats naturais de múltiplos vírus, obrigados assim a procurar outros. E o coronavírus-19, por exemplo, veio a encontrá-lo nos nossos próprios corpos!!!

Enquanto o Poder - e não os Povos das nações - se mantiver ao comando do mundo; e o Lucro - não o Cuidado de uns pelos outros e de todas, todos nós pela Terra - for o que faz correr os Estados das nações, as suas grandes multinacionais e os seus grandes Bancos, é cada vez mais larga a porta e mais largo o caminho que, geração após geração, nos conduz à completa descriação do Humano. Num tipo de mundo onde viver é sinónimo de insuportáveis dores, e morrer, sinónimo de fim das dores.

Se nem a pandemia covid-19 nos faz arrepiar caminho, mudar os nossos estilos de vida, dar toda a primazia ao Ser sobre o Ter, transformar em Sabedoria ao serviço da vida de qualidade e em abundância, todos os saberes que acumulamos ao longo dos milénios e que continuam aí descaradamente ao serviço do Poder que, qual planetário vampiro, se alimenta de gente e de tudo o que respira, então só podemos estar garantidamente no início e não no fim das dores.

O Meu Livro, 'Da Ciência à Sabedoria. Em Tempos de Pandemia Covid-19', Seda publicações, está aí, desde out.º 2020, a apontar reiteradamente a todas, todos nós, a porta estreita e o caminho estreito que nos conduz à Vida de qualidade e em abundância. Mas, como eu próprio já previa, o Livro continua a esbarrar num pesado muro de silêncio, por parte dos pequenos e grandes media, que teimam em ignorá-lo, em lugar de o debaterem, em horário nobre, comigo, seu Autor e outras pessoas de boa vontade. Numa postura de humildade e de radical conversão de todas, todos nós, seres humanos e povos das nações.

Será, certamente, pedir o impossível aos profissionais que neles aceitam trabalhar, porque todos eles são propriedade do Poder, suas multinacionais, seus Bancos, seus Estados, suas religiões e igrejas. O sadomasoquismo institucional em acção que se compraz nas dores e nos gemidos dos povos, olhos postos nos seus privilégios de casta e no estúpido domínio do mundo. Sem jamais perceberem que são a demência estrutural organizada, em tudo iguais ao deus que cultuam, o Dinheiro, devorador das mentes de quantas, quantos o acumulam e fazem dos privilégios que ele lhes garante o seu alimento.

Não! Não é uma vacina que vem pôr fim às dores que, cada dia, sobem da Terra e dos Oceanos. Só mesmo a desistência dos estilos de vida porta larga e dos privilégios, e a adesão aos estilos de vida porta estreita, são o caminho que nos faz e aos Povos das nações progressivamente Humanos, porque teimosamente religados uns aos outros. É por aí que sempre vão o Vento e os Sinais dos tempos. Infelizmente a maioria dos seres humanos e dos povos insiste nos estilos de vida porta larga, sem perceberem que mudar de rumo é preciso, imperioso, urgente. É, pois, mais do que hora de todos os seres humanos e povos, escutarem, como eu escuto o Vento e orientarem-se pelos Sinais dos tempos,como eu me oriento. Com a simplicidade das pombas. E a prudência das serpentes.

JORNALISTAS E PRESBÍTEROS PROFISSÃO-MISSÃO DE ALTO RISCO?

Sou jornalista desde Janeiro de 1975. Integro ainda na altura a equipa pastoral da Zona Ribeirinha do Porto. Não por nomeação do Bispo, mas a pedido dos próprios padres-párocos, quando, escandalizados, concluem que o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, está determinado a não me atribuir mais nenhum ofício canónico, nem na diocese, nem fora dela. A minha segunda prisão política em Caxias, enquanto pároco de Macieira da Lixa, apesar de culminar, como a primeira, na minha absolvição pelo Tribunal Plenário do Porto, deixa-o ainda perplexo, mas irredutível na decisão já tomada antes por ele, Pároco nunca mais! E um qualquer outro ofício canónico também nunca mais! De perplexo, o bispo passa a nervoso, quando lhe vou comunicar que acabo de aceitar o convite do vespertino República para ser jornalista na respectiva Delegação do Porto. E não consegue esconder a causa do seu nervosismo, 'Então tiro-lhe uma tribuna - o altar e o púlpito da paróquia - e o Pe. Mário tem agora uma outra ainda mais ampla?!'.

Sei, desde então, que ser Presbítero da Igreja de Jesus Nazaré é missão de alto risco, tanto dentro do sistema de poder do Estado, como dentro do Sistema eclesiástico, uma realidade não só distinta da Igreja de Jesus, mas nos antípodas da Igreja de Jesus. E hoje, já jornalista reformado, mas ainda graciosamente activo na direcção do Jornal Fraternizar online desde 2011, sei igualmente que a profissão-missão de jornalista é também missão de alto risco. Os factos, a nível nacional e internacional, estão aí a comprová-lo. Aliás, toda a profissão que é simultaneamente missão, é de alto risco. O Sistema de Poder não suporta ver postas a nu as permanentes encenações com que os seus sucessivos agentes históricos mascaram os seus crimes institucionais. E se há profissão com tudo de missão que pode e deve prestar aos povos das nações este precioso serviço - o de desconstruir as encenações do Poder - é a profissão de jornalista.

Se em plena pandemia Covid-19, tudo tem estado a rolar sobre rodas para o sistema de Poder dos múltiplos Estados do mundo, também para o Estado português, é porque não há jornalistas profissionais com espírito de missão. E pressinto que nunca mais haverá. Porque as actuais Escolas Superiores de Jornalismo já são criadas pelo sistema de Poder dos Estados e o sistema eclesiástico. Formam bons profissionais, até com família constituída e integrada na classe média, baixa ou alta, não formam jornalistas com espírito de missão. Tudo hoje está centrado na Administração de cada empresa que concentra sob o seu domínio vários dos principais títulos de referência no Mercado. A Direcção de cada um desses órgãos mais não é, hoje, do que correia de transmissão dos interesses de cada Administração. E os profissionais contratados sabem que, se pisarem o risco, são depressa dispensados, a menos que, advertidos, jurem fidelidade aos interesses do seu patrão.

Como Presbítero-Jornalista, a minha missão é ainda mais de altíssimo risco, mas numa escala tão diminuta, que o gigantesco sistema de Poder nem chega a dar por ela. Para cúmulo, institucionalmente já nem sequer existo. Desde o remoto dia em que o Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes decide, autocraticamente, tratar-me como um não-existente. Sem que, por uma vez, ao menos, levasse essa sua autocrática decisão ao Tribunal Eclesiástico. Uma postura muitíssimo mais arrogante e autocrática do que a do Estado Novo e sua polícia política, a Pide/DGS que, por duas vezes, me levou a julgamento e eu pude provar, via advogado Dr. José da Silva, que o Sopro que me move é simplesmente, o da Verdade que, praticada, é inevitavelmente geradora de liberdade. Pelo que se algo está mal, não são os conteúdos da mensagem, nem a honestidade do respectivo mensageiro, mas o sistema de Poder que, através dos seus sucessivos agentes de turno, fabrica vítimas em massa, sem que as populações dêem por isso, graças às suas hábeis encenações, se fazem passar por realidade.

Neste início do terceiro milénio, as encenações são a realidade e a realidade são as encenações. O trágico em tudo isto é que as pessoas nascem, crescem, vivem e morrem sem chegarem a conhecer a realidade-verdade. Somos por isso um planeta edificado sobre a areia e à beira da sua implosão. E já nem chega a ser preciso matar os mensageiros. Basta impedir que eles entrem nos grandes santuários e grandes media do sistema de Poder. Como faz comigo o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, e todos os bispos residenciais que lhe têm sucedido na cátedra do poder episcopal, para os quais eu já nem sequer existo. O que vale às vítimas e à Humanidade no seu todo é que a última palavra cabe a elas, não aos seus verdugos, quaisquer que sejam as vestes com que eles se apresentem aos povos das nações.

Já com o natal do Sol 2020 no horizonte

INDULGÊNCIAS OU DEMÊNCIAS PLENÁRIAS?

Vivemos já com o natal do Sol 2020 no horizonte, mas os profissionais dos meios de comunicação social não-confessionais nem sonham o que de disparates e de doutrinas de horror e de terror os profissionais dos meios de comunicação social confessionais, com destaque para os católicos, têm de escrever, ou, pelo menos, têm de editar e publicar. Sob pena de serem compulsivamente afastados dos cargos pelo bispo titular de cada Diocese, o patrão-mor da empresa diocesana. É o que sucede, por exemplo, com o Semanário VP-Voz Portucalense. dirigido pelo meu amigo e quase-condiscípulo, Pe. Manuel Correia Fernandes, que, nessa função, conta com o incondicional apoio do Director Adjunto e possível sucessor, Rui Saraiva, que pessoalmente ainda não conheço.

Na edição imediatamente anterior ao chamado 'Dia dos Defuntos', o texto da responsabilidade do Secretariado Diocesano da Liturgia com que sempre fecha cada edição ao longo de cada ano, titula-se, 'Indulgências plenárias pelos Defuntos'. Como recebo regularmente o Semanário, em permuta com o JF online, li o extenso Texto e estarreci. E logo aí me nasceu o título do Texto Fraternizar, da minha responsabilidade, que inicia a Edição 162, novembro 2020, 'Indulgências ou Demências plenárias'?

Não posso nem devo, por recato e sanidade mental, transcrever aqui o Texto. Todo ele um vómito causador de sucessivos vómitos, a fazer lembrar o terrífico livro, 'Missão Abreviada', dos finais do séc. XIX. Nem o facto de sermos hoje terceiro milénio inibe os graúdos clérigos da 'Penitenciária Apostólica' de, 'com especial mandato de Sua Santidade o Papa Francisco', escreverem e publicarem em latim, italiano e espanhol, um "Decreto sobre as Indulgências plenárias no mês dos Defuntos'. E tudo porque, como é sabido, estamos a viver em clima de generalizada Pandemia Covid-19 que não permitiu este ano todo o reguefobe dos anos anteriores nos Cemitérios, no Dia de Todos os Santos que, por ser feriado nacional, as populações há muito que aproveitam para os encher até abarrotar. Num sórdido e macabro espectáculo de vaidades e de ostentação de luxos e riqueza, de partir a alma aos mais insensíveis.

Nunca as populações quiseram verdadeiramente saber dos 'seus' mortos. Apenas dos túmulos e jazigos da sua vaidade. Nesse dia 1 de novembro de cada ano, carregados de flores, as mais caras do Mercado. E das roupas de alto preço com que os respectivos familiares lá se apresentam vestidos. A dizer com os carros topo de gama estacionados nas redondezas e nos quais se deslocaram centenas, senão milhares de kms, para tão macabro festim. De indulgências plenárias pelos Defuntos e do que é preciso fazer para as obterem - 'confissão sacramental, comunhão eucarística e orações pelas intenções do Santo Padre' - nunca quiseram nem querem saber. Este ano, com a pandemia a atacar em força, os cemitérios das cidades e aldeias, mesmo as mais remotas e desabitadas, não lhes serviram de passarela para as luxuosas e parolas passagens de modelo, a que os cristianismos, com destaque para o católico, estão hoje praticamente reduzidos.

O famigerado Decreto - atentem bem na linguagem nele utilizada - começa por esclarecer, 'Chegaram a esta Penitenciária Apostólica numerosas petições dos Pastores sagrados [sic] solicitando que este ano, devido à pandemia de Covid-19 fossem comutadas as obras de piedade para obter as indulgências plenárias aplicáveis exclusivamente às almas do Purgatório, conforme estabelecido no Manual das Indulgências (conc. 29, 1)'. Vai-se depois a ver e as alternativas nele divulgadas são tantas e tais, que o que vale às 'almas' é que nem elas nem o famigerado Purgatório existem de facto. O que existe, e em superabundância, são as demências plenárias organizadas que dão pelo pomposo nome de religiões, igrejas e respectivos livros sagrados.

Quem pela vez primeira e última nos revela com as suas práticas e palavras maiêuticas carregadas de Sabedoria, que as religiões, igrejas e respectivos livros sagrados são demências plenárias, é Jesus Nazaré que os sucessivos líderes máximos, religiosos e políticos não descansam enquanto, ano após ano, o não matam como maldito e, em seu lugar, colocam um mítico cristo invicto, fundamento e pai de todos os sistemas de Poder e de doutrina. Criminosos, todos. Sem perdão, todos. Por mais chefes de Estado, bispos residenciais, sacerdotes e pastores de igreja que se digam. É fugir deles a sete pés! Atormentam e matam mais que a Covid-19! Enquanto vivemos na história e até depois de morrermos. Como no-lo revela, de fio a pavio, este Decreto da Penitenciária Apostólica que termina assim,

'Por fim, para que as almas do Purgatório sejam ajudadas pelos sufrágios dos fiéis e especialmente pelo sacrifício do Altar agradável a Deus (cf. Conc. Trento, Sess. XXV, decr. «De Purgatorio»), todos os sacerdotes são vivamente convidados a celebrar por três vezes a Santa Missa no Dia da Comemoração de todos os fiéis defuntos, de acordo com a norma da Constituição Apostólica «Incruentum Altaris» emanada pelo Papa Bento XV, de venerada memória, em 10 de agosto de 1915.' Eis.

Edição 161, Outubro 2020

Uniões matrimoniais civis entre homossexuais

NÃO SERIA MELHOR O PAPA ESTAR CALADO?

No Documentário 'Francesco' divulgado este mês de outubro em Roma, Francisco volta a defender, mas agora como papa da igreja católica imperial, o que já como cardeal de Buenos Aires, Argentina, defendia, Que os Estados das nações devem reconhecer as uniões matrimoniais civis entre homossexuais. E avança uma justificação de todo inusitada, ao sublinhar que também os homossexuais são filhos de Deus.

Os grandes media fizeram manchetes com estas declarações do papa, a revelar quanto os assuntos eclesiásticos e religiosos são estranhos e esotéricos aos olhos e ouvidos, até dos seus profissionais mais credenciados deste início do terceiro milénio. E compreende-se. Cabe-lhes noticiar os acontecimentos da actualidade, não os da Idade Média. E tudo o que diz respeito aos milénios anteriores, com destaque para as religiões e igrejas, soa aos olhos e ouvidos dos profissionais dos grandes media deste início do terceiro milénio a coisas da Idade Media. Só isso explica as manchetes que fizeram com essas palavras do papa. Fossem profissionais minimamente preparados nessas temáticas religiosas e eclesiásticas dos milénios anteriores e teriam concluído, como eu, presbítero-jornalista, concluo, Que o papa Francisco fazia bem melhor se tivesse ficado calado.

Mas não. Francisco acha-se um papa de vanguarda e pela-se todo por o mostrar ao mundo. Sem perceber que as manchetes dos grandes media só o são, porque as posições dele, enquanto papa imperial de Roma, são hoje de todo estranhas e esotéricas. Por isso, sem qualquer impacto na actualidade. Meros tiros de pólvora seca que deixam os povos ainda mais sem rumo. São declarações sobre declarações, encíclicas atrás de encíclicas de um império religioso e eclesiástico que não existe mais, e que melhor fora nunca tivesse existido. Tamanho o mal que fez aos povos da Terra e à própria Terra.

Porém, para que os estragos do papa Francisco fossem ainda maiores, os bispos católicos portugueses, cujas mentes são Idade Média, vieram logo a terreiro com uma Nota à comunicação social, a pôr água na fervura, não fossem os seus súbditos católicos pensar que o papa Francisco estava a defender o sacramento do matrimónio católico entre homossexuais. Também aqui os bispos portugueses teriam feito bem melhor se estivessem calados. Não estiveram e com isso só revelam que continuam a ser bispos dos milénios anteriores, não deste terceiro milénio pós-religioso e pós-cristão. Sem perceberem, como o papa Francisco ainda não percebeu, que quanto mais se põem em bicos de pés, mais saem a perder. Continuam Idade Média, não integram aquele fermento na massa que o meu Livro 'Da Ciência à Sabedoria. Em Tempos de Pandemia Covid-19', Seda publicações, chama 'Geração Terceiro Milénio'.

Deveriam perceber que são um estorvo na sociedade. Pior, figuras sinistras, estranhas, estéreis, a trabalhar para corromper as mentes das populações que, para seu mal, ainda lhes dão ouvidos. Mas só mesmo as mentes que ainda são dos milénios anteriores, durante os quais os bispos e demais clérigos foram reis e senhores, os maiores responsáveis pelo atrofiamento das mentes dos povos. Mentes povoadas de Medos e de Terrores do nascer ao morrer. Sem nunca crescerem de dentro para fora em liberdade, autonomia e protagonismo. Povos tolhidos e assustados, submissos e obedientes, de mão estendida, inclusive ainda hoje, mesmo que, entretanto, se pavoneiem por aí em carros de marca, conduzidos por mentes culturalmente tão vazias, que chegam a fazer chorar as pedras da calçada e o alcatrão das auto-estradas por onde passam a alta velocidade. Para nenhures.

E porque pergunto, Não seria melhor o papa estar calado? É que com aquelas suas palavras, o papa Francisco veio revelar todo o seu jesuitismo, mascarado de franciscanismo - entre os dois venha o diabo e escolha - uma vez que espera que os Estados façam o que a sua igreja católica imperial jamais fez, jamais fará. Porque para ela, nem todos - mulheres e homens - são filhos de Deus, muito menos as mulheres com a sua fecunda intuição e festiva feminilidade. Para a sua igreja católica imperial, verdadeiros filhos de Deus, só mesmo os clérigos. Celibatários à força. Só cegas, cegos que teimam em não querer ver é que não vêem. Nem nunca verão!

Em tempos de Covid-19

QUE PANDEMIA MAIS TEMER E DESARMAR?

A pergunta, Que pandemia mais temer e desarmar?, só pode nascer do Sopro da Sabedoria. Porque tudo o que o sopro do Poder produz traz inevitavelmente as marcas da Besta que ele é. A Besta dos milénios anteriores e a deste terceiro milénio dos supercomputadores e dos robots, que, a dada altura, nem os seus criadores conseguirão mais controlar e fazer parar. Perante tamanho Horror e tamanhos gritos das incontáveis vítimas que o sopro do Poder compulsivamente produz, torna-se quase impossível enxergarmos hoje o caminho 'porta estreita', vivido e anunciado ao povo judeu e, nele, a todos os povos das nações, por Jesus histórico. O único que, actualizado para este milénio, nos conduz à vida de qualidade e abundância para todos - seres humanos, povos, animais e a própria Terra organismo vivo.

Cada dia que chega diz-nos que a pandemia que mais havemos de temer e desarmar não é a que todos os Estados das nações do mundo falam com o apoio dos virologistas e cientistas prostituídos ao seu serviço. E se os Estados continuam aí de pedra-e-cal e até cada vez mais reforçados, é porque cada geração que vem a este mundo tem um limitadíssimo número de anos politicamente activos. Ainda assim, nenhuma, nenhum de nós, seres humanos e povos, nascemos e vimos ao mundo para vivermos, morrermos reféns da pandemia que mais havemos de temer e desarmar. E que mais não é - vejam só! - a estrutural pandemia produzida pelo sopro da ideologia-teologia do Poder e dos seus livros sagrados, suas religiões e igrejas!

Muito pelo contrário, como Jesus Nazaré, também nós nascemos e vimos ao mundo para a enfrentarmos e desarmarmos com as nossas práticas económicas, sociais e políticas alternativas, nascidas do sopro da Sabedoria. Mesmo que, nos primeiros anos de crescimento, sejamos obrigados a frequentar as escolas do Poder, suas religiões e igrejas, sempre havemos de o fazer ao modo de infiltrados. E quando, finalmente, chegar a hora de conduzirmos os nossos próprios destinos, surpreenderemos tudo e todos, porque o fazemos de acordo com o fecundo Sopro da Sabedoria, que é o da nossa Consciência de nascidos de mulher, e não de acordo com as doutrinas que os Estados, suas escolas, religiões e igrejas nos ensinaram como boas, quando são estruturalmente más.

Sei por experiência pessoal que, ao agirmos assim, espera-nos um viver histórico bem difícil. O que constituirá para nós um estímulo mais a criarmos um estilo de vida outro, tipo aves do céu e lírios do campo. Em contínua comunhão com a Natureza e com as outras, os outros-como-nós que também utilizam os conhecimentos que os Estados, suas Escolas, religiões e igrejas lhes injectam de fora dentro, não para os servirem, sim para os desarmarem e porem a nu.

Ao fazermos nossa esta via 'porta estreita' de Jesus histórico, somos no mundo da Besta, incómodos sinais de contradição. Perseguidos, ostracizados e odiados por ela, seus agentes de turno e até por nossos próprios familiares, vizinhos e conhecidos, que insistem em ser "rebanho" do nascer ao morrer. Mas fecundamente amados pela família outra, constituída por quantas, quantos como nós optam também pela via 'porta estreita'. Sempre a vermos o Invisível e a escutarmos o Essencial. Nos antípodas do Mercado, inclusive, da sua pseudo-cultura que mais não é do que uma das muitas faces da pandemia que mais havemos de temer e desarmar. Porque alimentados pela Cultura outra que, quais parteiras, ajudamos a sair de dentro para fora de nós e dos demais.

Deste modo, o nosso quotidiano é um surpreendente quotidiano de Paz desarmada. Que os da Besta-Poder não têm nem conhecem. É também um surpreendente quotidiano de alegria, que nada, ninguém nos pode tirar. E vivido com tanto humor e amor, que até das máscaras que a Besta-Poder nos obriga a usar, fazemos uma arma mais para a desarmarmos e pormos a nu perante os povos das nações!

P.S.

Se quiserem aprofundar esta via 'porta estreita', nada melhor do que adquirirem-mastigarem o meu Livro, 'Da Ciência à Sabedoria. Em tempos de pandemia Covid-19', acabado de editar pela Seda Publicações (160 pgs. 14,00€ + 2,00€ de portes de Ctt).

Nobel 2020 para Programa Mundial da ONU

A PAZ NASCE DA AJUDA ALIMENTAR

OU DA ERRADICAÇÃO DAS CAUSAS DA POBREZA E DAS GUERRAS?

Ao atribuir o Nobel da Paz ao Programa Alimentar Mundial contra a Fome, especialmente, naquelas regiões do mundo mergulhadas em guerras sem fim, o grande Capital que está por trás da Academia sueca sabe bem o que faz. O chorudo cheque que na hora da consagração é entregue ao(s) laureado(s) não engana. O grande Mercado, primeiro, produz a pobreza estrutural, os pobres aos milhões e as guerras, e cria depois programas alimentares mundiais contra a fome e em prol das vítimas das guerras. A começar na ONU e depois em muitos dos seus Estados membros, Estado português incluído.

É da natureza do grande Capital ser assim, Faz o mal e a caramunha. São crimes estruturais que as minorias ilustradas e privilegiadas que se têm e são tidas como guias das populações aplaudem, porque sempre fomos levados a confundir Fazer-o-Bem com grandes acções de bem-fazer. Quando o bem-fazer só é legítimo, em situações de emergência e limitadas no tempo. Nunca institucionalizadas, como sempre se tem feito.

Postos perante estes factos, de sua natureza escabrosos, deveríamos vomitar de nojo. Seria uma reacção saudável. E só não acontece porque o grande Capital é um monstro super-organizado e com os cérebros mais cotados por universidades de renome ao seu serviço. Mai-los Estados das nações, seus Governos, Parlamentos, exércitos, religiões, igrejas, grandes media e outros institucionais menores do Poder. Trabalham todos para ele, tenham ou não consciência disso. A todos ele compensa, à custa da desenfreada exploração das populações, cada vez mais excluídas das decisões e, até, cada vez mais excedentárias. Hoje, carne para canhão da Covid-19.

A própria ONU mais não é do que a maior organização mundial dos Estados das nações. Não é a ONU dos povos das nações. Os povos nunca são tidos nem achados. No limite, recebem enxurradas de informação, completamente envenenada, destinada a anestesiá-los e a distraí-los do essencial. Deveríamos ser populações organizadas e politicamente activas, mas, de tão anestesiadas e entretidas com futilidades, teimamos em viver do nascer ao morrer, reconhecidas às minorias, por elas assumirem esse papel em nosso nome. E até lhes damos o nosso voto. Sem percebermos que todas elas, da Esquerda ou da Direita, são farinha do mesmo saco. É assim em todo o mundo, também aqui neste Estado português à beira-mar plantado.

Neste contexto, o meu novo Livro, 'Da Ciência à Sabedoria. Em tempos de pandemia Covid-19', Seda publicações, apresenta-se-nos grávido de Luz. Abre-nos caminhos ainda não andados pela generalidade dos seres humanos e dos povos da Terra. Não nos dá receitas, tipo pronto-a vestir. Fala-nos, sim, da Geração Terceiro Milénio, não a do Calendário do grande Capital - seria mais do mesmo - mas a Geração Terceiro Milénio do primado do Ser sobre o Ter que tem em Jesus histórico, ou Jesus Nazaré, o seu alfa e o ómega. Por isso, ou nascemos do Sopro-Ruah que ele nos dá e ao mundo, ao expirar, em abril do ano 30, na cruz do império romano, e, como ele, recusamos servir o grande Capital, ou prosseguiremos de pandemia em pandemia até à pandemia final.

É tudo uma questão de Sabedoria. Por outras palavras, é tudo uma questão de crescermos de dentro para fora, religados uns aos outros e à Terra, sem nunca sairmos da Horizontalidade. Até dispensarmos todo o tipo de tutores, e assumirmo-nos como sujeitos dos nossos destinos e dos destinos da Terra. O grande Capital aparecer-nos-á então como o grande Tentador ou Satanás, ao qual havemos de recusar liminarmente servir e adorar e dar-lhe as nossas filhas, os nossos filhos. Não há outro caminho para chegarmos à Paz, materializada na vida de qualidade e abundância para todos os povos. Numa Terra sem pobreza e sem pobres. Sem guerras. E uma ONU exclusivamente dos Povos das nações, nunca mais dos Estados, nem do seu grande Capital, o pai do Mal estrutural, homicida, genocida, ecocida.

A propósito do meu novo Livro

PORQUÊ DA CIÊNCIA À SABEDORIA?

Este é o milénio da Ciência. Se não for simultaneamente o milénio da Sabedoria, e da Sabedoria ao comando do mundo, a vida na Terra e da própria Terra, organismo vivo, está aceleradamente em risco. Cabe-nos, seres humanos que constituímos a Terra-Consciência, a responsabilidade de decidir se queremos vida de qualidade e abundância para todas, todos nós e todos os demais seres vivos, ou se queremos prosseguir neste tipo de mundo do Poder, determinado a matar, com o apoio da Ciência e dos cientistas, elas e eles, todo o ser-que-respira.

Eu sei que a alternativa a este tipo de mundo do Poder não pode dispensar a Ciência nem os cientistas, elas e eles. Mas também sei que uma e outros têm de ter a humildade de reconhecer que o comando do mundo cabe exclusivamente à Sabedoria. A Ciência, hoje indispensável, tanto dá para destruir a vida e a Terra, organismo vivo, como dá para a garantir com qualidade e abundância. De modo que nenhum ser humano, nenhum povo, nenhum ser vivo que respira seja privado dela. Mas só a Sabedoria ao leme dá à Ciência e aos cientistas, elas e eles, esta fecunda capacidade ética que a/os enobrece.

Se verdadeiramente queremos um tipo de mundo alternativo ao do Poder que, para mal de todas as gerações que nos precederam, sempre tem vigorado no Planeta, desde os primórdios do chamado homo sapiens, também temos de querer-e-exigir que, neste milénio, a Sabedoria esteja ao seu comando, com a Ciência e os cientistas, elas e eles, ao seu serviço. A partir de então, desenvolve-se um outro tipo de Sopro, ou Respirar, intrinsecamente fecundo, que até hoje nunca chegou a estar ao comando do mundo, porque sempre que ele inopinadamente se desenvolve em algum nascido de mulher é de imediato assassinado pelo sopro do Poder. De modo violento e cruento, nos milénios anteriores, e de modo igualmente violento mas incruento, mais recentemente.

Importa termos consciência de que quando cada uma, cada um de nós acontece na História, apresenta-se ainda ligado à mulher-mãe que nos dá à luz e ao mundo, através do chamado cordão umbilical. No momento em que o cordão é cortado e cada recém-nascido fica entregue e si próprio, eis que misteriosamente rebenta de dentro para fora dele um Sopro/Respirar totalmente outro, gratuito e feminino, exactamente, o Sopro da Sabedoria, comum a todas, todos nós, ao nascer.

O sopro do Poder, porém, intrinsecamente macho, mai-lo seu tipo de mundo super-organizado, fazem tudo por tudo para se apoderarem de imediato da mente cordial de cada uma, cada um de nós, e matá-la, como paradigmaticamente se diz do rei Herodes em relação a Jesus histórico. Na narrativa político-teológica do Evangelho de Mateus, Herodes representa todos e cada um dos agentes do Poder no mundo. Aos que não consegue matar ao nascer, mata-os depois, ao fazê-los crescer em idade, estatura e saber, em vez de em idade, estatura, Sabedoria e Graça ou entrega de cada uma, cada um de nós aos demais, como Jesus histórico paradigmaticamente cresce.

E como os mata? Através, sobretudo, da chamada educação, entendida por ele e todas as cúpulas dos diferentes Poderes, não ao modo da parteira que faz sair de dentro para fora a nossa matriz original em contínuo crescimento, mas ao modo bancário, que deposita de fora para dentro nas mentes das minorias enxurradas de conhecimento. Bem se pode, pois, dizer que infantários, escolas, universidades públicas e privadas, religiões-igrejas e a generalidade das famílias cometem verdadeiros massacres mascarados de educação, entendida como acumulação de conhecimentos, com os quais os seus portadores matam tudo o que promova um tipo de mundo alternativo ao do Poder.

Felizmente, não é por estas envenenadas águas do Poder que navega este meu Livro, 'Da Ciência à Sabedoria. Em tempos de pandemia Covid-19', Seda Publicações. Bem pelo contrário. Cabe, por isso, à geração terceiro milénio acolhê-lo, escutá-lo, mastigá-lo, digeri-lo, respirá-lo, praticá-lo. A princípio, estranha-se, depois entranha-se. O Sopro feminino que o atravessa de uma ponta à outra é o único que faz nascer-crescer um tipo de mundo de seres humanos e povos conscientes da sua fragilidade, por isso, ininterruptamente ligados uns aos outros, ao modo dos vasos comunicantes, De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas reais necessidades. Num Hoje sem ocaso e sempre em expansão.

Corram, pois, por ele. Em suporte papel ou digital. Em papel, eu próprio disponho de exemplares (14€+2€ de despesas de envio) que enviarei, autografado, a quem mo solicitar. Em digital (9€), só mesmo a Editora o pode fazer, através do site, Gugol.pt / Seda Publicações. Os meus direitos de Autor são integralmente para o BC-Barracão de Cultura, de As Formigas de Macieira, uma Associação Cultural sem fins lucrativos.

PORQUÊ BARRACÃO DE CULTURA

E NÃO FUNDAÇÃO PRIVADA DE SOLIDARIEDADE SOCIAL?

A primeira luta a travar com êxito é logo no momento em que, aqui em Macieira Lixa, concelho de Felgueiras, um pequeno núcleo de membros da então Comunidade de Base, decide fundar uma Associação sem fins lucrativos, com o principal objectivo de construir na freguesia um Espaço Cultural que vem depois a receber o nome de Barracão de Cultura (BC). Motivados por uma fecunda palavra de ordem escutada num dos encontros mensais dinamizados por mim, então ainda a viver em S. Pedro da Cova. Esta, É pela Cultura que somos e vamos, não pela Religião nem pela Caridadezinha. Na ocasião, há quem prefira uma Fundação, mas depressa todos percebem que numa Fundação, o Estado tem as portas escancaradas para a levar para onde muito bem entender, a troco, é claro, de benesses, entre as quais se destacam certas isenções fiscais e muitos apoios.

Ao optar por Associação sem fins lucrativos, levanta-se na hora a questão se ela há-de ser Cultural ou Social. Felizmente, no dia do registo notarial, fica a chamar-se Associação Cultural e Recreativa As Formigas de Macieira (ACR). Com o Cultural como pedra angular. De modo que até o Recreativo acaba marcado pelo Cultural. É assim registada e assim se tem mantido até hoje. Se bem que, poucos anos depois da sua criação, já alguns dos fundadores, tidos como traves mestras da ACR, demitem-se com estrondo, quando Maria Laura, uma das fundadoras, animada pelo carisma de Presbítera não-ordenada da Comunidade de Base, anuncia, para surpresa dos demais, a sua determinação de doar um campo para a obra a construir. E, logo, acrescenta, feliz e sorridente, Terreno para o BC já há, falta agora o Projecto da obra e a sua construção!

Estas inspiradas palavras de Maria Laura caem como pedrada no charco nesse Encontro mensal, onde também estou como Presbítero animador. E são seguidas de um prolongado e ensurdecedor silêncio. Os dias e os meses que se lhe seguem vêm a ser de grande pressão sobre Maria Laura e seus 3 filhos, para que de modo algum levem por diante aquele anunciado propósito. A todas, porém, ela e os 3 filhos resistem. E, quando, por fim, a anunciada doação é consumada no Notariado de Felgueiras e registada com número próprio no Registo Predial e nas Finanças, esses membros da Direcção, simultaneamente activistas políticos de Esquerda, batem com a porta de saída. Convictos de que, sem eles, a ACR e o sonho da construção do BC vão por água abaixo.

E porque o fazem? Percebem bem que, se Maria Laura, ao tempo já viúva de Francisco Carvalho, esmagado por uma grua, quando trabalha na construção da Escola E-B da cidade da Lixa, onde este ano acaba de entrar a sua neta Francisca, filha do Vento, da Cristina e do Isidro, partilha o campo, o que não têm eles, com muito mais teres e haveres e mais estudos, de partilhar, para que o BC chegue a ser erguido. O que vem pôr a nu que, afinal, todo aquele seu activismo político-partidário não passa de inflamados e panfletários discursos, práticas políticas consequentes, nenhumas. E a prova é que recusam rotundamente a via da Partilha dos bens, que é a via política de Jesus histórico.

Hoje, com o BC já a funcionar, percebemos bem todo o heroísmo da actual Direcção da ACR, presidida por Alberto Carvalho, cuja dedicação de todas e todos os seus membros é voluntária, gratuita e ainda cofinanciada por eles e demais associados. Fosse uma IPSS, ou uma Fundação Privada de Solidariedade Social e receberia apoios do Estado e estaria isenta do IMI que o BC tem de pagar, cada ano, em duas prestações semestrais. Prova provada de que o Poder, todo o Poder, do religioso ao Financeiro, odeia a Cultura e a sua promoção. Mas a verdade é que só pela Cultura somos e vamos.

Mas só pelo BC ter o Poder bem longe, é que é o espaço de liberdade e de criatividade, de afectos partilhados e de Crescimento de dentro para fora de quantas, quantos o frequentamos e às suas múltiplas actividades. Um pequeno-grande Sinal de Contradição nesta pequena aldeia de Felgueiras e do País. Porém, as populações nem sonham os obstáculos que se levantaram à sua concretização e, agora, à sua manutenção. Felizmente, a lúcida determinação de um núcleo de pessoas fecundamente ligadas entre si como os ramos da videira, derruba-os a todos com as armas do Humor e do Amor!

Venham, pois, ao BC. São acolhidos, logo à entrada, por um enorme Painel de Pintura de Marina Leão, actual vice-presidente da Direcção e por um painel-azulejo concebido, desenhado e oferecido pelo Arq. Siza Viera, a que se junta depois um mecenas cultural, José Francisco Morgado, de seu nome, que paga à fábrica o custo da transformação do desenho em azulejo. E, por estes dias de outono, vão também surpreender-se e extasiar-se com uma Exposição de Fotografia de se lhe tirar o chapéu, tamanha a precisão das fotos que trazem para dentro do BC Aldeias do interior do País em vias de desertificação. Uma obra de arte do Amigo BC, Davide Pinheiro, de Amarante. É ver para crer. Ah! E espera-Vos também o aconchego de um Mini-Bar Cultural, a funcionar sempre que há actividades. Uma coisa é certa, Se vierem uma vez, vão sentir-se de imediato melhor do que na vossa própria casa. Porque outro, muito outro, é o fecundo Sopro-Vento, com tudo de recíproco Cuidar, que nele se respira. Mesmo em tempos de Covid-19!

Edição 160, Setembro 2020

Seda Publicações

DA CIÊNCIA À SABEDORIA

Em Tempos de Covid-19

Ninguém se deu conta, mas em meados de 2018 iniciei um Blogue que viria a concluir em meados de 2019. Propositadamente, nunca dei notícia da sua existência a ninguém. Tão pouco divulguei o seu endereço nas redes sociais. O já esperado e de algum modo desejado por mim aconteceu: Ninguém se apercebeu da sua existência. O que me não perturbou. Até me alegrou. À partida, nem eu sabia aonde o Sopro da Vida que, como nascido de mulher, me anima e conduz, como em seu tempo e país, anima e conduz Jesus histórico, me iria levar. À medida que, no decorrer das semanas e dos meses, se multiplicavam os posts, crescia em mim a surpresa e a alegria pelo que me era dado escutar-ver-escrever. Algo de novo estava a ser progressivamente dado à luz por mim. Algo com tudo de grito de Alerta global e de forte apelo a uma radical mudança no nosso modo de ser e de viver na história. Individual e colectivamente.

Com a chegada da Covid-19, nos inícios de março deste ano 2020, dou-me conta que os 45 posts que fazem o Blogue constituem, no seu todo, um Livro premonitório, escutado por mim nos Sinais dos Tempos. Um Livro que é assim como uma espécie de Manual de Instruções para estes dias de pandemia Coronavírus-19. Está lá tudo. As causas e as consequências. E num estilo incisivo, assertivo, radical e ternamente exigente, a dizer-nos, Ou mudamos de ser e de viver, como seres humanos e povos do planeta, ou, a muito breve prazo, perdemos a Terra-organismo-vivo e desaparecemos dela para sempre. Por falta de ar saudável para respirarmos. E de comida saudável para nos alimentarmos. Já que ninguém respira Dinheiro nem come Dinheiro.

O título, 'Da Ciência à Sabedoria', totalmente distinto do título de Blogue, pode soar aos nossos ouvidos como algo de insólito. Mas, à medida que acolhemos e escutamos o seu conteúdo, capítulo após capítulo, versículo após versículo, depressa percebemos que ele tem tudo de boa notícia ou evangelho. Como tal, primeiro estranha-se, depois entranha-se. E, nessa mesma medida, faz-nos nascer de novo, de um sopro outro, surpreendentemente fecundo, por isso, diametralmente oposto ao sopro do Poder, nos três poderes, o Religioso, o Político-partidário e o Económico-financeiro, de sua natureza estéril e assassino.

Outra, muito outra, porém, poderá ser a nossa postura frente ao conteúdo deste Livro. Concretamente, a da sua total rejeição /maldição, bem como do seu Autor. Neste caso, manda a verdade que se diga o que já é dito no início do primeiro destes três últimos milénios, A Luz veio ao mundo, mas os homens do Poder e os seus fiéis súbditos odiaram-na e mataram-na, porque ela mostra quão más são todas as suas obras contra os seres humanos, os povos da Terra e a própria Terra, organismo vivo. E para não serem desmascarados perante as suas vítimas, correrão logo a denegrir o Livro e o seu Autor. E, finalmente, a queimar e a matar um e outro, e sem necessidade de recorrerem, como antigamente, às famigeradas Fogueiras da Inquisição e ao derramamento de sangue.

O mais surpreendente é que, empolgados com o Livro e com o evangelho terceiro milénio que ele anuncia urbi et orbi, a Editora Seda Publicações e o seu generoso e entusiasta Editor, Jorge Castelo Branco, decidem fazer dele o seu primeiro Livro editado simultaneamente em suporte papel e digital. Este último, com um custo bem mais reduzido e que pode ser lido em cada uma das diversas plataformas de quem optar por esse novo modo de trazer sempre consigo os Livros que ande a ler.

Informo, finalmente, que no dia 3 de outubro, entre as 14h30 e as 22h00, conto estar, braços abertos e na companhia de exemplares deste Livro e outros Livros meus no Espaço Cultural da Seda Publicações /Gugol.pt, Rua do Godinho 537, em Matosinhos. Dentro deste horário, quem assim quiser passe por lá à hora que lhe der mais jeito. Conversaremos sobre ele e como poderemos gerar com as nossas práticas alternativas um planeta outro, livre de vírus que nos adoeçam e matem.

Raízes cristãs da civilização ocidental

SÃO BOAS OU INTRINSECAMENTE MÁS?

É por demais manifesto, dois mil anos depois, que as raízes cristãs da chamada civilização ocidental são intrinsecamente más. O que perfaz um crime contra a Humanidade e a Terra, enquanto Gaia (=) Organismo vivo e berço da vida, na sua infinita variedade de espécies, cores e sabores. E tem por base e ponto de partida a negação-traição-crucifixão de Jesus histórico, em Abril do ano 30, e do seu Movimento político, o único capaz de libertar as mentes dos seres humanos e dos povos do demónio do Medo, gerador de todos os deuses e deusas do Poder que só se alimentam de gente.

A Covid-19 é a mais recente manifestação do Mal estrutural que as raízes cristãs da civilização ocidental foram e continuam a ser, agora numa expressão mais laica e ateia, mas sempre cristã e até mais mortífera. Pelos frutos se conhecem as raízes das árvores. Também as raízes cristãs da civilização ocidental. E os frutos delas são semelhantes àquele tipo de sal de que fala Jesus histórico, que perdeu a força de salgar e de impedir a corrupção da sociedade. E como ele têm de ser lançadas fora e pisadas pelos seres humanos e povos.

À luz da Covid-19, bem podemos dizer que melhor fora que as igrejas cristãs nunca tivessem nascido e vingado. Estão hoje em vias de extinção - o que se saúda - mas apenas na sua versão religiosa, litúrgica, sagrada, confinada às igrejas paroquiais e às catedrais, coisa de clérigos que renunciaram à sua condição de seres humanos entre e com os demais, e vivem num mundo à parte e acima de todos eles, sem nunca perceberem que esse tipo de mundo só existe nas suas delirantes cabeças. O que faz deles os mais frustrados e estranhos entre os seres-que-respiramos.

A pandemia Covid-19 é a mais recente manifestação do Mal estrutural que os cristianismos e respectivas igrejas são em toda a Terra. São pais de todo o tipo de vírus que, ao longo dos séculos, mantêm cativa e alienada, sequestrada e roubada a Humanidade, na sua variedade de povos e nações. A própria Terra, de tão esventrada pelo estranho ou inimigo que é o Poder, nascido e alimentado por elas, está vertiginosamente a passar de nosso colo-casa-e-alimento, a veneno e tumba onde somos engolidos vivos, num mar de dores.

Chamados, desde que acontecemos no decurso da Evolução como fragilidade humana-consciência, a Cuidarmos de nós, uns dos outros e da Terra, corremos, desde o início e progressivamente, a dominar-nos uns aos outros e à Terra. De seres humanos que mutuamente se devem reconhecer, acabamos estranhos e inimigos uns dos outros. De irmãs, irmãos que mutuamente se devem complementar e amar, acabamos irmãs, irmãos que mutuamente se odeiam, exploram, dominam e matam. E tudo porque o sopro do religioso e da idolatria do Dinheiro, materializado desde há dois mil anos, nos cristianismos e respectivas igrejas, é fratricida, homicida, geocida e ecocida. Quase não se deu conta disso no início, mas com o passar do tempo cresceu em dominação e repressão, ao ponto de sermos hoje autênticos buracos negros e holofotes que respectivamente nos sugamos e encandeamos-cegamos uns aos outros.

Vai daí, sempre que num mundo assim a Luz acontece entre nós, corremos logo a denegri-la, a persegui-la e a matá-la. Não suportamos que ela mostre aos que residimos nas aldeias, nas cidade e no mundo quão más são as nossas obras, especialmente, quando as apresentamos vestidas de benfeitor e de religioso, laicismo ou ateísmo, como sucede com todas as igrejas cristãs, seus clérigos e todos os ateus cristãos. Resta, todavia, uma ténue esperança de que esta pandemia Covid-19, nos faça mudar radicalmente de ser-viver-e-praticar. Embora os sinais que os maiores Estados das nações do mundo diariamente emitem não sejam nada animadores.

Cabe-nos, por isso, desmantelar todos os Estados e, a partir do caos subsequente, darmos corpo a uma Terra definitivamente mãe, colo e alimento dos seres humanos e povos ligados uns aos outros, permanentemente disponíveis para cuidarmos dela, de nós e uns dos outros. Porque para isso acontecemos no decurso da Evolução, como os mais frágeis dos seres vivos Consciência.

DO QUE TEM MAIS MEDO O CORONAVÍRUS?

Do que tem mais medo o coronavírus é de seres humanos e povos cultos e sábios. Pela simples razão de que entre seres humanos e povos cultos e sábios nem ele nem quaisquer outros vírus inimigos da nossa saúde integral têm oportunidade de entrar, nem sequer de surgir. Fossem assim, neste início do terceiro milénio, os seres humanos e os povos e já nem sequer haveria os hospitais e as indústrias farmacêuticas que hoje há. Para cúmulo, com tendência a crescerem mais e mais. Tanto que hoje já somos concebidos doentes, nascemos-crescemos doentes e morremos de doença.

A Cultura e a Sabedoria são o Pão que alimenta os seres humanos e os povos cultos e sábios, por isso, cheios de vida de qualidade e em abundância. Entre os quais não há lugar para doenças incuráveis e onde nascer de mulher e morrer como fruto maduro em suas próprias casas é a regra. Aliás, num mundo de seres humanos e povos cultos e sábios nem sequer existem hospitais. Só casas concebidas e construídas na horizontal, cercadas de um pedaço de chão onde crescerão hortas e árvores de fruto que garantem a cesta básica de alimentos fundamentais para mentes sãs que tais são as mentes dos seres humanos e povos cultos e sábios.

Não é utopia o que acabo de escrever. É o que este início do terceiro milénio já deveria ser em toda a terra. Pois para isso acontecemos no decurso da Evolução. Não! Não acontecemos para sermos carne-para-canhão, nem para sermos escravos. Acontecemos para sermos cultos e sábios, porque seres humanos e povos Consciência. A crescer progressivamente de dentro para fora, sempre na dimensão da horizontalidade e ligados uns aos outros como os vasos comunicantes. Se as coisas hoje não são efectivamente assim, é porque um estranho ou inimigo dos seres humanos e dos povos que somos e até da própria Evolução se introduziu no nosso processo de crescimento.

É fundamental então que, neste início do terceiro milénio, concentremos o máximo das nossas capacidades a identificar que estranho ou inimigo é esse que nos está a matar lentamente e a conduzir-nos para o abismo. E não o procuremos fora de nós, mas dentro de nós. Porque, ao acontecermos no decurso da Evolução, acontecemos como os mais frágeis dos seres vivos Consciência, dotados de capacidades para crescermos progressivamente de dentro para fora como seres humanos e povos cultos e sábios. O que só é possível - não me cansarei de o dizer - se vivermos fiéis à dimensão da horizontalidade e ligados uns aos outros como os vasos comunicantes.

O estranho ou inimigo só pode ter nascido do medo que sentimos, quando nos auto-percebemos os mais frágeis dos seres vivos, convocados a um viver histórico na dimensão da horizontalidade, ligados uns aos outros como os vasos comunicantes. Porque as capacidades com que acontecemos na história só nessa nesta dimensão e nesta ligação crescem progressivamente de dentro para fora até acabarmos seres humanos e povos cultos e sábios. O medo, porém, fez-nos e faz-nos fugir desta dimensão da horizontalidade e correr, como dementes, para a da verticalidade. A partir de então, crescemos em demência e em solidão, totalmente controlados pelo estranho ou inimigo criado-projectado pela nossa demência fora e acima de nós.

Cabe-nos, pois, a todas, todos nós, em especial aos já nascidos neste milénio, regressar à nossa originária condição de fragilidade-Consciência. Com viva emoção e muita alegria. Porque ela é a nossa mais-valia humana em todo o Cosmos. Por outras palavras, urge nascermos de novo, expulsarmos das nossas mentes o estranho ou inimigo, regressarmos à nossa matriz original, a da horizontalidade e da ligação uns aos outros como os vasos comunicantes e mantermo-nos nela vida fora. Cresceremos então como seres humanos e povos cultos e sábios e daremos corpo a um mundo organizado na horizontalidade e na ligação uns aos outros, de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas reais necessidades. Um mundo fundado na Verdade praticada e vivido na corresponsabilidade, a mãe da Liberdade. E não há coronavírus que consiga entrar em nós. Nem o da Covid-19, nem nenhum outro. Gerados todos eles pelo estranho ou inimigo que mais não é do que o poder religioso ou divino, político e económico-financeiro, com todo o seu arsenal de bem-fazer ou de solidariedade social, apresentado como o Bem estrutural, quando na realidade é o Mal estrutural mascarado de bem.

É por algumas, alguns de nós termos consciência de que é pela Cultura que somos e vamos, não pela Religião nem pela Solidariedade Social, que aqui nesta aldeia onde vivo por opção, decidimos um dia fundar a ACR As Formigas de Macieira com o propósito de erguermos e mantermos em crescente actividade um Barracão de Cultura, uma realidade já com alguns anos. Sem que o pai de todos os males que é Poder religioso ou divino, político e económico-financeiro, lá entre. Apenas seres humanos com fome do Pão da Cultura, da Beleza e da Sabedoria. O que faz dele um Sinal de Contradição que põe a nu os pensamentos escondidos de muitas, muitos. Felizes, pois, quantas, quantos já o frequentam e se fazem seus associados. São de dia para dia cada vez mais cultos, sábios e saudáveis.

Enquanto o seu cadáver é levado para o Cemitério local, eu canto no Youtube

PARA ISAURINHA COM AMOR

https://www.youtube.com/watch?v=t6QLMaCX7p8 (link de acesso ao canto)

Durante o tempo em que a urna fechada com o cadáver de Isaurinha permanece na Casa Mortuária de Macieira da Lixa, sem quaisquer flores, adereços e símbolos religiosos, e que ela deixa quando em meados de julho 2020, 88 anos de idade, se torna definitivamente invisível aos nossos olhos - o cadáver é uma coisa que nos deve merecer todo o respeito, mas não é mais a pessoa histórica que conhecemos e amamos - em momento algum alguém me vê lá presente. Muito menos me vê no cortejo organizado para o transportar a urna directamente para o espaço previamente preparado para a receber no cemitério da freguesia. Sem chegar a entrar na igreja paroquial, frente à qual não pode deixar de passar, uma vez que não há outro acesso ao local.

À mesma hora em que se inicia o cortejo, estou inteiro com Maria Laura, a filha mais velha de Isaurinha, que também decide não integrar esse momento final. Como, antes - é público e notório - estou inteiro com ela e com sua mãe, nos meses e meses em que Isaurinha se vê confinada a uma cadeira de rodas, primeiro, e depois permanentemente numa cama articulada plantada na sala da casa da filha, bem próximo do quarto dela. Uma vez que Maria Laura, contra ventos e marés, decide cuidar da mãe, 24 horas sobre 24, durante todo esse longo tempo. O próprio médico de família, comum à mãe e à filha, acha que Maria Laura não dispõe de saúde para semelhante responsabilidade. Mas ela a tudo e todos faz orelhas moucas. E nem sequer na fase dos chamados 'Cuidados Continuados', aceita que a mãe deixe a sua casa. De modo que o Centro de Saúde vê-se obrigado, na altura, a levar os Cuidados Continuados a casa dela.

O surpreendente é que, depois de todos estes meses de incondicional entrega por parte da filha a sua mãe, Maria Laura apresenta-se agora, nos seus 70 anos de idade, bem mais saudável, liberta, alegre, feliz. Como se a Vida, à medida que 'sai' de Isaurinha esteja a entrar directamente na filha que dela cuida. Ao ponto de, quando o alzheimer e o cancro já se fazem sentir de forma acentuada no corpo dela, e a filha lhe pergunta, Quem sou eu, mãe?, ela reiteradamente responde, És a minha mãe! A revelar à saciedade os insondáveis mistérios da vida humana que, nos actos de nascer e morrer mais intensamente se afirmam. Não como terror. Sim como revelação da grandeza e da fragilidade que somos, enquanto nascidos de mulher, por isso, seres humanos-consciência, concebidos e nascidos para Cuidarmos de nós, uns dos outros e da Terra, nossa casa comum.

E é aí a partir da sua casa que, quando o cadáver está a sair da Mortuária, eu disponibilizo no Youtube e nas redes sociais um vídeo com o Canto que Isaurinha tantas vezes nos diz que quer que eu lho cante nesse derradeiro momento. Na impossibilidade de o fazer presencialmente no cemitério, uma vez que o pároco que nunca visitou Isaurinha nos anos em que cá está, e já são muitos, nem mesmo nos meses que ela vive acamada em casa da filha Maria Laura, surpreendentemente, aceita presidir ao cortejo e ao sepultamento do cadáver. Apesar de ser informado que, por vontade expressa de Isaurinha, o cortejo nem sequer pode levar a cruz paroquial, muito menos terá missa de corpo presente, nem nenhuma outra, porque ela sabe, desde há bastantes anos, que esse tipo de ritos indignificam quem a eles preside e quem a eles assiste. O surpreendente é que, mesmo assim, o pároco, depois de todas as investidas falhadas que faz para levar a dele avante, lá acaba por aceitar todas essas restrições. De modo que um funeral assim nunca se houvera visto em Macieira da Lixa!...

Felizmente, quando, depois de tudo consumado, a Agência funerária apresenta a conta a Maria Laura, dela não consta qualquer verba para o pároco. É, pois, previsível que ele nunca mais caia noutra. E se, como devia, já não tivesse caído nesta, teriam sido os familiares mais próximos de Isaurinha, comigo também presente entre eles e com eles, a conduzir todo o processo, como sempre deverá ser. E só não é, porque os clérigos e outros líderes religiosos sistematicamente roubam a voz e a vez às populações. O que perfaz um crime de lesa-humanidade que, como se sabe, continua aí impune. E a impedir as populações de crescerem em dignidade, liberdade e autonomia. Um crime que a Covid-19 acaba de pôr ainda mais a nu!

Edição 159, Junho 2020

Basílica e respectiva Praça

DE S. PEDRO OU DE SATANÁS?!

Nestes meses de confinamento imposto pela Covid-19, os espaços mais emblemáticos da igreja católica que mais nos gritam que ela vai nua e está em vias de extinção, pelo menos, como igreja de massas, são a Basílica e a Praça de S. Pedro. Deveriam chamar-se Basílica e Praça de Satanás. E só não são, porque a Cúria romana do papa jesuíta Francisco, mantém-se fiel, no estrutural, à mesma linha dura de Constantino, o imperador de Roma que as mandou construir, na sua qualidade de primeiro papa da igreja católica imperial, com todos os bispos residenciais seus 'alter ego' à frente de cada uma das províncias ou dioceses em que o império-igreja então se subdividia. São dois espaços que esmagam quem neles entra, nem que seja sob a capa de 'turismo religioso'.

O vazio e o silêncio destes dois espaços, impostos pela Covid-19, são dos mais ensurdecedores que a história contemporânea regista. Nunca mais a igreja católica de Roma pode voltar ao de antes dela acontecer. As populações sabem agora por experiência, que vivem bem melhor e são muito mais elas próprias sem frequentarem esses e outros espaços eclesiásticos que antes tinham como imprescindíveis e como de deus. E de deus serão, mas de um deus que se alimenta de quem os frequenta, quando até agora as pessoas foram levadas a pensar que se alimentavam dele. De tão cegas, nem viam que todo o protagonismo era dos clérigos miúdos e graúdos, quando deveria ter sido progressivamente delas e só delas.

Antes desta pandemia que se nos apresentou grávida de luz, todo este meu escrever-falar soava indubitavelmente a blasfemo aos ouvidos dos chamados fiéis, só porque eles, ao contrário de mim, têm continuado a viver com os séculos da Cristandade Ocidental alojados como um demónio nas suas mentes. Mas, como bem revela o meu Livro 50, o chamado 'S. Pedro' não passa de um mito criado pelo cristianismo ou messianismo católico imperial. Na sua origem, está um tal Simão, irmão de André, pescadores de profissão na Galileia, contemporâneos de Jesus histórico, mas, ao contrário dele, ambos fanaticamente messiânicos. Aguardavam, como a maioria dos judeus então, a chegada, a qualquer momento, do messias, o filho de David que os libertaria da Opressão imperial e restauraria o reino de Israel. Fundamentavam estas suas estapafúrdias crenças nos Livros dos profetas bíblicos que, nos grandes momentos de depressão nacional, sempre recorriam a esse mito que, levado a sério, acabou sempre em sucessivas carnificinas que a História dos povos, mandada escrever pelos vencedores, regista.

Quando André apresenta seu irmão Simão a Jesus Nazaré, este 'fixa nele o olhar e diz-lhe, Tu és Simão, o filho/discípulo de João [Baptista]. Passas a chamar-te Cefas, o equivalente a Penedo/Pedra' (Jo. 2, 42). Mas como vê nele carisma de líder, Jesus arrisca fazer dele o primeiro de um grupo de Doze que tem Judas como último, na esperança de que conseguirá expulsar da mente de todos eles o demónio do messianismo davídico e o correspondente fanatismo político armado. Não conseguiu. E a prova é que, quando mais tarde toma a inabalável decisão de subir a Jerusalém para enfrentar, desarmado, os sumos sacerdotes e demais chefes do judaísmo e mostrar-lhes quanto eles vivem enganados e a enganar as populações, Pedro que continua a ver nele o messias/cristo davídico prometido opõe-se-lhe frontalmente. É então que Jesus o repreende diante dos outros Onze e lhe diz, olhos nos olhos e sem que a voz lhe trema, 'Sai-te da minha frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens [do Poder]' (Mc. 8, 33; Mt. 16, 23). A partir daí, os Doze afastam-se progressivamente de Jesus e, chegados a Jerusalém, decidem traí-lo e entregá-lo aos sumos-sacerdotes. Judas assume fazer o trabalho sujo de negociar as contrapartidas da traição e Pedro faz ainda pior. Quando vê Jesus preso e a ser julgado, nega-o por três vezes e garante sob juramento que o não conhece de lado nenhum! E nunca mais volta a estar com Jesus.

De S. Pedro ou de Satanás?! Depois de Cefas, o equivalente a Penedo/Pedra [Pedro], este é o segundo apelido histórico negativo dado por Jesus Nazaré a Simão. Os dois são bem reveladores do seu fanatismo político. Uma realidade que todos os teólogos têm sistematicamente escondido dos povos. Enquanto repetem à exaustão umas palavras apócrifas, postas na boca de Jesus histórico, mas nunca ditas por ele e que só muito mais tarde foram interesseiramente incluídas no Evangelho de Mateus, imediatamente antes das que o apelidam de Satanás. Ei-las; 'Tu és Pedro e sobre esta pedra edifico a minha igreja, e as portas do Abismo nada podem contra ela. Dou-te as chaves do reino do céu; tudo o que ligas na terra fica ligado no céu e tudo o que desligas na terra é desligado no céu.' Pois bem. Em todos estes séculos de Cristandade, a má fé da Cúria romana tem sido total e absoluta. Nunca os seus sucessivos cardeais e papas pensaram que um dia, início do terceiro milénio, aconteceria a Covid-19 que os deixaria a todos completamente nus. Tal como a morte crucificada de Jesus histórico em Abril do ano 30 já deixa completamente nus os sumos-sacerdotes e o templo de Jerusalém. E todos eles, assim nus, mais não são do que os carrascos-mor dos povos.

N. E. Como já é habitual, o JF  suspende a sua publicação nos meses de Julho e Agosto. Contamos regressar sexta-feira, 4 de Setembro, com o início da Edição 160, 2020. Bom descanso, de preferência na Montanha, junto de pequenos rios

Ainda o assassinato de George Floyd

O DEMÓNIO RACISMO SAI COM O VANDALISMO?

George Floyd é uma das vítimas mortais mais mediatizadas da violência e do vandalismo da Polícia dos EUA. Impossível não associá-lo de imediato ao assassinato de Martin Luther King, mas apenas no que respeita a mediatização. Porque no ser-viver histórico de cada um são praticamente opostos. Surpreendentemente, são muitas as manifestações de solidariedade e de protesto em múltiplas cidades da América e do Mundo, Portugal incluído. Infelizmente, quase todas têm acabado em actos de violência e de vandalismo destruidor, como se o demónio Racismo alguma vez pudesse ser expulso da mente das pessoas e das sociedades por esse meio. Não pode. Enveredar por aí, é fazer o jogo dele, quando mais parece que o combatemos. E lá acabamos muito semelhantes ao polícia branco norte-americano que, com ar de herói, joelho sobre a garganta da vítima, não o deixa respirar, apesar dos seus cada vez mais ténues gemidos, 'Por favor, não consigo respirar'. Porque o objectivo dele é mesmo matá-lo. A frio!

O crime é hediondo, como hediondo é o Racismo e todos os demais ismos, cristianismos incluídos. Não tivesse sido registado discretamente em vídeo por alguém munido de um telemóvel e nem teria sido notícia. Alegro-me pelo registo e pela sua divulgação. Mas dói-me constatar que, sob a capa da solidariedade e do protesto, as manifestações redundem em violência e em actos de vandalismo, protagonizados por gente possessa do mesmo demónio que diz querer combater e expulsar. Não é o amor que as move, sim o ódio. Com a agravante de que, divulgadas depois pelos grandes media a toda a hora e até à exaustão, acabam por suscitar ainda mais ódio e justificar ainda mais a violência policial e dos chefes-mor de cada estado, muitos deles politicamente loucos, como Trump, e racistas quase todos. É o que nos dizem as suas práticas quotidianas, ainda que nem sempre os seus discursos oficiais.

De Luther King, afro-americano como George Floyd, mas pastor de igreja, e de Nelson Mandela, África do Sul, aprendemos que só a violência da Ternura é a fecunda postura política capaz de mudar este nosso mundo. Se não produz muitos frutos, é apenas por falta de praticantes consequentes. Perante as provocações cada vez mais agressivas dos agentes dos Institucionais do Poder, jamais havemos de mudar de postura política. Damos sempre a outra face, como faz e diz Jesus histórico, o filho de Maria. E dar a outra face, ao contrário do que nos têm dito, significa levar ao extremo a violência da Ternura que é olhar ininterruptamente nos olhos os agressores institucionais. Até eles se sentirem nus, por mais armados que se nos apresentem com coletes e capacetes à prova de bala.

Sabemos, com dor, que poucos têm sido, em todos estes milénios que já levamos de homo sapiens-demens, os praticantes desta violência da ternura. Reiteradamente provocados pelos agressores institucionais que evitam olhar-nos nos olhos, são muito poucos os que resistem a recorrer às pedras, aos insultos, à destruição em massa. E quando assim é, acabamos iguais a eles. Melhor seria então que jamais corrêssemos às praças a manifestar-nos. Porque desse modo não fazemos sair da mente dos agentes do Poder institucional nem das nossas próprias mentes de manifestantes, o demónio Racismo. Criação, como todos os ismos, do homo sapiens-demens, que tem nos agentes históricos do Poder nos três poderes os principais cultores, adoradores, difusores. Pelo que a chamada História mais não é do que pre-história, gerida por este demónio. Hoje, mais do que ontem. Aqui nos trouxeram as doutrinas teológicas da primazia do 'povo eleito', do 'homem branco', do 'homem negro'.

Um Novo Começo, exclusivamente Humano, como pratica e quer Jesus histórico, é a porta estreita por onde temos de entrar, se queremos garantir Amanhã ao nosso Hoje. Sem necessidade de destruirmos o que está aí plantado e edificado pelo homo sapiens-demens. Essa destruição, para não ser mais do mesmo, há-de acontecer por implosão, à medida que, como povos, crescemos progressivamente de dentro para fora em Humano. Numa Terra alicerçada e edificada na Horizontalidade dos vasos comunicantes, nunca na Verticalidade do Poder, de sua natureza, piramidal e hierárquico, uns poucos ao (des)comando e todos os mais seus escravos! De luxo, uma minoria. De lixo, a maioria.

Em dias de pandemia(s)

CREMAR OU ENTERRAR?

São de pandemia os dias que vivemos. E com a nave Terra a ser pilotada por loucos políticos, clérigos organizados em pirâmide, e os povos das nações reiteradamente roubados da sua força de trabalho, voz e vez, bem se pode dizer que, de ora em diante, todos os dias serão de pandemia. Não já da Covid-19, mas de outras pandemias cada vez mais dolorosas e mortíferas. Porque a Terra, organismo vivo, não aguenta todo o Mal que o Homo sapiens, no seu erudito Saber sem Sabedoria, lhe tem feito e continuará compulsivamente a fazer.

Em dias assim, a questão, Cremar ou Enterrar, é mais do que pertinente. Estará sempre na ordem do dia. Aquelas inúmeras valas comuns do Brasil que todos os dias nos são dadas a ver nas tvs estão aí a gritar que a Cremação é mais digna do que o tradicional Enterro. Porque o pequeno invólucro onde são depositadas as cinzas a que o cadáver cremado se resume, é depois entregue aos familiares. E estes, responsavelmente, fazem com elas o que melhor entenderem. Sem velório e sem a intromissão de estranhos, como são todos os clérigos ou pastores.

Para o cadáver - a única coisa visível que resta, depois que alguém dá ao mundo o seu derradeiro Sopro, ou Respirar - Cremar ou Enterrar é indiferente, desde que se execute, após as 24 horas seguintes. Mas em dias de pandemia, como os de hoje, a preferência é sem dúvida Cremar, já que dignifica mais os familiares de quem morre devido a ela.

Quando em 2009, publico 'Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação', Areias Vivas (605 pgs), chamo-lhe 'Livro póstumo', porque, no final, incluo um inesperado 'Prólogo ao Amanhã-que-vem (ou o Meu Testamento)'. Muitas, muitos põem-se logo a pensar que eu devo estar com uma doença incurável escondida. Ignoram que Morrer, como fruto maduro na árvore, é a condição 'sine qua non' para chegarmos à plenitude da Vida, qual rio que, desde a fonte, corre teimosamente em direcção ao mar. À minha última vontade aí expressa em 14 pontos todos pertinentes, permito-me acrescentar agora mais alguns. Eis.

Deixo às pessoas que me são mais próximas, quer na Igreja-fermento actuante na Humanidade, constituída por todos os seguidores de Jesus histórico e das suas práticas políticas maiêuticas, devidamente actualizadas para este séc. XXI, quer no Projecto Barracão de Cultura, a escolha entre Cremar e Enterrar, de acordo com o que ditarem as circunstâncias em que esse momento de Entregar ao mundo o meu derradeiro Sopro ou Respirar acontecer. Que, por ser o derradeiro, é Corpo-Sopro vivente, definitivamente, invisível aos olhos, por isso mesmo, muito mais actuante e fecundo do que agora.

Se as circunstâncias ditarem que é melhor Cremar, quero que as Cinzas a que o cadáver que deixo se reduz, sejam discretamente lançadas nas águas das várias Levadas que dia e noite correm a fecundar muitos dos campos de Macieira da Lixa, a aldeia onde vivo por opção e que, desde o início da década de setenta, Séc. XX, é um dos Lugares Teológicos de Deus que nunca ninguém viu, o de Jesus histórico que, como sabemos, sempre coloca o bem que possamos fazer aos seres humanos que vemos, antes do bem que possamos fazer a Deus que nunca vimos. E depois de tudo já consumado, podereis partilhar no BC uma refeição em nome e memória de Jesus e em meu nome e memória, porque, tal como o Corpo-Sopro dele, também o meu estará sempre convosco e com todos os povos da Terra.

Se, pelo contrário, as circunstâncias ditarem que o melhor é Enterrar, saibam então que, em nenhum dos casos, quero toque de sinos, velórios, presença de clérigos, Agência Funerária, anúncios nos cafés e nos jornais. Adquirireis, na altura, uma das urnas mais simples que houver, depositais nela o cadáver que deixo e fechais, para nunca mais a abrir. O transporte da urna até ao cemitério da Autarquia local pode ser feito num tractor emprestado e enterrado aí em vala comum, sem flores, apenas sementes que, a seu tempo, vão florir. E sobre a campa rasa, plantais uma tabuinha de madeira, com estes dizeres, escritos a fogo, Mário, Presbítero-Jornalista. Tudo na maior das simplicidades. Mas com muitos beijos e abraços, cantos, poemas, leitura de Textos de Livros meus e alguma dança que celebre a minha Vida, então já na sua plenitude.

A propósito do dia mundial que lhes é dedicado

AINDA PARA CRIANÇAS, ESTE TIPO DE MUNDO?

Choro pelas crianças nascidas neste tipo de mundo do Poder, o religioso-eclesiástico, o económico-financeiro-multinacional e o da Caridadezinha institucionalizada. E por todas as que irão continuar certamente a nascer. Não por causa da Covid-19, pois (quase) todas elas são felizmente imunes. Sim, por causa de outros vírus bem piores do que este, criados com o apoio da Ciência ao serviço do Poder que não olha a meios para alcançar os seus fins. Perante o espantoso Mistério que é cada criança, nascida de mulher, o Poder não consegue dormir, enquanto as não domesticar. Tem a nítida percepção de que cada criança religada às demais crianças é capaz de o derrubar. E só descansa, quando consegue matar a alma de cada uma das já nascidas e de quantas venham a nascer.

Devem ser crianças a governar o mundo. Ao seu jeito. Não mais ao jeito do Poder, o único que até agora se conhece. Precisamente, todas e cada uma daquelas crianças, cuja alma o Poder não consegue matar, à medida que crescem em idade, estatura, sabedoria e graça. E tornam-se mulheres, homens que jamais saem da sua condição de Humano. Por mais seduzidos que possam ser, ao longo dos anos, sempre resistem ao fascínio do Poder, em cada um dos três poderes em que ele historicamente subsiste. Bem como ao fascínio da Caridadezinha institucionalizada. Só assim o mundo é progressivamente Humano, De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas reais necessidades.

Choro pelas crianças que nascem neste tipo de mundo do Poder assessorado pela Ciência que se lhe vende. Dificilmente, conseguirão crescer de dentro para fora, na fidelidade à sua matriz original, única e irrepetível. Uma matriz com tudo de Mistério que a Ciência jamais consegue desvendar e descodificar. Nunca o Poder o foi tanto como neste milénio, graças aos cientistas que se lhe vendem. E são praticamente todos, já que dele são todas as escolas, do infantário à universidade. Todas as religiões e igrejas. E a Caridadezinha institucionalizada. Ai das crianças que nascem e crescem sob a sua alçada. São robôs, quando adultos, com máscara de humano. Porque sem alma!

Choro, quase sozinho, esta matança de inocentes em massa. Porque sei bem o que, ao longo dos anos que já levo de vida visível na História, me tentam fazer para asfixiarem o menino que sou e o Mistério que sou, como nascido de mulher. Felizmente, nasço numa aldeia e em condições sociais invulgarmente favoráveis ao meu crescimento de dentro para fora, não só em idade e estatura, mas também em sabedoria e em graça, entenda-se, em entrega gratuita e recíproca aos demais.

Tenho a felicidade de nascer no seio de uma família pobre. E numa época em que o Poder é ainda bastante artesanal. Há, é verdade, o campanário com o seu pároco residente, mas confinado às rotinas do dia a dia. E há uma mestra que nos ensina a decorar o catecismo na sua casa, tal como há o professor primário que nos ensina a ler-escrever-contar-decorar a tabuada, o nome dos rios e seus principais afluentes, bem como os oceanos e as linhas de caminho de ferro. O grande mundo reduz-se, por isso, quase todo ao mapa-mundi da escola.

Felizmente, desde menino, digo e repito, Quando for grande, quero ser padre. Para ser diferente do que vejo ser o pároco da aldeia e o meu tio cónego. Frequento então durante 12 anos consecutivos e com atestado de pobre o seminário de Trento, na diocese do Porto. No final do curso, sou ainda mais determinado em ser padre para ser e fazer diferente. O Poder, nos seus diversos agentes de turno, com quem venho a confrontar-me, vida fora, faz tudo para me ganhar para ele. Resisto-lhe como só um menino é capaz. Dou-me conta que só conseguirei resistir-lhe sempre, se passar da condição de pobre por nascimento, à de pobre por opção. A única opção certa que quantas, quantos quisermos permanecer humanos, vida fora, temos de fazer. Ostracizados q.b. Mas também fecundos q.b. Grávidos de Paz e de Alegria que a Morte, quando nos acontecer, levará à plenitude.

Edição 158, Maio 2020

É A CULTURA, ESTÚPIDOS, É A CULTURA!

Quantas, quantos insistem em frequentar acriticamente diários em papel e/ou em digital, rádios e tvs, cultos nos templos e nos grandes santuários, nunca ou quase nunca querem saber Aquilo que está por trás destas poderosas máquinas de difusão de conteúdos direccionados dia noite às nossas mentes. E mesmo que se lhes diga que todos esses meios são propriedade de grandes corporações do Poder e do Dinheiro, elas continuam a querer que esses envenenados conteúdos entrem nas suas casas e, o que é pior, nas suas mentes. Sem jamais perceberem que todos eles têm o perverso condão de transformar a águia que cada uma, cada um de nós é, enquanto nascido de mulher, em outras tantas galinhas de capoeiro. Sem asas. Sem liberdade. Sem criatividade.

Só num mundo de corporações e pessoas assim, tem sido sido possível gritar, É a Economia, estúpidos, é a Economia! Como repetem também hoje até à náusea os grandes media, Depois de controlarmos a pandemia Covid-19, é imperioso e urgente controlarmos a Economia. Com estas Corporações do Poder e do Dinheiro e seus media, estão também as grandes igrejas e religiões, mas com recurso a uma hábil dança de conceitos, em que o Económico é substituído pelo Social. Sabem elas melhor do que ninguém que, em tempos de grandes crises, as minorias ricas sempre se mascaram de benfeitoras, uma 'santa' oportunidade, dada de bandeja, de 'lavarem' muito do seu dinheiro sujo. Primeiro, fabricam os pobres, a pobreza em massa e as grandes crises. E depois fomentam a criação de IPSSs, Misericórdias e Centros Sociais Paroquiais $. A.

Apesar de vivermos já no início da terceira década do terceiro milénio, é ainda assim que continuam as coisas. Pelos vistos, nem a Covid-19 traz com ela uma mudança qualitativa no ser-viver das pessoas e dos povos. Pelo contrário. Se há momento em que os bancos alimentares contra a fome, as misericórdias, as ipss, os centros sociais paroquiais e muitas outras formas de caridadezinha estão aí em grande plano, é hoje, precisamente. E nem sequer as populações são poupadas. Pelo contrário, são aliciadas a toda a hora a fazer sucessivas chamadas telefónicas, 1 euro+ iva cada uma, em prol de uma qualquer Emergência Social. E o mais obsceno é sabermos que até artistas profissionais têm recorrido a estes institucionais de caridadezinha por uma refeição diária!!!

É então em momentos como este que se torna imperioso e urgente erguer um grande Stop nacional, continental e mundial à Caridadezinha, financiada pelas grandes corporações do Poder Económico e Financeiro acumulado e concentrado. E gritarmos a plenos pulmões É a Cultura, estúpidos, é a Cultura! E não uma qualquer Cultura, mas a Cultura maiêutica, a única que é capaz de despertar a consciência de cada um dos seres humanos e povos. Pois esta, uma vez desperta, faz-nos progressivamente crescer de dentro para fora até à nossa plenitude humana, capazes por isso de gerir os nossos próprios destinos e os destinos da Terra que nos serve de berço e casa comum.

Porém o mais trágico é vermos que nem o JN, matutino de referência no Norte, agora propriedade de uma grande corporação do Poder e do Dinheiro, não só não está a avançar, determinado e lúcido, por esta via da Cultura, como até desistiu daquele pequeníssimo espaço que sempre lhe tem reservado, sob a batuta do Jornalista-Escritor-e-Poeta, Sérgio Almeida, condenado, também ele, à famigerada lei off, que lhe rouba um terço do salário e o deixa em risco de despedimento. Só porque a actual Direcção 'esquece' que a Cultura, mais ainda do que a Economia, é a pedra angular de uma sociedade humana que se preze. E jamais a confunde com o entretenimento, muito menos com o futebol das SADs, cujo vírus mata muito mais do que a Covid-19, já que faz crescer o Económico acumulado e concentrado e diminuir os seres humanos e os povos até à humilhante condição de galinhas de capoeiro e de consumidores compulsivos!

QUE GLOBALIZAÇÃO?

A DO DINHEIRO OU A DA CULTURA E DO CUIDADO?

Somos já terceiro milénio, mas só no dizer dos calendários e dos relógios que criamos para contabilizar e cronometrar o Tempo. Sem percebemos que os calendários e os relógios que criamos não são o Tempo. Se tivéssemos já saído da idade do dinheiro que é bem pior que a da pedra, seríamos suficientemente humildes para percebermos que Acontecemos no Tempo, irrepetíveis e únicos, mas somos já antes do Tempo. Por isso essencialmente Mistério. Antípodas dos robots.

As teorias e doutrinas pretensamente científicas que produzimos e exibimos em revistas da especialidade criadas pela nossa vaidade não passam disso mesmo, Teorias e doutrinas pretensamente científicas. Fazem-nos inchar de demencial orgulho, mas só até ao momento em que, inopinadamente, aparece um qualquer desconhecido vírus, também ele acontecido no Tempo, e de imediato vemo-nos a adoecer e a morrer aos milhares. Num gritante e fecundo desafio à Ciência e aos cientistas!

Fica assim a nu que só a Fragilidade, não o Poder, é a nossa matriz original. Somos os mais frágeis dos seres vivos. O que constitui uma mais-valia na dimensão da qualidade. Não na da quantidade. O Poder sempre nos foi, é e será estranho. E sempre que o seu sopro/espírito entra e se aloja nas nossas mentes converte-nos em mortos-que-matam tudo e todos. Em seu redor. E em toda a parte.

Para nosso mal e nossa vergonha, a globalização que criamos e fazemos questão de manter a ferro e fogo é a globalização do dinheiro, bem pior que a da idade da pedra. Criação da nossa demência gregária e piramidal, uma minoria no topo, todos os mais na base. Só porque nos fazem esquecer que Acontecemos no Tempo, únicos e irrepetíveis, mas somos já antes do Tempo. Cumpre-nos crescer no Tempo de dentro para fora, reiteradamente conectados uns aos outros ao modo dos vasos comunicantes Consciência. E ao modo das aves do céu e dos lírios do campo Consciência. Sem jamais sairmos da Horizontalidade. A única dimensão que diz com a nossa matriz original. A da verticalidade diz com a Idolatria-e-o-Poder que sempre conquista, domina, rouba, mata, destrói. Os Povos e a Terra. Só na horizontalidade somos e vivemos com qualidade e abundância.

Cumpre-nos regressar, já, à nossa matriz original, a da fragilidade. E à horizontalidade. As únicas que nos fazem progressivamente humanos e sororais-fraternos. Só na horizontalidade acabamos de vez com a Globalização do Dinheiro, que é bem pior que a da idade da pedra. E damos corpo à Globalização da Cultura e do Cuidado.

Está ainda para acontecer no Tempo a Globalização da Cultura e do Cuidado. A única que nos garante a todos os seres humanos e povos sem excepção vida de qualidade e abundância. A Covid-19 é toda ela portadora deste alerta. Escutemo-lo. Pratiquemo-lo.

Comecemos já a criar a Globalização da Cultura e do Cuidado em substituição da globalização do Religioso, do Económico, do Financeiro e do sócio-caritativo.Veremos então esta pandemia esvaziar-se como bolas de sabão. Esse mesmo sabão de que hoje tanto se fala e com o qual devemos lavar frequentemente as mãos. Só que para isso acontecer em toda a Terra, é preciso, primeiro, garantir água e sabão a todos os povos por igual. Água e sabão que, misturados nas nossas mãos, têm a capacidade de desfazer a gordura com que este Coronavírus se protege. E sem ela, ele simplesmente desaparece.

Haja Governos das nações e Humanidade com igrejas dentro ao modo do fermento e do sal, da luz e da sentinela que ousem dar toda a primazia à globalização da Cultura e do Cuidado. Governos e Humanidade ao modo de Jesus histórico e do seu Projecto político de sociedade. E nossos cantos e danças serão verdadeiramente exuberância de vida!

MAS ENTÃO ATÉ A SENHORA DE FÁTIMA TEM MEDO DA COVID-19?!

Azinheiras, ainda há muitas em Fátima e noutros pontos do país, como em 1917. Já não há, felizmente, tantas crianças aterrorizadas como aqueles dois irmãos, Jacinta, 7 anitos e Francisco, 8 anitos, mai-la prima deles, Lúcia, 10 anitos, rosto autoritário e mentirosa q.b. no dizer da própria mãe. E, é claro, sem crianças assim, também não há 'aparições de nossa senhora', como as de Fátima. Os donos das azinheiras podem, por isso, estar descansados que mais nenhuma nossa senhora vem do céu pousar nos ramos delas. De resto, e para azar dos clérigos, estes são agora tempos de potente luz eléctrica e canais tv, como a CMTV com os seus obsessivos e obscenos 'Alertas', o que jamais lhes permitirá amadorismos como o dos seus predecessores de Ourém, de vergonhosa memória. Com destaque para o cónego Formigão, o principal cérebro de toda aquela encenação, concebida com o propósito de restaurar a diocese de Leiria e acabar com República laica, implantada sete anos antes, concretamente, em 5 Outubro 1910.

Em tempos de pandemia e de confinamento nas nossas casas, como os que estamos a viver nestes apocalípticos tempos, é por demais patente que até a senhora de Fátima tem medo da Covid-19 e não vem do céu pousar em ramos de azinheiras nem em grutas como a de Lourdes, em França. Pelo que os milhares de 'peregrinos' 2020 ficaram assim impossibilitados de correr para aquele enormíssimo espaço de horrores e de sofrimento a céu aberto. Vejam que é o próprio bispo-cardeal de Leiria-Fátima que lhes pede para não saírem de suas casas! O que os meus Livros FÁTIMA NUNCA MAIS, Campo das Letras 1999 e FÁTIMA $. A, Seda Publicações 2015, e muitos outros não têm conseguido, a Covid-19 está felizmente a conseguir. Todo eu canto-danço interiormente. É a segunda vez em mais de cem anos que não há 'peregrinos' em Fátima no 13 de Maio. A primeira é logo em 1917, quando o teatrinho do cónego Formigão é supostamente encenado num dos campos dos pais de Lúcia, apenas com as três crianças actores, ou só com duas, já que Francisco que nem sequer gosta de ir à escola, garante não ter dado por nada.

Só por este espantoso 'milagre', tudo eu perdoo à Covid-19. Esta pandemia está a causar muitas vítimas, muito sofrimento nos países do mundo. Mas nada comparado com os milhões e milhões de vítimas de Fátima e da sua senhora de madeira saída das mãos de um artesão-santeiro da Trofa. Por sinal, uma imagem sem nada de feminino. De branco vestida da cabeça à ponta dos pés, mãos postas como os clérigos sempre querem as pessoas nos seus templos e santuários, e com um terço pendente delas. Sem quaisquer vestígios de seios que amamentem e de ventre que conceba novas vidas humanas. E que com o passar dos anos, até já teve de ser levada a um hospital de restauro, não acontecesse vir a desfazer-se em plena procissão de velas, numa daquelas terríficas noites de 12 para 13 de Maio a Outubro, agora com direito a directos nas tvs.

Manda a verdade que se diga que a 'senhora' garante peremptoriamente na primeira 'aparição' que todos os dias 13 até Outubro viria pousar nos ramos daquela mesma azinheira. E falta à sua palavra, porque em Agosto, já com muitos 'peregrinos' do país presentes, não há 'aparição'. Fica assim claro que, quando ela 'dita' o guião do teatrinho ao cónego Formigão não é capaz de prever que o governador do concelho pode estragar-lhe o 'milagre'. E, republicano que é e já sem escamas nos olhos da sua mente, decide mesmo estragar. Em Agosto, 13, passa por Fátima, conversa com o pároco, pede que chame as três crianças à residência e, depois de as ouvir, leva as 3 no carro para a sua casa em Ourém, onde elas brincam com os filhos dele e lá dormem. Sem os três 'actores', não há 'aparição'. Haviam de ver o pandemónio que foi, com os devotos possessos pelo fanatismo, um vírus bem pior do que o coronavírus. Até o pároco eles querem matar!...

Não é, porém, só deste pormenor que 'a senhora da azinheira' se esquece. Também se esquece de avisar que, pouco depois do teatrinho acabar, vem a pneumónica que, qual Covid-19, mata gente que se farta, inclusive, os dois irmãos actores do teatrinho. Uma crueldade sem nome, já que nem aos dois irmãos actores ela lhes vale. Francisco morre em 1919 e Jacinta em 1920. Esquece-se ainda que a Guerra Mundial então em curso, com milhares de soldados portugueses totalmente entregues à bicharada, só acabará com a assinatura do Armistício em 1920. Vai daí, o guião que ela 'dita' ao famigerado cónego Formigão, põe Lúcia a garantir a pés juntos no 13 de Outubro, 'A Guerra acaba hoje'. Nem sonham a trabalheira que o cónego teve para se desfazer deste 'Hoje'!...

Por isso escrevo-e-canto, sem que a mão e a voz me tremam, Mas ai de quem /crê nesta intriga /Jamais será /alguém na vida! E acrescento, Ai também da Igreja de Roma e das suas inúmeras dioceses e paróquias espalhadas pelo mundo, se, depois da pandemia Covid-19, voltam ao de sempre, desde Constantino, e ao seu Credo Niceia-Constantinopla. Melhor fora então que estes seus clérigos nunca tivessem nascido!

A maior traição da história da humanidade

PORQUE TEÓLOGOS E UNIVERSIDADES 'IGNORAM' O MEU LIVRO 50?!

Na sua simplicidade jornalística, mas bem fundamentada documentalmente, o meu Livro 50 vem pôr a nu a maior traição da história da Humanidade, cometida na pessoa de Jesus histórico, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria (Marcos 6, 3). Esta traição tem contado com o criminoso silêncio dos teólogos e das universidades do país e do mundo. Só que, quando eles e elas se calam, gritam as pedras. E as pedras, neste nosso Hoje, dão pelo nome, de Covid-19. Ao obrigar a fechar por tempo indeterminado os templos, os grandes santuários e basílicas - s. pedro em Roma e Fátima em Portugal incluídas - e a suspender os ritos de culto que há séculos clérigos, sacerdotes e pastores lá fazem e vendem, a pandemia veio mostrar que afinal a ideologia-teologia por que eles e elas se regem não passa, afinal, do pai de todos os males. Regressamos de vez a Jesus histórico, à sua Fé, ao seu Deus e ao seu Projecto político de sociedade, ou acabamos por matar a Mãe Natureza e com ela todos os seres humanos e povos!

Contra esta criminosa postura dos teólogos e das universidades, ergue-se o meu Livro 50, JESUS SEGUNDO OS 4 EVANGELHOS EM 5 VOLUMES, Seda Publicações 2019. Eu sei que os 4 Evangelhos são-nos mais que familiares, mas também sei que sempre os temos lido encriptados. Urge lê-los como no-los apresenta este meu Livro 50, para que, finalmente, Jesus histórico se perfile inteiro entre nós e connosco. Ao abri-los, logo vemos que cada um dos capítulos de cada um dos 5 volumes vem precedido de uns ´tópicos' que nos ajudam a desencriptá-los. Deixo aqui um exemplo muito concreto da desencriptação do 1º capítulo do II Volume do Evangelho de Lucas. É ler para crer.

«Neste seu II volume Lucas revela como é consumada a traição a Jesus e ao seu Projecto político. Em vez de prosseguido e praticado, Jesus é definitivamente posto fora da história pelo grupo que o trai e entrega aos sumos-sacerdotes de Jerusalém. Graças a essa traição, os ex-Doze podem movimentar-se à vontade, como os demais judeus, na mesma cidade que o mata crucificado, e frequentar o Templo, classificado por Jesus histórico como covil de ladrões. Até parece que Jesus Nazaré, o filho de Maria, nunca existiu.

O Prólogo realça que no primeiro volume testemunha Jesus histórico e aquelas suas práticas maiêuticas que lhe valem a morte como o maldito, segundo a Bíblia. Neste II Volume começa por dizer que o Sopro-Ruah dele ainda tenta, durante 40 dias (= uma geração) recuperar os que historicamente o traíram. Em vão. Depois de todo esse esforço suplementar, estes são postos a perguntar a Jesus se é agora que ele vai restaurar o reino de David, onde eles seriam os mais importantes. Sinal inequívoco de que continuam possessos desse sopro anti-Jesus, anti-humano, típico do Poder do judaísmo davídico e messiânico. Bem como de todos os demais sistemas de Poder.

E é assim, definitivamente vazios do Sopro de Jesus e possessos do sopro davídico e messiânico que eles se instalam na sala de cima do templo. Pedro, o negador-mor de Jesus, a quem este chega a chamar 'satanás', assume a liderança. Mas vê-se obrigado a ter de a repartir com Tiago, o chefe dos 'irmãos de Jesus-messias', herdeiros pela via do sangue do trono de David. No seu primeiro discurso, como chefe fundador não há o mínimo sinal de arrependimento e de auto-crítica. Dos Doze, só Judas é referido como traidor e substituído, mediante sorteio, por Matias, em detrimento de Barnabé, por sinal, muito mais próximo de Jesus histórico e do seu Projecto. Pedro é o chefe, por isso, institucionalmente bom. Já que todo o chefe é bom!

Com este seu malabarismo, consegue repor o número Doze, a fazer lembrar as 12 tribos de Israel. Base indispensável para o judeo-cristianismo que ele quer fundar se tornar realidade, à revelia de Jesus histórico. Ficam assim dois grupos fundadores do judeo-cristianismo. O número 120 é o que legitima a fundação, o equivalente a uma espécie de registo notarial dos nossos dias. E como se vê, entre os familiares de Jesus, seus opositores até à morte na cruz, figura também 'Maria, mãe de Jesus'. Aqui, sim, com nome próprio. E aos onze opositores de Jesus, cujos nomes são aqui referidos, acrescenta-se o de Matias, para o lugar de Judas Iscariotes. Este, pelo menos, pôs um ponto final na sua traição. Não assim os outros onze que a prosseguem, possessos que estão pelo sopro messiânico da casa-dinastia de David e da sua Bíblia, em nome da qual Jesus é crucificado, por isso, maldito. Lucas faz, neste seu segundo Volume, a mais clamorosa denúncia da consumação da traição levada a cabo pelo grupo dos Doze e pelo grupo dos familiares mais próximos de Jesus. Porém, o cristianismo católico e protestante faz deste Volume de denúncia, o da entronização e canonização dos seus traidores, a que vem a juntar-se, não muito depois, Saulo-Paulo de Tarso. Jesus histórico é o 'maldito' perante a Lei de Moisés; já os seus traidores são para o cristianismo católico S. Pedro, S. Tiago e S. Paulo!!!»

Macieira da Lixa, Out.º 1969-Julho1970

COMO SÃO A PÁSCOA, O MÊS DE MAIO E O S. ROQUE?!

Em tempos de quarentena, é bom e fecundo trazer a este nosso Hoje Covid-19, outros Hoje, quando a pandemia dá pelo nome de fascismo salazarista, com a Pide/DGS e a Guerra Colonial. Sou ordenado Presbítero, nesses terríficos tempos de presos políticos, que é uma outra forma de quarentena bem pior. Nos primeiros 5 anos, não sou pároco. O bispo D. Florentino de Andrade e Silva, Amnistrador Apostólico da diocese faz questão de me nomear Prof de Religião e Moral, pago pelo Estado e cuja aula é então obrigatória. Primeiro, no Alexandre Herculano e depois no D. Manuel II, um e outro só de rapazes.

Só depois de expulso de capelão militar na Guiné-Bissau e já com o rótulo de 'padre irrecuperável', é que sou nomeado pároco de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses. Com a Pide/DGS sempre à perna. E os sobrinhos da 'Fidalga' dona de metade dos campos da freguesia e da 'Casa da Igreja' onde ela própria reside, ao lado do pequeno adro do templo paroquial, do qual se acha dona e gestora. O que me vale é já então não saber por experiência o que é o Medo. E ao ver-me cercado de espias e de hipócritas, o Humor, irmão gémeo do Amor, cresce mais e mais dentro de mim e desarma-os a todos. Até os agentes da Pide/DGS ficam aos papéis comigo e nos frequentes interrogatórios a que sou submetido, acabo sempre por levar a melhor, porque só respondo às perguntas deles, quando me autorizam a ditar directamente para o escrivão - é então o tempo das máquinas-de-escrever - as minhas respostas. De modo que eles saem sempre a perder.

Exonerado depois de 14 meses, sou de novo nomeado pároco. Desta vez, para Macieira da Lixa e por D. António, recém-regressado do exílio 'dourado' de 10 anos. E se em Paredes de Viadores, dou à luz o Boletim paroquial 'SEMENTE VIVA', em Macieira da Lixa, dou à luz o Boletim paroquial 'ENCONTRO'. Cujas primeiras Edições vêm depois a integrar o Processo levantado contra mim pela Pide/DGS, que tem como ponto de partida, a denúncia do então Presidente da Junta, Júlio de Sousa Lemos, cujo 'prato forte' é um aerograma que então envio em resposta a um jovem de Macieira a participar activamente na Guerra Colonial em África. Pede-me que reze uma missa para que venha são e salvo da Guerra. Sem ainda nos conhecermos, ao responder-lhe, advirto-o, 'Estás em África. Não penses que estás a defender a pátria. Isso é mentira. Se eu fosse militar, recusava-me a fazer essa Guerra. Tu, porém, farás o que a tua consciência te disser.' O jovem envia o meu aerograma para sua mãe que, por sua vez, o entrega ao Presidente. E nessa mesma semana sou preso pela Pide/DGS e levado para Caxias.

Na primeira páscoa que vivo em Macieira, logo em 1970, um dos Textos que escrevo no ENCONTRO, entregue em mão em cada casa, aponta já para o fim do 'Compasso'. Mas, quando me dou conta de que as populações ainda não estão suficientemente esclarecidas para esse passo qualitativo em frente, aceito sar com o 'Compasso', mas, antes, deixo claro que não há foguetes, não comemos nem bebemos nada nas casas, tão pouco há 'folar' para o pároco. E é o bom e o bonito, comigo a brincar pelos caminhos da aldeia como um pároco menino. A modos de uma pedagógica paródia pastoral. E em 1971, já não há 'Compasso'. O que constitui um sadio escândalo em toda a diocese!!!

Chega, logo depois da páscoa, o mês de Maio de 70 com a tradicional novena e a reza diária do terço na igreja paroquial. Aceito a custo a tradição, mas converto a novena em 31 dias de Evangelização. Em vez do terço completo, reza-se apenas, devagar, 1 Pai Nosso e 10 Avé-Marias. Dou-me entretanto ao trabalho de escrever cada dia o Texto que hei-de dizer como meditação na novena,ao final de cada tarde. Disponho, no final do mês, de 31 Textos. Nasce assim o Livro, 'MARIA DE NAZARÉ-Um Pequeno Povo de Pobres Reconhece-a Como a Companheira Ideal no Esforço a Fazer Para a Libertação de Todos'. O Livro, com chancela 'Afrontamento', é de imediato apreendido e proibido pela Pide/DGS e é mais uma peça do Processo levantado depois contra mim.

Venho a saber, após sair da minha primeira prisão política, que o Livro vendeu clandestinamente milhares e milhares de exemplares. Alegro-me e fico surpreendido com o que a Afrontamento me entrega em dinheiro de Direitos de Autor. Converto todo esse dinheiro numa doação à Fábrica da igreja, para ela adquirir um campo e erguer nele um Jardim Infantil, mas com animação cultural. Só que, na semana em que vão iníciar-se as obras, sou preso segunda vez pela Pide/DGS e o Bispo tira-me de pároco. E ainda hoje o campo lá está, mas a fazer de arraial para a festa de S. Roque. Cuja, enquanto sou o pároco, nunca chega a realizar-se. Pois nos damos conta, a Comissão e eu, de que afinal, a haver festa, ela deveria ser ao cão de S. Roque, porque, segundo os pregadores que antes vinham cá fazer o sermão, o santo é ele, porque cuida do Roque e o alimenta!!!

Edição 157, Abril 2020

Macieira da Lixa

PORQUE ESCOLHI ESTA ALDEIA PARA VIVER?

Conheço esta aldeia, desde Outubro 1969. Quando o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, me nomeia 'Pároco de Macieira da Lixa e Zona Pastoral da Lixa'. A realidade vem depressa mostrar que pároco sou, mas por muito pouco tempo, e que a Zona Pastoral da Lixa nunca chegará a sair do papel. Era um bonito objectivo pastoral do Bispo, mas os clérigos párocos recusaram-no quase em bloco. Querem-se no seu campanário, como na sua quinta, tiranetes das populações, quase todos. Como na altura sou com 32 anos de idade e 6 anos e alguns meses de Presbítero ordenado, e o único com uma Carta de nomeação a dizer, preto-no-branco, 'e Zona Pastoral da Lixa', todos os da Vigaria da zona entendem que venho para mandar deles. E, logo no primeiro encontro com eles, oiço do Vigário, 'Olhe que vamos botá-lo abaixo do cavalo'. E é o que demencialmente fazem.

Chego à paróquia numa 6.ª feira sem ninguém para me acolher. E quando, no domingo me apresento às pessoas que, a medo, entram no templo paroquial para Eucaristia, nem o Vigário se me junta, como era expectável. Dou-me conta que o olhar das pessoas é de medo, como se eu fosse um lobo que vem para as comer. Desconheço de todo, nessa alrura, as calúnias e as mentiras mais absurdas que os párocos vizinhos lhes haviam dito a meu respeito. E, como um menino, começo por lhes dizer quem sou e ao que venho. Quando me ouvem dizer, Sou filho de Ti Maria do Grilo, jornaleira, e de Ti David, ex-operário da construção civil em Moçambique; e, logo acrescento, Quero ser o vosso companheiro de todas as horas; não quero o vosso dinheiro, quero-vos a vós como companheiras, companheiros meus; e sublinho, A casa paroquial é mais vossa do que minha e podeis, por isso, frequentá-la à vontade. Só nessa altura as pessoas respiram fundo e a alegria brilha-lhes logo nos olhos. Os dias e semanas que se seguem confirmam a verdade das minhas primeiras palavras, pois vêem-me andar de casa em casa e nos campos com eles, inclusive, a dar-lhes a minha ajuda.

A Eucaristia, cada domingo, é centrada na partilha do Pão outro que é o Evangelho, como a Boa Notícia de Deus que nunca ninguém viu e historicamente se nos faz próximo em Jesus, o filho de Maria, uma mulher de Nazaré, camponesa, tal como muitas, muitos dos que me escutais. E pelas reacções que me chegam, venho progressivamente a concluir que, afinal, as pessoas nunca ouviram falar de Jesus, nem de Maria sua mãe, nem do Evangelho como eu o vivo com elas, cada dia e lhes anuncio cada domingo. O espanto é total e as reacções a favor e contra mais do que muitas. Experimento-me então, sem querer, como um vivo Sinal de Contradição nesta aldeia e nas aldeias circunvizinhas que veio pôr a nu os pensamentos escondidos no coração de muitas, muitos. E 9 meses depois de praticar-anunciar o Evangelho de Jesus aplicado às condições sócio-políticas do país, sou preso pela Pide/DGS em Caxias. O único pároco católico preso político em 48 anos de salazarismo, por ousar praticar-anunciar o Evangelho de Jesus!

Uns 7 meses depois, saio absolvido pelo Tribunal Plenário do Porto. O que deixa o bispo D. António eufórico - uma postura muito rara nele - e logo convidado seu, via Advogado Dr. José da Silva, para um jantar de festa, com mais pessoas, na sala de banquetes do Paço Episcopal, onde o oiço dizer, num brinde final, '20 séculos depois, o Evangelho voltou de novo ao Pretório e, desta vez, saiu absolvido'. Porém, como depois de um'exílio' de 4 meses em Madrid, imposto por ele, me vê recusar a sua tentadora proposta duma carreira eclesiástica e preferir regressar à Paróquia, vejo-me, logo no ano a seguir, privado da renovação da respectiva Carta. Matenho-me ainda pároco, mas na anómala condição de 'pároco com jurisdição permissiva, portanto, precária'. Até que 1 ano e 3 meses depois, em 21 de Março 1973, volto a ser preso pela Pide/DGS em Caxias e, nesse mesmo dia, fico sem a paróquia. E, de então até hoje, também sem qualquer outro ofício canónico. Por isso, apenas e só Presbítero, exactamente como no meu primeiro mês, pós-ordenação.

Em 2004 e já com o processo da reforma de jornalista em curso - o Presbítero nunca se reforma, é para sempre - decido, para surpresa de muitos, regressar a Macieira, onde, desde então, vivo numa casinha arrendada e sozinho por opção. E porquê? Porque além do clima super-saudável, Macieira é para mim o 'Lugar Teológico' onde Deus, o de Jesus, desde o início da década de setenta, se nos dá a conhecer. Aqui vivo à escuta do seu Sopro e prossigo, incansável, a missão de Evangelizar os pobres e os povos, agora também via internet, Jornal Fraternizar online, redes sociais, Youtube e livros sucessivamente editados. Para lá de inúmeros encontros ao vivo um pouco por todo o país. Uma missão com tudo de martirial,que visa destruir o Templo e o Império que crrucificam Jesus histórico em Abril do ano 30 e que demencialmente insistem em manter na cruz os povos da Terra. Antes de implodirem de vez num Hoje cada vez mais próximo!

Creches-infantários-Lares e templos

MANTÊ-LOS OU ENCERRÁ-LOS DE VEZ?

Com a pandemia Covid-19, veio o Estado de Emergência no país e em muitos outros países da Europa e do mundo. E tudo o que é estabelecimentos fechados com actividades para muitas pessoas teve de encerrar por tempo indeterminado, Barracão de Cultura incluído. À excepção dos hospitais, farmácias e estabelecimentos de venda de bens alimentares. E mesmo estes, com regras muito apertadas de atendimento e horários reduzidos. Até os templos e respectivos cultos estão agora fechados, tal como escolas, creches e infantários. Restam incompreensivelmente abertos os lares ditos de idosos, quando as pessoas que os enchem são as mais vulneráveis ao vírus. E só agora, tarde e a más horas, começam lentamente a fechar.

No mundo da globalização do Poder financeiro, a demencial busca do Ter atira para as bocarras do esgoto devorador do Humano a sábia busca do Ser. Quantas, quantos lhe resistem e mantêm-se fiéis à primazia do Ser sobre o Ter, são olhados como idiotas e uma espécie rara em vias de extinção. Quem não é eficaz na busca do Ter acumulado e concentrado nas mãos dos donos e administradores das multinacionais e outras grandes empresas, deixa de ter qualquer valia. Valem apenas os que integram os exércitos de trabalho por conta de outrém, segundo horários e mecanismos estritamente eficientes, para que, no final de cada ano, os lucros atinjam o patamar dos muitos milhões. Até as mães e os pais são impedidos de cuidar dos seus filhos, elas e eles, e dos seus pais e avós reformados fragilizados e acamados. Em vez de verem e acompanharem os seus filhos a crescer em idade, estatura, sabedoria e graça, nas suas próprias casas e na companhia dos filhos dos demais vizinhos, têm obrigatoriamente de os deixar, de manhã cedo até à noite, em creches-infantários e ATLs (actividades de tempos livres); enquanto os seus pais e avós reformados fragilizados ou acamados têm de deixar as casas deles e passar o resto dos seus dias em 'lares de idosos', quase todos propriedade de Centros Paroquiais e Sociais, IPSSs e Misericórdias.

O Lucro acumula-se de ano para ano nas mãos de minorias, peritas na sofisticada arte de roubar, matar e destruir o Ser, fonte da Vida na sua máxima diversidade, o mesmo é dizer, a alma dos nascidos de mulher e da mãe Natureza. Ao mesmo tempo que nasce e cresce, de uma forma cada vez mais assustadora e incontrolável, inclusive, para o seu criador, o Mercado das Bolsas. Tanto que os Governos e outros órgãos de soberania dos Estados das nações estão hoje descaradamente ao serviço do Poder financeiro. Mesmo quando se reclamam de Estados democráticos. Pelo que deixa de ter qualquer sentido falar em Partidos de Esquerda ou de Direita. O bolo é todo do Poder financeiro e seus Bancos. E para os povos, restam apenas as migalhas que caem das suas lautas mesas.

Quando, um dia, nos virmos livres destes tempos de quarentena nas nossas próprias casas, impostos pela Covid-19, a grande questão que se colocará é, Voltam a abrir as creches-infantarios-lares e templos, ou, pelo contrário, decapitamos o sopro-vírus do Poder financeiro global que o criou, e mantemo-los fechados para sempre, ou reciclados para outros fins que nos façam crescer na sábia busca do Ser e não mais na demencial busca do Ter?!

Cabe aos sobreviventes desta pandemia a resposta. E esta tem de passar obrigatoriamente por dar toda a prioridade ao Ser, não ao Ter. Em concreto, pela organização da sociedade, a partir dos recém-nascidos de mulheres-mães e de homens-pais, aos quais devem ser garantidos meios económicos para cuidarem autonomamente dos seus filhos e dos seus pais ou avós reformados fragilizados e acamados. Nas casas que os próprios construíram, ou adquiriram com o suor do seu rosto. E até os templos deixam de fazer qualquer sentido, uma vez que, Igreja-a-valer, acontece apenas quando dois ou três vivem reunidos em nome de Jesus. Sem quaisquer intermediários, clérigos, pastores ou anciãos.

P. S. Como já é habitual, JF suspende a edição para férias. Contamos regressar à vossa companhia, sexta-feira 24.

Edição 156, Março 2020

Consagração da Diocese do Porto à Virgem Maria

A QUÊ OU QUEM SE DIRIGE D. MANUEL LINDA?

Quando, finalmente, a pandemia Covid-19 tiver passado, o bispo do Porto, ex-Bispo das Forças Armadas e de Segurança, e os seus três bispos auxiliares podem muito bem vir a terreiro gloriar-se de terem contribuído decisivamente para isso, porque ainda ela não havia atingido o pico de pessoas infectadas e mortas, e já ele e eles tiveram a luminosa ideia de consagrarem a Diocese à Virgem Maria. A consagração aconteceu, com a pompa episcopal do costume, não na catedral fechada a turistas e a devotos, sim na capela do Paço Episcopal onde eles residem, e perante uma antiga imagem solitária pousada numa base típica dos museus ditos de arte sacra, no caso, a capela-museu do Paço episcopal. Coisa mais sem jeito, porque nos remete para a Idade Média, quando somos séc. XXI.

O acto foi transmitido em directo, via internet, para a diocese, e lá pudemos ver (eu, presbítero-jornalista, também fiz questão de ver) o bispo do Porto equipado com a pomposa capa dos grandes momentos litúrgicos, postado de joelhos diante duma imagem em forma de estranho corpo de mulher assexuada– ele um gigante a fazer lembrar uma jibóia, ela um passarinho prestes a ser engolido - assessorado pelos seus três bispos auxiliares, de pé e cada qual com a fórmula da 'consagração' nas suas mãos, de modo que os quatro a pudessem recitar ao mesmo tempo, a quatro vozes, por sinal, bem diferenciadas, a revelar pouco ensaio antes da apresentação da peça ao público. Que estas coisas litúrgicas e clericais são mesmo assim, a negação da Arte e da Criatividade, mera execução do que dizem os textos litúrgicos, efeitos reais, nenhuns. Por mais que os livros deles garantam que aquelas rituais palavras produzem o que dizem.Não produzem!

'Santíssima Virgem Maria, Senhora da Assunção, Senhora da Conceição, Senhora de Fátima! Senhora de todos os nomes bonitos, Senhora do nome mais bonito: Mãe de Deus e nossa Mãe!'. É esta a invocação de abertura, uma salgalhada de títulos míticos, qual deles o mais absurdo, nenhum nome de mulher histórica. Num tempo de grande aflição como este, o Bispo D. Manuel Linda e os seus três bispos auxiliares agarram-se a nomes míticos, porque os dos seres humanos estão todos, ou de quarentena nas suas casas, impotentes perante a pandemia que o sopro do Poder fez acontecer neste início da terceira dezena do terceiro milénio, ou no terreno a dar tudo por tudo para valer às pessoas infectadas. Não estão, como eles, no bem-bom dos palácios episcopais.

'Como sabes - prossegue o longo blá-blá episcopal a quatro vozes - estamos todos a passar mal. Não estamos zangados com o Teu Filho, Que não é castigador. Mas, nós, às vezes, Não respeitamos este belo jardim que Ele nos deu (Gn 2, 8) E fizemos dele um matagal; E, em vez de flores, Saíram-nos espinhos. E agora é isto… Estamos todos a passar mal E, alguns, mesmo muito mal.' O bispo sabe do que se passa, mas é como se não soubesse. A sua especialidade é religiosa e ritual, o mesmo é dizer, é lidar com mitos e encenações para espectador ver. Uma especialidade que no tempo da Ciência e da Fé-Teologia de Jesus histórico, materializa um desastre em toda a linha.

O problema é que todos estes clérigos não sabem a quê ou quem se dirigem, sempre que presidem a este tipo de coisas, já que as imagens são meros objectos, não pessoas. Pelo que tudo o que fazem-dizem só contribui para alienar a vida das pessoas. E quando o que eles fazem, extra rituais, parece ter alguma valia, vai-se a ver e não vai além da humilhante caridadezinha. Mesmo assim, acham-se indispensáveis, quando são dos mais estéreis entre os nascidos de mulher, a partir do momento em que se tornaram filhos do Poder. É que tal como o deste, também o sopro deles mata, porque dão o peixe, em vez de despertarem nas pessoas a determinação e o gosto de aprenderem a pescar. O que sempre faz Jesus histórico, por isso, crucificado na cruz do império de Roma, a exigência dos sumos-sacerdotes, dos quais os bispos são hoje os sucessores! Uma vergonha!

Ainda a Covid-19

COMO VAI SER A VIDA, QUANDO A PANDEMIA ACABAR?

Ao contrário do que aconteceu com as anteriores pandemias, com a do Covid-19, a vida humana sobre a Terra nunca mais voltará a ser o que era antes. Ainda a procissão da pandemia não saiu do adro e já podemos dar isto por garantido. O facto de termos todas, todos consciência da sua dimensão global é uma experiência colectiva que nunca antes houvéramos tido e que obrigatoriamente nos vai deixar para sempre diferentes do que éramos antes dela acontecer. Cabe a cada uma, cada um de nós a responsabilidade ética da Covid-19 nos deixar a todas, todos bem melhores, entenda-se, bem mais humanos, sororais, religados e a cuidarmos ainda mais de nós, de cada uma, cada um dos outros, da Vida em toda a sua diversidade e do planeta.

Antes desta pandemia Covid-19, vivíamos como ilhas e ocupados com tantas coisas, nenhuma delas essencial para um bom-viver. Tudo era sem qualquer valia, mas era essa sem-valia que nos enchia as 24 horas de cada dia. Nenhum dos institucionais estava focado no Essencial. Muito menos nos estimulava a vivermos focados no Essencial. Nem mesmo aqueles institucionais que, durante séculos, se haviam feito passar como valores estruturais e traves-mestras duma sociedade que se dizia civilizada, concretamente, deus-pátria-e-família, e, depois da Revolução francesa, Liberdade-Igualdade-e-Fraternidade, e, nestes tempos mais recentes, Dinheiro-Ciência-e-Poder armado nuclear. De repente, pudemos ver que todos esses valores eram exactamente a negação do que orgulhosamente diziam ser. Todas, todos pudemos ver que, afinal, o rei ia nu e nos deixava nus a todas, todos, ainda que cheios de tudo, como um grande mercado, em que até as comidas são de encher o olho, mas têm o perverso condão de deixar as almas mais pequenas a quem as come.

Inopinadamente, acontece a pandemia Covid-19 e somos forçados a tomar consciência de que estamos todas, todos nus num planeta que nunca foi nossa casa comum, antes uma nave de loucos progressivamente povoada de seres estranhos, cheios de coisas, mas confrangedoramente vazios do Essencial. Poderíamos gritar por socorro, que não havia ninguém que nos valesse. E, quando porventura aparecia alguém ou algum institucional que vinha para nos valer, o que efectivamente vinha fazer era comer-nos ainda mais. Estávamos no limite e já sobre a vigésima quinta hora. Até que acontece a pandemia Covid-19 e pudemos ver que estávamos todos nus e sós. Pior, estávamos a ser comidos por todos os lados, inclusive, por Aquilo que tínhamos como mais sagrado.

A quarentena implantou-se e, finalmente, sozinhos em casa, com o tempo todo para nós, eis que desperta e cresce progressivamente, de dentro para fora de nós a consciência de que, afinal, todos somos, desde o útero materno, seres habitados. E que só mesmo nesta condição de seres habitados somos progressivamente humanos e religados. O que começámos por ver como mal - a pandemia Covid-19 – é afinal o bem maior que nos vem arrancar a cegueira e a surdez em que, nestes milénios, fomos forçados a viver.

Vivemos agora nos começos duma nova era, a do ser humano pleno e integral que só o é, se religado aos demais, nunca sozinho, muito menos contra os demais. Tanto assim que, depois de tudo passar, iremos descobrir um novo normal, bem mais humano e sororal, bem mais suadável e politicamente maiêutico. Bendiremos a Covid-19 que, mesmo sobre a vigésima quinta hora nos impediu de cairmos no abismo, de onde já não haveria regresso.

Hoje vemos que o Sopro da Vida é mesmo assim. De tão fecundo que é, até do Mal é capaz de tirar o Bem. E que bem maior poderemos receber de graça do que ter-nos feito passar de um viver histórico cheio de banalidades e estúpidas competições a um viver histórico organizado ao modo dos vasos comunicantes, com a Cultura maiêutica e a Política praticada como o Pão de cada dia?!

À luz da pandemia Covid-19

QUAL O VÍRUS QUE MAIS MATA?

Está aí cada vez mais à vista que o Covid-19, já declarado Pandemia pela OMS, é para ser tomado muito a sério. Sem nunca entrarmos em pânico. O pânico, ao contrário da seriedade, deixa-nos sem quaisquer defesas, precisamente quando elas mais necessárias são. A seriedade exige-nos o pleno da concentração e da atenção aos Sinais. O Covid-19 é para ser tomado muito a sério, porque pode vir a deixar desertas as grandes e as pequenas cidades, mai-las empresas, das multinacionais às familiares.

Na Idade Média, em momentos como o do Covid-19, o normal era correr a encher os templos das religiões e dos clérigos a pedir a deus que nos livrasse 'da fome da peste e da guerra'. O que daí resultava era a pandemia e os coveiros não tinham mãos a medir. Porque deus, o das religiões e dos clérigos, é uma invenção dos medos dos povos que reiteradamente desistem de o ser, para se entregarem e aos seus destinos nas mãos dos pastores e clérigos, quando o imperativo ético é, Assumam-se, contra ventos e marés, e assumam os vossos destinos e os destinos do Planeta, como se Deus que nunca ninguém viu - o de Jesus - não existisse!

Desta dimensão profunda do Humano, deus, os das religiões, juntamente com os seus clérigos e pastores, são menos do que um zero à esquerda da unidade. Se bem que, para mal da Humanidade, seja este o deus que os povos teimam em cultuar, para cúmulo, quase sempre de modo fanático. O que os tem levado a um viver histórico vale-de-lágrimas, sempre de joelhos, de dores e de horrores, quer ao nível de cada ser humano em concreto, quer colectivamente. Cercados de cruzes por todos os lados e de outros instrumentos de auto-tortura, como flagelações e um nunca mais acabar de deveres, vida fora. Porque o deus das religiões, dos clérigos e pastores é um deus insaciável, como insaciáveis são os seus clérigos e pastores, mascarados de intermediários entre ele e os povos.

Tudo isto constitui, objectivamente, um hediondo crime sócio-político e um pecado sem perdão. Mas como se trata de deus e dos seus clérigos e pastores, os Estados das nações não só não se intrometem, como até apoiam e tratam com a máxima reverência, tanto os locais de culto como os clérigos e os pastores. Mesmo os Estados constitucionalmente laicos, como o português, comportam-se perante esta realidade, como se o não fossem, ao ponto de concederem isenções fiscais aos locais de culto e de caridadezinha que clérigos e pastores edificam e exploram com chorudos lucros. Ao mesmo tempo que são mão pesada para os locais onde se promove a Cultura, nomeadamente, aquela que 'puxa' pela mente-consciência das pessoas e populações para que umas e outras se desenvolvam de dentro para fora e assumam os seus destinos nas mãos. Uma mudança difícil de realizar, porque as minorias mais ilustradas são também as mais seduzidas, não pelo deus das religiões e dos clérigos e pastores, mas pelo deus Dinheiro, o único que não conhece ateus, só adoradores.

Metidos no coração desta nossa actualidade nacional, europeia e cada vez mais global, dominada hoje pelo Covid-19, ergue-se, irreprimível, a Pergunta, Qual o vírus que mais mata? Não falta quem, por estes dias, insista em lembrar o horror do número de vítimas da fome, como se esta não fosse cientificamente produzida pelo Sistema de Poder e todos os seus Estados. De tão cegos ilustrados que são, nem vêem que o pai de todos os vírus, também do Covid-19, é o Poder, nos três poderes em que ele historicamente subsiste. Este é indubitavelmente o vírus-que-mais-mata. A inequívoca prova de que a realidade é mesmo essa é que são poucos, muito poucos os que ousamos viver no Sistema de Poder, sem nunca sermos dele. Por mais que ele se dane e nos seduza, ou nos reduza à insignificância. Todos os seus agentes históricos de turno têm-se por muito ilustrados e bem falantes, mas são guias cegos que arrastam os povos para o abismo! Uma coisa eles ignoram - é que a última e definitiva palavra na História é exclusiva de todas as suas vítimas!!!

A estranha morte de um pároco de Leiria-Fátima

CARDEAL LAMENTA ARQUIVAMENTO, OU CONGRATULA-SE?!

Chega a ser inacreditável, pelo menos para mim, que a Polícia Judiciária se tenha permitido deixar cair por mãos alheias os créditos que a dizem altamente competente e logo num caso simples de deslindar, como é o da investigação à morte na praia das Valeiras, Marinha Grande, do pároco Pe. Marco Brites, 38 anos, da Diocese Leiria-Fátima. E tenha concluído, depois de meses de investigação, pelo seu arquivamento, por falta de provas. Uma decisão que logo mereceu uma Nota informativa pública do cardeal António Marto a lamentar-se e a chorar lágrimas de crocodilo por não se ter chegado à descoberta da verdade. Lamenta Sua Eminência o arquivamento, ou congratula-se?!

É público e notório que a PJ está apetrechada de toda a tecnologia mais sofisticada para deslindar casos muito mais complicados e tem-no conseguido com sucesso. E não é capaz de deslindar um caso tão gritantemente fácil como este? Então aparece um cadáver na praia, sem ter estado desaparecido dias e noites no mar. Está ali à vista de alguém que por ali passe, acontecimento raro, nos dias em que a praia, vestida de frio, é deserta de gente viva. Avistado casualmente por um pescador desportivo, a Polícia é chamada e logo se depara com um cadáver vestido, tal como terá saído, nesse mesmo dia, de sua residência. Conclui, logo ali, que só pode ser o cadáver de um clérigo católico, pároco de profissão, da Empresa-Diocese de Leiria-Fátima, a tal que em 1930 reconhece como dignas de fé as 'aparições' encenadas, entre maio e outubro de 1917, pelo Cónego Fomigão, hoje a caminho dos altares, graças ao milagre de ter transfomado o tosco teatrinho num poço de dinheiro e de objectos de ouro, sugados às populações mais sofridas e deprimidas do país e do mundo. Coisa muito pouca, por sinal, se comparado com o obtido através da lavagem de dinheiro sujo que a PJ nunca quis investigar, porque nunca se sabe do que são capazes a mítica senhora de fátima e o seu alto clero católico do país e do Vaticano.

Se ela e ele juntos foram capazes de derrubar a República de 1910 e implantar, em seu lugar, em Maio de 1926 o que veio a ser o Estado Novo de Salazar, com os seus 48 anos de fascismo e 13 de Guerra Colonial, o que não farão uma e outro juntos à PJ, se esta, neste caso, se descuidasse e viesse a concluir que o clérigo pároco, tido em alta estima por sua Eminência o Cardeal António Marto, se suicidou - coisa pouco provável, uma vez que o cadáver estava vestido e com todos os objectos pessoais nos respectivos bolsos - ou, hipótese mais provável, foi assassinado em consequência do seu envolvimento em cenas de sexo com mulheres, para cúmulo, algumas delas videogravadas por ele no seu próprio computador. E todas bastante comprometoras para ele e para as envolvidas.

O meu espanto maior vai para a decisão da PJ no final da investigação de destruir aquelas gravações, como é uso e costume fazer, mas em casos de carregamentos de droga e de armas apreendidas, quando as gravações seriam sempre úteis para potenciais reaberturas do processo, possíveis até 2033. Chega por isso a bradar às ondas e às areias da praria das Valeiras esta decisão da PJ, que, deste modo, pôde devolver à Diocese o computador do seu clérigo pároco mais do que limpo. Como limpa era para o cardeal a vida deste seu clérigo pároco, no dizer da referrida Nota informativa.

Espantem-se comigo. Porque se, neste caso, é muito fácil afastar a hipótese de suicídio, não assim a de homicídio. Nem seria tão difícil assim investigar potenciais suspeitos, até porque, pelo menos, um dos casos tinha a ver com uma mulher casada. Porém, o mais gritante do arquivamento é que o pároco em questão está morto e não pode explicar-se perante os pais e os paroquianos, lrgitimamente indignados com a PJ e com o cardeal que continua a chorar lágrimas de crocodilo. E a cultuar a sua mítica galinha de ovos de ouro, numa basílica que custou 80 milhões de euro, pagos a pronto. É preciso ter lata!

Edição 155, Fevereiro 2020

A grande revelação do Covid-19

O PODER VAI NU E NEM ASSIM MUDAMOS DE RUMO!!!

A avaliar pelos sinais, o Covid-19, com origem na China, ainda mal acaba de entrar em acção. E, como todos os vírus com poder de dizimar populações inteiras e converter grandes cidades em grandes desertos, também este não lhes fica nada atrás. Vem assim juntar-se a todas as guerras que os Estados desencadeiam e alimentam, geração após geração, numa manifestação de generalizada e crassa demência. A Síria que o diga. Pelo que os povos das nações bem podem continuar a gemer e a chorar, mas não há nenhum Poder nem nenhum deus das religiões e igrejas cristãs que lhes valha. E como podem valer-lhes, se o Poder e o deus das religiões e igrejas são de sua natureza assassinos e ladrões, por mais democráticos ou santos que se digam? Tanto progresso e tanto desenvolvimento tecnológico e não há maneira de descolarmos da idade da pedra.

Enquanto teimamos em ver nos outros-como-nós, estranhos e inimigos, em lugar de irmãos-a-acolher-amar-cuidar, todo o desenvolvimento tecnológico e científico de que hoje dispomos serve apenas para nos manter ainda mais aprisionados na idade da pedra. É muito mais ilustrada do que a primitiva, mas por isso mesmo muito mais demente e destrutiva. Um passo mais na busca do Ter em detrimento do Ser, e é o inferno nuclear.

As medidas que todos os Estados começam febrilmente a adoptar não passam de rudimentares defesas das populações, postas de quarentena, nas suas próprias casas, convertidas, assim, em outras tantas prisões. E em estado de pânico permanente. E porque parar em casa é morrer, pode muito bem acontecer que as casas passem de prisões a cemitérios, onde os cadáveres se amontam e então estão devolta os flagelos das pestes da idade-media. Com uma capacidade de matar absolutamente incontrolável.

O grande Capital e seus cérebros vêem, impotentes, as Bolsas a afundar-se e os seus lucros a desaparecer como areia por entre os dedos. Os dias que se avizinham são de choro e de raiva. Mas estéreis. Porque não quisemos nem queremos ouvir as sábias vozes que nos advertiam, advertem, nem atentamos nos sinais cada vez mais reveladores de que é imperioso e urgente de mudarmos de rumo, como, no tempo do fascismo, oportunamente canta o nosso querido companheiro José Afonso às formigas a que então estávamos reduzidos, Mudem de rumo, Mudem de rumo! Ainda derrubamos o fascismo, mas não decapitamos o Capital, antes de mais, nas nossas próprias mentes.

Aqui nos trouxeram os três mil anos de judaísmo-cristianismo-islamismo e o seu deus todo-poderoso. E aqui estamos. Num planeta à deriva. Para cúmulo, ainda sem disponibilidade interior para nascermos de novo, do Sopro da Vida, antípoda do sopro do Poder. Somos Cosmos-conscência, não para o dominarmos e expolorarmos, como demencialmente temos feito. Sim, para cuidarmos dele, de nós próprios, uns dos outros. Não faltaram vozes, ao longo das sucessivas gerações, que nos alertaram. Ignoramo-las e ostracizamo-las como vozes de 'loucos'. Só porque o Poder e o deus todo-poderoso das religiões e dos clérigos, mais os livros sagrados que eles próprios redigiram e diufundiram como 'palavra de salvação', sempre são muito mais sedutores. E porque fomos por eles, eis-nos agora, reféns duma descriação geradora de vírus cada vez mais mortais.

Há ainda antídotos suficientemente eficazes para neutralizarmos este Covid-19? Sempre há, mas à custa de muitas vidas e angústias. Mais do que isso, fica aí bem vivo o alerta: Não há poder nenhum nem nenhum deus fora de nós que nos valham. E como podem valer-nos se são eles os produtores de todos os vírus que nos matam? Imperioso é mudarmos de Ser e de Deus. E permanecermos fiéis, vida fora, à nossa matriz original de nascidos de mulher, por isso, religados uns aos outros como outras tantas fragilidades, a cuidarmos ininterruptamente de nós, uns dos outros e da Terra, o nosso útero comum.

O que nos revela o 'Caso Marega'

RACISMO OU A NEGAÇÃO DO DESPORTO COMO ARTE?!

Aconteceu no passado fim de semana, em Guimarães, no Estádio D. Afonso Henriques. Num jogo da Primeira Liga entre o VSC de Guimarães, de Júlio Mendes, treinado por Ivo Vieira, e o FCP, de Pinto da Costa, mais que vitalício no cargo, treinado por Sérgio Conceição. Depois de tantos escândalos já divulgados e muitos outros, ainda por divulgar pelo Futebol Leaks, inevitáveis todos neste tipo de Futebol dos milhões, qual é, a meu ver, a pior revelação que o 'Caso Marega' nos faz - um caso de Racismo, ou a negação pura e simples do Desporto, como actividade saudável ao ar livre e com todos os ingredientes para desfrutarmos uns com os outros, sem necessidade de recorrermos a qualquer tipo de policiamento nos respectivos locais?

Podem acusar-me de sonhador e utópico. Mas, então, deixemos de falar de Desporto, sempre que nos referimos ao futebol de milhões, implantado hoje tanto no Ocidente como no Oriente. Fazê-lo, é agredir o desporto como tal e os seus praticantes. O 'caso Marega' é uma acha mais, na fogueira que alimenta jornais desportivos - só em Portugal, pequeno país à beira-mar plantado, há três diários, sete dias por semana!!! E há as tvs privadas e as das SADs, entenda-se, Sociedades Anónimas Desportivas em que se transformaram os clubes. E há comentadores televisivos a granel que enchem horas, noites e dias de cada semana, durante todo o ano, a esmiuçar tudo ao pormenor e sempre com grandes audiências. E há jodadores e treinadores que se compram e se vendem por somas astronómicas e obscenas, onde o Senhor Dinheiro dita as regras e corrompe tudo e todos, sem quaisquer escrúpulos e possibilidades de controlo. Graças à cobertura de Federações nacionais e internacionais, onde a UEFA que a tudo preside, põe e dispõe na mais completa amoralidade. Porque a única coisa que conta é o Lucro, sem que os Estados e respectivos Governos tenham mão nesta máquina devoradora e trituradora do Humano, que converte nascidos de mulher em famosas marcas, como é o caso da marca CR7, nascido de uma mulher da Região Autónoma da Madeira.

Não há como conter esta trituração do Humano. Seja a dos craques que se compram e se vendem, numa sofisticada forma de prostituição, seja a dos frequentadores de todos aqueles-estados catedrais, como, na idade média, frequentavam as catedrais dos bispos e os templos paroquiais das aldeias. O resultado é o mesmo, num e noutro caso. As mudanças são pouco mais do que cosméticas, mais maléficas estas hoje, do que aquelas do passado. O 'racismo' então também era de outro tipo. Não tinha que ver com a cor da pele, embora, 'descobridores' e 'conquistadores' da era de Quinhentos, chegassem a perguntar se aqueles aborígenes residentes nús ou seminús, com os quais se deparavam, ao saírem das caravelas, e facilmente subjugavam mediante a Cruz e a Espada, 'tinham alma'. Por então, ainda se não havia inventado a palavra 'racismo', mas já se praticava, sob outras designações, como a escravatura, à beira das quais o 'caso Marega' nem sequer o chega a ser. De modo que todo o alarido que em seu redor se criou e se vai alimentar por muitos dias serve sobretudo para esconder um dos piores crimes contra a Humanidade e contra o Desporto, como prática saudável ao ar livre , que é a existência cientificamente organizada do Futebol dos milhões.

Alerta, pois! Porque o Senhor Dinheiro tem o perverso condão de envelhecer-matar não só o corpo dos nascidos de mulher, mas também e sobretudo a sua 'alma', o Eu-sou único e irrepetível que cada uma cada, cada um de nós é. E que o 'caso Marega' ajuda a esconder, quando mais parece revelar. Ou acabamos já com o Futebol dos milhões e suas SADs e regressamos aos clubes de Futebol com equipas formadas exclusivamente por profissionais de cada um dos países, entre os quais se busca o desporto como Arte e fonte de amizade e da entre-ajuda, ou acabamos todos comidos por ele e seus abutres.

EUTANÁSIA

Não ou Sim à Lei de despenalização?

Líderes das religiões e das igrejas, com destaque para o papa de Roma e a generalidade dos bispos residenciais católicos e respectivos párocos são todos contra a aprovação de uma Lei de despenalização da eutanásia no Parlamento, seja ela qual for. Fazem-no, ao que dizem, para defender a vida e acham que todas as pessoas que não alinhem com este seu dizer são assassinas. É já assim - dito em rude linguagem - que, neste momento, se apresentam as coisas em Portugal, perante a possibilidade do Parlamento português vir a aprovar uma lei que defenda, não, obviamente, o homicídio, tão pouco a eutanásia, como tal, apenas uma Lei parlamentar de despenalização da eutanásia que, no seu sentido etimológico, significa morte boa, ou boa morte. Ou no sentido da antiga teologia católica, Morrer-em-estado-de-graça. Despenalizar, remete a decisão para cada pessoa em concreto e só em situações concretas que a própria Lei dirá quais. Mas as barbaridades que se repetem por aí a este propósito são de bradar aos céus e às pedras!

A polémica não é nova, como é sabido. Já a conhecemos, há anos, não sobre esta despenalização, mas sobre a do Aborto. Na altura, houve dois referendos que não deram em nada, porque a esmagadora maioria das pessoas não se deu sequer ao trabalho de ir votar Sim ou Não à pergunta, por sinal, então muito mal formulada. Depois no segundo referendo, a maioria votou SIM, mas o resultado não era vinculativo, porque não contou a a maioria de votantes exigida pela Lei dos Referendos. E foi o Parlamento que, posteriormente, acabou por aprovar uma Lei de despenalização do Aborto que passou a estar em vigor. E todos os ânimos até então exaltadíssimos serenaram. Com os bispos e demais líderes das igrejas e religiões a remeterem-se ao silêncio.

O mesmo ocorre agora, quando no actual Parlamento há vários Projectos de Lei de despenalização da eutanásia, com grandes possibilidades de todos eles serem aprovados na generalidade e, depois, na especialidade, nascer uma Lei enriquecida com o melhor de cada uma das propostas partidárias. A serenidade perante o facto seria expectável, depois da vergonha que foi, aquando da Lei de despenalização do aborto. Mas não. O país começa a estar em polvorosa, com os bispos residenciais e seus muitos acólitos a exigir um Referendo, pelo menos, para retardar o inevitável, dada a salutar secularidade em que vivemos e com os templos paroquiais vazios e a ser usados para outros fins.

Esquecem os bispos católicos residenciais que o Estado português é laico. Ainda que, depois de séculos e séculos em que vigorou o princípio, Clero, Nobreza e Povo, seja ainda muito difícil a salutar separação das águas. Para cúmulo, com um Presidente da República mais papista do que o papa de Roma imperial, a promiscuidade entre clérigos locais, agentes do Estado e Autarquias é mais do que muita e só prejudica as populações mantidas politicamente alienadas, que em vez de se assumirem e aos aos seus destinos, preguiçosamente delegam nos partidos políticos, cujos candidatos, uma vez escolidos, cuidam dos seus próprios interesses corporativos, não das populações abandonadas como 'ovelhas-sem-pastor', pior, como ovelhas com mercenários mascarados de pastores que as cravam com dízimos e missas a granel, pagas e bem pagas.

Por mim, entre o Não e o Sim à Lei de despenalização da eutanásia, eu respondo Sim. Porque, ao contrário do que fazem crer os seus opositores, a Lei de despenalização da eutanásia protege muito mais a vida, na sua fase terminal. Por outro lado, remete, como sempre deve ser, para a consciência de cada pessoa. Ela e só ela decide como quer o seu bem morrer. Se com intolerável sofrimento terminal, ou, pelo contrário, se a sua vida em fase terminal, há-de seguir o seu curso, com o mínimo de sofrimento possível. O que se pode e deve chamar com toda a propriedade, Ortotanásia. É por aqui que vou.

E TUDO O BREXIT LEVOU?!

Finalmente, o Brexit. O ainda Reino Unido saiu oficialmente da chamada União Europeia (UE). Com um Acordo que, até final do ano, ainda pode degenerar num sem-Acordo. Por agora, é tudo encenação. Em que o Poder nos três poderes é perito. As suas tvs e demais media, grandes e menos grandes, nunca nos dão notícia da realidade. Servem-nos a toda a hora overdoses de encenações. O Poder monárquico do Papado imperial romano é o mais perito de todos, por isso, o mestre-mor deste reino-prisão global em que estamos condenados a viver como seus súbditos. De luxo, as minorias chico-espertas que o servem. De lixo, as maiorias que trabalham para ele. Só não vemos, porque a ideologia-teologia messiânica ou cristã, religiosa, laica ou ateia, difundida e ensinada pelos seus filósofos e teólogos em todas as escolas e universidades dos Estados do mundo nos cega e mantém cegos do nascer ao morrer. Denunciá-lo nunca é demais. Se não houver quem o faça, gritarão as pedras e os incontroláveis incêndios florestais, as enchurradas das chuvas e as destruidoras ondas dos mares cada vez mais altas e violentas.

Até finais deste ano 2020, o ainda Reino Unido corre sério risco de ficar reduzido a uma quase insignificante Inglaterra. A sabedoria popular que nunca é tida em conta pelos do Poder não engana. Mas é ela que nos grita a toda a hora, Quem tudo quer, tudo perde. E outra coisa ela também nos garante, O Poder é um exclusivo do vencedor. Nunca do vencido. Acontece que as populações da Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales não batem certo com a Inglaterra e não votaram Brexit, decidido por um precipitado referendo escandalosamente viciado e manipulado. Na sua saudável autonomia, jamais suportarão o autoritarismo de Londres e do seu Governo autista, apoiado por toda aquela fantochada medieva que é a monarquia, a desfazer-se aos bocados. Cabe-lhes o direito à palavra e essa é uma espada que provocará divisões e cisões no até agora Reino Unido.

Por outro lado, como a UE é dos Estados e dos Mercados, significa que está edificada sobre a areia. Hoje, acossada por novas formas de Poder manifestamente populistas e xenófobas, qual delas a mais destruidora do actual estado de coisas, mantido à força de leis e mais leis e de sofisticada manipulação-repressão. A que se juntam frequentes ataques terroristas e levas de migrantes e de refugiados. De todo este caldo social e político, acabará por emergir, mais cedo do que tarde, um novo e todo-poderoso rei David, perdão, um novo e todo-poderoso messias ou cristo que vence os velhos Estados das nações e instala-se no trono, por umas quantas gerações. Tem sido assim, desde o império romano, prosseguido pelo Papado que tem estado sempre ao comando do mundo ocidental, assessorado pelos seus clérigos-parocos, hoje felizmente em extinção, e pelos chefes dos Estados das nações, uma estranha espécie de clérigos seculares, cada vez mais laicos e ateus. Que lhe grantem populações alienadas, sem voz nem vez.

É o que nos espera só porque insensatamente recusamos a Maiêutica política e a Religação uns aos outros ao modo dos vasos cumunicantes. O Vento bem nos diz, Nasçam de novo e mudem de rumo. Expulsem das vossas mentes a ideologia-teologia messiânica ou cristã dos Livros sagrados, a fonte de todo o Mal institucional, e mudem de Ser e de Deus. Repito-me, eu sei, mas não desistirei, até ser ouvido. Porque é dos Excluídos e tidos como não-existentes pelos agentes-mor do Poder que vem a luz e o caminho político a trilhar pelos Povos das nações. Ou não fossem eles os únicos achados dignos de viver, dada a sua persistente fidelidade à Realidade-Verdade. Todos eles, saibam-no ou não, são companheiras, companheiros de Jesus histórico que os precede. E que, na sua condição de Excluído e de não-Existente, é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Fica, pois, claro que o Brexit não só não leva tudo, como agrava tudo, ao pretender mais e mais Poder, em vez de lhe pôr fim. A insensatez na sua máxima potência.

Edição 154, Janeiro 2020

Celibato dos padres

VOTO DE CASTIDADE OU LEI ECLESIÁSTICA?!

Quase toda a gente, a começar por certos jornalistas fariseus que passam a vida profissional a filtrar mosquitos nos outros e a engolir camelos, sem nunca pararem para olhar por eles abaixo, pensa que Lei do celibato é igual a voto de castidade. Os próprios clérigos de proa, a começar pelo papa de Roma e bispos residenciais, alimentam esta confusão. Sofrem depois as inevitáveis consequências, e é bem feito. É preciso que se diga que voto de castidade e lei eclesiástica do celibato obrigatório são duas realidades completamente distintas, ambas objectivamente más, se sugeridas-impostas a outras pessoas, quando só como opção pessoal e em cirunstâncias muito especiais, uma e outro são plena e integralmente humanas.

O celibato obrigtório, por isso não opcional, dos padres é uma absurda e criminosa Lei eclesiástica desenvovida nos obscuros tempos medievos em que o casamento era visto como um mal necessário, admitido apenas para o acto de procriar no seio de uma família estritamente patriarcal. Praticar a união conjugal, sem ser para esse fim, era visto pelos clérigos celibatários confessores como pecado mortal. De modo que, enquanto os casais se não confessassem, ficavam impedidos de comungar nas missas, de assistência obrigatória do princípio ao fim, aos domingos e dias santos de guarda. Já o voto de castidade, igualmente absurdo e criminoso, já que proíbe toda a actividade sexual a quem o faz, nasce e desenvolve-se em idêntico contexto anticultural e tem tudo a ver com aquelas e aqueles que renunciam ao casamento e escolhem a chamada 'melhor parte' que é fazerem-se frades e freiras em conventos, de preferência, de estrita clausura. Começa por ser temporário, mas depois, se as vítimas não fogem a tempo dos conventos, passa a perpétuo. Até à morte.

A Lei eclesiástica do celibato tem tudo a ver com a ordenação de diáconos a caminho do Presbiterado. Antes de darem o primeiro destes dois passos, comprometem-se por escrito, perante a intitituição-empresa eclesiástica diocesana que os ordena, a não casarem, para, desse modo, estarem totalmente disponíveis para o exercídio do ministério sacerdotal em que cada presbítero ordenado é de imediato transformado pelo respectivo bispo ordenante. Sem nunca chegarem a perceber que Presbítero ordenado e Sacerdote são incompatíveis entre si. O Presbítero é ordenado pela igreja-movimento de Jesus para o arriscadíssimo ministério ou serviço de Evangelizar-Libertar os pobres e os povos que, saudavelmente, vivem no mundo, por isso, longe dos templos e dos altares. Enquanto os Sacerdotes-clérigos são segregados dos demais, por isso, uns estranhos funcionários confinados aos templos e aos altares, na esteira dos primitivos cultos políteístas.

Desde o Sínodo da Amazónia, realizado em 2019, que o papa Francisco, jesuíta dos quatro costados, anda a ponderar se há-de ou não suspender a Lei eclesiástica do celibato para aquelas imensas zonas povoadas onde, meses e anos a fio, não aparece um sacerdote que presida ao rito da missa, até agora um exclusivo dos sacerdotes não casados, por isso, celibatários por força da criminosa Lei eclesiástica. Em vez de erradicar de vez a Lei do celibato - objectivamente um absurdo e um crime - e enaltecer-valorizar o o celibato opcional, o papa prefere fazer jus à sua condição de jesuíta e manter a Lei do celibato, mas suspendê-la em situações tidas como excepcionais. Uma postura típica de um jesuíta!

Diga-se, entretanto, que se o papa o vier o fazer, é pior a emenda do que o soneto. Amplia ainda mais o pecado e o crime que é a Lei do celibato, uma vez que esta só não permite casar e constituir família, nunca o exercício da sexualidade humana, de acordo com a consciência e as circunstâncias concretas de cada Presbítero ordenado. Um absurdo consumado no Concílio de Trento (Séc. XVI), de má memória, que acabou com os chamados 'casamentos de consciência', a que muitos dos clérigos párocos até então recorriam, ao decretar nulos todos os casamentos não presididos pelo pároco da noiva ou do noivo. Uma aberração e um atentado contra a Declaração Universal dos direitos humanos da ONU, que o Estado do Vaticano nunca subscreveu. Nem pode.

Luanda Leaks

E AO ICIJ, QUEM O FINANCIA?!

O caso 'Isabel dos Santos' é paradigmático. Revela claramente que nada hoje no jornalismo é feito ao acaso. E que o jornalismo comprometido com o respectivo Código Deontológico é coisa do passado, quando a Corrupção ainda não era Global como hoje é. Cada vez mais. O Poder financeiro global é hoje um polvo com inúmeros tentáculos, conhecidos, uns, desconhecidos, o maior número, todos mortíferos. A fidelidade aos factos reais que é a verdade do jornalismo, em vez de aos interesses das pequenas ou grandes Corporações económico-financeiras, é hoje uma miragem. Só mesmo um olhar romântico e saudosista sobre a profissão-missão do jornalista nos leva a admitir que hoje ainda haja grandes media fiáveis. Não há. De modo que o mais sensato é vivermos em permanente estado de alerta. E nunca embarcar em tudo o que nos é dito e mostrado.

O cada vez mais badalado Consórcio Internacional dos Jornalistas (ICIJ) foi fundado já em 1977 por um jornalista americano. Mas só muito recentemente começou a dar nas vistas. Integra mais de 190 jornalistas no activo. A laborar em empresas que não administram, todas propriedade de grandes grupos económico-financeiros. Os próprios órgãos de Direcção desses grandes media gozam de independência, mas só a que a Administração lhes proporciona. A liberdade de informar é mais miragem do que realidade. O processo para chegarmos a este desgraçado estado de coisas foi rápido. Bastou concentrar nas mãos de poderosos grupos financeiros os títulos existentes em Portugal e no mundo, aos quais foi dada carta branca pelos Governos de cada Estado das nações. Este foi o primeiro passo. Sem qualquer possibilidade de retorno.

No tempo das ditaduras de Estado, as coisas eram más, mas transparentes. Sabíamos que cada título era 'Visado pela Comissão de Censura'. Os profissionais que persistiam fiéis à realidade dos factos tinham de ser suficientemente argutos para fintar os 'Censores do Estado'. A missão era arriscada e só para os mais audazes. E toda a Redacção festejava cada notícia que fugia ao 'lápis azul' do 'Censor'. A cooperação profissional desconhecia de todo a actual e vergonhosa competição. Os mais destemidos eram olhados como exemplo e como estímulo.

Sou jornalista de um tempo assim. E posso testemunhar que a missão de alto risco, que é a minha de presítero, adquiriu uma enorme mais valia, quando, liberto de quaisquer ofícios canónicos pelo próprio bispo da Diocese, sou abordado e contratado pelo vespertino República, de Lisboa, cuja delegação no Porto venho logo a assumir, quando, poucos meses depois, me é concedida a Carteira Profissional. Graças à profissão secular, a minha matricial missão presbiteral deixou de estar confinada a um pequeno território, para se alargar a todo o país. E, com a chegada da internet, até a todo o mundo.

Não integro, nunca integrei, nunca integrarei o ICIJ. Nunca aceitaria integrá-lo. Basta-me saber que a sua origem é norte-americana. Não ponho em dúvida as boas intenções do jornalista norte-americano que o fundou. Mas da maior potência finnanceira e armada mundial pode alguma vez sair coisa boa que não seja, de imediato, cercada por todos os lados, supervigiada, ameaçada, perseguida, torturada excluída e assassinada, de modo incruento que seja?! Ora, o que é público e notório é que esta exclusão não só não aconteceu ao fundador do ICIJ, como, pelo contrário, são hoje muitas as fundações norte-americanas que a subvencionam, para lá de uma grande empresa australiana.

Obviamente, não ponho as mãos no fogo pela empresária Isabel dos Santos, de Angola, antiga colónia de Portugal, cujo subsolo é rico em petróleo e diamantes, por isso, cobiçado pelos grandes abutres financeiros do mundo que não olham a meios para obterem seus fins. Mas não tenho dúvidas de que ela foi selectivamente escolhida para ser 'crucificada', nesta altura, de modo que outros negócios com montantes muito mais obscenos escapem ao radar do Consórcio Internacional dos Jornalistas, porventura, os mais ingénuos dos profissionais do ramo. Onde se incluem dois títulos da Impresa, do poderoso Pinto Balsemão, o jornal EXPRESSO e a SIC!

LITURGIAS PARA QUE VOS QUERO?

Sempre que alguns matam outros, muitos outros correm logo a promover liturgias. Religiosas, umas. Laicas e aparentemente espontâneas, outras. Hoje cada vez mais laicas. Todas, porém, politicamente anestesiadoras. E branqueadoras dos crimes que estão na origem de todas elas. Daí a oportuna pergunta, Liturgias para que vos quero?!

Assusta-nos a realidade dos factos e corremos logo a inventar analgésicos de toda a ordem. Sem vermos que, com eles, acabamos cúmplices do Mal institucional. No princípio, as liturgias são especialidade das religiões. Hoje, até os laicismos têm as suas. A prova provada de que, também eles, são uma sofisticada forma de religião. Por mais ateus, agnósticos, anarquistas que se digam os que neles se revêem.

Temos medo da realidade. Temos medo da verdade. Temos medo da liberdade. E nem vemos que, com todos estes tipos de medo, damos via verde ao Poder e aos respectivos agentes históricos de turno. Só porque temos medo de Sermos-assumirmos o que efectivamente somos: seres humanos fragilidades-consciência, nascidos de mulher.

O que deveria ser a principal mais-valia ocorrida no decurso da Evolução converte-se, assim, no seu maior perigo. Só porque no outro-como-nós, somos levados a ver um estranho e pomo-nos à defesa. Quando só a postura sócio-política braços abertos nos potencia de dentro para fora e nos faz acolher, abraçar, cuidar, amar o outro-como-nós.

Tudo no Cosmos é religação. Mas só nos nascidos de mulher esta religação é opconal. Decorre daí a Responsabilidade que é a maior manifestação de Liberdade e de Humanidade. Só que, desde muito cedo, vem o Medo e arrasta-nos para comportamentos inumanos que os tribunais do Poder parecem reprimir, mas não passam de hábeis encenações que, no dizer de Jesus histórico, 'filtram mosquitos e engolem camelos'

Os mais arbitrários e mentirosos dos tribunais são os das religiões. Nomeadamente, das três religiões do Livro. Basta termos presente o que acontece a Jesus histórico, em Abril do ano 30, em Jerusalém, então e ainda hoje, a cidade santa. Ele é o ser humano por antonomásia, o plena e integralmente justo, e por isso mesmo tem de ser condenado à morte e executado na cruz do Império. Para, desse modo, se cumprir o que está escrito na Bíblia, o Livro sagrado dos judaísmos, dos cristianismos e até dos islamismos!

Somos nascidos de mulher. E, nesta condição, contínua religação, não a deusas ou deuses, mas uns aos outros e todos ao Cosmos, também ele, todo religação. Com a substantiva diferença de que em nós, nascidos de mulher, a religação uns aos outros e ao Cosmos é opcional. E nos outros seres, não. Faz parte da natureza deles. Não são livres.

Todas as liturgias, as religiosas e as laicas, são hoje na moda. O nosso quotidiano mais recente está cheio de exemplos. Um dos mais noticiados-comentados é o do assassinato do jovem cabo-verdiano, de 18 anos, estudante no Politécnico da cidade de Bragança. O que de liturgias esta sua criminosa morte provocou em Portugal e em Cabo Verde! Em Bragança, até o bispo local se associou e presidiu a uma missa na catedral. Pudera, não!

Outro caso, não menos noticiado e ainda mais recente é a morte do piloto motar Paulo Gonçalves, em pleno deserto no Dakar. Não porque ele sonhasse ser o mais humano dos humanos, sim, o maior do mundo naquela modalidade anti-desportiva, com tudo de suicida. As liturgias todas que lhe promovem mais não fazem do que branquear esta Perversão institucional mascarada de desporto. Não a põem a nu. Muito menos ao Poder que a promove e financia, como a muitas outras do género, sempre sob a máscara de 'desporto de alto risco'. É como se estas e todas as outras vítimas o não fossem, nem deixassem famílias em grande sofrimento!

De 2019 para 2020

E QUANDO MUDAMOS DE SER E DE DEUS?

Mudar de ano é inevitável. Mudar de Ser e de Deus é opcional. E é por demais evidente que apenas mudamos de ano, não mudamos de Ser nem de Deus. Mudar de ano é coisa de Calendário, criação dos institucionais do Poder, hoje o Grande Mercado global. Os próprios votos de 'Bom Ano' que ele nos estimula a desejar uns aos outros não garantem coisa nenhuma. O único que sai sempre a ganhar é o Grande Mercado global, materializado em múltiplos mercados espalhados como cogumelos pelas grandes e pequenas cidades dos Estados do mundo. E quem sai sempre a perder são os seres humanos e os povos. Basta ver que, ano após ano, continuamos cada vez mais escravos por conta de outrém, com horas de entrada e de saída nas empresas-prisão. Em troca de um magro salário que, nestas festas de Calendário, compulsivamente corremos a gastar nos mercados do Grande Mercado. Até que a Morte, nossa irmã gémea, nos resgate deste viver alienado e sem sentido. Mais Coisas-que-perecem, do que Pessoas-que-vivem-e-fazem-outros-viver com qualidade e em abundância.

Mudar de Ser e de Deus é opcional e tem o que se lhe diga. Nascemos de mulher, mas somos logo apanhados pelo Poder que tem nos chamados Livros sagrados e respectivo deus o seu fundamento ideológico e até teológico. Ora, todo o Poder é macho. É o princípio masculino em acção na História. Mata, rouba, destrói, sempre que o seu domínio absoluto estiver em perigo. Não quer saber dos seres humanos e dos povos. Muito menos da Natureza, nossa casa comum. Move-o um sopro de morte e de destruição. O mesmo sopro que atravessa todos os livros sagrados e seus agentes de turno. E todas as inúmeras obras de arte que ele promove e patrocina. Deslumbram-nos, mas não passam de holofotes que nos encandeiam e cegam. Acabamos a idolatrá-las, em destrimento do bem dos seres humanos e dos povos. Gastamos rios de dinheiro para as conservar e promover mais e mais, enquanto deixamos os seres humanos e os povos morrer à fome, à sede, na pior das solidões e no pior dos abandonos.

Mudar de Ser e de Deus é ousar manter-nos, do nascer ao morrer, filhas, filhos de mulher. Sermos fiéis ao Princípio feminino, o único que conjuga e pratica os verbos Cuidar, Amar, Partilhar. E se apresenta animado de um Sopro outro que ninguém sabe de onde vem nem para onde vai. Mas que vem, como fonte, de dentro para fora de nós. Nada sabe de Poder, nem de matar, roubar, destruir. Sabe apenas de religar fragilidades, de cuidar, de promover a vida. Vida de qualidade e em abundância, num excesso semelhante ao que acontece com a fecundação de um novo ser humano, no útero de uma mulher. São milhões e milhões de espermatozóides e apenas um fecunda o óvulo da mulher que quer ser mãe. Porque o excesso é uma das características do Princípio feminino, o da Vida.

É a mera hipótese Deus que os nossos ancestrais formularam, quando, no início, se viram fragilizados e 'perdidos' num universo que lhes aparecia como estranho e povoado de deuses e de demónios, por isso, gerador de Medo, que está na origem do Princípio masculino, o do Poder. E na origem dos Livros sagrados. Percebemos hoje que tudo isso é errado. Mas foi sobre esse erro que se ergueram as chamadas grandes civilizações que não passam, afinal, de grandes construções edificadas sobre a areia. E a prova é que vivemos cercados de água e de fogo, de guerras e de doenças por todos os lados. Sem mais meios para remendar tantos e tão enormes buracos. Tudo está a ir ao fundo.

Ou mudamos de Ser e de Deus, ou perecemos. Só que para essa mudança acontecer, temos de renunciar à hipótese Deus e aos Livros sagrados que ela gerou. E corrermos depois a religar-nos uns aos outros e à Natureza. Para Cuidarmos de nós, uns dos outros e dela. Sempre em sintonia com o Sopro outro, exclusivo do Princípio feminino.

Edição 153, Dezembro 2019

Ensurdecedor silêncio de Frei Bento, op, no PÚBLICO

HÁ ALGO DE VERDADE NO NATAL DAS IGREJAS?

'No solstício de inverno – o momento preciso em que a duração do dia ultrapassa a duração da noite – os antigos romanos celebravam o Sol invictus, quer dizer, a vitória do deus Sol sobre a noite e sobre a morte. A Igreja de Roma resolveu designar essa data como a do nascimento de Jesus, o verdadeiro sol da vida: foi Ele que enfrentou a morte e a venceu!' As palavras são do meu amigo Frei Bento Domingues, na sua Crónica de domingo 15 de Dezenbro, no PÚBLICO'.

Abro este Texto Fraternizar 3, Edição 153, Dezembro 2019, com esta citação, para a refutar liminarmente, uma vez que o judeo-cristianismo de Pedro-Tiago-e-Paulo, tal como o judaísmo bíblico ainda hoje o faz, não celebrava a festa do natal. Os Livros da sua Bíblia, então, a mesma dos judeus, fazem alusão a múltiplas festas dos judeus, nenhuma, porém, alusiva ao natal. De modo que, quando o cristianismo, depois da hecatombe que foi a destruição total e absoluta de Jerusalém e do seu templo pelos exércitos do império romano, avança à conquista das mentes-consciências das pessoas residentes nas principais cidades do império romano, vê-se obrigado a praticar o velho provérbio, 'Quando os não podes vencer, junta-te a eles', e acaba por fazer sua a festa religiosa do natal do Solstício de inverno das religiões politeístas e converte-a na festa do seu mítico Cristo ou Jesuscristo davidico. O que, além de descarada apropriação, é uma imperdoável mentira que vigora até aos dias de hoje.

É claro que o meu amigo Frei Bento Domingues, especialista em Cristologia, não escreve exactamente assim na sua Crónica como eu acabo de escrever aqui. Dividido entre Jesus histórico, em que não é perito, e o chamado 'Cristo-da-fé', em que é um dos peritos academicamente reconhecido, não hesita em considerar sinónimos - Jesus e Cristo - quando historicamente são antónimos. Só por isso é que ele escreve, com o maior dos à-vontades e o maior dos descaramentos,' A Igreja de Roma resolveu designar essa data como a do nascimento de Jesus, o verdadeiro sol da vida: foi Ele que enfrentou a morte e a venceu!'. E, depois de isto escrever, ei-lo aí, impávido e sereno, como se não houvessse contradição no que escreveu. Quando há e clamorosa.

Primeiro, muda o nome da estrela Sol, à volta da qual a Terra gira num movimento de trasladação de 365 dias e mais cerca de 6 horas, para Jesus, o filho de Maria, o camponês-artesão nascido 5-6 anos anos antes do ano1, em Nazaré, não em Belém, como rezam os dois primeiros capítulos apócrifos do Evangelho de Mateus e do Evangelho de Lucas, Volume I. E não satisfeito com esta sua arbitrariedade que é confundir um ser humano, nascido de mulher, com um mito messiânico da Casa de David, criado e alimentado demencialmente pelos profetas do judaísmo, ainda nega a evidência dos factos, ao escrever, 'Jesus enfrentou a morte e a venceu'. Mas é assim tão cego que não vê que a morte continua aí a acontecer, tal e qual como antes de Jesus, o filho de Maria, nascer e morrer?

Confesso que tudo isto me causa calafrios. E tanto mais quanto a Morte, ao contrário do que prega e escreve o fariseu judeu Paulo de Tarso, não é 'o último inimigo a ser vencido'. Nada antropologicamente mais absurdo do que esta afirmação paulina e cristã. Porque a Morte - nunca é demais sublinhá-lo - mais não é do que a nossa irmã gémea. De modo que morrermos, não é o fim do nosso ser-viver, mas a plenitude do ser-viver de todos e cada um dos nascidos de mulher. Pelo que não tem que ser vencida. Tem que ser acolhida, como o coroamento do nosso ser-viver na História- É graças a ela que nos tornamos definitivamente viventes, fecundo corpo-sopro, por isso, definitivamente invisíveis aos olhos dos demais. Como de resto tudo o que é Essencial.

Outra falha grave do meu amigo Frei Bento nesta sua Crónica, é o ensurdecedor silêncio que faz do meu Livro 50, 'Jesus, Segundo os 4 Evangelhos em 5 volumes', Seda Publicações, Junho 2019. Com a agravante de ele próprio escrever, 'Alguns leitores pediram-me que apresentasse, também, livros [sobre Jesus histórico] de fácil acesso em Portugal'. Refere quase nenhuns, e nenhum de significativa qualidade; e silencia escandalosamente o meu. O que chega a ser inconcebível num Cronista do matutino de maior qualidade jornalística do País. Aqui, a sua omissão é de bradar aos céus e à terra. Tem, obviamente, todo o direito de não gostar do meu Livro, nem da minha actividade de presbítero-jorrnalista, desde Janeiro de 1975, mas não pode, só porque se não revê minimamente nesta minha actividade, silenciar a existência de um Livro que já mereceu do renomado Jornalista do DN, João Céu e Silva, uma longa Entrevista Premium, hoje acessível a toda a gente interessada (abrir site https://www.dn.pt/edicao-do-dia/26-ago-2019/padre-mario-da-lixa-este-livro-e-a-reposicao-da-verdade-sobre-jesus-historico-11232393.html).

É com posturas destas e outras muitíssimo mais escabrosas de quase todos os clérigos e teólogos eruditos que os cristianismos conseguiram manter-se nos dois terríficos milénios anteriores, e que, felizmente, o terceiro milénio, está a tornar cada vez mais residuais.Por isso, à pergunta do título, Há algo de verdade no natal das igrejas?, a resposta só pode ser uma, No natal das igrejas não há ponta de verdade. Tudo é mito, como mito é o Cristo ou Messias da casa real de David, dos profetas bíblicos e de S.Pedro-S.Paulo-imperador Constantino. Hoje sabemos, de fonte segura, que Jesus histórico é o camponês-artesão, o filho de Maria (cf. Marcos 6, 3), nascido comprovadamente 5-6 anos antes do ano 1, em Nazaré, onde cresce até à idade de sair para a sua militância política, altamente subversiva, realizada entre meados do ano 28 e Abril do ano 30, na Galileia e finalmente em Jerusalém, onde é traído pelo grupo dos Doze que havia escolhido um a um para andarem com ele, e logo preso, julgado, condenado à morte pelo Sinédrio dos sumos sacerdotes, os quais, não satisfeitos, ainda vão com ele preso ao Pretório, exigir a Pilatos que o crucifique. Para, desse modo, se cumprir a Escritura ou Bíblia deles, e, desse modo, ele ficar maldito para sempre (Dt 21, 23).

P. S.
Este é o último Texto da Edição 153, Dez.º 2019. Contamos regressar com a Edição 154, Janeiro 2020, na sexta-feira 10.

A nossa fidelidade é à verdade histórica, não aos dogmas

NATAL? SÓ O DO SOLSTÍCIO DE INVERNO!

A geração nascida neste milénio tem, por estes dias, no máximo 19 anos de vida na história. Não assim os seus pais, nem os seus professores, nem os clérigos católicos e protestantes das diferentes igrejas ou religiões, hoje, todas cada vez mais residuais. Muito menos os teólogos das universidades confessionais. Todos farinha envenenada do mesmo saco, a ideologia-teologia dos milénios anteriores. Deveriam ter perante esta geração terceiro milénio uma postura de discípulo. Têm uma postura de refinada arrogância. Para seu mal. E mal da geração terceiro milénio e de todos os Povos da Terra. Fossem humildes o bastante e teriam a saudável e fecunda postura de discípulo. E o natal 2019, o último da segunda década do terceiro milénio, seria apenas o do Solstício de inverno. Não mais o do menino-jesus das igrejas cristãs dos milénios anteriores, com destaque para a católica romana imperial. Muito menos o do Grande Mercado financeiro global, a versão secular e laica do natal do menino-jesus das igrejas e religiões.

Dói-me a alma e aperta-se-me o coração, ao ver a leviandade com que até os teólogos colunistas semanais nos jornais e canais de tv de referência, escrevem os seus textos e se pronunciam em entrevistas dadas a rádios e tvs sobre matérias que são absolutamente estruturantes do nosso ser-viver humano na história. Como nascidos de mulher que são, têm o imperativo ético e de consciência de serem fiéis à verdade histórica. Custe o que custar. Não aos catecismos e aos dogmas das igrejas e universidades que os formaram. Como não é o que por estes dias os vejo fazer, sou levado a concluir que mais do que formados pelas igrejas e universidades, foram todos desgraçadamente doutorados-formatados pelos seus catecismos e pelos seus dogmas. O que lhes retira toda a credebilidade, à medida que a Luz - Jesus histórico e Ciência - desfaz a Treva.

Não passam por isso de uns tristes paus-mandados das hierarquias das igrejas e das universidades que os formaram-formataram-doutoraram. O que no meu entender de presbítero-menino é de todo intolerável, uma vez que hoje somos irreversivelmente o milénio da Ciência e de Jesus histórico, nos antípodas dos milénios anteriores que foram do Religioso e do mítico Cristo ou Messias davídico, petrino-paulino e imperial-tridentino. Porém, se nem estes teólogos tidos como mais clarividentes são capazes de ver o que significa sermos terceiro milénio, temos de concluir que não passam de eruditos teólogos-engana-povos-da-Terra-tira-lhes-o-pão. Antes de mais, o pão-da Verdade que nos faz livres; e o pão-da-beleza que nos faz criativos e dançantes, ininterruptamente religados uns aos outros e ao Cosmos, cuidadores uns dos outros e da Terra, nossa Casa comum.

Cabe, pois, aos nascidos neste milénio e a todos quantos perante eles assumimos a humilde postura de discípulo, recursarmos com firmeza e convicção o Religioso em geral e as três religiões dos Livros sagrados, em especial. Os frutos que produziram nos milénios anteriores são tão escabrosos, que deles não pode nem deve ficar pedra sobre pedra. Um Novo Começo é preciso, tanto como o ar que respiramos. Só que para ele acontecer, todos os nascidos de mulher temos de dar um salto qualitativo em frente no nosso ser-viver na história. Concretamente, passarmos de 'homo sapiente-demente', a 'homo sábio-cordial'. Ao jeito de Jesus histórico e da Ciência, alegremente entregues à Causa da Vida de qualidade e em abundância para todos os povos da Terra.

E um dos primeiros e mais significativos passos concretos a dar em frente, é deixarmos definitivamente, já este ano de 2019 e a partir dele, o mítico natal do menino-jesus das igrejas cristãs e do grande Mercado financeiro global. E celebrarmos, efusiva e exclusivamente, o Natal do Solstício de Inverno, pois só com ele somos o que, desde o big-bang, estamos chamados a ser - ininterrupta e fecunda Dança uns com os outros e o Cosmos!

Mary Jane Wilson / Maria de São Francisco

O QUE EXPLICA ESTA INUSITADA PAIXÃO DE D.JOSÉ CORDEIRO?

Fixem bem estes dois nomes, sobretudo o mítico que 'engoliu' o histórico. Nasce em 3 outubro 1840 em Harihar, Maiçor, Índia, de pais ingleses, integrados na igreja anglicana. Cresce nesse ambiente familiar e religioso, até à morte dos pais. Em plena orfandade, vê-se forçada a mudar para Inglaterra, onde fica entregue aos cuidados de uma tia. Troca depois a Inglaterra pela França. Não satisfeita, troca também a religião anglicana dos seus pais pela religião católica, ao fazer-se baptizar em 11 de Maio de 1873. Vai ainda mais longe e faz mais uma mudança, a pior de todas, já que, ao mudar o seu nome histórico pelo mítico Maria de São Francisco perde a sua matriz original. E é com esse mítico nome que, em 15 de Janeiro de 1884, funda no Funchal a Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, da qual é superiora vitalícia. Hoje, graças ao papa jesuíta Francisco, é já 'Venerável' e candidata a beata e santa de altar. O mais surpreendente é que esta mulher que deixou de o ser, ao fazer-se freira, constitui a mais recente e inusitada paixão de D. José Cordeiro, Bispo de Bragança e Miranda. Ao ponto de decidir instalar 3 freiras da Congregação por ela fundada no Santuário do Imaculado Coração de Maria dos Cerejais, Unidade Pastoral Bartolomeu dos Mártires!!!

Como D. José Cordeiro nunca dá ponto sem nó, todo este seu espectacular zelo pastoral engana-meninos-tira-lhes-o-pão, traz água no bico. Cabe às populações que têm o azar de residir nos territórios do seu feudo episcopal Bragança-Miranda viverem atentas ao que aí vem com mais uma comunidade de freiras, a juntar às outras todas que já estão instaladas no terreno, uma das quais de clausura. E todas sob a sua astuta jusrisdição e ao serviço das suas desmedidas e públicas ambições. O cuidado dos pobres e dos doentes, reiteradamente invocado por ele e outros como ele, ajuda a esconder muita coisa que seria demasiado escabrosa sem este manto. Uma mão cheia de freiras, com voto de castidade, obediência e pobreza, fazem um jeito do caraças a um bispo que gosta tanto de viajar e de fazer pastoral de turismo por muitas partes do mundo.

Com esta comunidade de 3 freiras Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, o bispo de Bragança-Miranda passa a ter uma justificação acrescida para viajar até à Índia em busca de pormenores e de reminiscências desta sua nova e inusitada paixão, que dá pelo nome histórico de Mary Jane Wilson. Como, é público e notório, já bastas vezes tem ido, sempre no âmbito da Pastoral de turismo, à Palestina e aos lugares que o cristianimo católico tem como seus 'lugares santos'. Sem jamais reconhecer que só no falar dos mitos esses lugares são santos. Porque no falar histórico, eles são, desde há pelo menos 3 mil anos, lugares de (quase) ininterrupta tortura e guerra. Que outra coisa não fazem, lá onde chegam, o judaísmo, o cristianismo católico romano e o islamismo. Os três têm o tremendo condão de converter lugares de paz e de convivencialidade em lugares de tortura. Ou o santo rei David, S. Paulo e o profeta Maomé não tivessem doutrinalmente convertido os sofrimentos e as torturas dos povos e da Terra em outros tantos meios de redenção do mundo, hoje cada vez mais afundado em sucessivos dilúvios e devorado por incontroláveis incêndios florestais. O pior dos terrorismos, mascarados de redenção do mundo!!!

Até agora, o país desconhecia por completo a existência de Mary Jane Wilson. E vai continuar a desconhecer, uma vez que, em seu lugar, se impôs o mítico nome Maria de São Francisco. Só por isso este mítico nome de mulher constitui a mais recente e de todo inusitada paixão de D. José Cordeiro que assim pode continuar a sonhar com o Cardinalato e o Papado. Para os alcançar, o bispo de Bragança-Miranda faz o que pode e o que não pode para promover o catolicismo imperial e o seu mítico Cristo davídico. Os quais, de mão dada com o Mercado global, constituem a maior fábrica de produção de pobres e de pobreza estrutural em massa. Mas, sem ela e sem eles, o que seria das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias e de todas as outras suas iguais?! O que seria?

Edição 152,Novembro 2019

A nefasta influência dos Livros sagrados

DEMOCRACIAS OU TEOCRACIAS RELIGIOSAS, LAICAS E ATEIAS?!

É possível gerar autênticas democracias sob a influência do nefasto sopro ideológico e teológico que atravessa os Livros sagrados da primeira à última página? Esse sopro não é sempre gerador de teocracias? Os impérios do passado e do presente – hoje, os omnipotentes e omnipresentes impérios financeiros – não são todos teocráticos? As próprias democracias – etimologicamente, o Poder do Povo – não respiram, como os impérios, o mesmo sopro ideológico e teológico dos Livros sagrados? A mera existência de Poder, por mais democrático que se diga, não é gerado pelo sopro ideológico e teológico dos Livros sagrados? Conhecemos alguma democracia que não seja partidocracia, o Poder do Partidos? E os Povos não são os primeiros a exigir o Poder?!

Sempre temos vivido, nestes milénios passados, sob a nefasta influência do sopro ideológico e teológico que atravessa os Livros sagrados, concretamente, os do Judaísmo, do cristianismo e do islamismo. Os povos da Ásia seguem outros livros sagrados, aparentemente, distintos dos do Ocidente. Na verdade são mais iguais do que distintos. Todos sem excepção colocam Deus no topo dos topos. Por isso a teocracia – o Poder de Deus – continua a ser hoje o sistema de Poder que governa-domina os povos da terra, inclusive, aquelas nações que se orgulham de democracias. De modo que o Poder sempre tem estado aí ao comando dos povos. Em vez dos povos ao comando.

Nos impérios, com destaque para os financeiros, o Poder é asumidamente divino, por isso, teocrático – o Poder de Deus – intermediado pelos imperadores, sumos-sacerdotes e juízes. Servidos por agentes de turno, todos da sua confiança. Que o são só e enquanto merecem a sua confiança. No dia em que esta for quebrada, voltam todos ao nada de onde emergiram. Não! Não voltam à humanidade. Voltassem e seriam seres humanos. Mas esta conversão é-lhes totalmente impedida e negada. Formatados para protagonizarem aquele papel, jamais regressam ao humano de onde saíram. Resta-lhes o suicídio. Na hora, ou lentamente, num penoso viver de inferno.

Somos terceiro milénio, mas ainda mais teocráticos do que os anteriores. Teocracias laicas, ateias e agnósticas. As piores. As teocracias religiosas do passado ainda revelavam alguma sensibilidade para com as maiorias empobrecidas e excluídas da mesa dos privilégios. Mas este terceiro milénio é já pós-religioso, pós-cristão e até pós-islâmico. Seria um avanço civilizacional, se fôssemos mais humanos. Não somos. As teocracias laicas, ateias e agnósticas são cientificamente inumanas. Sádicas. Cruéis. Não damos por isso, porque as overdoses de todos os tipos de ópio dos regimes teocráticos dos Partidos e das Corporações são contínuas. E não vemos que somos cada vez mais sós.

Chegamos então a um beco sem saída, já que dentro do Poder não há lugar para o Humano se desenvolver? Não chagamos! Há saída. Só que esta exige-nos a definitiva renúncia aos Livros sagrados e a todo o tipo de teocracias, as piores das quais são as teocracias laicas, ateias, agnósticas. Só quando pusermos os seres humanos e os povos antes de Deus, podemos finalmente protagonizar na História um caminho que nos faz crescer de dentro para fora em humano cientificamente religados e organizados, capazes de comandarmos os nossoss destinos e os do planeta. É por aqui que navega o Sopro de Jesus histórico, o filho de Maria, crucificado em abril do ano 30 em Jerusalém e que o meu Livro 50 traz de volta. A sua fé e a sua teologia, sistematicamente reprimidas pelas teocracias religiosas, laicas, ateias, agnósticas, são as únicas Fé e Teologia que colocam o bem dos seres humanos e dos povos que estamos sempre a ver, antes de Deus que nunca vemos. Por isso, a única Revolução antropológica-teológica que 'puxa' pelos seres humanos e os povos e confia-lhes o comando dos próprios destinos e os destinos do planeta. Fazemo-la nossa e praticamo-la, ou perecemos!

O papa e os pobres

AJUDAR OS POBRES OU ERRADICAR A POBREZA?

Há 3 anos, o papa Francisco criou o que na altura chamou 'Dia Mundial dos Pobres'. Parece uma boa iniciativa. É má. Reconhece que, neste início de milénio os pobres são mais do que as mães – quase todos os povos do planeta – mas não se apresenta determinado a erradicar todas as fábricas de produção de pobres e de pobreza estrutural. Muito menos, as causas que inevitavelmente provocam este Mal estrutural. Deixa, até, subentender que a existência de pobres é uma fatalidade inelutável, ao ponto de conseguir viver em paz com essa realidade. Pior ainda. Consegue tirar partido dela, ao promover este Dia Mundial deles e aproveitar a data para umas almoçaradas com alguns pobres de Roma, escolhidos a dedo, bem higienizados e vestidos a preceito.

E quando está garantida a quantidade de pobres indispensável para o êxito do espectáculo, e todos estão já nos seus lugares, ei-lo a entrar, triunfal, no espaço, todo de branco vestido da cabeça aos pés, por entre aplausos, silenciosos que sejam, para não ferir os seus sagrados tímpanos, nem macular as suas vestes com uns inesperados e inconvenientes dizeres, por parte de alguuns deles. Há sorrisos de satisfação no seu rosto papal imperial, a fazer lembrar uma idêntica iniciativa de um dos seus velhíssimos predecessores de infeliz memória no mesmo trono imperial, conhecida, então, por 'Pão e circo'. Esta iniciativa-holofote que nos cega e cega os pobres do mundo atinge a sua máxima potência de cegueira, quando, no final, o papa se levanta e faz o seu discurso aos pobres, tudo em directo e depois em diferido urbi et orbi, via tvs, todas propriedade do gigantesco e medonho mundo financeiro.

Este ano foi já o terceiro. E como a iniciativa não se destina a acabar com as fábricas de produção de pobres e de pobreza estrutural, mas a alimentá-las e abençoá-las, os pobres no mundo não só não diminuíram, como até aumentaram. Perante esta iniciativa do papa imperial, mascarado de Francisco de Assis, os grandes grupos financeiros do mundo nem tugem nem mugem. Manifestam-se directamente ao papa de Roma, de forma discreta. Os agradecimentos e as felicitações são muitos, mas em surdina. Se públicos, como públicos são estes almoços papais-com-pobres-escolhidos a dedo, haveria o risco da farça papal ser desmontada e o papa teria um motivo mais para se dizer vítima de incompreensão e de ataques.

Admito que o o papa Francisco, jesuíta de quatro costados que é, faça tudo isto com boa intenção. Mas, como reza o ditado criado em ambientes católicos cristãos, De boas intenções está este mundo-inferno cheio. No meu viver de Presbítero menino sei bem o que é ser filho de mulher e, a dado momento, ser assediado pelos afrodisíacos prazeres que só o Poder monárquico e absoluto garante a quem aceitar passar de filho de mulher a filho do Poder. E no caso do papado imperial de Roma, o pai do Poder dos poderes em toda a Terra. Jorge Mário Bergóglio, nascido de mulher argentina, não resistiu,para seu mal, a essa afrodisíaca sedução e é, neste momento, o pai de turno desse Poder dos poderes. Como tal, tem todo o mundo a seus pés, a começar pelos agentes de turno do poder de cada Estado do mundo. E, até, das suas inúmeras vítimas!

Desde que aceitou a coroação papal é o mais cego dos seres vivos e o mais potente holofote que cega todos quantos gravitam na sua órbita, ateus que se digam. O sopro assassino e ladrão deste Poder dos poderes é o Tentador-mor dos nascidos de mulher e, naquelas mentes e vidas históricas em que entra, tudo o que elas depois concebem e realizam resume-se aos três fatais verbos que só Jesus histórico, o de João, antípoda do Poder, nos revela. Concretamente, Roubar, Matar e Destruir. Que é o que fazem todos os agentes de turno do Poder. E sem um pingo de remorso, porque têm a cobri-los uma teologia que rouba-mata-destrói. A mesma dos Livros sagrados, à cabeça dos quais, está a Bíblia judeo-cristã do Papado imperial de Roma, seja qual for o seu agente de turno!

Frei Bartolomeu dos Mártires

PARA QUANDO 'A EMINENTÍSSIMA REFORMA'?

Bartolomeu Fernandes. O nome remete-nos de imediato para as humildes origens de um qualquer nascido de mulher, 3 de Maio 1514, em Verdela, Lisboa. Anos mais tarde, já dá pelo nome de Bartolomeu dos Mártires, o de frade dominicano, no Convento de Viana do Castelo. E a partir de agora, por força de um decreto do papa Francisco, é São Bartolomeu dos Mártires. Por sinal, um santo de segunda categoria eclesiástica católica, já que, durante estes 505 anos, a Roma imperial não conseguiu atribuir-lhe um qualquer 'milagre'. O que – deixem-me sulhinhar o facto – só o dignifica, uma vez que de um ser humano que se mantenha fiel à sua matriz, jamais pode, sem ofensa à sua dignidade, atribuir-se-lhe, antes ou depois de morrer, a realização de um 'milagre'. Aliás, se nem Deus que nunca ninguém viu faz 'milagres', como podem seres humanos, seus outros tantos rostos históricos, fazê-los?! Só mesmo a igreja imperial de Roma, a mesma que se acha com poder de fazer santos por decreto, ao abrigo do absurdo dogma da nfalibilidade papal, é capaz de desumanizar até esse ponto, e impunemente, certos nascidos de mulher, elas e eles.

Somos terceiro milénio, o de Jesus histórico e da Ciência, e mesmo assim Sua Santidade(?) o papa Francisco não resiste a meter-se por esses atalhos. E como não, se a teologia por que se rege faz dele alguém que põe e dispõe de deus? Não pensa ele – e com ele todos os clérigos católicos romanos graúdos e menos graúdos, mais o PR Marcelo, com tudo de papa e de compulsivo comentador infalível e omnipresente – que, ao agir assim, cativa as novas gerações? Desconhece de todo que estas, à excepção de uns quantos beatos com dificuldades de saudável sociabilidade, são já gerações pós-cristãs e pós-católicas romanas. Uma postura que, só por si, não significa que sejam mais humanas, sororais e maiêuticas do que as gerações dos milénios anteriores. E porquê?

Porque faltam-lhes referências históricas e testemunhos de vida que maieuticamente as abram a estas fundas dimensões do Humano. Nem as famílias em que nascem, todas dos milénios anteriores, nem as escolas-universidades, nem as igrejas que hoje por aí florescem como cogumelos, nem os dirigentes dos Estados das nações, a começar pelos do Vaticano, que elas constantemente vêem, são exemplos de Humanidade, apenas de Poder, o assassino do Humano. E Jesus histórico, embora já ao alcance das nossas inteligências cordiais, continua infelizmente a ser confundido pelos nascidos neste milénio com o maior mito bíblico chamado Cristo que, obviamente, não constitui referência de Humanidade para ninguém, muito menos, para elas, uma vez que é o seu antípoda.

De Bartolomeu dos Mártires, bispo de Braga, a de seiscentos, reza a História, que participa nas sessões do Concílio de Trento, o mais dogmático e anatematizador dos Concílios, onde exige aos cardeais do respectivo Colégio, uma 'eminentíssima reforma'. O mesmo exige também aos bispos, seus confrades. A intervenção vale-lhe o mais vivo repúdio de suas Eminências. E a prova é que foi preciso esperar por um papa jesuíta que não hesita em integrá-lo por decreto no 'Catálogo dos santos'. Francisco sabe que, ao converter Bartolomeu Fernandes, filho de Maria Correia e Domingos Fernandes, em São Bertolomeu, mata o que nele ainda haveria de Humano. Ao mesmo tempo que impede em definitivo a 'eminentíssima reforma' dos Cardeais que o destemido bispo de Braga exige em Trento. Só quem confunde a realidade com as encenações católicas e religiosas é que não vê este nefando assassinato papal.

Por isso, 'a eminentíssima reforma' que Bartolomeu preconiza no Concílio de Trento, não só não está iminente, como é, a partir de agora, até mais difícil. De resto, não se trata de reformar suas Eminências, os cardeais do Colégio cardinalício, como em seu então reclama o frade dominicano. Trata-se que os próprios percebam que o simples facto de serem clérigos e clérigos graúdos rouba-lhes em definitivo a sua matriz de nascidos de mulher, por isso, de seres humanos. De modo que, ou são eles os primeiros a recusar esse estatuto, ou melhor fora que não tivessem sequer nascido!

José Ferreira / Chiado Editora

MEMÓRIAS BOAS DA MINHA GUERRA

De todas as guerras, as memórias são (quase) todas más. Como más são todas as guerras do mundo. Da responsabilidade, primeira, das elites de Poder que demencialmente fazem dos seus jovens carregados de futuro, carne para canhão. E da responsabilidade, segunda, dos povos que, demencialmente dizem amém com eles. Foram assim as duas guerras mundiais, de má memória. E foi também assim, durante 13 anos, a Guerra Colonial em África, imposta pelo ditador Salazar – 'Para Angola, rapidamente e em força' – a qual, vergonha das vergonhas, contou com o explícito apoio da hierarquia da igreja católica em Portugal e do próprio Vaticano. Que, juntos, vão ao cúmulo de criar um serviço de capelães obrigatório, Vicariato Castrense, que garante a cada Batalhão, terra, mar e ar, um capelão. Numa desesperada tentativa de converter o Mal estrutural numa 'guerra santa'!!!

Este Livro, tecido em 3 Volumes separados e complementares – mais de 800 pgs no total – é a primeira obra literária no país que nos presenteia e perturba com 'memórias boas' duma das piores de todas as guerras do século XX, eufemisticamente chamada, na altura, 'Guerra do Ultramar'. O mérito vai inteiro para o seu Autor, José Ferreira, um conterrâneo meu e meu vizinho nos idos da infância e juventude, ele de Fiães e eu de Lourosa, Terras da Feira. E que um inesperado almoço, dia 16 de Julho 2019, num restaurante da Lixa, com uma dúzia de antigos combatentes, me dá a conhecer, cara a cara. E com quem contraio uma dívida de gratidão, umavez que, no final, ele me presenteia com os 3 Volumes autografados. Os quais têm sido, desde então, leitura obrigatória e de cabeceira. Apareça um realizador de cinema à altura e logo descobrirá nestas 'Memórias boas' um excelente guião para um excelente e perturbador filme!

Só porque o Autor se revela mestre dos mestres no manejo da 'linguagem de caserna', os 3 Volumes apresentam-se carregados de humor e, com ele, até as piores tragédias acabam eternizadas num surpreendente registo de 'memórias boas'. Sem nunca escamotear nem esconder todo o horror que foi a Guerra Colonial. E continua ainda ainda hoje a ser. Formatados nos quartéis de então pela ideologia fascista e cristã que nem a República nem o 25 de Abril foram capazes de erradicar de vez das nossas mentes, os jovens, recrutados às mãos cheias, partem para a Guerra convictos de que vão defender a pátria, quando vão arruiná-la, ao mesmo tempo que impedem os povos das Colónias de alcançarem a sua autonomia e independência. E depois de 13 anos 'a defender a pátria', os que regressam vêem-se tratados como só os próprios sabem, mas calam, tão profundas as feridas, que as suas mentes ainda hoje sangram. À medida que lemos cada um dos Volumes, vemo-nos, inesperadamente, metidos também nas situações mais incríveis, ocorridas entre Abril 1967 e Abril 1969, por onde o seu Autor andou integrado na CART 1689, do BART 1913, naquelas escaldantes terras de Fá Mandinga, Catió, Gandembel, Cabedu, Dunane, Canquelifá e Bissau.

A obra toca-me de modo muito especial. É que também eu, presbítero ordenado da igreja do Porto, vejo-me, aos 30 anos de idade e 5 de presbítero, inesperadamente, convocado pelo QG de Lisboa para integrar um Curso intensivo de 5 semanas de Capelães militares, numa Academia Militar nos arredores de Lisboa. Sou então Prof de Religião e Moral no Liceu D. Manuel II e Assistente Diocesano da JEC e dos Cursos de Vida Apostólica na Diocese. A viver numa Casa arrendada pela Diocese, mas paga mensalmente por mim, e que, para além de minha residência, é também sede da JEC diocesana e espaço de acolhimento e apoio pastoral aos jovens do referido Liceu. A convocatória não cai do céu. Acontece, porque o Administrador Apostólico da Diocese, D. Florentino de Adrade e Silva, envia o meu nome para Lisboa, sede do Vicariato Castrense, recém-erecto. E só quando estou para ser convocado é que ele tem o cuidado de me chamar ao Paço Episcopal para me informar de viva voz do facto já consumado. O choque é tremendo, para mim e para os jovens, ao vermos ir por água abaixo todo o inovador trabalho pastoral em curso nos Liceus e Colégios da diocese.

O sorteio, no final do Curso, confia-me o Batalhão de Caçadores 1912, já a operar em Mansoa, Guiné-Bissau. Só que, dois meses depois, já eu vejo o Mal estrutural que a Guerra é, e defendo na homilia do primeiro Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 1968, o direito dos povos colonizados à sua autonomia e independência. Cai o Carmo e a Trindade. E mais dois meses depois, vejo-me expulso, sem qualquer Processo, de capelão militar, e declarado pelo Bispo castrense, D. António dos Reis Rodrigues, 'padre irrecuperável'. Com semelhante 'condecoração', nunca mais o Sistema de Poder, nos três poderes, me perdoa e, depois de mais duas tentativas falhadas para tentar roubar-me a consciência, tem-me como um não-existente institucional. Para sua vergonha e reiterada confirmação de que ele é efectivamente o 'Mal estrutural', mascarado de 'bem estrutural'. Só cegos que não querem ver é que não vêem. Ou vêem e correm interesseiramente a dar-lhe as filhas, os filhos. Como já lhos deram nos tenebrosos anos da Guerra Colonial.

Daí a minha reiterada Pergunta: Quando ousamos passar de animais racionais a seres humanos maieuticamente religados uns aos outros, determinados a gerir os nossos destinos e os destinos do planeta, como se Deus não existisse?! Quando?

Texto Fraternizar 1, Edição 152, Novembro 2019

Tanto barulho para nada, pois quem decide é o Papa

MINISTÉRIOS ORDENADOS ABERTOS A MULHERES E CASADOS?

Com séculos e séculos a discriminar as mulheres e a clericalizar aqueles homens que ordena presbíteros e bispos, a igreja católica imperial é um institucional em estado de pecado e causa de perdição-corrupção da Humanidade. Escandalizo-Vos?! Mascara-se de boa.É estruturalmente má. O presente milénio diz-se pós-cristão, mas continua a não dispensar os isotéricos ritos dos seus clérigos, tanto os do papa, como os de um qualquer pároco de aldeia. Todos machos e celibatários por força de uma Lei que nem os próprios se atrevem a abolir, porque, se o fizerem, assinam nesse dia o decreto da sua própria extinção. Já que, sem ela, aquela aura de superioridade e de sagrado com que sempre se apresentam aos 'fiéis' desaparecerá.

O Sínodo partiu pedra durante 3 semanas. Elaborou e aprovou um Documento final que entrgou ao Papa Francisco. Tanto barulho para nada. Tudo protocolar. Tudo clerical. Tudo estéril q.b. Até as poucas dezenas de mulheres presentes foram sobretudo freiras, também elas ainda mais clérigas que os próprios clérigos. Porque, ao contrário deles, fazem votos de pobreza, de obedidência à sua superiora e de castidade. E os clérigos não fazem. Nem de pobreza, nem de obediência, nem de castidade. A Lei do celibato é bem menos radical que o voto de castidade. E a promessa de obediência ao seu superior hierárquico é menos radical do que o voto de obediência. Distinções jesuíticas que o Código de Direito Canónico faz, mas que o grande público desconhece. De todo!

Na igreja imperial como é a de Roma, as grandes decisões são um exclusivo do Papa. Que assim são todas as monarquias absolutas. E o Papado é o pai de todas elas. Inclusive, das anteriores a ele. É o Poder absoluto de um só. Com a agravante de o Poder do Papa, além de absoluto, ser também infalível, em matérias de Fé e de Moral. Precisamente, as mais substantivas. Das quais decorrem todas as outras. Deste Sínodo, e caso não haja imprevistos, o Papa anunciará urbi et orbi, antes do final do ano, o que dele fica. O mais previsível é que, depois de todos os fogos de artifício que foram estas 3 semanas, a montanha imperial acabe a parir um rato.

De um institucional em estado de pecado e estruturalmente mau, o que há de bom a esperar? Surpreendente, é continuar a haver tanta cegueira neste milénio que se diz pós-cristão. Diz-se pós-cristão, mas os comportamentos negam o dito. E como só as práticas fazem as mudanças estruturais, nunca as doutrinas nem as parangonas dos telejornais do mundo, não esperem grandes mudanças do Papa Francisco pós-Sínodo. De resto, o próprio Documento final aprovado pelos bispos não tem nada de substantivo. Que nada de substantivo há a esperar dos clérigos graúdos e miúdos. São estéreis e vivem completamente fora e acima dos quotidianos dos povos das nações. Basta constatar que o Sínodo foi sobre a Amazónia, mas realizou-se na Roma imperial, não no coração da própria Amazónia. Alguns dos seus líderes locais vieram a Roma, mas para decorar a sala das sessões. Nenhum deles é bispo ordenado. E o Sínodo é sempre dos bispos.

Tirem, pois, o cavalinho da chuva, se esperam que o Papa Francisco abra os ministérios ordenados às mulheres e aos homens casados, já diáconos. Não abre. E mesmo que abrisse, nunca elas e eles seriam presbíteros nem bispos. Apenas sacerdotes e clérigos em corpos de mulheres e homens casados. Ora, entre presbíteros e bispos ordenados e sacerdotes e clérigos há um abismo intransponível. Presbíteros e bispos ordenados estão no Sistema de Poder, mas nunca são dele. Vivem teimosamente religados aos demais seres humanos e povos, sempre ao modo da 'parteira'. Escutam os clamores das vítimas e os sinais dos tempos. E deixam-se conduzir pelo Sopro ou Vento daquele Deus que nunca ninguém viu e nos habita-potencia de dentro para fora, até sermos povo de povos religados uns aos outros ao modo dos vasos comunicantes. A conduzir os nossos próprios destinos e os destinos do planeta. Como se Ele não existisse.

https://www.youtube.com/watch?v=YAq2rVUV9h0&feature=youtu.be

Edição 151, outubro 2019

Crónicas de Iluminação e de Rebeldia

O QUE MOVE A. PEDRO RIBEIRO?

Num mundo como o nosso, mergulhado num beco sem saída, por determinação de um diminuto grupo de dementes financeiros, que ninguém consegue já deter, acaba de aparecer entre nós mais um provocador e desalinhado 'Livro de Crónicas de Iluminação e de Rebeldia' (Seda Pulicações 2019), de A. Pedro Ribeiro, meu amigo e colaborador de há muitos anos do Jornal Fraternizar online. A sessão oficial de apresentação aconteceu na cidade do Porto, mais concretamente na sede de JHLP, onde também fiz questão de participar. Não foram muitas as pessoas presentes, que os tempos que vivemos não sopram de feição para este tipo de obras e de Autores que estão no Sistema, mas não são dele. O que querem é fazê-lo implodir, para que os Povos religados fiquem ao leme.

O que move este Escritor e Poeta rebelde de 51 anos, nascido em Maio de 1968 no Porto e actualmente residente em Vila Nova de Gaia, freguesia de Vilar de Pinheiro? Quem o conhece e priva mais de perto com ele, dá-se conta de que é movido por um invulgar Sopro que visa destruir, não a Terra nem a vida na Terra, mas o Dinheiro, o único deus que todas as minorias de Poder, de todo o Poder, através dos tempos, crentes, não-centes, ateus, reconhecem e cultuam. Sem quererem saber para nada das maiorias empobrecidas e demais seres vivos que constituem esta casa comum que é o planeta Terra, a dançar ininterruptamente à volta de si mesmo e à volta do Sol.

As palavras escritas saem-lhe como outros tantos furacões que derrubam o império do Ter, para que, em seu lugar, fique o universo do Ser. Pode perguntar-se, com toda a pertinência, se o Ofício do Escritor e Poeta A. Pedro Ribeiro tem então alguma valia, uma vez que o seu é apenas o universo das palavras escritas, ditas e cantadas. E todas palavras-furacão-e-tsunami. Obviamente que tem. Mais, muito mais do que todas aqueloutras que são movidas por outro Sopro que mais não são do que um frete ao diminuto grupo de dementes financeiros. Tanto assim, que são eles os primeiros a reconhecer os seus relevantes serviços e por isso os premeiam de mil e uma maneiras, a mais cobiçada de todas, o Nobel da Literatura.

Não é deste naipe light o meu amigo Escritor e Poeta A. Pedro Ribeiro. Prefere morrer à fome e numa valeta, sem um euro no bolso, a abdicar da sua integridade. Não se pense, porém, que por ser genuinamente assim, o Escritor e Poeta rebelde é um monge e um misógino. Exactamente, o contrário. É o Homem de todos os excessos, como bem revela este seu Livro de Crónicas. As Mulheres que nunca se vendem, sempre se dão, são as suas mais inspiradoras musas. Muitas delas partilham com ele os seus bens, só para que ele possa prosseguir nos seus excessos. As bebidas alcólicas, com destaque para o maduro tinto, são a sua liturgia laica, que as dos clérigos, nunca ele as frequenta.

Surpreendentemente, a partir de determinada altura, também eu entro no restrito rol dos seus amigos de peito, companheiros da Escrita e de outras Artes, todos com horror ao Dinheiro. Não frequento as suas orgias, mas sou seu Amigo, apesar delas. Ele próprio já começa a sentir na pele as consequências desses excessos que o levam a prolongados dias de total abstinência. Conhece bem o meu viver de menino adulto que vê que o rei vai nu e por isso ri e se espanta que as maiorias mais oprimidas não vejam que os seus maiores benfeitores, clérigos religiosos ou ateus, são os seus maiores malfeitores. Quanto mais colocados em elevados postos de Poder, mais malfeitores. Graças a mim, o Escritor e Poeta rebelde tem progressivamente descoberto o que ele generosamente chama 'o Jesus histórico do Pe. Mário de Oliveira' e vive cada vez mais fascinado pelo seu Projecto político maiêutico, nos antípodas do do Poder e do Dinheiro. Por isso, se já era tão ostracizado, corre agora o risco de o ser ainda mais. Mas isso é um motivo mais para ele prosseguir o seu caminho, de olhos postos no Essencial. Cantemos. Habemus Hominem!

P.S. Este seu novo Livro, de 125 Crónicas, mais 13 de 'Crónicas Vadias', pode ser encontrado na UNICEPE, Porto, e na Editora Seda Publicações / www.Gugol.pt, de Jorge Castelo Branco.

Na Escola Secundária de Vizela com o 12.º ano PERGUNTAS EM VEZ DA ANUNCIADA PALESTRA

O convite vem do Prof. Aníbal Ruão, responsável pela Biblioteca da Escola. De imediato digo, Sim. A 'aula', com tudo de um salutar 'tufão' que deixa em cacos todas aquelas tradições que os milénios anteriores querem impor a cada geração que vem a este mundo, também a eles, já nascidos neste 3.º milénio, acaba de acontecer, na manhã de 2.ª feira, 14 de outubro, o dia a seguir à pantomina do 'Sol a bailar' em Fátima, com que os clérigos católicos infantilizam há cem anos as populações. E marca a fogo para todo o sempre a mente-consciência de cada um das muitas dezenas de estudantes e alguns dos seus profs, também presentes na sala. Surpreendentemente, não há sinais de perturbação nos seus rostos. Apenas espanto. À mistura com aquela feliz sensação de quem toma consciência, pela vez primeira, de que lhes cabe a responsabilidade histórica de fazerem novas todas as coisas. E se dá conta de que, nos meus 82 anos, sou naquela sala o mais jovem de todos, só porque nasço cada dia e vejo, desde a minha ordenação de Presbítero, em 5 agosto 1962, com progressiva nitidez que o rei vai nu, por isso, não vou em nada do que o sistema de Poder nos tenta impingir como bom, quando ele mesmo é o Mal estrutural.

Palestra, não há. Há muito Humor e Amor à Verdade que, praticada, nos faz livres. Um Humor-e-Amor feito de muitas Perguntas que nos deixam a todos cada vez mais despertos, concentrados no Essencial, acolhedores. Quem de vós – é uma das primeiras – nascido neste milénio pós-cristão, já não foi baptizado em criança? Apenas um levanta o braço. Felicito-o diante de todos e peço-lhe que leve esta minha felicitação aos seus pais. E não hesito em classificar de crime, o que os pais dos demais fazem, ao terem-nos baptizado, em vez de deixarem para eles a decisão de um dia o fazerem ou não. Deu para perceber que hoje nenhum deles o faria. É um crime tanto mais grave, quanto estes filhos já nascem num milénio pós-cristão. Um crime de lesa-liberdade que o cristianismo tem cometido ao longo dos séculos. E, para cúmulo da nossa vergonha, impunemente.

Qual o único denominador comum a todos os nascidos de mulher, sem excepção? É outra das muitas Perguntas que os deixa de todo surpreendidos, quando, afinal, todos somos seres humanos, a máxima fragilidade-consciência, e só mesmo religados uns aos outros e ao cosmos podemos subsistir, sem nunca nos perdermos de nós. De que servem então as Escolas e as igrejas, se não nos despertam para esta realidade, antes, no-la escondem? Absolutamente perdidos de nós próprios, acabamos, século após século, religados a supostas divindades que projectamos como todo-poderosas, fora e acima de nós e perdemo-nos e perdemos o próprio chão. À mercê, geração após geração, de clérigos de toda a espécie, religiosos, laicos e ateus, que fazem de nós pau-para-toda-a-colher, os mais infelizes dos seres vivos, porque perdidos de nós próprios.

Muitas mais são as Perguntas com que desperto a consciência dos jovens. Eis algumas das que foram formuladas e debatidas. 1, A quem interessam escolas como as que temos hoje e cuja frequência é obrigatória? Aos seres humanos e povos, ou ao sistema de Poder? 2, Gostais do modelo de família em que estais a crescer, ou preferíeis outro? 3, Se todos nascemos de mulher, porque não é o nome da mãe que vem no Cartão de Cidadão, logo a seguir ao nosso, mas o do pai? 4, Somos garantidamente filhos daquela mulher, em cujo útero vivemos os primeiros nove meses, já do pai não podemos dizer o mesmo. E que tal se, chegados a casa, exigísseis ao pai um teste de ADN, já que sois de um milénio em que, pela vez primeira, há esta possibilidade? 5, A família e a escola, tais como as conhecemos, mais as paróquias e os Estados das nações são para preservar, ou para fazer desaparecer? 6, Quantos de vós frequentam a Biblioteca da Escola e lêem dos seus Livros não-escolares? Nenhum de vós?! Não me surpreende, porque já sois todos da era do digital e as bibliotecas não. 7, É possível e desejável um mundo sem religiões, templos, papas, missas, párocos, pastores de igreja? 8, Que vos diz a sigla LGBTI? Se não formos todos 'arco-íris' e não gostarmos de nos descobrimos todos diferentes, todos iguais, ininterruptamente religados como os vasos comunicantes, ainda somos humanos? E a concluir, 9, Ao serviço de quê e de quem ides colocar as vossas capacidades?!

A derradeira páscoa de António Tavares dos Santos

E TUDO ACONTECEU NA MAIOR DAS INTIMIDADES

Acontecem todos os dias em todo o mundo inúmeras derradeiras páscoas de pessoas. Nenhuma, porém, como a derradeira páscoa de Jesus, o filho de Maria, nado e criado em Nazaré. Acontece em abril do ano 30, em Jerusalém. Na cruz do império de Roma, a mesma do Papado católico romano. A primeira e a última derradeira páscoa com tudo de apocalipse ou revelação. Porque, ao expirar na cruz e tornar-se para sempre corpo-sopro vivente entre nós e connosco, Jesus, o alfa e o ómega do Humano, mostra ao mundo o Poder tal qual ele é nos 3 poderes em que subsiste – intrinsecamente mau. O Pecado organizado que existe sobre a Terra só para roubar, matar e destruir. Sem que os povos, suas vítimas, se apercebam, uma vez que sempre se lhes apresenta mascarado de divino e legitimado pelos Livros sagrados, todos mandados escrever por ele, Bíblia incluída.

Com indescritível alegria aqui testemunho que é muito nesta linha jesuânica que vai a derradeira páscoa de António Tavares dos Santos, meu condiscípulo, ordenado presbítero comigo e mais 16 outros diáconos, no dia 5 de agosto de 1962, Sé Catedral do Porto e, bastantes anos depois, também advogado de profissão, bem conhecido das gentes residentes nas terras do distrito de Aveiro, com destaque para Santa Maria da Feira e S. João da Madeira. Tudo acontece na maior das intimidades e clandestinidades. Sou uma das 11 pessoas convocadas por ele, já a doença toma conta do seu frágil corpo, que não da sua lúcida e acutilante mente, e o seu viver é quase todo passado entre a Casa de Repouso em S. João da Madeira e o Hospital de S. Sebastião, na Feira. E porque também eu integro este pequenino grupo de amigos, nenhum deles familiar de sangue?

A esta mais que legítima pergunta, responde um Documento, com data de 19 de agosto de 2019 e reconhecido nesse mesmo dia pela Notária do Cartório Notarial de S. João da Madeira, como expressão da sua 'última vontade'. Nele se lê, 'Eu, António Tavares dos Santos', advogado, reformado, residente na Casa de Repouso (...) de S. João da Madeira, na posse das minhas faculdades mentais, declaro que pedi a Bernardina Calhau (….) em 18 de agosto de 2019, que telefonasse ao Padre Mário de Oliveira, residente em Macieira da Lixa, o favor de me visitar, mal pudesse, o que o mesmo fez no dia 19 de agosto de 2019. Este nosso encontro a três (…) teve lugar na suite da referida Casa de Repouso, onde habito desde maio de 2011 (…) e destinou-se a pedir ao Padre Mário de Oliveira que fosse ele a presidir às minhas cerimónias fúnebres, o que ele aceitou.'

O Documento acrescenta ainda, 'As referidas cerimónias serão sem flores, sem qualquer publicidade, sem toque de sinos, sem missa e sem qualquer símbolo religioso. Serão celebradas com música clássica em fundo à escolha do Padre Mário. O corpo será cremado e as cinzas serão devolvidas à Mãe Natureza, num local escolhido pela também supramencionada Bernardina e só ela terá conhecimento desse local'. Conclui depois com a indicação dos nomes das pessoas da sua intimidade que deseja presentes no 'velório' que vem a acontecer na manhã do dia 30 de setembro, uma vez que o seu último sopro vive entre nós e connosco a partir das 7,15 horas do dia anterior, precisamente no referido Hospital e na presença emocionada do seu terapeuta, Ricardo. É um 'velório' sempre com a urna fechada, com tudo de sereno e feliz convívio, ao som em fundo da 9.ª Sinfonia de Beethoven e do Aleluia de Händel, partilha de testemunhos, com destaque para o de Bernardina Calhau que o acompanha desde 1980, e o meu, seu condiscípulo. Há também Poemas, Cantos, abraços e beijos. E tudo culmina, como não podia deixar de ser, num Almoço com tudo de Comensalidade e acção de graças, num restaurante da região, sempre com a fecunda companhia de António Tavares dos Santos, definitivamente corpo-sopro vivente, entre nós e connosco. Uma experiência, única e irrepetível, que nos deixa a todos os onze muito mais religados aos outros-como-nós e ao Cosmos. Viva, António Tavares dos Santos! Viva!

Legislativas 2019

VOTAR OU NÃO-VOTAR?!

Neste domingo 6 de outubro, são 21 os partidos políticos ou coligações que cobiçam o voto dos milhões de portugueses em idade de votar. De uma Legislatura para outra, as semanas que precedem o dia de votar estão a revelar um nível político cada vez mais rasca. A minha inteligência cordial de presbítero-jornalista que procura pautar as suas práticas quotidianas à luz da Fé e da Teologia de Jesus, não da ideologia-teologia do Poder, leva-me a classificar como sucessivos 'vómitos políticos' todos esses ditos dos respectivos líderes com que os grandes media, em especial as tvs e redes sociais, reiteradamente nos embaraçam e confundem. Pessoalmente, sinto-me vilmente agredido por todos eles. A honrosa excepção a esta regra tem sido o meu amigo humorista, RAP, com o seu inteligente e bem-humorado programa, 'Gente que não sabe estar'. Que assim é – uns mais, outros menos – toda essa gente que lidera os 21 partidos políticos ou coligações, cujas 'caras falantes' nas tvs nos torturam a toda a hora.

Desta vez, nem os líderes dos partidos ou coligações que já têm assento parlamentar, incluídos os que levaram esta Legislatura ao fim, foram capazes de respeitar os que com eles repartem as cadeiras do Parlamento em Lisboa e as mordomias que se auto-atribuem e com que se banqueteiam. Sejam de Esquerda ou de Direita. Sem que as populações votantes sejam alguma vez tidas ou achadas. O Parlamento é deles e só deles. Para cúmulo da ironia, sempre legitimados pelo voto dos-que-votam. É sobretudo no tempo de campanha eleitoral que revelam a sua verdadeira face. Chegam a ser ferozes uns com os outros, cínicos, oportunistas, chico-espertos. Familiarizados que estão com as câmaras de tv, aproveitam cada minuto de antena para dizerem cobras e lagartos dos seus 'rivais'. Só eles e o seu partido ou coligação são merecedores do voto das pessoas em idade de votar. Os votos nos demais são todos votos perdidos.

Outro dado a sublinhar é que, nestes dias que precedem o dia de votar, não vemos nem ouvimos nenhum representante dos demais institucionais de poder – religioso, cristão, católico, islâmico, judaico, ateu – deixar de se pronunciar sobre o 'dever cívico de votar'. Não há sequer um que se atreva a falar do 'dever cívico de não-votar'. São todos integrantes das minorias dos privilégios, e todos mascarados de bons cidadãos, quando, à luz da Fé e da Teologia de Jesus, não passam de mercenários que jamais abrem mão dos seus privilégios, nem da sua pretensa superioridade moral sobre as maiorias, suas súbditas e pagadoras de dízimos e impostos. Tanto interesse em que as populações votem traz água no bico e deveria levar as maiorias a interrogar-se, Mas porquê esse seu interesse, se nem sequer são candidatos às cadeiras do Palácio de S. Bento? O cúmulo da perversão moral é que as próprias maiorias já interiorizaram que o sistema de poder é da natureza das coisas, quando é o que há de mais contra a natureza das coisas.

É por isso premente, perante o acto eleitoral deste próximo domingo 6 de outubro, levantar a questão de fundo que hoje se nos impõe. Concretamente, saber se, num sistema intrinsecamente corrupto de Poder como o que está em vigor entre nós, o nosso dever cívico continua a ser o de votar ou, pelo contrário, o de não-votar. É inquestionável que para este sistema de Poder quantos mais votos entrarem nas urnas, mais legitimado ele fica. Pelo que, para ele, só existe 'o dever cívico de votar'

Ora, no meu entender de presbítero-jornalista que procura pautar as suas práticas políticas pelas de Jesus histórico, é chegado o tempo de levantar a incontornável questão ética, a saber: As maiorias, vítimas do sistema de Poder, têm o 'dever cívico de votar', ou, pelo contrário, têm o 'dever cívico de não-votar'? A resposta a esta pergunta cabe exclusivamente a cada uma, cada um. Eis. https://www.youtube.com/watch?v=lUAmQ6St0Wo&feature=youtu.be  

Edição 150, Setembro 2019

O que mais nos deve preocupar

CISMA NA IGREJA OU NOS POVOS DO MUNDO?

Andam os cronistas católicos preocupados com a possibilidade de um Cisma na igreja católica romana. A da Cúria e seus Cardeais. Do Estado do Vaticano. E dos bispos residenciais. Não a do Povo de Deus que são todos os povos das nações, crentes, não crentes, religiosos ou ateus. Todos os povos das nações, tenham ou não consciência disso, são o Povo de Deus. É, aliás, da unidade deste povo de povos que fala Jesus, o do Evangelho de João, cap. XVII. E cujo falar, convertido em palavra de ordem para este nosso terceiro milénio adiante, pode e deve ser formulada assim, Não separe a ideologia-teologia do Poder nos três poderes o que a Política praticada faz unido, alimenta e está apostada em levar à plenitude. Até sermos um Povo de povos organicamente religados uns com os outros e com o Cosmos, do qual somos a consciência.

E tudo isto, só porque o papa Francisco, no regresso à sua Roma imperial, depois da triunfal viagem por África, abriu o jogo na sua aparentemente informal conversa com os jornalistas. Fê-lo para dizer que um Cisma o não assusta. Não o diz explicitamente, mas fica subentendido, que, pelo contrário, até lhe dava jeito. Reforçaria ainda mais o seu Poder monárquico absoluto. Bem como a ideologia-teologia em que ele se apoia e justifica. Se forem cismáticos, deixam de o incomodar, pois passam a ser tratados como fora da igreja, por isso, não existentes. Uma pequena seita mais, à juntar às protestantes.

Só há um Cisma que todos havemos de temer e nunca provocar. É o que atenta contra a unidade, não dos cristãos, mas dos povos das nações. Na sua diversidade étnica e cultural, são eles, à luz da Fé e da teologia de Jesus, o Povo de Deus. Desse Deus que nunca ninguém viu, nem pode, já que a única maneira de O vermos e reconhecermos, é vermos-reconhecermos em cada um dos outros-como-nós, carne da nossa carne, sangue do nosso sangue. A grande Família humana constituída por todas as famílias. As quais, ao contrário do que se pensa, diz e escreve, não estão em crise. Em crise estão, e ainda bem, os modelos tradicionais de família, qual deles o mais castrador do Eu-sou que é cada uma, cada um de nós, nascido de mulher. Um nascer com tudo de expulsão do cativeiro uterino para a liberdade que só a maioridade humana possibilita e garante.

É este o Cisma que havemos de temer e evitar a todo o custo. Mas que, para mal de todos os povos das nações, está aí a ser cientificamente implementado, sem que nós, os povos das nações, nos demos conta disso. Anestesiados pela ideologia-teologia religiosa-cristã-islâmica-protestante-católica romana, a mesma do Poder e dos Livros sagrados. Por isso, o papa Francisco se apressa a dizer que não teme um possível Cisma na sua igreja imperial. Até o deseja. Porque, se ele vier a consumar-se, é mais um de inúmeros outros não-assunto com que os grandes media e seus comentadores de serviço entretêm a toda a hora as populações. Enquanto o Poder nos três poderes se reforça cada mais, até acabar concentrado num só, servido por supercomputadores e funcionários-robô, sem entranhas de humanidade e sem afectos. Frios e calculistas executores que, mais cedo do que tarde, acabarão por destruir até os seus criadores.

É para aqui que avançamos, a uma velocidade nunca antes vista, por força da ideologia-teologia do Religioso, dos livros sagrados, das igrejas, todas segregadas e acima da Humanidade, do Povo de povos das nações, cujas mentes elas impunemente ocupam, manipulam e fazem deles gato-sapato, carne para canhão. Com um privilégio de todo perverso que é o de poderem escolher, em sucessivas eleições, os seus próprios carrascos, mascarados de pastores e de benfeitores. Na verdade, todos mercenários, com direito a um estatuto muito acima do da plebe. Cravada de impostos, do nascer ao morrer. Sob a batuta dos Estados, todos ao serviço do dono disto tudo, o papa imperial.  https://www.youtube.com/watch?v=2RJX6Pg15kQ&feature=youtu.be

Sobram as palavras, faltam as práticas alternativas

QUEM ESCUTA E ATENDE OS GRITOS DA TERRA E DO MAR?

Neste tipo de mundo do Poder, sempre sobram as palavras e morremos à míngua de práticas económicas e políticas alternativas às do Poder. Com uma agravante: Essas palavras apresentam-se-nos todas atravessadas pelo sopro do Poder que mata os seres humanos e os povos das nações que as escutem, valorizem e difundam. Só mesmo os gritos da Terra e do Mar, se escutados-praticados pelos seres humanos e povos das nações garantirão um Amanhã outro a este nosso hoje cada vez mais genocida e ecocida.

Sempre que o Papa deixa a sua Roma imperial e sai a viajar pelo mundo, lá onde onde quer que aterre, brilha e muito, não a Luz que só o ser humano pleno e integral é, mas o holofote ideológico-teológico do cristianismo que o escolheu e mascarou de pastor dos pastores para, desse modo, cegar as mentes dos povos nas quais se instalar. São inúmeras as palavras-discursos que profere e que culminam num gigantesco espectáculo sob a forma de missa-circo ao ar livre que, chova ou faça sol, conta com a presença de dezenas, centenas de milhares de pessoas, a maior parte das quais arrastada pela pressão e propaganda do Estado desse país que as controla, mediante meios que nem elas suspeitam, e todos cientificamente eficazes. Regressa depois à sua Roma imperial e o estado desses povos que visitou é muito pior do que antes (cf Mt.2, 43-45).

Procede de igual modo essa espécie de papa laico que dá pelo nome de Secretário-Geral da ONU. Também ele viaja muito e chora lágrimas crocodilo sobre as tragédias que as galopantes alterações climáticas desencadeiam com assustadora frequência, vomita palavras em inglês para as agências de notícias difundirem pelos grandes media de cada país do mundo, e convoca mãos-cheias de iniciativas protagonizadas por renomados e privilegiados peritos em teorias sobre clima, oriundos de múltiplos Estados. São rios e rios de conferências e debates que desaguam em conclusões armadas de alertas e listas dos perigos que nos esperam, se não mudarmos de comportamentos. Só que, uma vez concluídas, tudo prossegue de mal a pior, porque a ideologia-teologia que atravessa todas estas iniciativas é exactamente a mesma do papa da Roma imperial. Visceralmente inimiga do Humano e da Terra, porque visceralmente amiga do divino e do céu.

É por demais óbvio hoje que este tipo de mundo do Poder não tem salvação. O sopro ideológico-teológico que o atravessa é patologicamente inimigo da Vida. Só quando a massacra e aos seres humanos consegue ter sucessivos orgasmos. Embora vista laico e ateu ou agnóstico, é gémeo do do papa da Roma imperial, qualquer que seja o seu nome. Sabe-se divino como o dele. Ou S. Paulo, o pai do cristianismo, não garanta, 'Todo o Poder vem de Deus' (Rom 13,1-2). Do deus cristão e dos Livros sagrados, Bíblia incluída, obviamente. Tem por isso toda a legitimidade para esventrar a Terra e beber o sangue dos seres humanos e dos povos. É assim que o louva e glorifica!

Desde que o mesmo S. Paulo transformou o crime dos crimes – a morte crucificada de Jesus histórico, consumada pela Roma imperial de Tibério, em abril do ano 30, a exigências dos sacerdotes do templo de Jerusalém e da sua Bíblia – no maior sacrifício de redenção da Humanidade e do mundo, tudo passou a ser permitido ao Poder. Religioso ou laico, ateu ou agnóstico. Por isso, ou decapitamos esta ideologia-teologia cristã e suas igrejas-religiões e reconhecemo-nos irmãs, irmãos religados uns aos outros e ao cosmos, ou acabamos engolidos vivos pela violência das enxurradas cada vez mais frequentes. Ou cremados vivos pelo escaldante ar que respiramos.

Daí eu não me cansar de dizer que o meu Livro 50, 'Jesus Segundo os 4 Evangelhos em 5 Volumes', Seda Publicações, é um dos que mais marcará este terceiro milénio. Como salvador, se acolhido e praticado. Como acusador, se ignorado e rejeitado.

https://www.youtube.com/watch?v=CgtydFXjSPI&feature=youtu.be

...E às populações rouba-lhes a voz e a vez

DEMOCRACIA OU PARTIDOCRACIA?

Há semanas, meses, anos, gerações, que o País vive em contínua campanha eleitoral. É uma tortura mediática que nos ataca a toda a hora e em toda a parte. Até e sobretudo nas horas das refeições. À mistura com overdoses televisivas de jogos de futebol das SADs dos grandes clubes nacionais, europeus e mundiais que movimentam milhões, provenientes também da lavagem de dinheiro sujo. Cabe a cada SAD em concreto o ónus da prova de que assim não é. A estas overdoses, juntam-se ainda as das romarias religiosas que vêm dos cultos do Paganismo mais primitivo que o cristianismo católico romano imperial integrou e ainda hoje mantém e alimenta. Agressivamente alheio aos avanços da Ciência!!!

A alienação dos povos sempre foi a grande arma dos sistemas de Poder. Só que nestes tempos das tecnologias de informação publicitária cada vez mais refinadas atinge níveis de ignomínia planetária nunca antes vistos. As minorias chico-espertas mascaram-se de pastores dos povos. Na realidade são mercenários que tratam os povos como rebanhos de cabritos. E, para cúmulo da alienação, reiteradamente pressionam-nos a delegarmos a nossa própria voz-e-vez nalgum dos muitos Partidos políticos criados e aprovados por elas. Tudo isto não augura nada de bom para a Humanidade nem para o planeta Terra. E como se vê, teimamos em avançar de desastre em desastre até ao abismo final. Sem querermos saber dos constantes alertas que as alterações climáticas e a Corrupção cada vez mais galopante, e já completamente incontrolável, nos lançam.

Os cartéis de droga, de corrupção e de armas estão por todo o lado. Não são as multidões-rebanho, suas vítimas, que os integram e tornam cada vez mais eficientes. São obra de minorias chico-espertas, criadoras de Partidos políticos, religiões, igrejas cristãs e evangélicas, IPSSs, sociedades anónimas (S.A), maçonarias e outras semelhantes, que se movimentam de forma cada vez mais científica, inclusive, dentro das Polícias Judiciárias do sistema de Poder que, desse modo, garantem a protecção dos seus padrinhos, a troco de chorudos lucros. Ou o Dinheiro, o único deus que os sistemas de Poder e seus agentes históricos reconhecem e adoram, não fosse o motor que move este tipo de mundo que devora sem dó nem piedade as maiorias empobrecidas e oprimidas de cada nação do mundo.

As próprias leis, concebidas e aprovadas pelos sistemas de Poder, estão aí para garantir legalidade a todos estes cartéis de mal-fazer, entre os quais se incluem também os Partidos políticos. Seremos politicamente ingénuos, se pensarmos que os grandes media que nos agridem a toda a hora com os dizeres dos seus líderes, sempre que a estes lhes interessa dirigir-se aos seus súbditos e vítimas, não são cartéis de informação. Existissem para os denunciar, depressa deixariam de ser financiados. E desapareceriam sem deixar rasto. Tudo o que é gente graúda come gente miúda. Como o peixe graúdo come o peixe miúdo. Tenhamos a humildade de reconhecer que, se nos deixamos levar pelas falinhas mansas ou ásperas das minorias dos privilégios,entre as quais se contam os líderes dos Partidos políticos e tudo o que é clérigo católico e cristão, acabamos inevitavelmente comidos.

O regime que se diz democrático, na verdade, é partidocrático. O poder das cúpulas dos Partidos. Não dos respectivos milhares de associados com cartão e quotas em dia. Estes servem sobretudo para encobrir e proteger as cúpulas mediáticas que nos perseguem a toda a hora e em toda a parte com os seus trovões e relâmpagos. À cata do nosso voto nas urnas. Se entramos neste seu sujo jogo, crescem os Partidos e respectivos Parlamentos, também eles outros tantos cartéis de corrupção legalizada, enquanto nós diminuímos. Todo o Poder é cartel. Por isso, corrupto e corruptor.

Nada há então a fazer? Há! Ousemos viver no sistema de Poder, sem nunca sermos dele. Muito menos deleguemos nos seus bem falantes agentes de turno a nossa voz-e-vez!

D. José Tolentino de Mendonça

QUER SER CARDEAL? SEJA SUBSERVIENTE!

Quer ser cardeal? Seja subserviente! Mas antes tem de ser cristão e clérigo católico romano. E não sejamos ingénuos ao ponto de pensarmos que cristão e clérigo católico romano rimam com humano. São o seu antónimo. Para cúmulo, compulsivamente activos. Por isso, destruidores do Humano em si próprios e nos outros. O Humano sempre toma decisões de acordo com a própria consciência. Nunca de acordo com a ideologia-teologia do Sistema de Poder. Uma postura de todo impensável em qualquer cristão. E de modo absoluto, num cristão que aceita ser clérigo católico romano. Nunca mais pode pôr-e-dispor de si. É o sistema de Poder que passa a decidir da sua vida, do seu destino.

A consciência é especificidade dos seres humanos que se mantêm, vida fora, filhas, filhos de mulher. Nunca do Poder. Por mais que o Poder se dane, anatematize os seus nomes e os apague dos seus registos. Sem precisar sequer de lhes tirar a vida, como fez no passado. Aprendeu, com o tempo, que a morte que mais mata é a incruenta. E sobretudo depois que o Dinheiro passou a ser o dono e o senhor do mundo. Aliás, é já assim que o Poder monárquico absoluto, mediante o papa de Roma e seus bispos residenciais, faz.

Nas mentes onde entra e se instala como rei e senhor, o Poder faz das multidões suas súbditas, ao modo de um rebanho. E das minorias mais ilustradas, faz de alguns deles, clérigos católicos romanos, paus para toda a colher. Até para cardeal. E, sempre que preciso, faz também de um deles, papa de Roma. De modo que o sistema de Poder nunca acaba. Apesar de existir só para roubar, matar e destruir. Deveria ser visto por todos os seres humanos e povos como o Mal estrutural. Só não é porque apresenta-se aos povos das nações e suas minorias mais ilustradas como o Bem estrutural. Graças a esta máscara de bondade, consegue ganhar para ele, sobretudo, as minorias mais ilustradas. Que, assim, em vez de se fazerem, como deveriam, minorias-parteira junto e com as populações-rebanho, tornam-se suas correias-de-transmissão junto delas . Como minorias de direita, umas, minorias de esquerda ou minorias anarquistas, outras.

Tem sido assim na sociedade civil. E sempre foi assim na sociedade religiosa-eclesiástica. Porque o Poder é um só. O Dinheiro. Para cúmulo, simultaneamente deus. Um deus laico que não conhece ateus. Só adoradores-servidores incondicionais. Atentos. Obedientes. Reverentes. O Papa de Roma é o do topo dos topos do Poder. Que, ao contrário dos demais chefes de Estado do mundo, todos seus agentes históricos topo-de-gama, já nem precisa de recorrer a exércitos armados. Basta-lhe instalar a sua ideologia-teologia na mente de todos e cada um dos demais povos das nações. E logo faz deles gato-sapato. Até cardeais. Ao modo de um robô planetário que devora o Humano em todos os nascidos de mulher que embarcarem nas suas seduções. Como progressivamente está a fazer com José Tolentino de Mendonça, nascido no Machico, Madeira, mas desde muito cedo roubado à mãe, demais familiares e vizinhos. E lançado às feras clericais, com as quais acabou, como se vê, um dos predilectos filhos do Poder.

Sabemos já, que o sistema de Poder apresenta-se-nos sob três máscaras. A mais antiga é a religiosa ou sacerdotal clerical. Hoje papal imperial. Na mesma Roma que foi de Constantino. Onde, todos os domingos, lá do alto da janela do seu palácio, se dirige à cidade e ao mundo – urbi et orbi – num espectáculo mediático com tudo de obsceno. Sem que as maiorias-rebanho que votam em eleições cheguem alguma vez a dar-se conta dos poderosíssimos lobbys, com destaque para o lobby gay, que conseguem colocar alguns dos seus em lugares-chave do sistema de Poder. Como é manifestamente o caso de José Tolentino de Mendonça, agora cardeal. Que caiu nas boas graças do papa Francisco, jesuíta. Ou o Poder não tivesse, como tem, razões que, para seu mal e nosso bem, a razão cordial felizmente conhece e por isso aqui denuncia e grita! Urbi et orbi!

Edição 149, Junho 2019

Somos todos Miguel Duarte e companheiros

OS MIGRANTES NÃO SÃO SERES HUMANOS COMO NÓS?

O Governo italiano é politicamente louco, ou politicamente assassino por omissão, ao proibir a entrada no seu território dos migrantes resgatados 'in extremis' das águas do Mediterrâneo. Para cúmulo, ainda se atreve a arrastar aos seus tribunais os voluntários das ONGs que arriscam a vida nessas operações de resgate e, em desespero de causa, pousam nas suas margens alguns dos muitos que conseguem resgatar das águas. E o papa Francisco, ali ao lado, não diz nada sobre esta postura politicamente criminosa do Governo de Itália? Mas então os migrantes e refugiados não são seres humanos como nós? Bem sei que, como Estado, o Vaticano ainda não assinou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e que se limita a ter na ONU um observador permanente que abre a boca sempre que entende, mas nunca por nunca para defender os direitos humanos das mulheres, nomeadamente, o direito de acesso aos ministérios ordenados, em plena igualdade com os homens. Para sua vergonha.

Todos os Estados e demais organizações que os integram, com destaque para os partidos políticos com assento nos respectivos Parlamentos e no Parlamento Europeu, parecem ignorar – ou são demagogos mascarados de democratas? – que são as práticas políticas maiêuticas, não os discursos, que nos dizem-e-fazem. O Poder e todos os seus institucionais são estruturalmente demagogos e hipócritas, na medida em que são peritos q.b. em discursos, mas completamente vazios e estéreis em práticas políticas maiêuticas, as únicas que podem transformar a vida e as sociedades. E garantir saúde ao planeta Terra. Os migrantes e refugiados dispensam os demagógicos discursos. Do que precisam é de práticas políticas maiêuticas. As únicas que tornam efectiva a letra da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Miguel Duarte, jovem português, e demais companheiros vivem por estes dias um drama provocado por uma decisão do Governo italiano que faz lembrar o sinistro Mussolini de má memória. Estão acusados de apoiar o que ele classifica de 'imigração ilegal'. E aguardam julgamento em liberdade. Se o tribunal italiano for cúmplice do Governo, Miguel e demais companheiros podem ser condenados a prisão por muitos anos. Uma barbaridade sem nome, mesmo que não venha a concretizar-se, em consequência da salutar reacção pública dos respectivos países de origem desses jovens, nomeadamente, de Portugal. É preciso gritar, alto e bom som, que nesta causa maior, somos todos Miguel Duarte e companheiros. Para que a acusação seja retirada quanto antes. Um crime político e humanitário em sintonia com as raízes judeo-cristãs da Europa. As mesmas da bíblica casa real de David-Salomão e de Roma, a do império romano de Constantino e a do papado que lhe sucedeu. Têm-se e são tidas por 'humanitárias'. São assassinas.

Pela minha parte, desde já declaro que se esta vergonha for por diante e o tribunal italiano aceitar realizar o julgamento e, pior ainda, condenar à prisão Miguel Duarte e os companheiros, eu faço questão de me oferecer para cumprir a pena de prisão no lugar do jovem Miguel Duarte. É o mínimo que posso fazer. Porque falar e assinar declarações de protesto de nada vale. São iniciativas que só servem para promover quem as organiza e assina. Há no universo do Poder uma super-inflação de palavras e de abaixo-assinados, quando só as práticas políticas alternativas mudam a sociedade e o mundo. Mas do Poder e seus múltiplos institucionais não se espere práticas políticas alternativas. Apresentam-se mascarados de bondade. São o Mal estrutural e institucional.

Os migrantes e os muitos milhões de refugiados são o grande apocalipse ou revelação que nos gritam que todas as civilizações do mundo fundadas nos Livros sagrados e no religioso ou ateísmo vão nuas. Mudar é preciso. De ser. E de Deus. Esta é a hora dos seres humanos e dos povos religados uns aos outros, ao modo dos vasos comunicantes.

N. D.

Como é habitual, nos meses de Julho e Agosto, não já Jornal Fraternizar. Contamos regressar no início de Setembro.

O pecado das mães e dos pais

COMUNHÕES OU TRADIÇÕES?

Com o aproximar do verão, multiplicam-se por essas paróquias católicas fora as chamadas primeiras comunhões e comunhões solenes. Comunhões ou tradições? Os párocos são cada vez menos, e cada vez mais mercenários do religioso, mas nem assim as mães e os pais desistem das tradições. E da indignidade humana que impõem às filhas, aos filhos. Qualquer bicho careta que se lhes apresente vestido de clérigo serve para presidir a estas obscenas montras de vaidade. São comunhões sem comunhão. Um pecado por parte das mães e dos pais. Porque o fazem por imperativo das tradições dos antigos, não por convicção. E porque a hóstia branca não passa de umas miligramas de farinha de trigo sem fermento. Para cúmulo, com glúten. Que outra coisa não é o chamado 'corpo de cristo'. Sem nada de Jesus, o de Maria. Pior, a sua cínica negação.

Este pecado das mães e dos pais é o coroar de, pelo menos outros dois pecados anteriores. O primeiro dos quais é o baptismo que as mães e os pais, até por pressão das respectivas avós, impõem às filhas, aos filhos recém-nascidos. Tratados como coisas, quando são seres humanos em fase de delicado crescimento até alcançarem a maioridade civil e, sobretudo, a maioridade interior, a única que garante a liberdade e lhe serve de suporte. Contra o sistema de mentira e de alienação que é o sistema de Poder, nos três poderes, o mais antigo dos quais é o religioso. O maior obstáculo à liberdade de cada nascido de mulher. E o segundo desses pecados é ter matriculado as filhas e os filhos nas catequeses da paróquia ou da igreja protestante. Uma actividade de que urge fugir, de tão envenenada que é. Sob pena de dificilmente as filhas, os filhos chegarem à maioridade. E, com ela, à liberdade. Crescem em anos e em estatura. Porventura, também em riqueza. Não em sabedoria e graça, as irmãs gémeas da liberdade.

Nos dois milénios de cristianismo, foi um tal fartar, vilanagem, por parte dos clérigos católicos e, mais recentemente, também de muitos pastores e bispos de igrejas não-católicas. Chocantes casos de polícia que continuam aí por investigar, por isso, impunes. Repugnantes sorvedouros do dinheiro das populações que as frequentam. E também da dignidade delas. Crimes e crimes de lesa-humanidade. Praticados ao abrigo da Lei de Liberdade religiosa que o Estado português fez aprovar e respeita. Diz-se laico, mas os seus três principais chefes – PR, Presidente da AR e Primeiro ministro – não perdem uma missa católica, sempre que o seu interesse 'eleitoral' estiver em jogo. Como acaba de acontecer estes dias, no segundo aniversário da catástrofe humana e ambiental provocada pelo flagelo do incêndio florestal em Pedrógão Grande.

Para lá das comunhões de crianças, frequentadas em nome das tradições dos antigos, ainda há mães e pais que levam mais longe o seu pecado contra a dignidade das filhas e dos filhos menores. São os que lhes impõem imediatamente a seguir à comunhão solene a catequese para o Crisma e, pior ainda, a participação no Crisma. Este, já sob a presidência do bispo da respectiva diocese. Somos terceiro milénio, por força do calendário, mas idade média, por força das tradições. Aqui, a humilhação veste de festa religiosa presidida pelo bispo, o que lhe confere maior gravidade. Felizmente, na esmagadora maioria dos casos, uma vez tudo consumado, acontece a debandada geral. Por mais que as mães e os pais se danem. E a prova é que hoje, o número de casamentos civis e de uniões de facto é maior do que de casamentos pela igreja.

A consolação que nos resta é que se hoje já são cada vez menos os que se casam pela igreja, são ainda menos os que aceitam ser clérigos católicos. Ou,dito em palavras de Jesus, Eunucos que o Poder, no caso, o Poder religioso cristão católico romano faz tais. A total negação de Jesus, da sua Fé e da sua Teologia. E que faz deles túmulos caiados, repletos de podridão que envenena e mata.

2 filhos de duas mulheres e pároco de 3 paróquias

É DE BRADAR ÀS PEDRAS!

É pai de dois filhos, um de cada mulher e pároco de três paróquias no concelho de Lousada, diocese do Porto. Que se saiba, não é casado com nenhuma delas. Desconhece-se se tenciona casar com alguma, já que com as duas, nem a lei civil lho permite. O facto já é do conhecimento do país. Também dos paroquianos das três paróquias. Mostram-se surpreendidos, mas logo fazem questão de dizer que não vêem inconveniente em que ele continue na função de pároco. Dada a carestia de clérigos, sabem que ou este, ou nenhum. E entre este e nenhum, preferem continuar com este.

Desconhecem que as populações chegadas à maioridade na Fé, a de Jesus, não só dispensam os clérigos e/ou os pastores a conduzi-las, como exigem que nenhum funcionário dessa estirpe lhes seja imposto por nenhum institucional, manifestamente estranho a elas. Elas próprias geram os seus líderes nas mais diversas áreas e dimensões da sua vida colectiva. E no que à vivência comunitária da Fé diz respeito, algumas delas, alguns deles constituem-se clandestinamente naqueles dois ou três que vivem reunidos em nome de Jesus. Que só assim, são igreja fermento na massa, sal da terra, luz do mundo, sentinela em cada aldeia e cidade.

Já do modo como as coisas se fizeram ao longo destes séculos de Cristandade, com o que ainda hoje deparamos é com sociedades rebanho. Em que estranhos chegados de fora se arrogam todo o poder sobre as pessoas e as impedem de crescer de dentro para fora. E tais são os clérigos que se têm e são tidos na conta de superiores às populações, vêem-se temidos e obedecidos por elas, façam eles o que façam. Como neste caso.

Os tempos são de mudança. Mas ainda não suficientemente maduros para gerarem seres humanos outros, desenvolvidos de dentro para fora, religados entre si como organismos conscientes e sororais-fraternos. Só isso explica que o que vem de fora, imposto por um poder estranho, gerado pelo Medo, fique de imediato ao comando das vidas das populações, e logo naquelas dimensões mais angulares na construção de aldeias, vilas e cidades progressivamente humanas, capazes de gerirem os próprios destinos. Um passo qualitativo em frente que tarda em ser dado, porque, desde o início da nacionalidade, estes mercenários sempre têm estado lá para o impedir. Em conluio com outros mercenários locais, qual deles o mais cacique. Todos com o propósito de impedir que as populações alcancem a sua própria autonomia. E os dispensem. Ou fazem-se povo-com-o-povo, ou acabam no abismo, como aqueles porcos de Geraza, ao tempo de Jesus.

É absolutamente obsceno a existência de um institucional que se arrogue o direito de pôr e dispor das populações do nascer ao morrer. E de fazer de alguns dos seus filhos, clérigos dele que logo passam de filhos de mulher a filhos da prostituição. De um tipo de prostituição bem pior do que a do foro sexual. A prostituição da própria consciência. A que mais macula, corrompe, infantiliza e mata quem a pratica. Mas é o que acontece, sempre que um filho de mulher aceita sair desta nobre e fecunda condição para passar à estéril e envenenada condição de clérigo ou separado dos demais. Por força de uma lei que nenhum Estado de direito deveria tolerar no seu chão, que é a Lei do celibato eclesiástico. Uma coisa é alguém entregar-se por inteiro a uma missão, a ponto decidir em consciência não constituir família, outra, totalmente negadora desta, é aceitar ser funcionário de um institucional que o impede por lei de alguma vez na vida constituir família. E tal é o institucional eclesiástico católico romano.

Contudo, é ainda mais intolerável que haja nascidos de mulher que troquem a arriscada missão de presbíteros e bispos ordenados, pelo privilegiado estatuto de clérigo. Em que a lei do celibato se sobrepõe à consciência de cada um. E que – pior do que isso – haja populações que os acolhem e lhes confiam as filhas, os filhos. É de bradar às pedras!

Literatura e outras Artes

A PAZ OU A ESPADA?

Quando a literatura e todas as outras artes não incomodam o Poder nos três poderes, antes, são reconhecidas, até, premiadas por ele, e os respectivos autores alvo de públicas homenagens, podemos dizer, à luz do Humano pleno e integral que vive em permanente cativeiro dentro deste seu tipo de mundo, que são literatura e artes de 'paz', quando deveriam ser de 'espada'. E espada de dois gumes. Não! Não me refiro à assassina espada do Poder armado, mas à espada outra, de que fala Jesus, o de Mateus (10, 34), 'Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada'. Exactamente, a espada que há-de ser todo o falar-escrever-agir, também e sobretudo artístico, dos seres humanos que estamos neste tipo de mundo, mas não somos dele.

Recordo-me a este propósito, como se fosse hoje, de todo o mal-estar que a publicação do meu Livro 'Chicote no Templo' (Afrontamento 1973), causou ao então bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, por quem ainda hoje nutro muita estima e apreço, apesar da forma mais do que atabalhoada e autoritária com que progressivamente lidou comigo, enquanto pároco de Macieira da Lixa, ironicamente, por nomeação dele.

Venho a saber de tudo, quando, depois de 11 meses preso em Caxias, saio uma vez mais absolvido pelo Tribunal Plenário do Porto, e vou, dias depois, encontrar-me cara a cara com ele no Paço episcopal. Já sabia, graças ao meu Advogado, Dr. José da Silva, que o caldo entre nós estava mais do que entornado e que o tempo da recíproca e fecunda confiança inicial havia cedido o lugar, na mente do bispo, ao mais completo distanciamento em relação a mim, até acabar, mais tarde, no impedimento de ir por ele ao seu palácio, sobre o então degradado Barredo, calcorreado pelo Pe. Américo do Gaiato!

Quando depois de ouvir cobras e lagartos da boca dele, posso finalmente explicar-me com a simplicidade e a transparência de um menino, como foi possível, 15 depois de estar preso, a publicação desse meu Livro evangelicamente subversivo, ele quase ficou branco, de surpreendido. O 'filme' que havia produzido na sua mente de poder, não tinha nada a ver com os factos. Contudo, nem assim o bispo foi capaz de emendar a mão e de me acolher e ao Evangelho de Jesus que, pela segunda vez, eu tinha acabado de levar ao Pretório – a expressão é dele, a propósito do meu primeiro julgamento. Pelo contrário, cego de 'ódio canónico-teológico', diz-me que, enquanto for bispo do Porto, nunca mais eu serei pároco. Nem sequer vê que, com tão autocrática decisão, acaba de me dar a carta de alforria. Já que me faz regressar à primigénia condição de Presbítero, sem nada de sacerdote nem de clérigo. Até hoje. Uma situação de grande responsabilidade pessoal, que nessa mesma hora, lhe agradeço e desejo ver alargada a todos os padres.

Viveres históricos 'espada' e 'espada' de dois gumes, são viveres próprios dos seres humanos que estão neste tipo de mundo, mas não são dele. Jamais se vendem ao sistema de Poder e às suas seduções. O sistema de Poder nos três poderes – também o eclesiástico – jamais pode contar connosco. Para cúmulo, ainda tem de suportar a nossa liberdade. Nunca os nossos dons e carismas, as nossas capacidades e conhecimentos alguma vez o servem. Em vez de viveres-'paz', os nossos são viveres-'espada'. Os únicos que abrem caminhos ainda por andar. Enquanto os viveres-'paz', fecham aos seres humanos e aos povos todos os caminhos de liberdade e de criatividade. E fazem do quotidiano de uns e outros, sucessivos e sofisticados labirintos, cheios de coisa nenhuma.

A paz e a alegria que sou e vivo – para isso nasci e vim ao mundo – são politicamente subversivas e densamente fecundas. Ao modo do grão de trigo que, caído na terra, produz muito fruto. Já quantos preferem os estéreis e frenéticos corredores dos institucionais do Poder nos três poderes, acabam historicamente sós, ainda que rodeados de muitas, muitos acompanhantes. Nenhuma irmã, nenhum irmão.

Os Jovens e as eleições europeias 2019

JORNALISTAS E COMENTADORES PARA QUE VOS QUERO?!

Absolutamente decepcioante foi a prestação dos jornalistas e comentadores políticos nestas eleições europeias 2019. O que sucessivamente escreveram e disseram durante a campanha eleitoral, na longa noite eleitoral e nos dias imediatamente a seguir à divulgação dos resultados, mostra bem que entre eles e os que este ano completam 19 anos de idade há um abismo intransponível. Felizmente, os nascidos neste milénio, elas e eles, surpreendentemente mais elas do que eles, já não falam a velha língua destes jornalistas e comentadores, nem dos próprios pais, nem dos políticos profissionais, nem dos profs, nem dos clérigos e pastores, todos cegos, surdos, mudos de nascença. Incapazes por isso de verem o Essencial. Concretamente, verem que aqui nos trouxeram os milénios anteriores, fundados nos livros sagrados, suas igrejas-religiões, suas ideologias e teologias idolátricas. E que culminaram na criminosa devastação do planeta Terra e na suicida desmobilização política das pessoas e dos povos. Cada vez mais reduzidos a mercadorias e a consumidores de lixo tóxico e mortal, travestido de ruidosos festivais de música e de futebol dos milhões. Produtores de alienação política q.b.

Aposto que nenhum dos deputados do novo PE, nem nenhum dos que estão à frente dos centros de maior decisão da vida humana e planetária na UE e no mundo é nascido neste milénio. E deveriam ser todos. A maioria, pelo menos. Porque são estas novas mulheres, estes novos homens ainda a crescer de dentro para fora em sabedoria e em graça que trazem nos seus genes o Sopro outro do Terceiro milénio, nos antípodas do sopro que atravessou os sucessivos milénios anteriores e nos trouxe a beco sem outra saída, que não seja o abismo. Um Sopro que faz radical ruptura com o dos milénios anteriores, cujos frutos de morte estão aí bem à vista. Fundados, todos eles, numa teologia que mata. A mesma que justifica e impõe à escala planetária uma economia que mata. Precisamente, a teologia-economia dos livros sagrados e seu deus, suas religiões e igrejas. Cada vez mais mascaradas de ateísmo e agnosticismo. Pior, de indiferentismo sócio-político.

Cabe aos nascidos no terceiro milénio a condução das suas vidas e a das nações. Uma condução cem por cento inclusiva, porque feita exclusivamente de Política praticada – uma Arte que diz respeito a todas, todos e não pode nem deve ser delegada em ninguém – não de Poder político, realizado só por alguns 'eleitos', por isso, 'divinos', não humanos, torturadores todos, uns mais, outros menos, tais quais os deuses das religiões, igrejas cristãs e dos livros sagrados. Que se alimentam de gente. E são sadicamente insaciáveis.

Greta Thunberg, 16 anos, sueca, é o mais emergente rosto dos nascidos neste terceiro milénio. Podem ela e os nascidos com ela neste milénio não saberem nada do que foi tido por relevante nos milénios anteriores. Uma coisa sabem, à luz dos frutos produzidos, É que tudo redundou em catastróficos genocídio, geocídio e ecocídio. Neste particular, até a própria Arte, nas suas múltiplas manifestações, mai-las chamadas Humanidades e Ciências contribuíram para encobrir, até estimular tão inenarráveis crimes. Porque os seus genes são portadores do veneno mortal, o 'divino', fonte do Poder e do Privilégio.

Saibam-no ou não, a verdade é que cabe aos nascidos no terceiro milénio protagonizar nos seus próprios corpos o Projecto político de Deus Abba-Mãe que nunca ninguém viu-conheceu, já que, como eles, também Ele não percebe nada nem gosta de religiões, igrejas e livros sagrados. Do que mais percebe e gosta é de Política praticada, a mãe de todas as Artes que os milénios anteriores sempre rejeitaram e até crucificaram. Saudemos, pois, e com danças, a ruptura com o passado que os nascidos neste milénio já estão a protagonizar. É deles este milénio. O milénio da Luz. Da Paz desarmada. Da Economia-Comensalidade, de cada qual segundo as suas capacidades, a cada qual segundo as suas necessidades. Daí a pergunta em título, Se ainda não nasceram deste Sopro outro, o do terceiro milénio, Jornalistas e comentadores, para que vos quero?!

Edição 148, Maio 2019

Ainda as eleições europeias

E AOS ABSTENCIONISTAS QUEM OS ESCUTA?

É já este domingo, 26 de Maio, que uma vez mais a esmagadora maioria dos portugueses com mais de 18 anos de idade não vai votar nas eleições europeias. Querem convencer-nos os Partidos políticos e demais institucionais do Estado e das igrejas que tão grande abstenção tem a ver com o facto da UE não dizer grande coisa às populações. E com isso, matam a questão. Como se não estivéssemos perante um grave acidente político, porventura maior nas suas consequências do que os grandes incêndios de 2017, com tantos hectares de floresta ardidos e tantas pessoas assassinadas pelo fogo e pela incúria do todos nós, uns mais, outros menos, que só queremos sol e mais sol para enchermos as praias e deixamos o interior, com seus rios, suas fontes, suas aves, seus animais, suas florestas, suas montanhas tragicamente abandonado e desaproveitado.

Como é do ritual, também desta vez, os eleitos pelos poucos votos caídos nas urnas festejam e, dias depois, tomam posse das suas chorudas mordomias. E lá regressamos todos nós aos quotidianos de sempre. De crescente carência, os das maiorias; e de crescentes privilégios, os das minorias. Entre as quais se incluem os novos eleitos deste domingo e os dirigentes dos respectivos Partidos políticos com assento nalgum dos vários Parlamentos. Só que tanto os quotidianos dos privilégios, como os das carências cegam as respectivas minorias e maiorias. Já que, sobretudo estas, vivem na inconsciente ilusão messiânica ou cristã de que um dia, se não elas, ao menos os seus filhos ou netos integrarão as minorias dos privilégios. Parecem antagónicas entre si. Na verdade estão ambas a gerar sociedades doentes e a caminho da extinção. Já que os míticos messias como os reais privilégios são parte do problema, nunca da solução.

Vai daí, nem sequer chegamos a dar-nos conta de que tão esmagadora abstenção está a gritar-nos que a UE não é dos Povos. É das cúpulas dos Estados, dos Partidos e das religiões-igrejas. Inclusive, das cúpulas daqueles Partidos cujos estatutos são contra a existência dela e contra a sua moeda única. Batem-se todos igualmente pela conquista do maior número das cadeiras douradas no seu Parlamento e por um lugar de destaque nalguma das suas muitas Comissões. No mínimo, por um lugar de funcionário. Nem que seja o de secretária ou secretário acompanhante de luxo de um dos graúdos da UE!!!

Acontece que tão esmagador número de abstencionistas é um grito político que urge sabermos escutar e entender. Porque é a esmagadora maioria dos cidadãos europeus que vivem permanentemente sem voz e sem vez. Acusá-los, por não votarem, seria o cúmulo do absurdo político. Porque tão esmagadora abstenção é politicamente mil vezes pior do que todos todos os extremismos e fascismos de que hipocritamente dizemos ter medo. É todo o sistema de Poder que está em questão. Um sistema de sua natureza excludente. Vive bem só com as minorias dos privilégios. E sonha com o dia em que as maiorias sejam apenas maiorias consumistas. E, por fim, maiorias extintas.

Só que, nesse então, somos todos nós, os seres humanos, que desapareceremos da face da Terra. Já que o cosmos que viveu quase 13 mil e 700 milhões de anos sem nós, pode muito bem continuar a sua expansão sem nós. Porque quando acontecemos no decurso da Evolução, foi para cuidarmos de nós, uns dos outros e do planeta Terra, nossa mãe e casa comum. Só que em vez de assumimos tão nobre missão, deixamo-nos conduzir pela demência do Ter acumulado e concentrado. Em detrimento da sabedoria do Ser-em-relação e do Viver ao modo das aves do céu, dos lírios do campo e dos vasos comunicantes, próprio do Cosmos-Consciência que matricialmente somos. E hoje, perante o que nos é dado ver, abandonamos de vez o sistema de Poder e somos organismo vivo, Cosmos Consciência, ou de abstenção em abstenção, desaguamos, mais cedo do que tarde, na nossa extinção pura e simples.

Eleições Europeias

DOS POVOS, OU DOS PARTIDOS POLÍTICOS?

Está em curso nos 28 Estados da UE a campanha eleitoral para o PE. É manifestamente uma campanha dos Partidos, não dos Povos. Estes sentem-se tão excedentários, que já nem se dão ao trabalho de ir votar. E pelo modo como se comportam os cinco Partidos com assento no Parlamento de Lisboa e os muitos outros candidatos a uma cadeira dourada em Bruxelas, é de crer que nestas eleições 2019 a abstenção seja ainda maior. Infelizmente, a UE dos Estados e dos Partidos políticos não é capaz de escutar, muito menos, entender este grito de raiva e de impotência, feito abstenção, por parte dos Povos, suas vítimas. São mais insensíveis do que as próprias pedras. Porque estas sempre juntam o seu ao grito dos Povos. Um grito que atravessa o planeta Terra e faz sangrar as suas entranhas de mãe comum dos povos. Ela própria vítima dos Estados e dos Partidos políticos. Ou ignoramos que tudo o que é corporativo é gerador de minorias privilegiadas e maiorias excedentárias que já nem de carne para canhão servem?!

Os grandes media só têm olhos e ouvidos para o Poder e os seus agentes de turno. Mesmo quando fazem reportagens a dar voz e vez a algumas das suas inúmeras vítimas, ainda é para que o Poder fique de portas mais escancaradas à sua envenenada actuação. Já que os Tribunais são institucionais do Poder e, quando julgam, é sempre para absolver o grande criminoso e condenar as vítimas dele. Por se atreverem a enfrentá-lo. Ai das vítimas que levam ao banco dos réus os seus carrascos de colarinho branco, os clérigos e os laicos. Nem sequer o sossego próprio dos anónimos ou não-existentes, elas conhecem. E têm à perna até as outras vítimas. Como se ser vítima fosse uma fatalidade. Quando é obra do Poder e suas inúmeras corporações.

Uma onda de populismos e de extremismos varre as eleições europeias 2019. Os Estados e respectivos partidos políticos com assento parlamentar andam manifestamente aos papéis, sem saberem o que fazer. Não curam de ir às causas nem aos causadores. Passam o tempo a acusar-se uns aos outros. Se há campanha eleitoral para o PE em que a Europa dos Povos está de todo ausente dos debates e dos flahs partidários nos telejornais é a que está em curso nestes dias de ódio político. Nem os populismos e extremismos fascistas os levam a ter alguma contenção. A preocupação de cada cabeça de lista partidário – os outros membros de cada lista não têm voz nem vez – é denegrir e atacar os outros. O que conta é obter o maior número de cadeiras douradas no PE.

Há muito que a UE se converteu na UE dos Estados e dos Partidos políticos. O luxo e as mordomias que ela garante aos seus parlamentares e aos seus funcionários de topo são a pobreza imerecida dos povos de cada um dos Estados membros. Nunca esquecerei que, aquando da criação do euro, o então primeiro-ministro António Guterres, hoje 'patrão' da ONU, blasfemou com toda a solenidade, ao afirmar a propósito, Em verdade te digo, Tu és euro e sobre ti, euro, edificarei a Europa!!!

Foi aplaudido e felicitado. Só que uma UE assim, dos Estados e dos Partidos políticos, é a mãe de todos os populismos e extremismos. Sem lugar para os povos das nações, muito menos para os povos de outros continentes que nos procuram por acolhimento e um lugar ao sol. Deixamo-los morrer na praia e sepultamo-los nas águas do Mediterrâneo. Porque o euro como o dólar são o deus Moloch e o deus Mamon que só quer saber dos povos para os comer, nunca para os acolher, amar, cuidar. E tal é o deus das três religiões do Livro. Como canto num dos meus Textos-Poema, 'Roma e Belém /Jerusalém, Meca também /que o mundo tem /como cidades as mais sagradas /são crueldades envenenadas'. Com os Estados como outras tantas cabeças do Polvo e os Partidos políticos e as igrejas-religiões como os seus tentáculos. E deste polvo com tantas cabeças e tentáculos, quem nos livra, senão a nossa determinação em permanecermos a todo o custo filhos de mulher, seres humanos e povos maieuticamente religados?!

P.S.

Já sobre o fecho da actualização semanal desta edição, o país viu-se confrontado com a 'bomba' do Patriarcado de Lisboa que vem a público  aconselhar o voto dos católicos para o PE num de três partidos que ele tem como defensores da vida, com destaque para o CHEGA e o CDS!!! A verdade é que nem os bispos da igreja das Cruzadas, da Inquisição e das 'Descobertas e Conquistas' são a favor da vida em toda a sua dimensão. Nunca o Poder, pior, se sagrado e celibatário à força, é pro-vida no sentido amplo que lhe confere Jesus Segundo João, 'Vim para que tenham vida e vida de qualidade e em abundância'. Será que nem esta descarada e sectária postura patriarcal católica leva o Estado português a pôr fim à Concordata com o Estado do Vaticano?!

Cada ano, reunião de Curso

VOU AO ALMOÇO, NÃO À MISSA!

O escândalo renova-se cada ano, no dia da reunião do meu Curso de seminário. Participam padres ainda em exercício canónico de funções e padres que renunciaram ao exercício do ministério e se casaram. O número maior dos participantes, porém, é constituído por colegas que em 1950 entraram no Colégio de Ermesinde, mas depois ficaram sucessivamente pelo caminho. Dos padres no activo pastoral, sou o único padre-jornalista, sem templo nem altar, apenas o universo dos seres humanos e povos. Dos 100 que entrámos no primeiro ano, ordenámo-nos, 12 anos depois, apenas 18. Acontece que, desde há muitos anos, vou apenas ao almoço, não à missa, com que todos os outros fazem questão que se inicie cada encontro. Vou directo ao local do almoço e aguardo aí pela chegada dos demais . Sou motivo de escândalo, porque, além de não ir à missa, ainda lhes digo, ano após ano, que ir à missa é pecado. Este ano, permiti-me até fazer de recepcionista e, à habitual 'reprimenda' deles, à chegada, respondi, E vós que estais a vir da missa, fizestes pecado e por isso ides almoçar em estado de pecado. Rimo-nos todos. Já não assim quando, em reforço da minha posição presbiteral –o que digo, digo a sério – acrescentei, em tom sublinhado, Sabei que Jesus nunca foi a uma missa, muito menos, a criou, por mais que as igrejas ensinem semelhante absurdo.

Há condiscípulos que, ainda em exercício de funções pastorais em paróquias, deixaram, há bastantes anos de participar no encontro, só porque eu participo. A minha condição de presbítero-jornalista leva-os a sentir-se mal como clérigos e sacerdotes, um estatuto que Jesus Nazaré nunca assumiu, nem quer que alguém assuma, já que o 'seu' Deus nos habita e, como tal, rejeita todo o tipo de intermediários e locais de culto. Mantêm-se, todos estes anos depois de ordenados como eu em 5 de agosto de 1962, com a mesma formatação teológica tridentina. São terceiro milénio, por força do calendário civil, mas a sua mente-consciência é do século XVI. É este tipo de monstruosidades que gera o calendário litúrgico. Que quantos o têm por referência, não vêem, nem querem ver. Deveriam, como presbíteros, ser vanguarda nas aldeias e vilas do interior. Preferem pontificar como sacerdotes – em terra de cegos quem tem um olho é sacerdote e/ou tiranete – homens do culto, do templo, do altar, do sagrado. Cresceram inevitavelmente em anos, não em sabedoria e em graça. Uma e outra só acontecem e medram longe dos privilégios e dos locais míticos, portanto, dos locais ditos sagrados e religiosos.

Outro motivo, ainda mais determinante, para esses mesmos colegas de curso deixarem de participar nestes encontros anuais tem a ver com alguns dos meus Livros. Com destaque para FÁTIMA NUNCA MAIS, Campo das Letras 1999 e FÁTIMA $.A. Seda Publicações 2015. Entre mim e a senhora de fátima, preferem a senhora de fátima. Neste particular, não estão sozinhos. Têm com eles todos os bispos residenciais portugueses e mesmo os eméritos. Poderá haver alguns que não morrem de amores pelas senhoras de fátima e quejandas, mas não são capazes de o assumir publicamente. Desconhecem a verticalidade, bem como a horizontalidade que nos diz-faz iguais, e odeiam a Luz. A tanto os levam a religiosidade dos anos da infância e a teologia do seminário tridentino.

Quem depois de ter frequentado o seminário, não foi capaz de expulsar da sua mente-consciência a teologia e a moral que ele nos incutiu, e, consequentemente, foi incapaz de viver sem rede, à intempérie e em total sintonia com a realidade, nunca mais, desgraçadamente, se encontrou consigo próprio. Só isso explica que eu continue a ver estampado nos rostos de alguns deles todo esse absurdo moralista e religioso. Inclusive, alguns dos que renunciaram ao exercício do ministério e casaram mantêm-se ainda hoje mais clérigos do que seres humanos. O que muito deve ter feito sofrer as respectivas esposas. E até as filhas, os filhos que geraram só terão começado a ser verdadeiramente eles próprios, depois que cortaram o cordão que os ligava aos pais clérigos.

'Comissões diocesanas de protecção de menores'

SÃO FIÁVEIS OS BISPOS IMPOSTOS PELO PAPA?!

Pode confiar-se a protecção dos cordeiros a um lobo, na esperança de que ele os defenda de si próprio e dos outros seus iguais? E podem os clérigos-mor ou bispos residenciais impostos pelo papa às dioceses, garantir às vítimas de pedofilia dos clérigos a sua defesa contra os seus potenciais violadores nas paróquias, nos internatos e colégios diocesanos, nos escuteiros? E a eles próprios, clérigos-mor, quem os controla? Não é da natureza do clérigo ver-se entre a imensa multidão dos não-clérigos num patamar de superioridade? A própria Lei do celibato, mantida a ferro e fogo contra a Declaração Universal dos Direitos Humanos e contra a natureza humana, não se destina a reforçar esse mesmo patamar de superioridade clerical, propiciadora, só por si, de potenciais abusos de menores?

E que dizer daquelas vestes exclusivas dos clérigos-executivos – colarinho branco ao pescoço, fato e carro topo de gama, telemóvel último grito, residência paroquial luxuosamente mobilada – com que hoje se apresentam à frente dos demais? Não atraem posturas de subserviência e de reverência, por parte daqueles a quem são enviados e impostos pelo bispo diocesano, sem antes as gentes serem sequer ouvidas? E que dizer também das vestes imperiais litúrgicas com que, no todo das catedrais, os bispos presidem aos ritos de sempre para assembleias mudas e mais ou menos esmagadas por aqueles sinistros espaços que dão pelo nome de catedrais, muitas delas já medievas?

Como podem as crianças e adolescentes, para mais se escolhidos para acólitos, resistir a tanta sedução e, caso haja algum abuso, correr a denunciar o facto às mães, aos pais? Mesmo que o façam, que farão essas mães, esses pais? Se já nem certas esquadras de polícia e certos juízes dos tribunais estão dispostos a meter-se com os clérigos, vão estas mães, estes pais, sobretudo de aldeias e vilas do interior, fazê-lo? Com que garantia de não serem denunciados, molestados, apontados como inimigos da igreja?! A reacção imediata não é dizer que, afinal, tudo não passou de um mal entendido e que o melhor é dedicar-se um pouco mais às rezas e às liturgias, para que tudo volte à normalidade? E quem, depois de tudo, fica mal não são ainda as vítimas, estigmatizadas por beatas e beatos para o resto das suas vidas?

Ainda assim devo dizer-lhes que, num primeiro momento, não estranhei, quando ouvi alguns dos bispos residenciais em exercício de funções dizerem alto e bom som que, por eles, não criarão nenhuma dessas 'Comissões diocesanas de protecção de menores'. Aos meus próprios olhos, estas são uma coisa tão aberrante, a começar pela própria designação, que não estranhei. Quando, depois, num segundo momento, vejo que o motivo dessa sua recusa, é que nas dioceses deles não há, nunca houve, nunca haverá nenhum caso de pedofilia clerical, caiu-me o coração aos pés. Por eles e, sobretudo, pelas crianças. As do passado recente e as do presente. Pior do que ter bispos cegos, é ter bispos que simplesmente não querem ver. São cínicos, no mínimo.

É óbvio que com essa coisa de 'Comissões diocesanas de protecção de menores' não vamos lá. O assunto é sério demais para ficar nas mãos dos clérigos. A corporação clerical não olha a meios para se proteger, aos seus e manter os seculares privilégios. Estão prontos a tudo, até a ser mártires. O que verdadeiramente se impõe é, 1, Acabar de vez com a corporação dos clérigos e sua escandalosa isenção de impostos; 2, Abolir a Concordata; 3, Tratar todos os bispos e presbíteros ou padres como cidadãos em tudo iguais aos demais perante a Lei; 4, Sempre que algum deles, no exercício das suas funções pastorais, abuse de menores, o caso seja encarado como 'crime público' e denunciado ao Ministério Público que providenciará a respectiva investigação. Presbíteros e bispos ao serviço maiêutico das populações e dos povos, sim; sacerdotes-clérigos e pastores ao serviço da Cúria imperial de Roma e do Dinheiro, nunca mais!

Edição 147, Abril 2019

45 anos depois

QUE ABRIL 2019?

Naquela madrugada, há 45 anos, os cravos vermelhos entupiram as espingardas dos soldados e o amanhecer foi de intensa Luz. De fecunda Paz. Desarmada. A única a sério. Verdadeira. Real. Por uns dias, meses, até, fomos ruas e vielas que cantavam a Luz. Fomos olhos a rivalizar com as estrelas. Fomos sonho. Abraço. Beijo. Ocupação de casas vazias e de terras de quem as não trabalhava. Luta tecida de ternura e de comensalidade. Porém, quando demos por isso, já era Novembro 25, 1975. As balas mataram os cravos vermelhos. E os soldados, filhos do povo, deixaram de estar ao lado dele. Regressaram ao de sempre, os quartéis. A defender o Poder. Contra o povo, familiares incluídos. Sim, também caiu a Pide/DGS. Acabou a Guerra Colonial. Libertaram-se os presos políticos e o Forte de Peniche, local de tortura institucionalizada dará agora lugar ao Museu Nacional da Resistência e Liberdade. Onde figurarão os nomes de todos os torturados.

Há nomes de gente como nós que todas, todos retemos na memória, decisivos nesta Revolução dos cravos, progressivamente sabotada e, por fim, abortada. Salgueiro Maia. Otelo Saraiva de Carvalho. E antes e depois deles, José Afonso. A Voz que dá corpo a Grândola, Vila Morena e à Utopia. Mas também a Vampiros e a O Avô Cavernoso. Sem dúvida, José Afonso é aquele que nos diz a todas, todos, desde Abril 74, povo de povos sem império. Há também nomes sinistros que aqui não são escritos. Dos que logo se puseram ao leme dos destinos de todos nós e institucionalizaram de novo a Ordem e Obediência ao Estado e ao Papa. Até porque ninguém então se atreveu a romper com a famigerada Concordata de 1940 entre o Estado Novo e o Estado do Vaticano.

Uma coisa eu sei e não esqueço, porque a sofri na pele. Um mês depois de Novembro 25, 1975, já o vespertino REPÚBLICA que me deu a Carteira Profissional de Jornalista, viu ser fechadas as suas portas. Para sempre! Um feito que nem o regime fascista realizou e que me fez conhecer pela vez primeira o amargo sabor do desemprego secular. Não muito depois de ter conhecido o doce sabor do desemprego clerical-eclesiástico que me fez regressar à pureza inicial de Presbítero da Igreja do Porto. Bom para mim, mas uma vergonha para a empresa Diocese do Porto. 45 anos depois, somos este labirinto de leis e de corporações, de comentadores charlatães de futebol e de política, de novelas e de euro-milhões, a fazer excêntricos todas as semanas. E também de montanhas de IPSSs, Lares de idosos, Misericórdias, Centros Paroquiais e Sociais, párocos-gestores de empresas paroquiais, bispos residenciais que não desistem do anel e da mitra, do báculo e do palácio, da catedral onde só eles falam e do santuário da Senhora de Fátima $.A.

Mas há mais coisas que Novembro 25 não tirou a Abril 25 e até as fomentou, segundo a velha máxima do Poder, Dividir para reinar. Concretamente, a proliferação de grandes media, partidos políticos e sindicatos, greves e corrupção até dizer chega. Autarquias Locais e Regionais, Governos, Parlamentos, Presidência da República, Forças Armadas e de Segurança. E até uma diocese castrense, com um bispo titular em exclusivo, que não tem nada para fazer, para lá de viagens e visitas 'pastorais' de cortesia aos seus 'fiéis', lá onde eles actuam. Sem esquecer as anuais peregrinações a Fátima e a Lourdes.

No que me diz directamente respeito, Abril 25 resgatou-me de vez da tirania dos agentes da Pide/DGS que me seguiam para todo o lado. E de novas prisões políticas em Caxias e consequentes julgamentos no Tribunal Plenário do Porto – o Pretório dos nossos dias – que por duas vezes me absolveu como pároco de Macieira da Lixa, depois de dar como provado que eu era um 'pároco exemplar'. Coisa que o Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes não foi capaz de engolir. E a prova é que, sem nunca me ter movido um Processo canónico, nem me julgar, sumariamente que fosse, no Tribunal Eclesiástico – o Sinédrio dos nossos dias – retirou-me a paróquia e nunca mais quis o meu serviço presbiteral, na expectativa de que eu batesse com a porta. Ficou por isso quase sem fala, quando lhe comunico que prossigo a Missão, desde então, como Presbítero-Jornalista profissional!

E tudo o incêndio levou

NEM NOTRE-DAME VALEU À SUA CATEDRAL

Os poderosos da Europa e do mundo estremeceram, ao ver arder uma das mais belas e monumentais catedrais do seu cristianismo imperial romano. O que será deles sem este tipo de monumentos e este tipo de arte, com tudo de imoral, já que serve(m) de fachada e de máscara para esconder os seus palácios e os seus horrendos crimes de corrupção e muitos outros? O próprio presidente Macron apresentou-se, emocionado, de imediato no local, no que foi interpretado como profunda dor sua, quando foi um emocionado agradecimento à sua Notre-Dame, ou Nossa Senhora, porque aquele incêndio veio contribuir e de que que maneira para unir ainda mais à sua volta os grandes ricos. Dos quais ele é o presidente. Contra a maioria das populações que mantêm França de pé, graças ao seu trabalho por conta de outrem, por isso, com tudo de tripalium ou de tortura. Numa subliminar forma de escravatura, que outra coisa não é o trabalho por conta de outrem, com apertadas leis e regras que o grande Capital através dos seus Estados elabora e impõe. Aliás, ainda o incêndio não estava definitivamente extinto e já dois dos grandes ricos de França garantiam publicamente que doavam, um, 100 milhões e outro 200 milhões de euro, para a imediata reconstrução da sua indispensável catedral.

Como escrevi na passada semana, os sinais dos tempos estão a revelar-nos que o cristianismo imperial e o religioso em geral vão nus. Fizeram o seu tempo – tempo demais, diga-se – nos milénios anteriores de crasso obscurantismo, mais ou menos ilustrado. E eis que, inopinadamente, como a corroborar esta minha tese, acontece o incêndio de grandes proporções na mais emblemática catedral de Paris. Quando ela se encontrava em obras de restauro que iriam prolongar-se por uns 20 anos. Porque Notre-Dame é grande e os restauros têm de dizer com essa sua grandeza. Já as famílias francesas podem nascer e sub-viver em bairros periféricos, e os migrantes e refugiados nas ruas. Nem Notre-Dame, nem os seus clérigos de topo, nem os grandes ricos, nem o presidente Macron se afligem com isso. Sabem-se todos protegidos pela Polícia e pelos militares armados, sempre que o perigo lhes ronda a porta. Até ao dia em que as mentes destes homens e mulheres se abrirem e todos perceberem que quem carece de ser protegido são as vítimas, não esses tubarões, seus carrascos institucionais.

O mais surpreendente e significativo é a coincidência da data em que este incêndio deflagra. Precisamente, no segundo dia da chamada 'semana santa' do cristianismo católico imperial. Uma coincidência que amplifica ainda mais o sinal de que o cristianismo e o religioso são cada vez mais coisa dos milénios anteriores. E o que de um e outro ainda perdurar neste terceiro milénio não passará de uns resquícios a fazer lembrar o multi-milenar e penoso passado de treva e de tortura, de dor e de crucificação, de latrocínio e de genocídio dos povos das nações. É que se há semana mais cínica e cruel na história da humanidade é precisamente esta. Chamam-lhe 'santa', só porque antes nos convenceram que ser 'santo' é o que há de melhor à face da terra. É o que há de pior!

E porquê? Com a luz que nos traz o terceiro milénio – o milénio de Jesus Nazaré, finalmente, resgatado do cristianismo e do religioso – percebemos que com ela os clérigos conseguiram fazer e impor à humanidade o maior branqueamento da história, ao converterem o mais horrendo dos crimes cometido contra ela, na pessoa de Jesus Nazaré, o filho de Maria, no maior sacrifício de redenção dela! E como não suportam a Luz que é o seu ser-viver histórico, matam-no. Só que, graças a esse seu ser-viver, nós pudemos ver, pela primeira e única vez na história, todo o Hediondo que é o mundo do Poder, suas leis, suas religiões, suas obras de arte, sua literatura, sua poesia, suas grandes construções, seus livros sagrados e – o pior de tudo – seu deus! Ao revelar-nos que o bem dos seres humanos e dos povos que vemos está antes de tudo, inclusive, antes de Deus que nunca vimos!

Pós-cristãs, pós-religiosas e pós-partidos políticos

COM OS POVOS ORGANIZADOS AO LEME

Dizem-nos os sinais dos tempos que as sucessivas gerações do terceiro milénio são gerações maioritariamente pós-cristãs, pós-religiosas e pós-partidos políticos. Por mais que se danem as actuais elites do poder, as gerações do terceiro milénio, mulheres e homens, apresentam-se dispostas a abrir os seus próprios caminhos e a percorrê-los. Nem igrejas, nem partidos políticos lhes interessam mais. São tudo coisas das gerações dos milénios anteriores que trouxeram o mundo para o estado em que ele hoje desgraçadamente se encontra. E que não é um tipo de mundo que se apresente.

O sangue que lhes corre nas veias e o sopro que as faz correr são os da fecundidade e do cuidado, da proximidade, da relação, da ciência, do humano, das práticas políticas, das práticas económicas outras. Sem que o Dinheiro lhes diga o que hão-de fazer. Nascem e vêm ao mundo para o transformar. De selvagem em humano. De humano em fraterno. Por mais que se danem os clérigos e os pastores, os governos e os partidos políticos, as gerações do terceiro milénio nascem determinadas a rasgar os seus próprios caminhos. E todos, felizmente, alternativos. Caminhos ainda não abertos, por isso, ainda não andados. Em que o Ter é gerido pelo Ser. A Política praticada destrona o Poder e derruba todos os seus tronos e palácios. Para dar lugar à Maiêutica.

Tudo o que vem dos milénios anteriores carrega um vírus mortal. Cujo é exactamente, a ideologia-e-a-teologia deísta e ateísta do Poder e dos seus livros sagrados. Encobre a realidade. Mascara-a de mil e uma maneiras. Um planetário Stop a todo este mal estrutural mascarado de bem é o que as gerações nascidas neste terceiro milénio são e fazem. O sopro que as anima faz novas todas as coisas. Elas sabem que o Poder as cerca por todos os lados. A ingenuidade já não anda mais casada com elas. São gerações cultas que se regem pela Ciência e pela Fé de Jesus, sistematicamente ostracizada pelas elites dos milénios anteriores, porque, ao contrário da fé religiosa e cristã, as deslegitima e derruba. Como não é religião praticada, mas política praticada, remete as mulheres e os homens do terceiro milénio para um Deus que nunca ninguém viu. Como tal, nunca pode ser invocado na História. Cuja há-de fazer-se, está a fazer-se, como se Ele não existisse.

Os únicos responsáveis pela História são as sucessivas gerações terceiro milénio. Mais cedo do que tarde, todas elas dão-se conta de que nunca estão sós. São gerações constituídas por mulheres e homens que vemos, e se experimentam ininterruptamente habitados. Potenciados de dentro para fora. Religados entre si. Quanto mais religados, mais capazes de gerir os próprios destinos, os destinos uns dos outros e os destinos do planeta. Sem nenhum tipo de intermediários. Nem de tutores. A maiêutica praticada é o segredo da sua fecundidade e do seu viver desarmado. Nos antípodas da planetária monstruosidade militarizada que são os milénios anteriores. O pleno da demência.

Estes primeiros 19 anos do terceiro milénio são ainda regidos pelas elites dos milénios anteriores. Andam numa roda viva. Sentem o chão fugir-lhes de debaixo dos pés. Quanto mais correm, mas se afundam no abismo. Há o risco de levarem com elas os povos da terra, até agora, todos capachos seus. Sabem-se em vias de extinção e não têm como impedir as gerações do terceiro milénio de se afirmarem em toda a sua originalidade. Cabe a estas destroná-las e ao Poder. Derrubar os seus tronos e palácios. E decapitar a sua ideologia-e-teologia deísta e ateísta.

O enfrentamento é inevitável. E duélico. Mas o terceiro milénio é, tem de ser, das sucessivas gerações que nele nascem e crescem. As elites dos milénios anteriores já não têm mais como fazer parar este processo. Estes dias são de parto. E de dores. É o nascer do mundo da maiêutica e o fim do mundo do Poder. Com os Povos organizados ao leme!

Ordenado bispo, horas depois de ter sepultado o cadáver da mãe

O QUE FAZ CORRER D.AMÉRICO AGUIAR?

Nunca saberemos se a mãe do novo bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Américo Aguiar, morreu de emoção, por saber que o seu filho, daí a poucas horas, ia ser ordenado bispo, ou se de tristeza por ver o filho das suas entranhas enveredar irreversivelmente pela pirâmide do Poder sacerdotal eclesiástico, o pai de todos os poderes e, consequentemente, o pai de todos os hediondos crimes cometidos por eles ao longo da História. Esses mesmos poderes que estiveram bem representados no ritual da sua ordenação episcopal, realizado no último domingo de Março 2019, na igreja da Trindade do Porto.

Felizmente, as pessoas residentes na cidade já não correram para lá como antigamente As clareiras das naves laterais eram por demais eloquentes. Mas também ainda não é para as montanhas nem para as fontes e os rios que elas correm com os filhos. Prouvera que fosse. É para outras catedrais, as do Futebol dos milhões, não menos perversas que as dos bispos residenciais. No caso do Porto, a catedral que dá pelo estarrecedor nome, 'Estádio do Dragão'! Sim, faltaram as pessoas, mas não os pesos pesados da Autarquia local e da SAD portista, respectivamente, Rui Moreira e Pinto da Costa. Notada foi a ausência do católico PR Marcelo, sempre em todas. Desta vez deixou o seu lugar na missa para o agnóstico António Costa, o actual chefe do Governo. E para Fernando Medina, presidente da CMLisboa. Percebe-se. Marcelo é o PR e o comandante supremo das Forças Armadas. Aguarda por isso que seja o novo bispo a visitá-lo no seu palácio.

Ainda assim, não se vai ver livre da concorrência de D. Américo Aguiar, 45 anos de idade, e com tudo de clérigo empresário de sucesso. Basta ver que vai continuar a presidir ao Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia e Director do Secretariado Nacional das Comunicações, ao serviço da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa). Teve, é certo, de deixar a empresa turística dos Clérigos, igreja e Torre, uma galinha de ovos de ouro que o seu engenho e as suas desmedidas ambições conceberam e concretizaram. Fruto do seu auto-proclamado jeito para 'fazer pontes', inclusive, segundo disse no final do ritual da ordenação, entre portistas e benfiquistas!!!

Só assim se compreende que o Estado do Vaticano, comandado nesta altura pelo jesuíta Jorge Mário Bergóglio, em cujas veias corre o sangue dos Loyola, concretamente, do filho Inácio, o fundador da Ordem que Roma, a do Concílio de Trento, necessitava para poder chegar a toda a terra, tenha reparado nele e o tenha nomeado seu bispo-empresário ao incondicional serviço da mãe de todas as máfias, a Cúria romana, a mesma do império romano, reiteradamente reciclada. Hoje com novas armas, bem mais eficazes do que as do passado que fizeram correr rios de sangue. Os seus clérigos são 'Aquilo' que, no alertar de Jesus, é capaz de ocupar-matar a alma-mente das populações, sobretudo das crianças e dos jovens.

Embora auxiliar do Patriarcado, D. Américo Aguiar depressa passará a perna D. Manuel Clemente, uma vez que lhe cabe garantir que as JMJ 2022 tragam a Lisboa muito mais jovens do que os muitos que foram este ano ao Panamá. E se ele entregar ao PR Marcelo uma mitra, um anel e um báculo de bispo, acabam uma imparável dupla de vampiros. Com as minorias dos privilégios atentas e reverentes a fazerem delas o mesmo lema latino de D. Américo Aguiar, 'In manus tuas', 'Nas tuas mãos”. As mãos do deus do Poder, já se vê. Porque o de Jesus, do que gosta é de potenciar-nos de dentro para fora em autonomia, até sermos capazes de dispensar todo o tipo de intermediários. E, ao que parece, também o de Clotilde, a mãe do novo bispo que, ao vê-lo a poucas horas de deixar de ser seu filho, para ser filho do Poder, preferiu morrer antes, a ter de suportar todo aquele macabro ritual na igreja da Trindade. Daí a pergunta, O que faz correr D. Américo Aguiar?!

Edição 146, Março 2019

Como os Bispos fogem à mais inquietante Pergunta

A BÍBLIA OU JESUS?

Quando é cada vez mais necessário responder, sem olhar às consequências que daí possam derivar, à premente e inquietante pergunta, A BÍBLIA OU JESUS?, eis que os bispos católicos dos PALOP mostram-se determinados a avançar com uma nova tradução desse conjunto de livros (= Bíblia) que serve de suporte ideológico e teológico aos cristianismos, o católico e os outros. Esta sua decisão, já com vários anos, acaba de parir, por estes dias, 'ad experimentum', o primeiro volume que inclui 'os 4 Evangelhos e os Salmos'. Um estranho casamento – Evangelhos e Salmos – que eles justificam com o facto da nova tradução ser feita a pensar sobretudo no seu 'uso litúrgico'. Deste modo, os bispos conseguem evitar a premente e inquietante pergunta, A BÍBLIA OU JESUS?, uma vez que o 'uso litúrgico' é coisa de clérigos e de espaços sagrados, nos quais não há lugar para perguntas, muito menos para inquietantes perguntas como a que dá título a mais este Texto Fraternizar. Tudo nesse universo clerical é faz-de-conta, puro entretenimento de mau gosto, cada vez menos repetido, dada a escassez dos clérigos-actores e a crescente ausência de 'clientes' interessados nesse tipo de encenações.

Podem os bispos residenciais e administradores das empresas que são as dioceses e as paróquias em que cada uma delas se subdivide ignorar a premente e inquietante pergunta. Mas, façam o que façam, não têm como evitá-la. E não têm, porque ela ergue-se aí, cada dia que passa, cada vez mais acutilante nas mentes-consciências das gerações que estão já a dar corpo ao terceiro milénio, todo ele pós-cristão e pós-religioso. Por isso, também pós-clerical. Perdurará, é certo, ainda por mais uns anos, menos do que mais, o chamado 'turismo religioso'. Mas até esse cairá galopantemente em desuso, à medida que as sucessivas gerações do terceiro milénio deixarem de lhe dar corpo.

É que todas elas hoje sabem que aquilo que, nos dois anteriores milénios, mais contribuiu para torturar as populações e os povos e para esventrar o planeta Terra, foi precisamente o cristianismo, com a sua Bíblia, em cujos livros sopra um tipo de ideologia e de teologia com tudo de ideolatria, a inimiga número um dos seres humanos e dos povos. E não há 'turismo religioso' que branqueie, esconda e silencie os crimes e os gritos cruentos e incruentos cometidos em nome dela. O mais horrendo dos quais é, sem dúvida, a morte crucificada de Jesus Nazaré, o filho de Maria. Ao qual anda indissoluvelmente associado o seu 'grande grito', ao expirar, para cúmulo, imediatamente precedido pela mais perturbadora de todas as perguntas, sempre sem resposta, 'Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?' (cf. Marcos 15, 34).

Perante estes dados históricos, hoje mais do que irrefutáveis, não há tradução da Bíblia que consiga cativar as gerações do terceiro milénio, todo ele já pós-cristão, pós-religioso e pós-clerical. Quando muito, ficarão por aí uns quantos resíduos do sangrento e avassalador esplendor que foram os chamados séculos da Cristandade, com os seus inúmeros templos, santuários ao gosto e ao estilo do império romano, o mais destacado dos quais dá pelo nome de Basílica de S. Pedro, obra magna do imperador Constantino, o primeiro papa de Roma. Mas até esses acabarão reconvertidos em bares, livrarias, bibliotecas, espaços de lazer e de cultura. Ou espaços abandonados onde crescem silvas e répteis de toda a espécie, nomeadamente, cobras, aranhas e ratos. Muitos ratos.

Uma coisa é já hoje garantida, pelo menos, à luz dos sinais dos tempos. Por mais que os bispos se danem, as gerações do terceiro milénio acabarão por acolher a premente e inquietante pergunta, A BÍBLIA OU JESUS? e vão ter a inteligência cordial bastante para lhe responder. E como é uma pergunta disjuntiva, não copulativa, todas elas vão ter a sabedoria de escolher Jesus, o alfa e o ómega dos seres humanos. Bem como o seu projecto político maiêutico. Pois – e isso, sabem-no elas bem – só assim há terceiro milénio plena e integralmente HUMANO!

Sempre que há uma grande catástrofe

A QUE DEUS REZA O PAPA FRANCISCO?!

Sempre que há uma grande catástrofe ou ataque terrorista de grandes dimensões, é certo e sabido que o papa Francisco corre logo a rezar. E não só. Logo que tem oportunidade de falar às multidões de turistas religiosos que gostam de espaços sagrados e imperiais do tamanho dos seus sonhos e ambições de ter, nenhum ser, diz-lhes, com aquela voz de robô papal, que rezou pelas vítimas e recomenda a quantas, quantos (ainda) o ouvem que façam outro tanto, entenda-se, rezem também. Só não nos diz a que deus é que ele reza. Como é jesuíta e bispo da igreja de Roma, por isso, papa, é suposto que o deus a que reza seja o mesmo da igreja de Roma e do papado, o mesmo do imperador Constantino, fundador da basílica de s. pedro, do papado tal qual hoje o conhecemos e o mesmo do Credo de Niceia-Constantinopla. Esse mesmo deus que legitima todos os crimes e está-se nas tintas para as inúmeras vítimas das grandes catástrofes e dos grandes ataques terroristas. Como é, de resto, o deus do Alcorão e da Bíblia. Em nome do qual Jesus Nazaré é crucificado em Abril do ano 30, em Jerusalém. A mesma cidade onde, dois milénios depois, continua ainda a matar-se em seu nome. Muito justamente olhada por isso como 'cidade santa', entenda-se, cidade refinadamente assassina!

Em todos estes milénios de 'homo sapiens', melhor, 'homo demens', catequizaram-nos as religiões-igrejas e ensinaram-nos as escolas-universidades que o ateísmo é o grande mal do mundo. Só porque numa sociedade oficialmente deísta, o ateu é visto como alguém potencial e políticamente subversivo, pois atenta contra a ordem estabelecida por deus. Alguém, por isso, a vigiar, quase sempre, a excluir-abater. Em nome da ordem estabelecida, tida como o bem maior. Acima dos próprios seres humanos e dos povos.

Não se pense, porém, que a sociedade já deixou de ser deísta. Não deixou. O deísmo continua. Apenas com uma diferença meramente simbólica. O seu Deus não é mais aquele ente sagrado de outrora, condenado pelos do Poder a ter de viver num distante céu. Hoje, Deus é secular. Mais que isso, laico. Deixou de ser cultuado nos templos e nos santuários do passado. Passou a ser cultuado nos Bancos, nas Bolsas, nas grandes Multinacionais, nas Máfias. A maior das quais é, precisamente, a Cúria romana, a do papa Francisco, sucessor do imperador Constantino. Aliás, o seu falar de robô não engana!

Dizer deus hoje é dizer Dinheiro. O deus Dinheiro. O valor supremo em nome do qual se mata e se morre. Os ateus que ainda se ufanam do seu ateísmo e garantem que deus morreu – 'deus morreu e fomos nós que o matamos', escreve Nietzsche – são-no apenas do deus das religiões e das igrejas cristãs do passado, adorado nas grandes catedrais, nos grandes santuários e nas igrejas paroquiais erguidas em todas as aldeias, hoje, quase todas às moscas e com silvas a crescer em redor. São, por isso, ateus politicamente inofensivos. Os maiores adoradores do deus Dinheiro, o mesmo dos Bancos, das Bolsas, das Multinacionais e das Máfias. A primeira das quais é a Cúria romana com os seus cardeais e demais clérigos católicos ou protestantes de topo. Muitíssimo mais cruel e sádico do que o velho e barbudo deus do deísmo do passado!

Eis porque o problema maior das sociedades ocidentais e mundiais não é, nunca foi, o ateísmo. Sempre foi, é a idolatria. E não porque ofenda Deus que nunca ninguém viu. Sim, porque ofende os seres humanos e os povos que vemos. Sempre coloca deus antes dos seres humanos e dos povos. A idolatria é, por isso, o grande pecado estrutural do mundo que o 'homo demens' que se tem por 'homo sapiens' comete. Sem que as suas vítimas, na sua fragilidade – os povos da terra e a própria Terra – tenham como o derrubar. A menos que as elites mais esclarecidas se façam próximas delas, num viver maieuticamente religado ao delas. Bem ao jeito de Jesus. Nem que, por isso, venham a ser elites crucificadas. Quantas, quantos de nós nos dispomos a ser-viver assim?!

Quaresma 2019

PODE HAVER PERDÃO PARA AS IGREJAS CRISTÃS?

Tudo o que é cristianismo e igrejas cristãs dá-se mal, muito mal com o Carnaval. E dá-se bem, demasiado bem, com tudo o que é quaresma. Sou do tempo em que, nos 12 anos do seminário tridentino, as férias de Carnaval, folia pouca e muito pouco ousada, comparada com a dos carnavais deste nosso tempo, tinham obrigatoriamente de ser passadas lá dentro. Pelos vistos, era preciso desagravar, naqueles dias, o deus dos clérigos, ofendidíssimo com os pecados que o Carnaval proporcionava. De entre os diversos actos de desagravo pelos pecados, sobressaíam as 40 horas de contínua adoração ao santíssimo sacramento, encurralado, dia e noite, dentro de uma enorme custódia de ouro e prata. O que mais sobressaía aos nossos olhos de adolescentes e de jovens era aquela pesada e valiosíssima custódia. Já o santíssimo sacramento resumia-se a uma finíssima hóstia branca de farinha de trigo sem fermento, que mal se via em todo aquele requintado túmulo levantado ao alto sobre o altar da capela do seminário, ou no topo do altar-mor da catedral. As 40 horas eram ininterruptas. Dia e noite. Que o santíssimo exposto não podia ficar momento algum sem adoradores, não fosse zangar-se e lançar fogo e fúria do céu, como fazem hoje Trump, o dos EUA e Putin, o da Rússia. Para tanto, havia turnos organizados. Rendidos de hora em hora. E tudo no mais pesado dos silêncios fúnebres.

Estou a escrever com a ironia teológica que o assunto me merece. É, de resto, a melhor maneira de hoje, terceiro milénio, escrever sobre este tipo de actividades, exclusivas de clérigos católicos, se bem que a quaresma também seja ocupação de outras igrejas cristãs. Daí a pergunta, Pode haver perdão para as igrejas cristãs? Decididamente, não, já que o deus dos clérigos, pastores e igrejas cristãs não suporta a folia de Carnaval. Nem nenhuma outra. Do que ele mais gosta é de jejuns, de penitências, de maceração dos corpos, de gente ajoelhada com cinza na testa, de sacrifícios, de recitação de terços e de jaculatórias, com 200 ou 300 dias de indulgência cada uma. São coisas deste teor que o mercado religioso vende em desconto dos pecados. Tudo o que tem a ver com sofrimento, fome e sede. Até atingir o momento mais hediondo, na 'semana santa', a mais sádica das 52 semanas que fazem o calendário litúrgico, quase sempre em contra-mão ao secular. Que o deus dos cristãos não o faz por menos. Ou não fosse sádico e cruel.

O terror e o horror andam ainda hoje tão entranhados nas mentes-consciências das populações que nem mesmo as universidades confessionais conseguem descortinar quanto há de demência em todo este modo de ver as coisas e de agir. Um deus como o dos clérigos católicos e protestantes, que gosta de quaresmas e detesta os carnavais é um deus sádico. Só os sádicos experimentam prazer no sofrimento e na privação. E vêem nele valor redentor e salvador. Quando o sofrimento é a negação da vida de qualidade e em abundância. Só mesmo os sádicos, como são os clérigos, valorizam o sofrimento e falam em 'redenção'. Os seres humanos saudáveis lutam contra ele, cultivam a alegria, promovem a festa, o canto e a dança. Apostam tudo na Cultura, nada no religioso. E vomitam um deus, como o dos clérigos e dos pastores, fonte de generalizada depressão.

Registam os Evangelhos sinópticos que Jesus Nazaré, o filho de Maria, antes de iniciar a sua missão de fazer rebentar fontes de alegria e de plenitude de vida nas mentes dos povos tolhidos e amargurados pelo sofrimento que as elites dos privilégios ao comando da História sempre lhes impõem, passou 40 dias e 40 noites no 'deserto'. A fome que então sente é a do Pão da alegria e da plenitude de vida. Para ele e para os povos todos da Terra. Já que todo ele é um rotundo NÃO ao Poder, ao Dinheiro e ao Religioso. E um incondicional SIM à Partilha dos bens, à comunhão e à Liberdade que se faz fecunda presença maiêutica junto das multidões cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor.

O Grande Encobridor dos clérigos pedófilos

PARA QUANDO A DESCANONIZAÇÃO DE 'S. JOÃO PAULO II'?

A Cimeira dos bispos presidentes das conferências episcopais com o papa sobre os crimes de pedofilia dos clérigos católicos não passou de mais uma viagem turística para os bispos, e de mais um dos muitos shows mediáticos em que o jesuíta Jorge Mário Bergóglio, ex-cardeal emérito de Buenos Aires e, desde há anos, bispo de Roma, é manifestamente perito. Ou não seja ele o mais recente sucessor do imperador Constantino, o primeiro papa da igreja católica romana e o pai do Credo de Niceia-Constantinopla que ainda hoje continua a ser vergonhosamente recitado nas missas de domingo. Numa criminosa tentativa de apagar da memória dos povos Jesus histórico, o filho de Maria, que o mesmo império, ao tempo de Tibério, manda executar em Abril do ano 30, no pior dos seus instrumentos de tortura política, a cruz. Essa mesma que hoje é apresentada como o símbolo maior do cristianismo católico e protestante. O que, só por si, constitui o absurdo dos absurdos e o sadomasoquismo elevado à máxima potência.

Os crimes, consumados ou só platónicos, de pedofilia dos clérigos são tão antigos quanto os próprios clérigos. Decorrem da natureza do ser-clérigo. Existem, desde que eles existem. E só terminam, quando eles forem definitivamente extintos. Mas como extingui-los, se a igreja católica de Roma, desde o papa, no topo da pirâmide, ao mais ignoto pároco de aldeia, na base da pirâmide. está fundada sobre eles, todos celibatários? Os chamados leigos, elas e eles, não são igreja. Só os clérigos o são. Os próprios povos das nações, porque não clérigos, vêem-se condenados a ter de carregar sobre os ombros o peso da pirâmide clerical e a ter de ouvir e calar o que suas excelências reverendíssimas, os bispos e os párocos, suas eminências, os cardeais, e sua santidade, o papa, têm para lhes dizer, do altar para baixo. Para isso foram escolhidos por 'deus-pai todo poderoso', o do Credo de Niceia-Constantinopla.

É hoje público e notório que o papa polaco João Paulo II, com tudo de anti-comunista e anti-ateista primário, como de anti-Concílio Vaticano II – é um dos poucos que, enquanto bispo conciliar, vota contra a Constituição Lumen Gentium sobre a igreja – é o Grande Encobridor dos crimes de pedofilia dos clérigos. Sob o pretexto de que 'o bom nome da igreja' está acima de tudo o mais. Por mais que nesse então gritem as vítimas dos clérigos, os seus gritos esbarram sempre na muralha de aço do silêncio papal. Mas é assim que o Grande Encobridor adquire aura de santo e vê entrar nos cofres do Vaticano rios de dinheiro, em troca do seu silêncio. O mais aberrante dos muitos casos que então chegam ao seu conhecimento é o do fundador dos 'Legionários de Cristo' – só o nome já nos faz mijar de medo! – um tal clérigo católico, Marcial Maciel. É dele a instituição que, nas suas muitas casas, acolhe crianças e jovens em situação de fragilidade. E sempre que Maciel passa por cada uma delas, só tem de escolher entre todos os menores os que sexualmente mais o excitem. Uma escolha que deve ser vista pelas vítimas, não como um crime, sim como uma 'promoção'!!!

De tudo o papa João Paulo II é sabedor. Mas os rios de dinheiro que o clérigo Maciel faz entrar no Banco do Vaticano têm o poder de tornar 'santos' os seus horrendos crimes. E para que tais horrores silenciados não venham a impedir, mais tarde, a sua previsível canonização pós-morte, o mesmo papa decide acabar com a figura de 'Advogado do Diabo', nos respectivos processos. E assim a sua canonização aconteceu quase na hora. A partir de então, deixou de haver o papa João Paulo II histórico com todos os seus crimes e há apenas o mítico 'S. João Paulo II'. Uma realidade que a Cimeira dos bispos com o papa Francisco ignorou de todo. Daí a inevitável pergunta, Para quando a descanonização de 'S. João Paulo II' e a condenação pública do papa João Paulo II? Enquanto esta imperiosa operação se não concretizar, todas as Cimeiras de bispos que o papa promova não passam de refinado fariseísmo católico romano. E são de crocodilo todas as suas lágrimas.

P.S.

Interrompo por uma semana completa as minhas actividades, também jornalísticas. Pelo que conto estar de volta ao Vosso contacto na sexta-feira 15 de Março 2019. Uma saudável diversão de Carnaval para quem ainda o não dispensa. Por mim, prefiro águas mais profundas onde se escutam os sons do Cosmos em expansão e a Festa tem o incomparável paladar da plenitude HUMANA. A todas, todos a minha Paz.

Edição 145, Fevereiro 2019

D. Nuno no Funchal

UM BISPO À BRÁS E COLONIALISTA?!

Acaba de apanhar um pontapé para cima. Em consequência, deixa o Patriarcado de Lisboa, onde até agora foi bispo auxiliar, e sobe a bispo titular e residencial do Funchal. Que isto de bispo na igreja católica de Roma ainda não sofre de falta de 'vocações'. Há sempre um nascido de mulher que, primeiro, aceita passar de presbítero a clérigo e, depois, de clérigo a bispo titular e residencial. Com um D. antes do nome. Vaidades eclesiásticas e medievais que entram terceiro milénio adiante, para vergonha da instituição que as pratica. Neste caso, com a agravante de Nuno Brás ser natural de Vimieiro, concelho da Lourinhã, e aceitar atravessar o Oceano Atlântico para ir pousar no Funchal, Região Autónoma da Madeira. Não tão autónoma assim, caso contrário, teria encontrado, entre os seus presbíteros nados e criados na Região, um que assumisse a politicamente arriscada missão de Evangelizar os pobres e os povos, longe, por isso, dos palácios episcopais e das catedrais. Como nada disto aconteceu, cabe perguntar com o meu habitual humor teológico, Não estamos perante um bispo à brás e colonialista?!

A resposta só pode ser afirmativa. Para as duas dimensões, a gastronómica – à brás – e a política – colonialista. Aliás, é o que acaba de emergir da sua entrada solene na diocese, neste domingo 17. Desde a chegada ao aeroporto ao jantar no Colégio Santa Teresinha. Uma chegada com tudo de caricato. Ao sair do avião, o bispo não teve como resistir e, perante o ar de espanto da hospedeira, lança-se de joelhos no chão para o beijar. Numa imitação do famigerado São João Paulo II, nas suas inúmeras viagens de pastoral turística pelo mundo. Onde nunca faltou o beija-chão papal, precisamente o chão do aeroporto carregado de vírus e todo o tipo de poluição. Não mais, contudo, do que os vírus e a poluição ideológica e teológica que o próprio bispo é e transporta. A ter de dar um beijo à chegada como bispo do Funchal, porque não o dá na face da sua gentil hospedeira? O problema é que clérigos que se prezem, sempre preferem as imagens e os ritos, os protocolos e os rituais litúrgicos, às pessoas de carne e osso! São doentes, como Lázaro de Betânia que, depressa, passam a mortos e sepultados nos tronos dos seus paços episcopais e das suas catedrais. A contaminar e a matar as populações que os frequentam e às suas liturgias, nada recomendáveis pela Organização Mundial da Saúde.

'Não sou político nem gestor. Sou bispo. Tenho por missão evangelizar, celebrar os sacramentos, conduzir o povo de deus como bom pastor.' As palavras são do bispo à brás e colonialista. Di-las na catedral do Funchal. Felizmente, as populações da Madeira não se deram ao trabalho de sair ao encontro deste estranho e mercenário, que a si próprio se apresenta – vejam o despudor! – como 'bom pastor'. Em contrapartida, estiveram uns 20 bispos, do mesmo jeito deste 33º bispo do Funchal. Todos monarcas nas respectivas dioceses e catedrais. Sempre sob o pidesco olhar do Núncio apostólico, alter ego do papa, sucessor do imperador de Roma. O único chefe de Estado do mundo que pode julgar todos os outros e não pode ser julgado por nenhum deles. O campeão, por isso, da corrupção e da hipocrisia, disfarçado de Sua Santidade, o Papa.

É cada vez mais inequívoco que o deus do papa, da Cúria dos cardeais, dos bispos residenciais e dos párocos não é o Deus de Jesus. Podem teimar em prosseguir nas suas actividades medievais,carregadas de idolatria e de alienação. Mas só enquanto a OMS não tiver a lucidez e a audácia de passar a pente fino tudo o que eles dizem e fazem. E proclamar, depois, urbi et orbi que tanto eles, como os seus falares, fazeres e locais de culto são portadores de vírus politicamente desmobilizadores dos seres humanos e dos povos. Por isso, todos funcionários e locais a evitar, inclusive, por turistas. Os seus luxos e privilégios são a cruz dos povos crucificados. Que tiveram de empobrecer para eles, os seus palácios e as suas catedrais crescerem. Só não vê quem não quer ver!

D. Manuel Linda, Bispo do Porto

UM JIPE MISSIONÁRIO NA GUINÉ?!

Está a nascer na diocese do Porto um novo modelo de missionário. Como as novas gerações não estão mais para aí viradas e até 'os seminários das missões' começam a ser reutilizados para outros fins, como hospedarias e hotéis para acolher peregrinos do turismo religioso, sobretudo, católico, por isso, isentos de impostos, nem o bispo D. Manuel Linda, ex-bispo das Forças Armadas e de Segurança, resistiu a dar-lhe a sua pública adesão, ao apoiar a iniciativa de um dos seus párocos de VN de Gaia. Prova disso, é oferta, ao som das trombetas mediáticas, de um 'jipe missionário' à Guiné-Bissau . A mesma Guiné que, antes de Abril 74, conheceu os horrores da guerra colonial. Nesse então, eram os jipes da 'guerra santa contra o comunismo internacional', abençoada pelo papa e pelos bispos católicos portugueses que acordaram, via Estados do Vaticano e de Portugal, a criação do Vicariato Castrense.

Sucedem-se-lhes agora os 'jipes missionários', com a diocese do Porto e o seu bispo residencial à cabeça. Não só a abençoar a iniciativa, mas também a dar o exemplo. Com um pormenor de todo inusitado. O jipe que ofereceu e foi pessoalmente entregar no dia 12 deste mês ao bispo da Guiné, em Bissau, fez a sua rodagem durante uns 9-10 dias, num percurso de 6.000 kms, números redondos, numa louca viagem através de Espanha, Estreito de Gibraltar, Marrocos, o Saara Ocidental, Mauritânia e Senegal, graças à 'dedicação' e ao 'zelo pastoral' de 4 párocos da diocese do Porto, convertidos, também eles, ao 'turismo missionário', depois de anos de dedicação pastoral ao futebol europeu.

Mas os 4 párocos não viajaram sós. Não fosse o diabo tecê-las, fizeram-se acompanhar por quatro leigos, um deles médico e outro empresário, também eles 'turistas missionários', portadores de uma carrinha pick-up destinada a uma das ONGs que lá se instalaram, como em tantas outras partes carenciadas do mundo, peritas todas elas em juntar dinheiro para causas bem embrulhadas, o bastante para, só por si, fazerem abrir os cordões à bolsa de muita gente que cegamente confia que tudo o que lhes entregam é para glória de deus e destinado a matar a fome aos povos empobrecidos. Quando a verdadeira fome dos povos empobrecidos é de justiça e de dignidade. Só que para saciar esta endémica fome de justiça e de dignidade não há missões, nem missionários, nem ONGs, nem igrejas, nem religiões, nem párocos, nem bispos, nem pastores que a estimulem e promovam, muito menos a pratiquem.

Exigiria de todos sucessivas e fecundas intervenções politicamente subversivas e conspirativas desarmadas, ao jeito das intervenções políticas desarmadas de Jesus Nazaré, e isso o cristianismo e os cristãos nunca farão, muito menos as cúpulas das igrejas cristãs e das religiões em geral. Uma vez que todas elas são o braço religioso do poder financeiro, o actual messias ou cristo omnipotente, omnisciente e omnipresente que domina o mundo e tem todos os dirigentes dos Estados das nações, bem como os respectivos povos, a seus pés. Movidos todos pelo amor ao deus Dinheiro.

Depois que os papas de Roma, com destaque para João Paulo II e o actual papa Francisco, enveredaram pelas turísticas viagens pastorais, os bispos residenciais começam agora timidamente a seguir-lhes o exemplo. No que a D. Manuel Linda, ex-bispo das FA e de Segurança, diz respeito, há que sublinhar que a sua entrega do 'jipe missionário' ao bispo residencial e as duas visitas pastorais que aproveitou para fazer, revelam bem que o inconsciente dele, como o da generalidade dos bispos portugueses continua colonialista. No tempo da Guerra Colonial garantiam 'missionários' e um padre capelão a cada Batalhão, cujos soldados, de armas nas mãos, impediam o acesso do povo à autonomia e independência. Agora, oferecem jipes aos bispos, cuja presença-acção 'pastoral', com tudo de caridadezinha, continua colonialista, nada maiêutica.

Na diocese de Bragança e Miranda é assim

70% DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS SÃO DELA!

Anda o bispo de Bragança e Miranda preocupado com a fiscalização do Estado à sua Empresa-diocese que é dona de 70% das instituições sociais instaladas no território. D. José Cordeiro não vê com bons olhos que o Estado, que co-financia toda esta actividade, queira agora 'meter o nariz' e de forma mais rigorosa do que o habitual nas contas e na qualidade dos serviços das suas 14 Misericórdias, dos seus 50 Centros Paroquiais e Sociais, da Caritas diocesana e das Fundações. Numa diocese onde há mais membros de lojas maçónicas por metro quadrado do que em qualquer das outras dioceses do país, por que carga de água há-de vir agora a fiscalização do Estado 'meter o nariz', de modo ainda mais meticuloso do que até agora tem sido feito?!

O que bispo não diz, é que a Carta Aberta de Pe. Hérmino Ferreira, da sua diocese, cego em consequência da diabetes, mas não surdo nem mudo, muito menos, privado dos restantes sentidos e da inteligência, publicada no Jornal Fraternizar on-line e, dias depois, no Blog 'A Viagem dos Argonautas', entre as múltiplas denúncias e perguntas que formula, também lá está aquela 'bomba', referente aos mais de dois milhões e quinhentos mil euro que a sua Caritas diocesana dispõe e que ninguém sabe para que fins se destinam e a quem, em última instância, vão beneficiar. E como o Blog é muitíssimo frequentado e a Carta Aberta em causa teve mais comentários que todos os outros textos juntos editados nessa mesma semana, é muito provável que também por obra e graça de algum maçónico preterido pelo bispo em detrimento de outro afrodisiacamente mais atraente para os seus gostos episcopais, tenha alertado quem de direito.

Sublinhe-se, uma vez mais, que o Bispo D. José Cordeiro até acha bem que a referida fiscalização se faça, mas com ele a acompanhar e a mostrar as contas. Todas contas abençoadas por ele. O que o leva a vir dizer-se publicamente surpreendido é o facto de, desta vez, a fiscalização ser mais rigorosa e acontecer nas suas costas. Mas então – subentende-se no público protesto do bispo D. José – os clérigos da diocese de Bragança e Miranda e os leigos da sua confiança podem alguma vez ser corruptos, sequer ser suspeitos de corrupção? Não são todos, exemplos acabados de virtude, de dedicação, de entrega aos estéreis e envenenados ritos litúrgicos nos altares das igrejas e capelas paroquiais? Desconhecem que ele próprio até já agendou para este ano 2019 a sua terceira visita episcopal a cada uma das empresas em que se subdivide a grande Empresa diocesana de serviços sociais? O muito dinheiro que anualmente movimenta nesta Empresa de empresas não está, graças a ele, acima de toda a suspeita?!

Por este andar – pensará o bispo D. José Cordeiro com os seus botões – querem ver que a fiscalização ainda vai querer saber de onde vieram os 650 mil euro com que eu, apenas dois anos depois de tomar posse como bispo residencial, saldei a dívida da construção da megalómana catedral? Ignoram que antes de eu ser sagrado bispo de Bragança e Miranda, vivi anos e anos em Roma, a dos cardeais, dos quais fui e continuo a ser um dos clérigos mais preferidos, graças, certamente, à minha pequena estatura, ao meu corpo bem nutrido, aos fatos e ao carro último grito com que me apresento, às misteriosas e sigilosas amizades que mantenho com os homens do avental colocados em postos de grande poder decisório no meu território?

E a que se junta ainda – acrescento eu, a terminar este Texto tecido de humor teológico – o seu refinado gosto pelas frequentes viagens a Roma e aos lugares santos de todo o mundo, com destaque para as cidades por onde S. Paulo andou a aterrorizar as populações com a sua sofisticada mentira da vinda, naquela geração, nuvens do céu abaixo, do mítico messias davídico, quando o que veio, no ano 70, foi a invasão de Jerusalém por parte dos exércitos do império romano? Acham – insisto eu – que um bispo com todo este aparatoso viver, ainda precisa de sujar as suas ungidas mãos episcopais com corrupçõezinhas na sua mega-empresa diocesana de serviços sociais?!

Jornadas Mundiais 2022 em Portugal

DOS JOVENS OU DO PAPA E SEUS CLÉRIGOS?

Segundo rezam as estatísticas oficiais, cresce em muitas partes do mundo a perseguição aos cristãos católicos e não-católicos. Enquanto nos países do Ocidente, o que cresce é o abandono puro e simples da igreja católica romana, dos seus locais de culto e dos seus sacramentos, a começar pelos do baptismo e da missa de domingo, e a acabar nos da ordem e do matrimónio. Um abandono com muito de desprezo, de nem sequer querer saber o que seja isso de sacramentos. Cresce também, cumulativamente e de forma galopante, a falta de candidatos a clérigos. Nem as ruidosas JMJ, realizadas de três em três anos, conseguem convencê-los – elas nem sequer podem chegar-se à frente, já que ser clérigo é coisa de homem, e de homem célibe, não de mulher – a enveredar por essa profissão, porque de profissão se trata. Clérigos nós, jovens século XXI? Não, obrigado!, dizem os que hoje frequentam as universidades do Ocidente.

Esta é uma inusitada realidade que eu próprio, na minha condição de presbítero-jornalista, por isso, não-clérigo, vejo como muito positiva e por isso saúdo e canto. Tal como Deus que nunca ninguém viu e se nos dá a conhecer em Jesus Nazaré, certamente também saúda e canta, já que não nos faz clérigos, mas mulheres e homens em radical igualdade e em toda a variedade de géneros. Clérigos é coisa de macho. De Poder. Por isso, criação do anti-Deus, o de Jesus. Clérigos – quem o ignora, depois de 16 séculos de Cristandade?! – estão aí só para dominar, castrar, roubar, matar, destruir. Em especial, as mentes-consciências das pessoas e dos povos. Antes de mais, das crianças e dos jovens.

Uma refinada especialidade dos clérigos, com destaque para os jesuítas de Inácio de Loyola, século XVI, e, hoje, de Francisco, oriundo da Argentina, o primeiro cardeal jesuíta a ser eleito papa pela Cúria romana. Ao arrepio de todos os usos e costumes. Prova provada de que isto de igreja católica romana no mundo já só lá vai com mais e mais domínio das mentes-consciências das pessoas e dos povos. Sem olhar a meios para obter os fins em vista. Quando afinal – quem não vê? – o terceiro milénio, do que mais precisa é de jovens e adultos especializados, não em dominar, mas em Cuidar da Vida e dos vivos em todas as suas manifestações e diversidades. E da Terra, organismo vivo.

É por aqui que podem e devem ser estimulados a ir os jovens de todo o mundo. Nunca, porém, com jornadas mundiais como a que acaba de ocorrer no Panamá e como a que já está a ser preparada para 2022 em Portugal, perdão, em Lisboa. Ou esta cidade não seja a capital, por isso, o centro nevrálgico mais especializado e refinado do Poder de corromper, mediocrizar, infantilizar as populações lá residentes e as do resto do país.

Dizem os clérigos portugueses de proa que as JMJ são, de todos os eventos, os que mais jovens do mundo congregam. Dizem-no com aquela pose de fingida humildade, mas a rebentar de orgulho. E também com aquele ar de superioridade com que sempre se nos apresentam. São tão extraterrestres, que desconhecem por completo a realidade. Ainda que uma significativa parte dela, a humana mais desprotegida, continue a enriquecer as IPSSs deles, bem como os seus Centros paroquiais e sociais, as suas Misericórdias, os seus Bancos Alimentares Contra a Fome e quejandos. Para sua vergonha, obviamente, já que a Caridadezinha mata tanto como o Dinheiro que a pariu.

Felizmente, os únicos jovens século XXI verdadeiramente capazes de mudar de raiz este nosso mundo e fazê-lo passar de cristão a Humano e de Humano a Sororal-Fraterno encontram-se entre aqueles muitos que já não correm como baratas tontas atrás do idolatrado papa de Roma, sucessor do imperador Constantino, nem dos seus clérigos de proa. A Luz que os guia e o Sopro que os faz andar caminhos ainda não andados é o da Fragilidade Humana e o das vítimas das alterações climáticas, da Injustiça sistémica e seus agentes históricos de turno. Papa de Roma incluído.

Edição 144, Janeiro 2019

As mulheres e a igreja dos papas

EXCLUSÃO DELAS OU DELA?

Por mais que o papa se apresente mascarado de jovem, em mais uma jornada mundial de ilusionismo – como podem e devem ser classificadas as Jornadas Mundiais da Juventude, realizadas este ano entre 22 e 27 de Janeiro no Panamá, América Central – nem assim consegue calar os gritos dos milhares e milhares de vítimas da pedofilia dos clérigos e dos muitos milhões de vítimas dos sete pecados capitais que a igreja católica romana, reiteradamente tem cometido, desde o início. Entre os quais se destaca, como absurdo e obtuso, a exclusão das mulheres dos chamados ministérios ordenados. Uma exclusão que atinge mais a ela, Igreja católica romana, do que às mulheres baptizadas por ela. Uma prepotência, diga-se, a juntar a tantas outras que sistematicamente ela comete, não só contra elas, mas contra todos os seres humanos. Apesar disso, são ainda muitos milhões de mulheres e de homens que insistem em manter-se nela, quando, há muito tempo, deveriam tê-la abandonado. Com estrondo. Ou silenciosamente. Para, assim, sermos simplesmente humanos, como é timbre da nossa matriz original.

Por mais patriarcalismos que se inventem e imponham, sob múltiplos nomes, a verdade é que todos nascemos de mulher. E é graças a este nascer que integramos a Humanidade, constituída por mulheres e homens de todas as tendências e orientações sexuais, cores, línguas, tradições. Radicalmente iguais, nas diferenças que nos fazem-dizem, cada uma, cada um, únicos e irrepetíveis. Toda a nossa grandeza-e-responsabilidade reside neste denominador comum, o Humano. De maneira que tudo o que, com o passar dos séculos, é acrescentado a este denominador comum, só é uma mais valia, se nos faz ainda mais humanos entre os demais, capazes por isso de nos religar maieuticamente a todos e cada um dos outros como nós e até ao universo, de que somos a Consciência. De modo a crescermos harmoniosamente de dentro para fora até à estatura do Humano pleno e integral.

Sabemos bem que não é assim que, desde o início, se tem desenvolvido a história da humanidade. Muito pelo contrário. Quantos, a dada altura do seu desenvolvimento individual ou de grupo familiar ou étnico, se dão conta de que a maioria é cega, sem sequer disso ter consciência, logo têm corrido a fazer-se os seus guias. Fizessem-no na linha do serviço, da gratuitidade, da maiêutica e dos vasos comunicantes, e contribuiriam para o crescimento de dentro para fora de todos. Não é, porém, o que reza a história, por mais que ela nos fale em civilização. O facto de alguém encontrar caminhos e meios que o levam a adiantar-se aos demais, mas para logo os dominar e utilizar para fins e interesses exclusivamente seus e do seu grupo, não para fins e interesses do todo que é a Humanidade, não pode ser levado na conta de civilização. Tem de ser levado na conta de barbárie. Parece óbvio. Só não o é para a maioria dos que escrevem a História.

As mulheres que nos primórdios da Humanidade foram olhadas, e bem, como mais-valias, quer pela dádiva da maternidade, quer pela garantida fiabilidade genealógica, depressa se viram suplantadas pelos machos e sua força bruta. Nasceram então as religiões patriarcais dos Livros sagrados, entre os quais hoje se destacam a Bíblia judeo-cristã e o Alcorão. É desta fonte ideológica-teológica envenenada que bebem todas as religiões e igrejas cristãs, com destaque para a católica romana. Organizada em pirâmide, ao modo do império romano que a pariu e impôs a toda a ecumene de então, sempre relegou as mulheres de carne e osso para os trabalhos domésticos e afins, enquanto hipocritamente as promovia a deusas e rainhas, mas apenas nas imagens de tudo quanto é nossa senhora disto, nossa senhora daquilo. Um escarro para a Fé-Teologia de Jesus, o filho de Maria, e para as mulheres, a começar pela própria mãe dele. E um crime de lesa-humanidade que deve levar as mulheres (e os homens) a fugirem dela a sete pés.

Três eleições num só ano

DELEGARMOS, OU DECIDIRMOS NÓS RELIGADOS?

Bem se pode dizer que 2019 é o ano de todas as eleições. Para o Parlamento europeu. Para o da Região Autónoma da Madeira. Para o Parlamento Nacional. Estamos à porta da terceira dezena de anos do século XXI, mas continuamos com modelos e institucionais de todo o tipo que herdamos de gerações antepassadas. Quando a Política ainda podia influenciar a importante área da Economia-e-Finanças. E o medo do 'inferno' continha potenciais prevaricadores. Felizmente, esses tempos, com laivos de Idade Média, já se foram e não voltam mais. E, se voltam, é sob outros nomes e outras máscaras, que não as dos nossos antepassados.

O facto e demasiado óbvio, só não o é para os dirigentes dos múltiplos institucionais do Poder. Agarrados ao 'osso' dos privilégios, são incapazes de ceder o lugar às novas gerações. Fazem tudo, isso sim, para as integrar nos velhos institucionais, sem se aperceberem que para gerações novas, institucionais novos. Ou assim, ou os 'demónios' de velhos e novos 'ismos' entrarão depressa em acção. Ao menos, não culpemos as novas gerações. Culpemos as mais velhas, por não largarem o 'osso' dos privilégios e do comando. Esta é a hora de desistirem do leme a favor das gerações recém-chegadas à maioridade e colocarem-se humildemente na posição de discípulos delas. Inclusive, deixar-se surpreender com a sua capacidade de iniciativa, de inovação e de vanguarda.

Neste ano de todas as eleições, uma das muitas grandes questões com que estamos confrontados é, Delegamos através do voto, ou decidimos nós próprios religados uns aos outros? Pode, em dado momento da história, ter sido um avanço a institucionalização da chamada democracia partidária. Houve vantagens, na altura, à mistura com desvantagens. No início só se viam vantagens. Das desvantagens, de tão secundárias, nem se falava, como fazemos com os medicamentos. Sabemos que os efeitos secundários estão lá. Mas nem por isso deixamos de os tomar, pelos benefícios que nos causam. Porém, passaram já várias gerações sobre esse início. Até mudamos de século e de milénio. Será que nem tão relevantes mudanças nos levam a perceber que é mais do que tempo de abandonarmos velhos institucionais e confiarmos às gerações mais recentes a criação de outros, mais em conformidade com estes novos tempos?

Quem nasceu no ano 2000 completa agora19 anos. Passa a responder pelos actos que pratica, pelas decisões que toma. Já não é aos pais delas, deles que vamos pedir responsabilidades e contas. É directamente a elas, a eles. Podem continuar a viver em casa dos pais, mas já não são os pais que decidem das vidas delas, deles. Se já é assim na vida civil, não deverá ser assim na vida política? É mais do que saudável que quem acaba de chegar à maioridade, se interrogue, perante cada um destes três actos eleitorais, todos determinantes para o seu amanhã e o amanhã dos seus filhos. Delegar através do voto, ou decidir?, é a questão. Para cúmulo, nesta altura da evolução social, delegar através do voto é confiar a decisão a quem já carrega anos do século XX e do segundo milénio, quando então tudo passava pelas mãos de quem tinha de decidir.

Somos já de um tempo em que muito do que é decisivo para os nossos hoje e amanhã não passa mais pelas nossas mãos, mas pelas máquinas. A uma velocidade que as gerações mais velhas não conseguem sequer acompanhar. Ou temos a humildade de dar voz e vez às novas gerações, a começar pela recém-chegada à maioridade, ou estão criadas as condições para velhos e novos 'ismos' ganharem corpo e conduzirem os nossos destinos para onde não queremos ir. Este é o tempo de decidirmos nós próprios religados uns aos outros. Não de delegarmos noutros através do voto. Continuar a delegar noutros, em vez de decidirmos nós próprios religados uns aos outros é renunciar a sermos seres humanos e povos com voz e vez. Sem dúvida, a pior das catástrofes!

Pedofilia dos clérigos católicos

VÍTIMAS QUE PRODUZEM VÍTIMAS

Por mais que o papa Francisco multiplique as suas intervenções e os pedidos de perdão, não consegue ir à raiz do problema. A pedofilia dos clérigos continua na ordem do dia e só deixará de estar, quando já não houver mais clérigos católicos. Enquanto eles existirem, existirão também casos e casos de pedofilia. Denunciados ou silenciados. Os clérigos católicos são vítimas que produzem vítimas. A simples existência de clérigos conduz inevitavelmente à prática da pedofilia. Clérigos católicos e pedofilia são causa e efeito. Enquanto houver clérigos católicos, há pedofilia praticada por eles. Mas atenção. Presbíteros católicos pedófilos não há nenhum, já que os presbíteros são a negação dos clérigos, todos potencialmente pedófilos praticantes. Agora que a sociedade civil está mais secular e mais disponível para a denúncia, os clérigos pedófilos cuidam-se e contêm-se mais. Mas onde há um clérigo católico há sempre um pedófilo em potência. As crianças e os adolescentes que os frequentam, nomeadamente, nos internatos católicos ou na função de acólitos, são suas vítimas em potência. Surpreende, por isso, que haja mães-pais que permitem que suas filhas, seus filhos adolescentes frequentem ambientes onde os clérigos católicos mantêm relacionamentos de proximidade com elas, com eles. O crime está sempre à espreita. E a ocasião faz o ladrão, no caso, faz o pedófilo.

É da natureza do clérigo católico ser pedófilo praticante. Não o digo em tom condenatório. Digo-o em tom de advertência e de alerta. Os clérigos católicos são vítimas que produzem vítimas. Mais do que correr a condená-los, há que correr a resgatá-los desse estatuto e dessa condição. Não. Não é só por causa do celibato eclesiástico, imposto por lei. Uma lei absurda, sublinhe-se. Como absurda é a existência de clérigos. Não vejo a opinião pública levantar-se em peso contra a existência de clérigos católicos e contra a instituição que, há séculos, os produz e lhes atribui ministérios que lhes garantem um estatuto social de superioridade em relação aos demais. As próprias crianças e adolescentes empurrados pelos pais a frequentá-los e aos seus ambientes têm-nos na conta de seres superiores: Uma espécie de pequenos deuses aos quais nada se recusa. Mas é o que de facto eles são, a partir do momento em que são convertidos em clérigos ou sacerdotes.

Eles próprios sabem-se segregados e acima da condição de seres humanos. Colocados num pedestal. De onde olham para os demais como seus ajudantes. Aos quais devem guiar-orientar. Lá para onde são enviados , por nomeação de outros clérigos superiores a eles, são festivamente acolhidos e aclamados como seus 'pastores'. Com o poder monárquico – só deles – de tomar decisões, nomeadamente sobre o património eclesiástico de cada paróquia. Sem que o parecer das populações que os sustentam-enriquecem e aos familiares que eles houverem por bem levar com eles conte para nada. Apresentam-se como 'pastores'. Não passam de mercenários. Uns estranhos. Com poder de jurisdição sobre os residentes no território. Isto perfaz um absurdo e um crime de lesa-populações. Que estas, cegadas pelas suas catequeses cristãs, têm como virtude.

O ritual que os faz clérigos faz deles uns ungidos para o exercício do poder clerical-sacerdotal-eclesiástico. Dizer, 'ungidos' é dizer, 'cristos'. Tanto assim que, quando eles presidem ao altar, diz-se que fazem as vezes de cristo. Um mito, objectivamente inofensivo, mas perigosíssimo, quando se faz clérigo que deixa de ser filho de mulher, para ser poder, numa cadeia de poder hierárquico, organizado em pirâmide. Com o papa de Roma, no topo, os párocos, seus alter-ego, na base, as paróquias. As populações residentes ficam de fora. São apenas o chão onde a pirâmide se apoia. Pelo que, neste início de terceiro milénio, recusamos alimentar por mais tempo este sistema eclesiástico que converte seres humanos em clérigos católicos, ou mantemos franqueada a porta para a existência de pedófilos praticantes. Quando derrubamos de vez esta demoníaca porta?!

A pergunta que ninguém ousa formular

IGREJAS: UM BEM OU UM MAL ESTRUTURAL?!

Com o terceiro milénio acabado de chegar à maioridade, as igrejas cristãs são hoje olhadas-experimentadas como um Bem ou um Mal estrutural entre os povos? Houve tempos em que a Europa e o Ocidente se orgulhavam das suas raízes cristãs. Os países onde elas estavam plantadas orgulhavam-se de serem outras tantas mátrias-pátrias dos grandes valores morais, das grandes virtudes cristãs, terras de mártires, de heróis e de santos. Até Martinho Lutero, séc. XVI, que introduz no coração da Cristandade o vírus da divisão, reina e impera a igreja católica de Roma, definida pelo imperador Constantino e o seu Credo de Niceia-Constantinopla, como 'una, santa, católica e apostólica'. As populações, formatadas pelos clérigos, não tinham escolha. Nasciam católicas, viviam católicas, morriam católicas. E nem depois de morrer, deixavam de ser católicas. Ou no céu, onde, desde então, passam o tempo a ver deus e a louvá-lo numa liturgia sem fim. Ou no purgatório, onde as suas 'almas' tinham de arder por um espaço de tempo mais ou menos longo até entrarem no céu. Ou a arder no inferno, sem nunca mais poderem de lá sair. De modo que todos os que tenham morrido em pecado mortal, ainda hoje lá estão a arder. Embora já ninguém se lembre deles, à excepção dos que morreram nas fogueiras da Inquisição. Para poderem servir de exemplo e de dissuasão a potenciais 'dissidentes'.

Para espanto meu, andam agora certos teólogos de renome, entre os quais os meus dois amigos Pe. Anselmo Borges e Frei Bento Domingues, a congratular-se, por, finalmente, o nosso século XXI conhecer um papa cristão, oriundo da Argentina. Onde, devido à sua avançada idade, já estava dado como incapaz de presidir à diocese de Buenos Aires. Mas como também é cardeal, acabou por ser dado como capaz de presidir à diocese imperial de Roma e, por via disso, a toda a igreja católica no mundo!!! E não é que estes meus dois amigos teólogos cantam loas ao papa, sem sequer verem – o fanatismo cristão que mentalmente professam cega-os e de que maneira – que Jorge Mário Bergóglio, para poder ser papa, teve, primeiro, de ser morto como filho de mulher, para, em seu lugar, surgir o papa Francisco, filho do Poder imperial de Roma. E não é que, no seu entender, a grande missão deste papa cristão é fazer cristãos os cardeais, os bispos residenciais e os poucos párocos que teimam em gastar a vida a repetir estéreis ritos, sempre os mesmos?

Vejo, oiço e leio, não posso deixar de me indignar e denunciar-alertar. Os povos têm de saber que Jesus Nazaré, o filho de Maria, não é, nunca foi cristão. E o que mais combate no seu curtíssimo viver político militante, entre meados do ano 28 e Abril do ano 30, no seu país natal é precisamente o mito chamado messias, que na escrita e fala grega de então, se traduz por 'cristo'. Um mito criado pela casa-dinastia de David-Salomão, a mesma que manda escrever a Bíblia com o objectivo não declarado de justificar todos os seus crimes e todas as suas ambições de dominar os povos do mundo. Um objectivo que o actual Estado de Israel e o seu primeiro-ministro em funções, Benyamin Netanyahou, continuam a buscar por todos os meios, inclusive, os massacres que forem precisos.

A esta luz, ninguém já liberto dos fanatismos religiosos cristãos e católicos, pode dizer que as igrejas actualmente existentes são um bem entre os seres humanos e os povos. Têm todas na sua origem um pecado estrutural. Para serem e se afirmarem, têm de fazer cristãos, a bem ou a mal os nascidos de mulher e com isso matar a originalidade única e irrepetível de cada ser humano. São todas, no lúcido ver-dizer de Jesus Nazaré, aquele tipo de sal estragado que está aí só para corromper a sociedade e, assim, matar a especificidade de cada ser humano e de cada povo. Daí o meu voto neste início de novo ano – Um 2019 sem cristãos. Sem igrejas. Sem sacerdotes. Sem templos nem altares. Sem livros sagrados. Apenas seres humanos e povos maieuticamente religados uns aos outros ao modo dos vasos comunicantes. Sim, porque urge passar da escuridão de milénios à Luz!

Edição 143, Dezembro 2018

Completa 19 anos em 2019

O QUE ESPERAR DA GERAÇÃO NASCIDA NO ANO 2000?

Depois de dois mil anos de (in)civilização ocidental cristã que tem estado aí só para roubar, matar e destruir os povos e o planeta, a geração nascida no ano 2000 e que completa 19 anos em 2019 apresenta-se disposta a pôr fim a todos estes crimes e pecados instucionalizados. Vistos desde o início do terceiro milénio, estes dois milénios têm tudo de pré-história. Com as minorias privilegiadas ao comando das nações e dos Estados. Conseguem, desse modo, branquear todos os seus crimes e pecados. Que apresentam como outros tantos feitos gloriosos e virtudes heróicas. Condecoram e premeiam os seus mais eficientes carrascos institucionais armados e não armados. E canonizam como santos e mártires os seus clérigos e sacerdotes, frades e monges e casais cristãos ricos que erguem Misericórdias e Hospitais para os pobres produzidos por eles próprios. Dois mil anos de cristianismo são dois mil anos de horrores. Cometidos sob a presidência do papa de Roma, ou Santo Padre. Tudo nomes e títulos pomposos que mais não fazem do que esconder e branquear o absurdo e o horror instituionais.

A geração nascida no ano 2000 completa no próximo ano 19 anos. Confirma-se no estado de maioridade e apresenta-se disposta a pôr fim a toda esta desordem mascarada de ordem, a todo este crime-e-pecado mascarado de heroicidade e de virtude. Basta de crime e de pecado. Cabe à primeira geração do terceiro milénio pôr fim à pré-história que foi a (in)civilização ocidental cristã e iniciar a história dos povos, com todos como sujeitos e protagonistas. Sem religiões e sem igrejas. Sem clérigos e sem pastores. Sem grupos financeiros formatados para liquidar os povos e a Natureza. O novo milénio é , tem de ser, dos povos. Das maiorias empobrecidas e excluídas. Se há criminosos e pecadores são as minorias privilegiadas. As maiorias são as vítimas. Este,porém, é o milénio das vítimas tomarem a palavra. Sem pedirem autorização às minorias que teimam em manter-se ao comando dos Estados criados por elas. Sem perceberem que o seu tempo já passou.

Dois mil anos de cristianismo e de (in)civilização ocidental cristã são demasiado tempo. Tempo demais. Todos os institucionais criados nestes dois mil anos e ainda aí a funcionar em pleno são lixo tóxico que adoece, cega, paralisa e mata os povos. Já não é possível disfarçar mais. Está tudo a rebentar pelas costuras. A implodir. Serviram só para gerar, manter e legitimar as minorias dos privilégios. Mais não são do que corporações inimigas dos povos que ainda se arrogam o direito de os guiar e conduzir. Governam-se, a pretexto de governarem os povos. Só que, ao contrário das gerações anteriores, a primeira geração do terceiro milénio vê esta clamorosa injustiça e apresenta-se determinada a mudar radicalmente o mundo. 'Para vinho novo, odres novos', diz a Sabedoria que as minorias privilegiadas logo matam e expulsam da História. Pensam-se livres dela, mas ela, como Sabedoria que é, actua dia e noite, feriados e domingos incluídos, como fermento na massa. É chegada a sua hora. A hora de erguer, imparável, uma nova terra. Com os povos todos religados uns aos outros, ao modo dos vasos comunicantes.

'Eis que faço novas todas as coisas', diz o contínuo respirar da geração que no próximo ano completa 19 anos. Dos milénios passados nada se aproveita. Até o objectivamente óptimo depressa se corrompeu e passou a péssimo. É que tudo o que as minorias privilegiadas concebem e tocam apresenta-se movido por um sopro ideológico e teológico que só sabe roubar, matar e destruir. Para um novo milénio, respostas novas. Alegremo-nos. As presentes dores são de parto. Não é o fim. É o começo do mundo finalmente Humano. Com todos os povos, nascidos de mulher, religados entre si. Sem fronteiras nem Estados. Guiemo-nos pelos Sinais dos tempos. São eles a nossa estrada para a realidade. Concretamente, os Povos e a Natureza que vemos. Por isso, ainda antes de Deus que nunca vemos!

N.D.

Como é habitual, JF interrompe a sua regular actividade para uns dias de descanso natalício. Contamos reaparecer em Janeiro 2019, dia 4. Com a Edição 144.

Do natal do Sol ao natal do Mercado

E A JESUS, O FILHO DE MARIA, QUEM O PRATICA?

Do natal ou nascimento de Jesus, o filho de Maria, ocorrido 6-5 anos antes da actual era comum, ninguém em Nazaré da Galileia deu por nada. A não ser a própria mãe que o dá à luz, algum familiar mais próximo e uns vizinhos, poucos. À luz do que, mais de 30 anos depois, dizem dele e dos seus familiares de sangue os vizinhos que o vêem crescer e trabalhar como camponês-artesão naquela aldeia que, à época, nem sequer figurava no mapa, há motivos de sobra para pensar que o seu natal pode ter causado um certo su-ru-ru, à mistura com risinhos de escárneo e mal-dizer entre todos eles.

Não é sem um bom fundamento histórico que o Evangelho de Marcos, capítulo 6, precisamente, o mais antigo dos 4 Evangelhos canonicos, regista o que dele dizem, entre o escandalizado e o desprezível, os residentes em Nazaré, quando Jesus, já em plena missão político-teológica militante, decide ir falar também aos seus conterrâneos, na sinagoga de Nazaré, a terra onde nasce e reside até sair ao encontro de João Baptista nas margens do rio Jordão. 'Não é ele o camponês-artesão, o filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós? E isto parece-lhes escandaloso.' De todo este maldizer dos seus conterrâneos, lá está, bem explícito, o principal motivo de vergonha e de desprezo, 'O filho de Maria', quando o judaísmo patriarcal, à época, sempre referia o nome do pai, nunca por nunca a da mãe.

Os dois mil anos de cristianismo, na sua versão judeo-cristã, primeiro, e depois de Constantino, também na sua versão imperal-papal, precisamente, a que hoje conhecemos e quase tratamos por tu, sempre tentaram apagar este registo de Marcos, mas sem sucesso. Tão pouco foi preciso, porque a igreja imperial-papal depressa resolveu o problema. Bastou-lhe impor nas liturgias dominicais ou missas o Missal Romano que quase reduziu os 4 Evangelhos ao de Mateus, para cúmulo, lido e escutado em latim. Basta dizer que até ao Concílio Vaticano II (1962-1965), o Missal Romano recorria quase só ao Evangelho de Mateus, donde extraía o texto a ler em latim cada domingo. E isto, um ano após outro. Só depois da reforma litúrgica do Vaticano II, passou a haver um Evangelho para cada ano de um ciclo de três. É sabido que os Evangelhos canónicos são quatro, mas a verdade é que nem mesmo o Vaticano II se atreveu a destinar um ano ao Evangelho de João, tão poliítica e teologicamente subversivo e conspirativo ele é!...

Contudo, natal cristão, praticamente nunca houve. A não ser no dizer litúrgico do Missal Romano, escrito em latim. O que as populações sempre festejaram foi o natal do Solstício de inverno. O chamado “Sol Invictus”, historicamente, representado pelo imperador de Roma e, à queda deste, pelo papa-imperador. E bem melhor teria sido que o natal do Sol nunca tivesse sido substituído. Porque, como sabemos hoje, o Sol é a grande fonte de vida no planeta Terra. Ao serem obrigados a transferir a festa do natal do 'Sol Invictus' para a do 'Cristus Invictus', representado no imperador de Roma e, depois, no papa imperial, os povos e a Natureza perderam praticamente tudo. O Sol acabou convertido em coisa, quando é a estrela mais próxima da Terra, sem a qual é extinta todo o tipo de vida. Não só a humana. E deixa de haver na Terra quem a cante e dance, a celebre e festeje.

E agora que somos terceiro milénio, só nos resta o natal do Mercado. Até o natal das igrejas cristãs, católica romana incluída, é do Mercado. Resume-se a presépios para todos os (maus) gostos, cheios de bonecos parados ou articulados. A ofertas e beijos ao menino-jesus-de-caco, prata, ouro ou marfim. E a luzinhas multicores, até dizer chega! De modo que brota no mais fundo de nós a pergunta, E a Jesus, o filho de Maria e ao seu projecto político, quem os conhece e, sobretudo, quem os pratica? E porque infelizmente (quase) não há quem os conheça, muito menos quem os pratique, espera-nos o abismo. Só não vê quem não quer ver.

D. Rui Valério, bispo das Forças Armadas

NA SUA TOMADA DE POSSE DISSE NADA

O país não deu por isso, o que até é saudável, em eventos deste tipo, vazios de substância e cheios de coisa nenhuma. Como acontece com todos os eventos eclesiásticos católicos e não-católicos. A Idade Média a tentar subsistir neste início de terceiro milénio. Felizmente, já pós-cristão. Foi dia 3 de Dezembro, no Salão Nobre do Ministério da Defesa Nacional, perante os ministros da Defesa, João Gomes Cravinho, e da Administração Interna, Eduardo Cabrita. O novo bispo Rui Valério, ordenado a 25 de Novembro, tomou posse como capelão-chefe das Forças Armadas e de Segurança, pelos vistos, todas elas muito católicas e com direito a bispo a tempo integral. Presentes, da parte eclesiástica e como figuras decorativas e mudas, o cardeal patriarca de Lisboa e o Núncio Apostólico, alter ego do papa Francisco na capital do país. Tudo em conformidade com os rançosos códigos canónico e militar. Num Estado que se diz constitucionalmente laico e garante a pés juntos haver separação entre ele e o da igreja de Roma. Pese embora a Concordata entre ambos e que já vem desde 1940, quando Salazar e Cerejeira eram unha-e-carne. E a Pide e os párocos confessores controlavam as mentes das crianças, dos casais e dos velhos.

Na circunstância, usaram da palavra os ministros e o novo bispo. Não palavras humanas, que o Poder é incapaz de tal. Ainda que quantos aceitam fazer-se Poder sejam todos nascidos de mulher. Continuam a parecer humanos. Na realidade são Poder. Também os sons que emitem bocas fora continuam a parecer de humanos. São de Poder. Como outros tantos petardos. Vazios de projectos de vida de qualidade e de afectos. Porque cheios de protocolos e de tiques de circunstância, próprios de marionetes. Suas mães bem podem limpar as mãos à parede e chorar inconsoláveis. As lágrimas delas não os demovem. O mais trágico é que neste universo do Poder que nos cerca e ataca por todos os lados, já nem as mães deles choram por os perder. Pelo contrário, sentem-se até orgulhosas por vê-los tornar-se filhos do Poder. E no caso deste novo bispo, pior. Porque deixa de ser filho de mulher, não uma, mas duas vezes. Quando aceita ser bispo-clérigo no pleno do poder sagrado ou hierarquia. E agora que acaba de tomar posse como bispo-clérigo dos militares e dos polícias. As palavras que vier a proferir de hora em diante são outros tantos tiros que amansam os mais politicamente rebeldes. E assim acabam todos obedientes e reverentes. Também para isso, ele é o seu bispo-clérigo e o capelão-chefe.

Não se pense que os protocolos e as cerimónias vazias de substância e cheias de coisa nenhuma se ficam por aqui. Não ficam. Que os bispos-clérigos podem ser e são vazios de substância, mas não são vazios de protocolos e de tiques. Depois da tomada de posse militar, perante os respectivos ministros do Governo, há no próximo dia 11, a tomada de posse eclesiástica-canónica. Onde e como? Nada mais, nada menos do que no decurso de uma cerimónia militar na Calçada da Memória, em Lisboa, seguida de uma Missa, às 11h00, presidida pelo prelado-clérigo e capelão-chefe dos três ramos das Forças Armadas e de Segurança, graduado em major-adjunto.

Leia-se e pasme-se. São assim as cúpulas da igreja católica do papa Francisco. Absolutamente irreformável. Uma maquiavélica máquina trituradora da consciência de quem se lhe entrega. Cujas cúpulas, convertidas em poder sagrado, acabam a triturar também a consciência das populações que frequentem as suas catequeses e os seus rituais. De modo que não há salvação ou saúde para ninguém dentro deste institucional ideológico-teológico. Há cultos promotores de mediocridades que têm o mortífero condão de tornar pequenas as almas. Vão até eles por Pão e Beleza. Saem deles roubadas de tudo. Ou não fosse essa a especialidade do Poder, de todo o Poder. Pior, se sagrado.

Pe. Mário de Oliveira, Livro 49

DA ESCURIDÃO DE MILÉNIOS Á LUZ

Tenho a alegria de comunicar que acabo de dar à luz mais um Livro, em gestação desde 2006. Exige-me, em 2018, que o edite, depois de uma profunda e substantiva revisão que lhe dá toda a frescura e toda a profundidade da força interpeladora e transformadora do mundo com que ele se nos apresenta, em cada uma das muitas estrofes de sete versos com que se tece cada Texto. A que se junta o inspirado arranjo gráfico do meu amigo e Editor Jorge Castelo Branco, Seda Publicações. O título, 'da escuridão de milénios à Luz', logo seguido de um subtítulo, 'por um Começo outro a partir do génesis anterior ao big-bang', remete-nos para o mais real dos universos, que é o da Fé e da Teologia de Jesus.

Ao contrário de todas as fés religiosas e cristãs que não suportam a Ciência, a Fé e a Teologia de Jesus “puxam” pela Ciência. Para que o seja cada vez mais. Ao incondicional serviço da saúde e do bem-estar dos seres humanos, dos povos e da terra. Nunca ao serviço dos interesses do seu inimigo n.º 1, o Poder, hoje quase só financeiro. Concorde-se ou não, só a Verdade nos faz livres, por isso, integral e plenamente humanos, autónomos, protagonistas da história, sujeitos dos nossos próprios destinos. Numa continuada religação uns aos outros e à Natureza. Religação progressivamente maiêutica e sororal, politicamente fecunda e inevitavelmente conspirativa.

Na sessão de apresentação, dia 24 de Novembro no Porto, a minha amiga Ana Albergaria, exímia Poeta, Declamadora e Artista plástica, surpreende-me com uma apresentação bem preparada e quase exaustiva da obra. No seu empolgante entusiasmo fala do Livro como de Poemas e do autor como poeta. Uma espécie de coroamento da minha profissão de jornalista profissional e da minha missão de presbítero da igreja ao serviço da Humanidade. Porque, ao contrário do sacerdote, vivo continuamente misturado com os seres humanos. Ao modo do fermento na massa e do sal na comida. Sempre longe dos templos e altares, coisa mais sem sentido neste terceiro milénio já pós-cristão.

São 54 os Textos ou Poemas com que este Livro de 113 pgs se tece. Qual deles o mais surpreendente. Dificilmente, voltaremos a deparar com Poemas que tão bem nos dizem-revelam e à realidade, que os holofotes do Poder, mascarados de luz, sistematicamente nos escondem. A ideologia e a teologia do Poder têm o condão de nos pôr diante dos olhos da mente e do rosto, não a realidade, mas as máscaras por trás das quais ela nos é escondida. Coisa impossível com este Livro de Poemas. Que faz implodir todas as máscaras e põe a realidade a gritar-dançar diante e dentro de nós. A gritar, quando tecida de dor e de tortura, de exploração e de santuário. A dançar, quando tecida de verdade e de ternura, de comensalidade e de cultura, de festa e insurreições políticas desarmadas.

O Livro abre com o poema, POR UM COMEÇO OUTRO, 'Na origem deste tipo de mundo do Poder é /o Génesis da bíblia e outros livros sagrados. /Começa Sacerdotal. Hoje é financeiro. Sem /lugar para os seres humanos. Só para as /mercadorias. Coisas multicores (…)'. Sucedem-se-lhe mais 53 Poemas, qual deles o mais espantosamente lúcido e pro-vocador. Eis alguns dos títulos, És um mpério; No Vaticano; Os santuários são mentira; Caricaturas; Viver sem medo; Primeira Pedra; Ateísmo com causas; Regressar a Jesus; A morte que mata; O abril que ainda ninguém cantou; Mãe; António bispo do Porto; Fujam de Fátima; Ai Timor!; Em nome de Alá; Prefiro viver em deserto.

Do Poema, MUNDIAL 2006, 'As balizas são a boca funda duma virgem. /Que os machos deuses estão apostados em /desflorar e/ou defender. Baliza sem golos é a /nação na sua integridade. O golo que se mete /rebenta a integridade da nação adversária. E /põe em delírio multidões sem afectos e sem /projectos. Alfobres de Violência e de Cinismo.' Eis!

P.S.

Dificilmente, encontram exs do Livro nas lojas do Mercado. Peçam-no à Editora ou ao Autor. Autografado, só mesmo no Autor. Presencialmente, ou por correio postal.

Edição 142 Novembro 2018

A propósito do Dia Mundial dos Pobres

POBREZA: ALIMENTÁ-LA OU ERRADICÁ-LA?

Pelo segundo ano consecutivo, o papa Francisco reduziu o Dia Mundial dos Pobres, por ele instituído, a uma solene e luxuosa missa na basílica de s. pedro em Roma, seguida de um almoço com os mesmos poucos pobres que, antes, vestidos de ricos, também estiveram com ele na missa. Cuja homilia, proferida naquele monocórdico tom típico dos robots papais, não teve um pingo de humanidade e de dignidade. Basta ver que nenhum dos pobres teve direito à palavra. E mesmo que tivesse tido, não seria certamente sua a palavra lida, apenas a leitura. Que o Ritual litúrgico não admite surpresas, sempre perturbadoras e politicamente incómodas.

A estes dois momentos se resumiu este ano o Dia Mundial dos Pobres. Dois momentos evangelicamente obscenos, sem que ninguém, clérigo ou laico, dentro e fora do Vaticano, proteste. É sabido que, desde há anos, existe o Dia mundial de erradicação da Pobreza. Sem qualquer mãozinha fundadora do papa. Desejoso de mostrar ao mundo que de misericórdia e de amor aos pobres percebe ele, papa Francisco, decide, em 2017, tirar da sua cartola papal o Dia Mundial dos Pobres. Não para combater as causas da pobreza e erradicar a pobreza no mundo. Sim, para com esta sua hipócrita iniciativa alimentar ainda mais a pobreza e fazer crescer o número de pobres. A grande diferença entre estes dois dias mundiais, é que com o do papa Francisco, os pobres passam a ter uma missa para eles e, embora continuem a morrer de fome, morrem com mais missas no papo!

Não digam que exagero, ao escrever que comportamentos destes são tão indignos e humilhantes que nos fazem vomitar. Somos de um tempo em que a pobreza não só não é uma fatalidade, como está a ser cientificamente produzida. A haver um Dia Mundial dos Pobres, teria de ser para acabar de vez com as causas da pobreza. Concretamente, teria de levantar os milhões e milhões de pobres do mundo contra as causas que os condenam a sobreviver na indigna situação em que actualmente vegetam. Teria de desencadear e levar por diante, ano após ano, uma planetária rebelião política dos pobres contra a riqueza acumulada e concentrada. Que mais não é do que um pecado sem perdão e um crime contra a natureza, sem dúvida, o mais escabroso de todos.

De um qualquer papa e menos ainda do actual papa jesuíta, com voto de obediência ao Papado, não se pode esperar que dinamize semelhanre rebelião política dos pobres contra a pobreza e contra o processo científico que a provoca. É bom que se saiba que a Cúria romana, o Papado e cada papa de turno são, no seu conjunto, o institucional mais inimigo dos seres humanos e dos povos. O pai do próprio Mal. A máscara de bondade com que, reiteradamente, se apresentam aos povos não engana. O terceiro milénio desvincula-se deste perverso institucional que nos mantém a todas, todos condenados a viver numa pocilga de luxo ou de lixo à escala planetária, ou simplesmente não será.

Os pobres, criminosa e cientificamente produzidos, não precisam de dias mundiais. Do que precisam é de organizar e levar por diante, sem tréguas, um imparável Levantamento politico desarmado. Porque a caridadezinha e todo o tipo de assistencialismo social têm o triste condão de anestesiar quantos de nós precisamos de ser estimulados a levantar-nos do chão onde temos jazido condenados do nascer ao morrer. Por isso, digo, sem que a voz me doa, Intelectuais orgânicos com os pobres do mundo precisam-se. Não para os dirigir, sim para os acompanhar, humilde e maieuticamente, até que eles próprios se levantem contra as causas que continuam aí cientificamente a produzi-los e à pobreza em massa. Porque a glória de Deus, o de Jesus, é que os pobres vivam e politicamente rebentem com a pobreza e os mecanismos científicos que a produzem. De modo que se realize o imperativo ético, Pobres? Nunca mais!

Ainda os cem anos do Armistício de 1918

A SENHORA DE FÁTIMA MENTIU?

O guião das “seis aparições” de 1917 em Fátima garante taxativamente, na última, em Outubro, 'A Guerra acaba hoje!'. Refere-se, obviamente, à Primeira Grande Guerra Mundial, então em curso, e com muitos soldados portugueses a participar e a morrer nela como tordos. Alguns dos quais vizinhos e familiares das três crianças que o clero do Patriarcado de Lisboa, com destaque para o de Ourém – Leiria à época não é diocese – criminosa e impunemente, utiliza como pequenos actores. Lúcia, a única actriz daquele estúpido teatrinho ensaiada para, de joelhos, fazer perguntas de viva voz na direcção da azinheira, sempre que posteriormente se vê assediada com perguntas sobre o que lhe é dito na “aparição” de Outubro, repete, 'A Guerra acaba hoje!'. E Jacinta, sua prima, quando também interrogada, afina sempre pelo mesmo diapasão de Lúcia e garante, 'A Guerra acaba hoje!'. A verdade dos factos, porém, é outra. É a que reza o Armistício de 1918. A Guerra não acabou em Outubro de 1917, sim mais de um ano depois.

Não se pense, porém, que a senhora de fátima mentiu. Não mentiu. Pela simples razão de que a senhora de fátima nunca existiu. Tão pouco se pense que mentem as duas primitas, utilizadas pelo clero naquele teatrinho de mau gosto. Não mentem. Quem mente e com todos os dentes que tem na boca é o autor do guião, o Cónego Formigão, do Seminário de Santarém, na altura, o padre do Patriarcado mais viajado pelas paróquias católicas de Portugal e o que goza de maior ascendente junto dos respectivos párocos, na guerra de bastidores que todos em conjunto mantêm contra a República. Sobretudo, contra a Lei de 1911, de Separação entre a igreja e o estado português. É o seu guião que põe a pequenita Lúcia a dizer, 'A Guerra acaba hoje!'. Tanto que, na inocência dela, é esse o famigerado“grande milagre” anunciado para Outubro. Não o do sol a bailar, como refere dias depois a anedótica manchete de O SÉCULO. Um frete do repórter ao Cónego Formigão, com o firme propósito de fazer esquecer a mentira do guião. E a verdade é que, para vergonha da igreja católica e do país, o nojento objectivo é conseguido!

Para cúmulo, cem anos depois, até o papa Francisco “peregrina” a Fátima, com o declarado propósito de celebrar os cem anos das “aparições de Fátima”!!! E, como se este disparate não bastasse, ainda lhe acrescenta outro, concretamente, a canonização dos dois desgraçados irmãos Francico e Jacinta, primos de Lúcia, mortos, respectivamente, em 1919 e 1920, pela pneumónica. O que, no seu todo, perfaz um pecado sem perdão, porque naga a Verdade conhecida como tal. Para além de constituir um insulto à inteligência humana e à ciência. Ao rumar até Fátima, o papa deveria ter fechado de vez aquele inferno de dores e de horrores a céu aberto que Portugal insiste em mostrar ao mundo, todo ele possesso por ancestrais medos que o fazem regredir até às mais primitivas crendices, quanto mais estapafúrdias, mais clientes garantidos têm. Em vez disso e como um mal nunca vem só, eis que, deslumbrado que fica com o tratamento Vip que recebe, nomeadamente, com o Presidente da República como seu sacristão de Estado, e com todo o dinheiro que o santuário de Fátima garante, ano após ano, à Cúria Romana, ainda o vemos, semanas depois do regresso à sua Roma imperial, recompensar o bispo de Leiria-Fátima, seu anfitrião, com a dignidade de Cardeal!!!

Já dos cem anos do Armistício de 1918, o papa não quer saber. Nem sequer com uma pomposa e cínica liturgia pelos 10 milhões de mortos deixados pela Guerra, um evento em que o Estado do Vaticano, pai todos os outros, é perito. E é em Paris que os chefes de estado do mundo se juntam numa liturgia laica destinada a esconder a 3ª Guerra Mundial, agora financeira, em que todos estão envolvidos. Fica, assim, claro que a única paz que a igreja católica imperial conhece é a “Pax romana”. Com a senhora de fátima a branquear os seus sujos negócios e o domínio das mentes-consciências dos povos das nações.

A pergunta-luz que faísca no 'Caso Tancos'

FORÇAS ARMADAS PARA QUÊ?

Vivemos num tipo de mundo tão estúpido e tão deprimente, mas surpreendentemente conduzido e governado por sucessivas elites tidas pelos demais como das mais ilustradas, que não chegamos a ver quanto ele é efectivamente estúpido e deprimente. Mas que ele é estúpido e deprimente, é. Quem se atreve a desmentir-me? Basta atentarmos no famigerado “Caso Tancos” em Portugal. É um 'mosquito' que entretanto nos impede de ver o 'camelo' que este tipo de mundo é. Nascemos e crescemos nele e achamos que é o único tipo de mundo possível. Aliás, tudo o que é universidade e religião diz-nos que este é o menos mau de todos os tipos de mundo. E como a vida de cada uma, cada um de nós é arreliadoramente breve comparada com a idade que o mundo já soma, acabamos, a maior parte de nós, por fazer nossa a regra de todos os insensatos, Carpe diem = Goza a vida!. Só que a vida humana é um todo-com-a-natureza e para poder haver tu e eu, vós e nós, elas e eles, tem de haver este todo.

O mais estúpido e deprimente neste tipo de mundo é admitirmos que ele tem de ser constituído por nações e estados, onde as Forças Armadas são absolutamente indispensáveis. Já é estúpido e deprimente admiti-lo. Mais estúpido e deprimente é passar a vias de facto e criar Forças Armadas. Para cúmulo, cada nação, cada estado com as suas. Ora, não há Forças Armadas sem armas. E as armas não são forças de levantar caídos e animar desfalecidos. De levar conforto e bem-estar à totalidade das populações e dos povos. São forças de matar e de destruir. E num tempo como o nosso, com o desenvolvimento tecnológico em galopante e sofisticadíssimo crescimento, o estúpido e o deprimente alcançam dimensões incontroláveis, com o fabrico de armas cada vez mais automáticas, que podem disparar quando menos esperamos. Por agora, não são em quantidade e potência bastantes para com elas destruírmos o cosmos em fase de expansão. Mas, com as que já existem, podemos destruir várias vezes o planeta Terra que nos serve de berço e de casa comum. E não só. Também a vida-consciência que somos. O que perfaz o cúmulo da estupidez e do deprimente.

A dinâmica da Evolução é sempre do menos para o mais. Não só em quantidade. Também em qualidade. Nesta altura, quantas, quantos nos autodesignamos humanos constituímos o que de melhor a Evolução já produziu. Só que há um princípio sempre esquecido pelo tipo de mundo estúpido e deprimente que teimamos em ignorar e que diz, A corrupção do óptimo é o péssimo. Estamos, porém, já tão viciados no estúpido e no deprimente, que, em vez de mudarmos de tipo de mundo, teimamos em mantê-lo a ferro e fogo. Fazemos pior. Tornamos, cada dia que passa, este tipo mundo cada vez mais estúpido e deprimente. Nesta altura, encontramo-nos já tão enredados e apanhados por ele, que começamos a não ter sequer capacidade para parar e arrepiar caiminho. E o que nos espera, a breve prazo, é acabarmos engolidos por ele.

O pior de tudo é termos um dia admitido que sem Forças Armadas não sobreviveríamos. Que seríamos a pior das selvas. E nem agora que com elas nos tornamos a pior de todas as selvas temos a coragem e a lucidez de parar e mudar de rumo. Mas a verdade é que outro tipo de mundo é possível. Um tipo de mundo sem armas, sem Forças Armadas. E, porque é possível, torna-se eticamente imperioso edificá-lo, já. E quem diz um mundo sem armas e sem Forças Armadas, diz também um mundo sem estados, sem religiões, sem igrejas. Numa palavra, sem nenhum dos inúmeros institucionais de Poder.

O 'Caso Tancos', na sua pequenez de 'mosquito' é a Luz que politicamente nos ilumina e mobiliza. E ao mundo. Somos essa Luz feita prática política, ou acabamos engolidos pelo 'camelo” que é este tipo de mundo estúpido e deprimente.

Todos os anos no início de Novembro

MORRER: O FIM OU A PLENITUDE DA VIDA?

Todos os anos, no início de Novembro, os cemitérios enchem-se de gente de preto vestida, ar compungido, e de flores, muitas e caras flores, numa espécie de orgia sexual a céu aberto. Que a morte e o sexo são inseparáveis. Há sexo, porque há morte. Mas no demente dizer dos clérigos, os dias são dos “santos” e dos “defuntos”. E as pessoas são tantas no primeiro dos dois, que quase se atropelam umas às outras. É ver para crer, toda aquela feira de vaidades, de lágrimas-faz-de-conta, de pai-nossos-e-avé-marias papagueados pelas “almas” dos mortos. Num automatismo despersonalizador e triste.

O mais desconcertante é que não está ninguém nos cemitérios, à excepção das pessoas que, por razões de ofício, de vício, ou para evitar as críticas de vizinhos-linguareiros, lá entram com mais ou menos frequência. E não há igrejas nem universidades que esclareçam as pessoas. Nos cemitérios estão apenas os jazigos de família. Mas dentro deles não está ninguém. Pelo que é um disparate de todo o tamanho construir jazigos de família e, para cúmulo, ocupar-se deles. Como se eles fossem a última morada dos que morrem, quando não há última morada para ninguém.

A mim, ninguém me lá vê. Nem no início de cada mês de Novembro, nem nos outros dias do ano. Ocupo-me dos vivos que vejo e não dos mortos que, depois dos respectivos cadáveres serem cremados ou sepultados, não vejo. Aliás, os cadáveres dos que morrem são apenas isso, cadáveres. E quem diz cadáveres, diz coisas. Enterrar os cadáveres dos que morrem é um serviço que cada família deve assumir por inteiro. Em vez de o entregar a estranhos, a troco de dinheiro. Como são todos os funcinários das agências funerárias e os párocos ou pastores das religiões. Quem cuida dos seus familiares doentes ou acidentados, idosos ou não, deve também cuidar dos cadáveres que todos deixam, ao morrer. Cientes, porém, de que os cadáveres já não são mais as pessoas que antes cuidamos. São apenas coisas definitivamente desprovidas do sopro irrepetível e único que cada uma, cada um de nós é na história. Rapidamente viodegradáveis e destinados à terra, no seu sentido mais amplo, Terra-chão, terra-rio, terra-mar ou terra-montanha.

Nem párocos, nem pastores de religiões, nem agências funerárias devem fazer o que, por direito e dever, cabe aos familiares e amigos dos que morrem fazer. O Mercado tudo faz para se apoderar de nós, enquanto vivemos na história e muito mais quando morremos. Cumpre-nos resistir-lhe. Só assim somos. Ninguém melhor do que os nossos familiares e amigos sabe como há-de lidar com os cadáveres que deixamos, quando entregamos ao mundo o nosso derradeiro Sopro. A vida não pára, só porque um familiar ou amigo nosso morre. Pelo contrário, a vida aumenta de intensidade e de qualidade. Porque, quando entregamos o nosso derradeiro Sopro tornamo-nos Corpo-Sopro, por isso, definitivamente invisível. A morte não é o fim da vida. É a sua plenitude. Por isso, mais do que o parto de uma criança, havemos de viver intensamente a morte de cada familiar e cada amigo nosso. É o momento em que cada um de nós chega à plenitude da vida.

Igrejas e religiões, com suas ideologias-teologias, comuns às do Sistema de Poder, é que nos levam a olhar para a morte como o fim da vida, quando ela é a sua plenitude. Como o rio que chega ao mar e se funde com ele. Sem jamais perder a sua identidade. O Eu-sou que cada uma, cada um de nós é, atinge a sua plenitude no momento de morrer. Ao passar da condição de visibilidade para a de invisibilidade, não deixamos de ser quem somos. Prosseguimos, mas invisíveis aos olhos, como tudo o que é essencial. Ousemos, pois, encarar a morte como a plenitude do nossso ser-viver na história. Se o fizermos, vivemos cada dia a crescer de dentro para fora, não em Ter, mas em Ser. Porque este alcança sua plenitude, quando morremos. Daí que quem vive para crescer em Ter é insensato.

N. D.

Congratulem-se com o JF, que há razões para isso. A CARTA ABERTA de Pe. Hérmino Ferreira, Diocese de Bragança-Miranda, divulgada como DESTAQUE, da Edição 141, na última semana de Outubro 2018, e, três dias depois, também no Blog A VIAGEM DOS ARGONANUTAS, como Texto Fraternizar, surtiu o desejado efeito. Menos de uma semana depois, na tarde do dia 31 de Outubro, o Bispo D. José Cordeiro, acompanhado pelo seu secretário particular, dirigiu-se pessoalmente à casa onde Pe. Hérmino reside com uma irmã de sangue, para se encontrar cara a cara com ele. Na conversa referiu-se expressamente à Carta Aberta, divulgada pelo JF e pediu-lhe que apresente uma proposta concreta de actividade pastoral na diocese, que ele com gosto o nomeará oficialmente. Cabe agora ao Pe. Hérmino a liberdade de escolher que actividade pastoral quer assumir e realizar, de acordo com a sua própria consciência. Pessoalmente, congratulo-me com este resultado, prova provada de que outra coisa não quero, como presbítero-jornalista da Igreja do Porto, senão que seja feita justiça a quem na igreja como na sociedade se sente injustiçado. Quanto a mim, estou bem com a minha condição de presbítero-jornalista da Igreja do Porto, mesmo sem nomeação diocesana, uma vez que não é a nomeação episcopal que me faz ser o que sou por vocação, desde o ventre de minha mãe, Ti Maria do Grilo, jornaleira. Congratulem-se, pois, comigo, com o Pe. Hérmino e com o JF. Entretanto, há ainda uma grave situação, referida na Carta Aberta, que continua por esclarecer. Concretamente, O que é feito dos mais de dois milhões de euro da Caritas diocesana?!

Edição141 Outubro 2018

'Eupossoeuquero!' ser feliz e santo

E ÁS ESCOLAS CATÓLICAS QUEM AS QUER?

“O principal objetivo é rezar, rezarmos com Maria, pedindo ajuda. O tema da santidade inspira-nos e vimos todos também aprender a sermos mais felizes e mais santos”. Isto diz o secretário-geral da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC), que organizou o encontro em Fátima, em parceria com o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC). Ao todo, apenas 25 escolas católicas participantes, das cerca de 150 que há no país e menos de três mil alunos, mais elas do que eles, dos mais de 73 mil no país. Perante números tão baixos, anível nacional, cabe perguntar, E às escolas católicas quem as quer? Se lhes retirarmos os apoios do Estado constitucionalmente laico que os bispos católicos tanto reclamam, quantas se manterão abertas e activas? Entretanto, é bom que se saiba que não há outra catolicidade que não a da Humanidade. A das religiões e das igrejas é falsa. Umas e outras são seitas, partes do todo e, para cúmulo, à parte do todo. Uma esquizofrenia que, felizmente, está já a ser superada. Porque só a Secularidade e a Laicidade são saudáveis. Dos guetos, religiosos e laicos, havemos de fugir a sete pés. Nada mais saudável do que viver à intempérie. Longe dos abrigos. Onde germina, calada, a corrupção e a podridão.

É por demais manifesto que as igrejas deste milénio não sabem lidar com as crianças, adolescentes e jovens. Nos dois milénios anteriores foram a sua grande clientela. Não são mais. O terceiro milénio cada vez mais científico e secular, brinda-nos com crianças, adolescentes e jovens outros, muito mais lúcidos, hiper-dotados, ágeis, críticos e autónomos que nos garantem um amanhã outro, bem mais nosso, bem mais humano e religado entre si e ao universo. O Mercado bem tenta seduzi-los, mas eles usam-no, sem se deixarem comprar por ele. E quem diz Mercado, diz as igrejas e as religiões. Casas de negócio, covis de ladrões, chama-lhes Jesus Nazaré, o filho de Maria, a primeira criança-adolescente-jovem que, quando adulto, dissente do judaísmo em que nasce e apresenta-se-lhe como a alternativa a ele e a todos os que se lhe assemelhem. Porque o mataram, puderam fazer destes dois mil anos de judeo-cristianismo, com as suas variantes católica, islâmica e protestante, dois mil anos de Treva e de Aborto do Humano. Não podem mais. O terceiro milénio é da Ciência, de mão dada com a Fé de Jesus e a sua Teologia.

Podem as Escolas católicas criar e difundir slogans, como o que a sua peregrinação nacional foi tentar gritar em Fátima e ao seu nauseabundo santuário, sem dúvida, o exemplo mais acabado de estultícia e de beatice, de desumanidade e de senil prepotência clerical, que o país como um todo nem chega sequer a saber deles e muito menos quer ser. Os últimos papas, por sinal, todos fatimistas, parecem agora apostados em transformar a Cúria romana e o Vaticano numa gigantesca fábrica de produção de santos e santas. De tão cegos e desorientados que andam, nem se dão conta de que, com esta sua fábrica, estão a colocar nos seus desgraçados altares precisamente os mais corruptos. S. José Maria Escrivá de Balaguer e S. João Paulo II dão cartas neste capítulo. De resto, a Corrupção sempre foi a sua especialidade, como igreja imperial que é. Todos os altares são idolatria. E a idolatria é a negação dos seres humanos e dos povos.

A peregrinação nacional ocorre com o Sínodo dos Bispos católicos sobre os jovens em fase de conclusão. Não para os escutar e seguir, sim para os formatar. Felizmente, todos estes eventos eclesiásticos já lhes passam totalmente ao lado. Com os jovens terceiro milénio, a Ciência e a Fé de Jesus vêem chegada a sua hora. E os povos das nações, ainda mergulhados em muitas dores que serão cada vez mais de parto de uma Terra outra, vão ter, também eles, de nascer de novo, do Vento, do Feminino. Chegam assim ao fim os messias que os últimos dois mil anos nos impuseram. Esta é a hora dos jovens e dos povos vestidos de secularidade e de laicidade.Guiados pela Ciência e a Fé de Jesus.

D Manuel Linda, Bispo do Porto e das FA

REVOLUCIONÁRIO OU EVOLUCIONÁRIO?

Pode um bispo das Forças Armadas (FA) ser revolucionário? Ou tem de limitar-se a ser evolucionário?! Ninguém lhe perguntou, mas D. Manuel Linda, bispo residencial do Porto e simultaneamente Adminstrador da diocese das Forças Armadas e de Segurança, sentiu necessidade de vir a terreiro num artigo de opinião demarcar-se habilmente de um outro bispo, seu antípoda, Óscar Romero, de seu nome. Assassinado por militares em 24 de Março de 1980. Enquanto celebrava a Eucaristia numa singela capelinha de um hospital de freiras da capital de San Salvador.

E tudo isto porquê? Porque o actual papa Francisco, também ele visceralmente incomodado com as radicais práticas político-teológicas protogonizadas por D. Romero, sob o regime da ditadura militar e da oligarquia das 14 famílias mais ricas do pais, não descansou enquanto o não matou de vez e à sua memória politicamente subversiva. Já que, enquanto Superior provincial dos jesuítas na Argentina, sob o regime do ditador Videla, ao contrário de Óscar Romero, meteu-se a negociar-cooperar com o ditador. E, agora que é o bispo de Roma e papa, também graças a essa postura de então, decidiu canonizar no domingo 14 de Outubro 2018, o Bispo seu antípoda. Para assim o matar em definitivo e à sua memória politicamente subversiva. Uma vez que com a canonização conseguiu reduzi-lo a um caricato boneco de altar. Que, para cúmulo, ainda passa a dar muito dinheiro a ganhar à igreja.

É sabido que também o papa João Paulo II, já canonizado por Bento XVI, para com isso fazer esquecer os muitos crimes que cometeu a favor da igreja católica imperial de Roma, infernizou o mais que pôde a vida do bispo Óscar Romero. Nomeadamente, a partir do momento em que ele se converte em definitivo aos pobres. Quando militares da ditadura mlitar impunemente lhe matam o Pe. Rutílio Grande e os muitos camponeses que celebravam com ele a eucaristia dominical. De bispo conservador e frequentador das casas dos ricos latifundiários e dos palácios de oficiais militares de alta patente que era, passou a bispo de todos, a começar pelos mais pobres dos pobres, concretamente, os camponeses do seu país. Uma conversão que a Roma imperial dos papas viu e vê como alta traição.

É no decurso do funeral de todos os massacrados, que o bispo Romero, interiormente abalado, vê, com merediana nitidez, o Mal estrutural que é o latifúndio-em-acção no seu país, sempre, mas sempre, protegido pelos militares armados, na altura, da ditadura militar. Chora inconsolável e muda radicalmente de ser e de Deus. Uma radical conversão ao Evangelho de Jesus, crucificado pelo império de Roma, hoje a dos papas, que teima em estar com os latifúndios-em-acção e todos os grandes ricos e poderosos do mundo. De modo que, entre o bispo-papa da Roma imperial e o bispo dos camponeses pobres, vítimas do latifúndio-em-acção e dos poderosos militares, há um abismo intransponível. A comprovar o dito de Jesus, Ninguém pode servir a Deus e ao Dinheiro.

Não está só o bispo D. Manuiel Linda na sua obtusa postura de evolucionário. Até prova em contrário, todos os bispos residenciais são como ele. A Revolução antropológica-teológica de Jesus que o Bispo Óscar Romero vem a coroporizar continua a não ter lugar nas mentes formatadas dos bispos-poder monárquico e sagrado. São frequentadores dos ricos, que dão algumas migalhas aos pobres. Pior, quando se é o bispo das Forças Armadas e de Segurança. Na sua cátedra, todos eles se pensam “sinal do Cristo cabeça, sacerdote e mestre”, no demencial dizer do Bispo de Bragança-Miranda, no aniversário 2018 da dedicação da sua catedral diocesana. E isto, porque, neste seu demencial dizer “a séde deve manifestar essa união entre cabeça e corpo, entre Cristo e a Igreja, entre o presidente e a assembleia.” Alerta, irmãs, irmãos em Humanidade! Eles não mordem, mas violam, roubam e matam. Em nome de deus. O do papa da Roma imperial. E do Dinheiro.

Francisco e Bento XVI juntos nos jardins do Vaticano

QUEM PODE MAIS, O PAPA OU O DIABO?

O papa Francisco não faz por menos. Convenceu o seu imediato antecessor, agora papa emérito, a juntar-se a ele nos luxuosos jardins do Vaticano. Sob os holofotes da grande comunicação social. E Bento XVI não se fez rogado e lá saiu do seu remanso no palácio-convento que destinou para ele próprio, quando ainda em exercício. Que o momento eclesiástico católico, pelos vistos, é muito grave.

E que foram fazer os dois papas aos luxuosos jardins do Vaticano? Ora o que havia de ser. No beato entender do papa Francisco, o diabo está apostado em destruir a igreja católoca imperial, cujos alicerces o imperador Constantino lançou no séc. IV, quer através da construção de basílicas, entre as quais, a de S. Pedro, e outras sumptuosas igrejas, quer, sobretudo, com o famoso Credo de Niceia-Constantinopla que fez os bispos aprovar em dois Concílios, sob a sua presidência e a custas do seu império E que, logo depois, impôs a todos os seus súbditos até hoje! Apesar disto, no beato entender do papa Francisco, os ataques do diabo são mais do que muitos. E a prova é que até os horrendos crimes de pedofilia dos clérigos acabam por ser obra do diabo, não dos clérigos. Não fosse o diabo e os horrendos crimes de pedofilia dos clérigos não teriam ocorrido. Pasme-se!!!

Consequente com esta sua mais do que demencial visão das coisas, o papa Francisco não hesitou em mandar construir uma monumental estátua do arcanjo s. miguel destinada a proteger do diabo a sua igreja católica imperial. Construída a estátua e colocada no lugar que lhe estava destinada, os dois papas foram inaugurá-la e benzê-la. Na verdade, só o papa Francisco o fez. Mas a silenciosa e orante presença do papa emérito, só por si, assusta o diabo. Se, em pleno exercício de funções como Prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, primeiro e durante muitos anos, e, depois, como papa, assustou e castigou exemplarmente os teólogos da teologia da libertação e justificou teologicamente a crassa demência que é o texto do chamado terceiro segredo de fátima, é óbvio que também assusta o diabo, porventura, mais ainda do que o próprio s. miguel arcanjo, que não passa de um velho mito que o cristianismo integrou e que só mentes perturbadas e possessas de medo, como a do beato papa Francisco, tomam como um ser real.

Não se ficou por aqui o papa Francisco. Apanhado pelo medo do diabo, aproveitou o evento nos jardins do Vaticano para lançar dali um apelo a toda a igreja e ao mundo, para que, pelo menos, neste mês de outubro, redobre as suas orações contra os ataques do diabo. Concretamente, que as pessoas rezem o terço todos os dias e lhe juntem a famosa oração a s. miguel arcanjo, inventada pelo papa Leão XIII, após ter tido um pesadelo numa noite em que viu o diabo com todo o seu exército infernal a atacar e destruir a igreja. Quando acordou, apesar de ver intacto o seu imponente palácio, foi a correr escrever a mágica fórmula que, recitada diariamente, garante à igreja – palavra de papa infalível – a protecção dos ataques do diabo. Ei-la, 'São Miguel Arcanjo, defendei-nos neste combate. Sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demónio. Que Deus manifeste sobre ele o seu poder, é esta a nossa humilde súplica. E vós, Príncipe da Milícia Celeste, com o poder que Deus vos conferiu, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos, que vagueiam pelo mundo para perdição das almas. Amen'.

É público que o Concílio Vaticano II, envergonhado com tamanha crendice nos poderes de s.miguel arcanjo, aboliu a reza desta fórmula que eu próprio, quando puto de 8-9 anitos, já ajudante de missa em latim, repetia com o meu pároco, e que tinha de ser recitada de joelhos pelos padres nos degraus do altar, no final de cada missa rezada de pé por eles em latim. O facto de terem de o fazer de joelhos, levava os devotos a pensar que aquela fórmula era mais poderosa que a própria missa. Talvez por isso, o beato papa Francisco, à revelia do Vaticano II, tenha querido trazê-la de volta, neste milénio da revolução tecnológica! É caso para perguntar, Afinal quem pode mais, o papa ou o diabo?

IGREJA COM E PARA JOVENS? NEM PENSAR!

O que pretende deles o Sínodo dos bispos?

Já está a decorrer em Roma e prolonga-se até 28 de Outubro 2018 o Sínodo dos Bispos. Temática em debate, “Os jovens, a Fé e o discernimento vocacional”. Como se vê, uma estopada de todo o tamanho para os jovens século XXI, mergulhados num mundo saudavelmente secular, arreligioso, agnóstico ou ateu, pós-cristão e pós-igreja clerical e eclesiástica que eles desconhecem de todo, ou da qual, depois do crisma imposto pelos pais, fogem a sete pés, como se foge de um ladrão que nos salta ao caminho para nos espancar, roubar e deixar abandonados na berma da estrada. Como sucede ao homem sem nome da parábola anti-sacerdotes contada por Jesus, o do Evangelho de Lucas. É manifestamente uma temática congeminada e proposta, não pelos jovens aos bispos, mas por cardeais e bispos que nunca foram jovens, nem sequer quando tinham idade para o serem. Porque o seminário tridentino cedo os arrancou às suas famílias e aos companheiros de infância. E, pior ainda, formatou-lhes as mentes-consciências para, de filhos de mulher ao nascer, se tornarem clérigos e eclesiásticos celibatários, mercenários contratados em exclusivo ao serviço do império papal sediado em Roma. Cujo sonho é vir a ocupar e dominar as mentes-consciências de todos os povos da terra.

O Texto-base que serve de ponto de partida e que eu tive o cuidado de previamente conhecer para poder aqui pronunciar-me sobre este Sínodo dos Bispos, sob a presidência do papa Francisco, jesuíta dos quatro costados, beato até dizer chega – os seus posts diários no Twitter não enganam – não tem ponta por onde se lhe pegue. Dificilmente se encontrará um jovem, mesmo entre aqueles poucos que ainda se não libertaram de vez das paróquias ou de outras corporações eclesiásticas ditas laicais, que consiga lê-lo todo do princípio ao fim. E, se por dever de ofício de líderes do grupo ou corporação, o lerem, não haverá um que entenda o muito que lá se escreve. Pela simples razão de que eles, como todos os seus iguais em idade, são jovens século XXI, não século IV, o do Credo de Niceia-Constantinopla que continua a ser mecanicamente recitado nas missas de domingo, logo a seguir a homilias sem graça e sem verdade, sem sal e sem Causas pelas quais valha a pena entregar-se até dar a própria vida. Tudo é assim a modos de nem frio nem quente, que os jovens século XXI depressa vomitam, como diz de Deus que nunca ninguém viu, o ainda não compreendido, muito menos praticado, Livro do Apocalipse.

Os números das pessoas presentes e intervenientes no Sínodo dos bispos sobre os jovens, a Fé e o discernimento vocacional, falam por si. São 267 padres sinodais (= bispos), 23 especialistas e 34 auditores jovens de 18 a 29 anos de idade. Os bispos são esmagadoramente quem mais ordena no Sínodo. O que nem é de estranhar, uma vez que o Sínodo é deles, bispos, não é dos jovens. Não são os jovens do mundo que organizam um Sínodo e convidam os bispos. É o Bispo de Roma, papa monarca absoluto e infalível, que convida 34 auditores jovens. Não há, pois, volta a dar-lhe. E com mais uma agravante de peso – O Sínodo é um órgão da Cúria do Estado do Vaticano, cujos participantes debatem o documento-base, fazem as alterações que entenderem, mas o seu voto final é apenas consultivo, não deliberativo. O documento que vier a ser publicado posteriormente pelo papa é da sua exclusiva responsabilidade, mas vale para toda a igreja. Até para a da China comunista que, pela primeira vez, tem dois bispos presentes!

Perante estes dados objectivos, resta aos jovens século XXI fazer como Deus que nunca ninguém viu, o do Apocalipse, faz – vomitem este tipo de igreja clerical e eclesiástica e fujam dela a sete pés. Integrá-la, nem pensar. Seria regredirem ao século IV, à fé proclamada pelo Credo de Niceia-Constantinopla, onde não se encontra uma única proposta capaz de transformar este tipo de mundo do sistema de Poder num mundo humano jovem, a respirar liberdade, saúde e comensalidade por todos os poros. E que os jovens terceiro milénio, não os bispos, têm todas as possibilidades científicas para o fazer.

Edição 140, Setembro 2018

A CHINA NO PAPO DO PAPA

Não há crimes de pedofilia dos clérigos que detenham as ambições do Vaticano

Com o acordo agora alcançado entre o Vaticano do papa Francisco e a China de Xi Jinping, bem se pode dizer que a Besta do Apocalipse que é a igreja cristã católica imperial de Roma continua a levar por diante a sua insaciável fome de domínio das mentes-consciências dos povos todos do planeta. Foi preciso chegar ao início do terceiro milénio do cristianismo imperial católico, para vermos um clérigo nascido e criado na Argentina, filho do famigerado Inácio de Loyola (séc. XVI), eleito papa de Roma. E deste modo conseguir que a distante e inacessível China comunista abrisse as suas portas a um acordo entre os dois Estados. Fica assim claro que nem a China comunista resiste a entregar de bandeja as mentes-consciências dos seus múltiplos povos à civilização ocidental cristã, constituída por umas quantas elites privilegiadas, chamadas a controlar-dominar de modo científico multidões e multidões empobrecidas, escravizadas, alienadas.

A partir deste acordo, todos os bispos católicos da China – até agora, fiéis ao regime do Estado chinês, uns, e fiéis ao regime do Estado do Vaticano, outros – são igualmente bispos legítimos, reconhecidos pelos dois Estados. Com uma impensável cláusula exclusiva do Estado Vaticano: apenas o papa de Roma fica com direito de veto sobre as futuras escolhas dos clérigos católicos propostos a bispo. Pelo que, nesta matéria de estrutural importância, a China reconhece a hegemonia do Vaticano que passa a ter a última e decisiva palavra sobre os novos bispos a ordenar. Quer isto dizer que no futuro não há mais nenhum bispo católico na China que não tenha o aval do Vaticano. O império cristão de Constantino dá assim mais um dos seus passos de gigante no domínio das mentes das populações do mundo.

Como se vê, não há crimes de pedofilia dos clérigos que detenham as desmedidas ambições do jesuíta Francisco. Populista até dizer chega, depressa ganhou a admiração até de ateus e agnósticos. Apresenta-se como o grande reformador da empresa igreja católica S.A., uma espécie de Lutero séc. XXI. Mais não é do que um reciclado Inácio de Loyola, apostado em levar a fé cristã católica e o satânico domínio ideológico-teológico da Besta imperial da Roma papal até aos confins do mundo. Bem pode o papa chorar em público lágrimas de crocodilo pelas inúmeras vítimas dos crimes de pedofilia dos clérigos e pedir-lhes perdão vezes sem conta. Tudo não passa de um hábil desvio das atenções para o que, na sombra, a diplomacia do Vaticano continua a fazer para se expandir mais e mais. Pelo que as vítimas dos crimes dos clérigos bem podem esperar sentadas.

Quem como eu acompanha com olhos de ver os posts diários do papa Francisco no Twitter bem vê de quão beato ele lá se mascara. Chega a dar náuseas, de tão rasca e popularucho que se mostra. Só mesmo um jesuíta com esta variedade de máscaras, podia ser eleito papa e depressa granjear popularidade q.b. Tanto entre as elites dos privilégios, como entre as multidões miseráveis, ávidas de salvadores e de milagres do céu. Ao mesmo tempo que dá cobertura ideológico-teológica aos mais nefandos crimes em que é perita a diplomacia do Estado do Vaticano e do seu Banco, referências máximas da despótica civilização ocidental.

O cristianismo imperial católico regressa assim em força à China, onde chegou pela primeira vez em 1552, através de Francisco Xavier, enviado pelo seu amigo e companheiro Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus. O mais eficiente exército de clérigos, altamente preparado e apetrechado para formatar as mentes-consciências das crianças e dos jovens estudantes que frequentem os seus inúmeros colégios e as suas múltiplas iniciativas nas mais diversas áreas. Que a tanto os obriga o incondicional voto de obediência ao papa. São tidos como heróis e santos. Não passam de eruditos formatados que formatam mentes de crianças-jovens em série!

OS HORRENDOS CRIMES DE PEDOFILIA DOS CLÉRIGOS

O princípio do fim deste tipo de igreja e do cristianismo

Ninguém no-lo diz. Todos no-lo escondem. Até os principais cronistas clérigos da nossa praça – Frei Bento Domingues, no PÚBLICO, Pe. Anselmo Borges, no DN – estão neste caso a prestar um relevante serviço ao papa de Roma e ao sistema eclesiástico, por isso, um péssimo serviço às muitas vítimas da pedofilia dos clérigos e a todas as demais vítimas da história. Horrendos crimes que Roma e os clérigos têm silenciado para salvaguardar o bom nome da instituição igreja católica romana e do cristianismo. Sem se aperceberem que por mais lágrimas de crocodilo que derramem pelas vítimas da pedofilia dos clérigos, estão a desvalorizar criminosamente os gritos delas. Não vêem – não querem ver, porque são parte na causa, têm privilégios e um (bom) nome a defender nesta nossa sociedade de matriz cristã-católica – que os horrendos crimes de pedofilia dos clérigos são o princípio do fim deste tipo de igreja católica e do próprio cristianismo. E ai da Humanidade, se assim não for! Porque então, o Mal estrutural que o cristianismo é acaba por devorar-nos definitivamente a alma.

Posso ser uma voz presbiteral isolada nesta selva clerical e eclesiástica, mas sei que nunca a quantidade foi sinónimo de verdade e de razão. Pelo menos, à luz da Fé e da Teologia de Jesus. Só mesmo para os clérigos e o cristianismo a quantidade vale. Precisamente porque eles e ele são o mal mascarado de bem. As grandes maiorias vêem as máscaras e gostam do que vêem. Porque confundem-nas com a realidade. E confiam tanto dos clérigos, que continuam a entregar-lhes as filhas, os filhos. Inclusive, a levá-los ao baptismo e às catequeses. Nem mesmo depois dos horrendos crimes da pedofilia dos clérigos e do cristianismo, elas acordam. Chegam a pôr em dúvida se são factos reais. Invenção dos 'inimigos' da igreja, dos seus clérigos e do cristianismo. As mentes-consciências delas estão tão formatadas pelos clérigos, que vêem neles exemplos de virtude e de dedicação. Não vêem que tanta virtude e tanta dedicação resultam em mais e mais influência e domínio das mentes delas. E em mais lucros financeiros e mais prestígio para as igrejas-empresas deles, os clérigos. Cujo chefe-mor é o papa. E, abaixo dele, como seus braços compridos, os bispos e os párocos. Auto-designados 'hierarquia' ou poder sagrado. Por isso, acima de qualquer suspeita. O que perfaz um horror.

Os teólogos cristãos, católicos ou protestantes, são todos peritos em cristologia, Cristo e cristianismo, o pai de todos os males, o pior dos quais é o poder financeiro. Não são nem querem ser peritos em Jesus histórico, o de antes do cristianismo. Nem em Maiêutica, nem em Humanidade sororal, vasos-comunicantes. Vão ao ponto de confundir-identificar o Cristo do cristianismo com Jesus histórico, o de antes do cristianismo. Recusam-se a reconhecer que Jesus nunca foi cristão. E que entre Jesus e o Cristo-da-fé deles, há um abismo intransponível. Como há um abismo intransponível entre Deus, o de Jesus, o filho de Maria, e Deus, o de Cristo, o filho de David. O Deus de Jesus dá-se a conhecer nos seres humanos, em especial, nas inúmeras vítimas da história, com as quais se identifica. O Deus de Cristo, pelo contrário, dá-se exclusivamente a conhecer nos agentes históricos do Poder, o primeiro dos quais é o papa de Roma, sucessor de Constantino, o do império romano, o mesmo que crucificou Jesus histórico, a exigências dos clérigos de então!!!

Felizmente, o terceiro milénio já é pós-cristão. A geração terceiro milénio já nasce fora das igrejas cristãs e recusa-se a dar-lhes corpo. Ainda não é (pro)seguidora de Jesus e do seu Projecto político maiêutico. Nem sequer os conhece. Serão as inúmeras vítimas deste tipo de mundo do sistema de poder, abençoado pelos clérigos, a conduzi-la até eles. Para tanto, a geração terceiro milénio tem de ser-viver organicamente com as vítimas. Para que elas se levantem da prostração em que jazem há séculos e séculos e constituam-se um organismo vivo à escala planetária, gerador de um mundo nos antípodas do mundo do sistema de poder, gerado pelos clérigos e justificado pelos seus livros sagrados.

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS

PARA QUANDO UMA MULHER NA LIDERANÇA?

A propósito da Festa do Avante 2018, escrevi no dia seguinte ao seu encerramento um twitter a dizer o óbvio: Jerónimo de Sousa discursou a abrir e a encerrar a Festa. E do muito que falou nos dois discursos, disse nada. Nada de substancialmente novo, concluiria, no contexto, qualquer bom entendedor. Só que ao escrever assim, sem mais, para poupar caracteres e “puxar” pela mente das leitoras, dos leitores, eu próprio intuía que iria ter dezenas de inscritos e votantes no PCP à perna a “malhar-me”, implacáveis. E não me enganei. Não pude, contudo, deixar de sorrir, por me ver, uma vez mais, confirmado como Sinal de contradição, a revelar os pensamentos escondidos de muitos.

Fica deste modo mais do que provado que não é só ao nível das privilegiadas cúpulas clericais da igreja católica e de muitos católicos súbditos delas, que sou tido como persona non grata, padre subversivo, ateu, até terrorista. De resto, já em seu sinistro tempo, a Pide/DGS me olhou e tratou como um perigoso comunista infiltrado na igreja católica. O próprio bispo D. António Ferreira Gomes terá pensado o mesmo, quando, menos de um mês depois da minha segunda prisão em Caxias, vê ser editado um novo Livro meu, CHICOTE NO TEMPLO, Edições Afrontamento, 1973. Tudo tratado antes, sem que a Pide/DGS desse por tal. De que tipo de organização disporia eu, pensa o bispo?!

Felizmente, o meu advogado de defesa, Dr. José da Silva, nos dois julgamentos a que fui sujeito no Tribunal Plenário do Porto, foi capaz de ver bem mais fundo do que o próprio bispo. Por isso soube resistir à tentação de fazer dos meus julgamentos, um caso político, como então todos os advogados de defesa faziam com os seus clientes presos políticos. Teve a audácia de nunca se desviar do âmbito que me é específico: o do Evangelho de Jesus que, como presbítero da igreja ao serviço da Humanidade, não apenas da igreja, me cumpre praticar-anunciar a tempo e fora de tempo. Ficou assim claro para todo o sempre que sou incómodo, caluniado, rejeitado, odiado e, por fim, até simbolicamente crucificado, apenas por ser um presbítero que pratica-anuncia o Evangelho de Jesus. Não me perdoam que viva neste tipo de mundo-Sistema de Poder sem jamais ser dele.

Mas o meu twitter dizia mais. Melhor, perguntava: Para quando uma mulher na liderança do PCP? Sucede que o fanatismo ideológico dos que me comentaram não os deixou sequer dar por esta minha oportuna pergunta. E a prova é que a esmagadora maioria nem sequer deu por ela. Mas era aí que eu pretendia chegar. Porque, neste tipo de mundo-Sistema de Poder, os Partidos políticos são oportunos, mas apenas como partidos-parteira, por isso, especialistas na Arte de cuidar da vida, das pessoas, da Terra. Uma Arte própria do Feminino. De contrário, não passam de peças na engrenagem do Sistema de Poder, o mesmo que progressivamente rouba a voz e a vez às populações e as condena à condição de meros votantes. Resultado: Crescem as minorias dirigentes e as populações diminuem. Uma situação que raia o sadomasoquismo político.

Aliás, este ano, os discursos do secretário geral do PCP ficaram completamente esvaziados de interesse político, uma vez que a Festa do Avante foi precedida por uma entrevista de Jerónimo de Sousa à RTP, precedida, por sua vez, de um breve mas revelador vídeo gravado com ele na sede nacional do Partido. Sem que as câmaras da RTP pudessem mostrar o seu próprio gabinete de trabalho! Acontece que este vídeo divulga conversas que deixam (quase) nu o misterioso PCP. E quem não deve ter gostado nada do que ouviu Jerónimo dizer na entrevista sobre o OE2019, foram os líderes da CGTP e seus Sindicatos, com destaque para o da Fenprof. Ao separar, e bem, as reivindicações deles das negociações para o OE2019, Jerónimo esvaziou de uma penada as lutas e as greves já anunciadas por eles e cujas reivindicações, legítimas, só são concretizáveis num tipo de mundo outro, que não este do Sistema de Poder. Mas quantos inclusive de Esquerda estão dispostos a dar-lhe corpo nos próprios corpos?!

EXORCISMOS

Bispo D. José Cordeiro: Possesso do demónio?!

Falar de exorcismos neste início do terceiro milénio, como fez um destes dias à Agência Lusa o bispo de Bragança-Miranda, é coisa que não lembra ao diabo. Bem se pode então perguntar se o bispo D. José Cordeiro não está possesso do demónio. Escrevo com Humor teológico e à luz da Fé de Jesus, o filho de Maria. Não de Cristo, o filho de David, que, ao contrário de Jesus, o de antes do cristianismo, tem muitos seguidores. Só que é de Jesus que os povos do terceiro milénio mais precisam. Não de Cristo, puro mito, que historicamente adquire máscara humana em cada um dos agentes do Poder religioso, político ou económico-financeiro. É por isso que o menos humano de todos os agentes de Poder é o bispo de Roma e papa da igreja católica. O único que detém os três poderes em simultâneo. Por isso, o mais possesso da ideologia (= demónio) do Poder.

Saibam que todo o Religioso é um demónio. Inimigo dos seres humanos. 'Deisidaimonia', dizem, logo no início, as, os de Jesus e do seu Movimento político, acerca do Religioso e dos seus contemporâneos possessos ou possuídos por ele. O Religioso tem trazido subjugados os povos, desde o início da Humanidade. 'Deisidaimonia', em bom português, significa “medo dos deuses”. E, consequentemente, “culto dos deuses”. Quem vai pelo Religioso vive possesso ou possuído do demónio, uma vez que o medo dos deuses leva as pessoas nas quais se aloja a viver mentalmente de rastos, mesmo que vistam de bispo de Bragança-Miranda, de cardeal e de papa. Ou de Putin, Trump, Macron, Netanyahu... Quanto mais Poder(osos), mais possessos de medo, por isso, mais mentalmente de rastos. Armados até aos dentes. E cercados de seguranças por todos os lados.

Eu sei que nos Evangelhos Sinópticos se fala com frequência de possessos do demónio e de expulsão de demónios. O próprio Jesus Nazaré é apresentado com frequência a expulsar demónios. Por isso, a fazer exorcismos. Mas também sei que estamos perante Escritos, histórica e culturalmente, datados. Quando não havia outra explicação para certas manifestações paranormais e doenças do foro psiquiátrico. Como, então, todas essas manifestações e doenças eram experimentadas pelos conterrâneos de Jesus como um Mal, estes atribuíam tudo ao demónio, o nome mítico do Mal. Não é o caso deste nosso tempo da Ciência, também neurológica, que se dá muito bem com a Fé de Jesus, intrinsecamente, anti-religioso, anti-medo, anti-culto dos deuses, anti-poder. E este é o tempo o bispo de Bragança-Miranda e nosso. Pelo que meter-se a falar de Exorcismos, hoje, como se ainda fôssemos do tempo histórico-cultural de Jesus, é insistir em humilhar-aterrorizar as populações. Imperdoável, portanto.

Para cúmulo, as declarações de D. José Cordeiro à Agência Lusa são proferidas, pouco tempo depois do escândalo do 'Exorcista de Fátima', o famigerado Pe. Gama, 79 anos, natural de Murça, acusado à Polícia por uma sua cliente de ter abusado sexualmente dela, a pretexto de que o demónio se aloja preferencialmente na vagina das mulheres. Não esclareceu aos jornalistas que o entrevistaram se nos homens o demónio se aloja preferencialmente no anus de cada um. O que levou de imediato certas pessoas a interrogar-se com fina ironia-e-malícia onde é que o bispo de Bragança-Miranda, auto-promovido a Exorcista-mor cá do reino, quer meter as suas sagradas mãos episcopais.

Falar de pessoas mentalmente perturbadas que hoje estão a recorrer mais aos exorcismos dos clérigos raia o absurdo. Revela que nem o próprio bispo se apercebe que os principais responsáveis por esse aumento são precisamente os clérigos católicos e os pastores de igrejas, com faro para o negócio e para a promoção-culto do Medo. Porque só populações mentalmente possessas de Medo dos deuses (= demónios) são capazes de rastejar em tudo quanto é sítio. De preferência, nos grandes santuários e nos grandes palácios do Poder. Quo vadis, Bispo D. José Cordeiro?

CLÉRIGOS

CASTIGÁ-LOS OU EXTINGUI-LOS?!

Os abusos dos clérigos são mais do que muitos. E não só a pedofilia. A simples existência de clérigos, só por si, é uma agressão e um insulto aos próprios, enquanto filhos de mulher. Ninguém nasce clérigo. Como ninguém nasce cristão, católico, protestante, islâmico. Nascemos humanos. E de mulher. Dentro do Sistema de poder que é intrinsecamente mau. Religioso ou laico, tanto faz. Criado e organizado só para matar, roubar, destruir, mentir, corromper, perverter. Todas, todos nascemos no Sistema. Não para sermos dele, sim para acabarmos de vez com ele. Só que, mal nascemos, somos logo “apanhados” por ele e educados-estimulados a fazermos tudo por tudo para lhe cairmos em graça e integrarmos as várias minorias que o servem. Quando tal acontece, somos até capazes de dar a própria vida por ele. Sem nunca percebermos que deixamos de ser filhas, filhos de mulher e passamos a ser filhas, filhos do Sistema. Incondicionais servidores seus, num dos múltiplos lugares de que ele dispõe e dá a quem lhe aprouver. Na condição de ser um incondicional seu.

Entre os muitos filhos do Sistema de poder, os clérigos foram nos séculos da Cristandade os mais influentes. Hoje, são cada vez mais substituídos por clérigos laicos-ateus colocados à frente dos grandes grupos financeiros, grandes bancos e grandes Estados. Sempre com uma constante: organizados em pirâmide. A horizontalidade é específica dos Seres Humanos religados uns aos outros e ao Cosmos. A verticalidade é específica do Sistema de poder. No topo dos topos da pirâmide, está sempre (um conceito de) deus-demónio que tudo justifica. O pai do Sistema de poder que, como já sublinhei, é intrinsecamente mau. Na linguagem mítico-cultural dos povos, recebeu o nome de deus e/ou satanás. Este último, precisamente, o nome que Jesus, o filho de Maria, não do Sistema de poder, chama a Simão, filho ou discípulo de João, quando ele se lhe coloca na frente, a tentar impedi-lo, no início do ano 30, de subir a Jerusalém, determinado a desmascarar o Sistema de poder, como o pai do Mal, em vez de determinado a tomar o poder. 'Vai-te da minha frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens do Sistema de poder' (Mc 8, 33). Isto, depois de, tempos antes, ter começado por o cognominar de Cefas-Pedra-Pedro. No registo de Marcos (3, 16), esta mudança de nome de Simão para Pedro, acontece quando Jesus decide constituir o grupo do Doze Enviados. No registo de João (1, 42), sucede logo no momento em que Simão é apresentado a Jesus por André, seu irmão.

Ao reclamarem-se “'sucessores dos Doze”, os clérigos-bispos separam-se definitivamente dos seres humanos e constituem-se agentes-mor do Sistema de poder, no caso, sacerdotal-eclesiástico. São clérigos de proa, ainda que sob o controlo do bispo de Roma, o papa. Servidos por outros clérigos-sacerdotes, quase todos párocos. Corrompidos-que-corrompem, já que é da natureza do Sistema de poder corromper. E se absoluto-infalível, corrompe absolutamente. As populações não enxergam tamanha monstruosidade, porque o Sistema de poder sempre lhes apresenta os clérigos como exemplos de dedicação e de entrega. Inclusive, celibatários por imposição de uma lei eclesiástica, já de séculos. Pretender que destes desviados do Humano saiam frutos bons é como pretender colher uvas dos espinheiros e figos dos abrolhos. Tudo o que eles tocam fica inquinado-envenenado. Só não vemos, porque somos levados a confundir a realidade com a máscara que lhes serve de rosto.

O pior de todos os clérigos-bispos é o de Roma. Reclama-se demencialmente 'sucessor de Pedro-Satanás'. Seja qual for o nome com que se mascare, é sempre Satanás, no sábio e lúcido dizer de Jesus, o filho de Maria. Tudo o que faz e diz é Mal, ainda que pareça que é Bem. A esta espécie de 'demónios' - clérigos eclesiásticos ou laicos-ateus - não basta castigá-los por todo o Mal que fazem aos povos. Urge extingui-los. Para sermos, finalmente, comunidades de seres humanos religados uns aos outros e ao Cosmos.

Edição 139, Junho 2018

Fátima S.A. segundo o Pe. José Tolentino Mendonça

'O LUGAR DA LENTIDÃO E DO INÚTIL'

Quando eu próprio já pensava que estava tudo dito sobre a mentira e o crime que são Fátima I (1917-1930) e Fátima 2 (a das “memórias da irmã Lúcia”, 1935-até aos nossos dias), com cem anos de disparates de toda a ordem, de lavagem de dinheiro sujo e humilhações sobre humilhações; de joelhos esfarrapados e de velas compradas-queimadas-recicladas, de novo compradas-queimadas-recicladas; de milhões e milhões de euro isentos de impostos que ninguém sabe o que é feito de grande parte deles; de auto-flagelações populares provocadas por ancestrais medos e culpas de pecados que as populações mais empobrecidas e fragilizadas nunca cometeram e dos quais são, até, as suas maiores vítimas, eis que chega, por fim, o padre poeta José Tolentino Mendonça a ensinar, na sua qualidade de vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, que o Santuário de Fátima S.A., o lugar de turismo religioso mais visitado do mundo, logo a seguir à Basílica do satânico S. Pedro em Roma (cf. Marcos 8,32-33). é “o lugar da lentidão e do inútil”. Profere esta enormidade poético-cristã no decurso de um evento pomposamente chamado “Simpósio Teológico-Pastoral” recém-realizado no Auditório Paulo VI, propriedade daquela multinacional católica.

Os grandes media portugueses não quiseram saber desse Simpósio para nada, nem sequer para o poderem criticar. Se há coisa que os grandes media não querem, é criar conflitos com a igreja católica, até porque a Concordata de Salazar (1940) obriga ao respeito entre os Estados que a assinaram e mantêm em vigor. Não procede assim a Agéncia Ecclesia, criada pelos bispos católicos precisamente para colmatar essas propositadas falhas dos media. E, embora a Agência tenha deixado de enviar para o meu correio electrónico de presbítero-jornalista a informação das principais notícias de cada dia, nem por isso deixo de manter-me atento ao que ela divulga, sem que os seus responsáveis tenham como impedir o meu acesso ao respectivo site. Sei perfeitamente que são conteúdos eclesiásticos coisa-nenhuma, por isso, sem qualquer interesse para o dia a dia dos povos do país e do mundo, mas faço questão de manter-me a par do que dizem-fazem os principais clérigos e paraclérigos católicos e suas igrejas satélites.

Depois que o papa Francisco convidou Tolentino Mendonça para pregar o retiro da quaresma, e ele passou 5 dias no Vaticano a falar – vejam só! – sobre o valor poético e cristão da “Sede”, é mais do que óbvio que deixou de ser um padre poeta qualquer, para passar ser um padre poeta superstar. E, verdade seja dita, o próprio tem sabido tirar proveito disso como ninguém. Esta sua prestação teológico-pastoral no Simpósio promovido pelo Santuário de Fátima S.A. é mais um contributo poético e cristão que ele habilmente dá para uma carreira eclesiástica fulgurante. E não é que José Tolentino Mendonça acaba de ser inesperadamente nomeado pelo papa Francisco para arquivista e bibliotecário da santa sé, um cargo que implica a sua elevação a arcebispo titular de Suava, uma antiga diocese mais do que extinta no norte de África?! Até a CEP, apanhada de surpresa, está boquiaberta e sem fala. Só que tudo isto representa o definitivo assassinato do ser humano José Tolentino Mendonça e a afirmação, nele, do mítico divino. Uma satânica transubstanciação em que o cristianismo é perito, dentro do qual, por isso, não há salvação.

Aliás, só mesmo por José Tolentino Mendonça ser cada vez mais mais mítico divino do que ser humano, é que consegue ver na multinacional Fátima S.A. “o lugar da lentidão e do inútil”. Sem nunca, na sua cegueira clerical privilegiada, poder perceber que as multidões que para lá peregrinam, como eternos pagadores de promessas, são as mesmas que, entre uma peregrinação e outra, vêem-se condenadas a ter de recorrer aos humilhantes cabazes do Banco Alimentar contra a Fome, das Misericórdias, das IPPS e dos Centros Sociais Paroquiais. Cujos gestores passam por benfeitores, quando estão criminosamente a enriquecer à custa da sua imerecida pobreza. O que há de mais imperdoável!

Ordenado diácono “em ordem ao sacerdócio”

SACERDOTE OU PRESBÍTERO, D. JOSÉ CORDEIRO?

A vítima deste anunciado assassinato eclesiástico incruento é um jovem de 24 anos. De seu nome completo, Jorge Miguel Afonso Pinto. A sua ordenação de diácono “em ordem ao sacerdócio” só é notícia, porque o que, outrora, nos terríveis séculos da Cristandade, era encarado como uma saída para os filhos de famílias numerosas e empobrecidas do interior, hoje, terceiro milénio, é de todo anormal e são muito poucos os que enveredam por esse caminho. Quase sempre por ingenuidade. Ilustrada que se diga, mas ingenuidade. São poucos os que hoje caem neste engodo e menos ainda os que nele persistem. Pelo que temos de nos interrogar: O que leva um jovem de 24 anos a aceitar ser reduzido a clérigo-funcionário do religioso-eclesiástico, quando o enveredar por este caminho equivale a ser assassinado como ser humano, filho de mulher, para acabar como um dos mais perigosos filhos do Poder, ao modo do próprio D. José Cordeiro?

Ninguém nasce para ser sacerdote, clérigo, separado dos demais. Como ninguém nasce para ser Poder, por mais sedutor que este se nos apresente e mentirosamente nos diga que tudo nos dará, se, prostrados, o adorarmos. Nascemos de mulher para sermos e crescermos de dentro para fora em sabedoria, religados uns aos outros, cada vez mais peritos na Arte de Cuidarmos uns dos outros e do cosmos, com destaque para o planeta Terra, nossa casa comum. Este é, deverá ser, o primeiro princípio de todos os primeiros princípios que, como tais, não carecem de ser provados. Só não é assim, porque, logo no começo da Humanidade, minorias espertalhonas o negam-assassinam em proveito próprio e, desde então, têm-se mantido, impunemente, como guias e messias dos demais. No início, auto-designam-se sacerdotes e assim se mantêm séculos e séculos. Neste que é o tempo do Secular, estão em franco declínio. Não as minorias espertalhonas, mas as designações “sacerdote” ou “pastor”. Que aquelas nunca o foram tanto como hoje. Só elas são. Tudo e todos os mais não passam de paisagem.

Acontece que o bispo da diocese de Bragança-Miranda sabe-a toda no que toca a manipular, conduzir e dominar as mentes-consciências das populações que residem no território. Ao contrário de Jesus, o do Evangelho de João, D. José Cordeiro está aí a mudar sistematicamente o vinho em água, entenda-se a corromper quantos vão-dizem com ele. O que o move é o oposto do que move Jesus Nazaré, o filho de Maria. É, porventura, o bispo residencial mais mafioso, nestes nossos dias, em Portugal. Tem a escola toda do Estado do Vaticano que, por sua vez, tem a escola toda do império romano. As máscaras que usa são as mesmas dos cardeais da Cúria romana, à beira dos quais o de Lisboa, é quase um cordeiro eclesiástico. Avança sobre toda a folha, quero-posso-e-mando, sempre lá do alto do seu trono, com as populações como figurantes e escabelo dos seus pés. Que o digam as vítimas das suas ambições, já de olhos abertos. Importa que estas falem, já que verdade não é para ser proclamada aos povos.

Ao jovem de 24 anos, que vai ser ordenado diácono para depois ser sacerdote, em lugar de Presbítero, como reza o próprio Ritual da ordenação, “Presbiterorum Ordo” (Ordem dos Presbíteros), um ministério ou serviço totalmente secular a favor de toda a Humanidade, não de nenhuma corporação, a pior das quais é a igreja católica romana, sugiro-lhe daqui que procure o Pe. Hérmino, hoje cego, em consequência da diabetes e outros graves problemas de saúde. Meu caro, vai ao encontro dele e escuta a sua história de vida, com destaque para estes anos com D. José Cordeiro ao comando da diocese. Ficas a conhecer o que, nos teus 24 anos anos, nem te passa pela cabeça. Sabe – permite-me que to lembre – que a Fé e a Teologia de Jesus chamam-nos a Cuidarmos uns dos outros e da Terra, não dos templos nem dos altares, todos covis de ladrões, no dizer do próprio Jesus. Escuta-o e depois decide com o que te ditar a consciência.

Paredes de Viadores. E já lá vão 50 anos!

O MEU PRIMEIRO AMOR PAROQUIAL

O meu primeiro amor paroquial que poderia ter sido para toda a vida dura apenas 14 meses. Até ao dia em que o administrador apostólico da diocese do Porto. D. Florentino de Andrade e Silva, o mesmo que em 1968 – e vão 50 anos! – me nomeia pároco de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, me dá apenas 24 horas para abandonar de vez aquela missão pastoral. Uma decisão com tudo de cruel, mas que conta com a cobertura do Código de Direito Canónico, inspirado, como se sabe, no do antigo império romano. Um Código que tem o terrível condão de converter os seres humanos, nascidos de mulher, que o reconhecem, em clérigos. Uma elite no topo – os bispos titulares de cada diocese e respectivos párocos, todos homens, e homens celibatários, nenhuma mulher – e milhões e milhões de outros em paraclérigos na base, os chamados leigos, aqui sim, mais mulheres do que homens. Uma enormidade absolutamente intolerável que entra terceiro milénio adiante, só porque sempre se apresenta como o que há de melhor à face a Terra, quando é o que há de pior.

A minha inesperada nomeação para pároco de Paredes de Viadores acontece semanas depois de me ver expulso de capelão militar, em consequência de um conluio entre o bispo castrense, D. António dos Reis Rodrigues e o Quartel General do Exército. Já a minha exoneração de pároco resulta de um decreto de exoneração que não me foi entregue, apenas lido presencialmente pelo Vigário da Vara da altura e que não consta no espólio da Cúria da diocese do Porto. Nesse espólio, apenas constará uma Carta que o bispo castrense me garante ter escrito e enviado ao administrador apostólico, na qual me classifica de “padre irrecuperável”. No ideológico entender dele, o pior que se pode dizer de um padre. No meu, de Presbítero-menino que tudo dá de graça, o que de melhor se pode dizer de alguém que nem sequer o Sistema eclesiástico consegue corromper, já que me mantenho fiel, vida fora, à minha matriz original de filho de Ti Maria do Grilo, jornaleira, padre pobre por opção e no celibato também por opção livre e alegre.

Uma Caminhada, realizada domingo 10 de Junho 2018, a primeira organizada na freguesia de Paredes de Viadores, hoje alargada a Manhuncelos, leva-me até lá com mais companheiras, companheiros da ACR FORMIGAS DE MACIEIRA-BARRACÃO DE CULTURA. São quase três horas, sob leve chuva, por caminhos e carreiros nunca andados nem por mim nem pela maior parte da população lá residente. Piso aquele chão num misto de emoção, alegria, júbilo, canto interior e, sobretudo, muita escuta. Os 14 meses que há 50 anos vivo lá, mais nas casas e nos campos então duramente trabalhados pelos caseiros da Fidalga residente na Casa de igreja, do que no templo e na residência paroquiais, acompanham-me nesta Caminhada sem qualquer solução de continuidade. Deste modo, aquele chão e o seu povo voltam a sentir o meu calor e a receber de forma mais palpável o meu Sopro de Presbítero-menino, agora, já com 81 anos de idade e alguns meses.

Após o almoço compartilhado ao modo de grande Comensalidade, num parque gerido pela Junta, é-me dada a palavra para apresentar o meu Livro 48, EVANGELHO NO PRETÓRIO. Emocionam-se, quando lhes digo que o meu primeiro Livro – EVANGELIZAR OS POBRES – publicado em 1969, sucessivas edições e hoje esgotadíssimo, é todo escrito lá durante aqueles 14 meses. Contém os textos de todas as homilias dominicais que lá escuto-escrevo-anuncio. A prova provada, por um lado, da minha séria dedicação-entrega presbiteral, e, por outro lado, do cinismo e da hipocrisia do Sistema eclesiástico católico romano e todos os outros, conluiados entre si, os maiores corruptos e corruptores dos seres humanos e dos povos que demencialmente lhes dizem amen e os servem, em em vez de serem orgânicos com as populações condenadas à miséria-pobreza imposta.

P.S.

Para melhor poderem perceber os mecanismos que o sistema eclesiástico utiliza para tentar corromper, quase sempre com sucesso, os seres humanos, em especial aqueles que um dia ordena presbíteros, têm mesmo de ler o meu Livro aqui referido, EVANGELHO NO PRETÓRIO, Uma Espécie de Autobiografia com Humor e Amor, Seda Publicações 2018. Caso o não encontrem, poderei enviá-lo por correio postal. Só preciso de saber o endereço postal.

A força libertadora e reveladora de 1 twitter

QUE DIRÁ JERÓNIMO DE SOUSA, MEU AMIGO E IRMÃO?

Depois do rasgado elogio ao “humanismo” do PCP que o novo cardeal, D. António Marto, faz na entrevista ao Expresso, por o Partido ter votado NÃO ao lado do CDS aos projectos-Lei de despenalização da eutanásia, quando, há anos, votou SIM à Lei de despenalização do aborto, hoje pacificamente em vigor no nosso país, achei por bem referir o facto ao meu jeito, sempre com Humor e Amor, no twitter que escrevo cada manhã. Saiu-me assim: "Quando até o banqueiro de FÁTIMA $.A. e agora cardeal D. António Marto elogia o PCP pelo seu NÃO à Lei de despenalização da eutanásia, deveria tocar a rebate no partido de Jerónimo de Sousa. Aparentemente opostos são afinal irmãos. A Cúria romana de um é o Comité central do outro."

Imaginava que poderia surpreender, despertar até um complacente sorriso nos lábios de muitos, mas nunca que um tão simples twitter desencadearia uma chuva de comentários, insultos e enorme debandada de “amigos” Fb, definitivamente decepcionados comigo. Aqui d'el rei – salvo seja! – que eu não podia comparar o Comité Central do PCP à Cúria romana que manda no cardeal banqueiro da diocese de Leiria-Fátima. Não podia? Mas então não é público e notório que, desde 1962, quando sou ordenado presbítero da igreja ao serviço da Humanidade, sempre tenho praticado o meu direito à liberdade de expressão, inclusive nos tenebrosos tempos da ditadura salazarista e sua censura e do Index da igreja católica romana? Pago caro, mas jamais abdico de praticar a liberdade, também a de expressão, sob pena de deixar de ser Eu-sou para ser coisa, pau-mandado.

Esta facto fez-me viajar até aos anos 1970-71 e 1973-74, quando, como pároco de Macieira da Lixa, sou preso político duas vezes em Caxias. Depois de um tempo de isolamento, sou finalmente colocado numa cela com mais 7 ou 8 companheiros e digo-lhes à entrada que sou o padre Mário. Constato que todos me olham de soslaio e quase não me falam. São comunistas ou dissidentes ainda mais à esquerda do PCP, então na clandestinidade. Aos olhos ideológicos deles, eu, como padre, só podia ser um “infiltrado” ao serviço da Pide. Foram momentos tensos de solidão e de ostracismo até à hora das visitas, no dia seguinte, quando eles regressam eufóricos e me abraçam efusivamente, ao mesmo tempo que me pedem desculpa pelo ostracismo a que me votaram. Os familiares sossegaram-nos, ao dizer-lhes que eu, padre e pároco de Macieira da Lixa, era politicamente mais perigoso para o regime fascista do que qualquer um deles. Porque padre pobre por opção, por isso, livre, pároco por nomeação episcopal, mas com um viver todo de anti-pároco, incondicionalmente ao serviço da Humanidade, a partir dos mais pobres, das vítimas, dos Ninguém. No sistema, mas sem ser do sistema. Por isso muito mais radical do que eles. E tudo, não em nome de uma Ideologia, como a maior parte deles, mas por fidelidade ao Evangelho-Projecto político de Jesus que pratico-anuncio.

Semanas depois, num dos muitos debates políticos que fazíamos na cela, deparo com espanto no sistemático dogmatismo ideológico de uns contra outros que chega quase a vias de facto. Na minha simplicidade de presbítero menino digo-lhes que essa postura deles me fazia lembrar o dogmatismo dos clérigos católicos fiéis à Cúria romana e ao Código de Direito Canónico. O que eu fui dizer! A cela quase vinha abaixo com o trovejar das palavras de todos contra mim. Embora só, não retirei o que disse e são eles que acabam por reconhecer que tenho razão. Nunca lhes tinha passado pela cabeça, mas na verdade o dogmatismo partidário é em tudo igual ao dos clérigos de topo, porque todo o Poder ou candidato ao Poder é dogmático e unívoco. Quem dissente é excluído. A paz volta então a reinar na cela. E, poucos dias depois do 25 de Abril 74, é uma parte do PCP ainda clandestino que chega a sondar-me para o integrar, o que recuso em nome da universalidade do meu ministério presbiteral. Compreenderam. E passam até a olhar-me como um ”amigo do Partido”. Tanto que, por várias vezes tive entrada gratuita em Festas do Avante, para participar com livros meus em sessões de autógrafos na respectiva Feira do Livro. E numa dessas vezes, vi-me ao lado de José Saramago, já Nobel da Literatura, e do meu amigo Urbano Tavares Rodrigues.

Mas só agora me dei conta da Força libertadora e reveladora que pode ter 1 simples twitter. Como um sinal vivo de contradição que procuro ser, o que faço, digo, escrevo, revela os pensamentos escondidos de muitos. E, por vezes, é muito feio, até inumano, o que revela. Pergunto: Que dirá a tudo isto Jerónimo de Sousa, meu amigo e irmão?!

Dia mundial da criança

PORQUE, SENHORES, DAIS ÀS CRIANÇAS TANTAS DORES?!

Existe cada ano o dia mundial da criança, mas a criança não existe. Existem crianças, aos milhões em cada continente, milhares de milhões no planeta terra. A maioria delas, filhas de Ninguém. Elas próprias, Ninguém. Logo apanhadas e formatadas pelo Poder financeiro, o pai dos outros dois, o religioso-eclesiástico e o político. Depressa, carne para canhão, raptadas, vendidas para a prostituição e assassinadas para o Mercado de tráfico de órgãos. Mão de obra barata, milhões e milhões delas condenadas a ter de trabalhar por conta de outrem, quando deveriam brincar e crescer como crescem as árvores.

Hoje, quase já não há crianças a crescer de dentro para fora em sabedoria e em religação aos demais seres humanos e à natureza, como de Jesus, o filho de Maria, se diz que cresce. Mais do que filhas, filhos dos seus pais, as crianças são filhas do Mercado, o criador do dia mundial da criança. Odeia-as e a prova é que até cria o dia mundial da criança só para mais eficazmente as matar. Infiltra-se nas suas mentes e formata-as à sua imagem e semelhança, para que sejam exclusivamente dele e o sirvam. E, para cúmulo, ainda conta neste seu infanticídio com a entusiástica colaboração dos pais biológicos, avós, avôs, tias, tios e amigas, amigos da família. Empanturram-nas com prendas de todo o tipo, sem perceberem que,com isso, destroem a sua imensa capacidade de criar e toda a relação com os demais, com a natureza, numa palavra, com o real. As gerações destes últimos 5-10 anos desconhecem quase por completo a realidade real. Conhecem apenas a realidade virtual. São órfãos de mãe e de pai. E, para cúmulo. filhas, filhos únicos, com uma variada gama de jogos electrónicos, em vez de irmãos.

Os três poderes como um só apoderam-se, quase ao nascer, das suas mentes e formatam-nas como melhor lhes convém, a pretexto de que estão a formá-las e a prepará-las para a vida. Estão a prepará-las para o Mercado. Infantários, escolas do básico e do secundário, universidades, catequeses cristãs e religiosas, tudo está aí hoje a difundir-impor de fora para dentro a ideologia-teologia dos três poderes. E os pais ainda pagam e ficam, até, muito orgulhosos, quando, mais tarde, a sua filha, o seu filho é distinguido por algum desses poderes e colocado num lugar de destaque, ao exclusivo serviço dos seus interesses, que não dos interesses e anseios dos seres humanos e dos povos. E a verdade é que todos, elas e eles, acabam uns estranhos para os próprios pais. Porque filhas, filhos do Poder nos três poderes, mais do que filhas, filhos deles.

Também o crime da pedofilia prossegue aí de vento em popa e impune. Fala-se muito da pedofilia dos clérigos e com razão. Mas não é a única. Fosse, e estaria hoje em vias de acabar, porque as crianças terceiro milénio já são na sua maioria pós-cristãs e pós-religiosas. O que deveria constituir um passo qualitativo em frente. Não constitui. Porque, em seu lugar, cresce a religião secular e laica que cultua o deus Dinheiro. E as crianças terceiro milénio é o único deus que conhecem e cultuam. Sem nenhum lugar para os outros-como-nós e para a Arte de Cuidar da vida e do planeta. É quase só para o culto do deus Dinheiro que as mães, os pais de hoje dão à luz filhas, filhos. Entregam-nos de imediato ao deus Dinheiro. A pior das pedofilias. Sistematicamente violados por ele, mentiroso e pai de mentira, ladrão e assassino, genocida e ecocida. Acabam por isso iguais a ele: sem afectos, sem ternura, sem mãos, sem pés, sem olhos para os demais. Uns robots de carne e osso, carregados de inteligência artificial, (quase) nenhuma cordial.

As crianças que, dois mil anos depois de Jesus, continuamos a chamar à vida deveriam crescer como ele em idade, sabedoria e religação a todos os demais seres. E, quando adultos, deveriam ser outros Jesus, séc. XXI. Não é o que se vê. Porque o cristianismo financeiro, ladrão e assassino, só lhes garante solidão, abandono e dores, muitas dores.

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Edição 138, Maio 2018

Quem ainda diz que o papa Francisco é diferente?

DO BANQUEIRO DE FÁTIMA, ELE O FEZ CARDEAL!

Um ano depois do centenário das “aparições” de Fátima, o papa Francisco que por então se pavoneou sobre aquele chão encharcado de idolatria e de gente humilhada, houve por bem nomear cardeal de Fátima $.A. o respectivo banqueiro, bispo D. António Marto. O papa sabe que Fátima é hoje o local mais preferido da multinacional Turismo Religioso mundial, logo a seguir ao Vaticano, que é o primeiro. Só que esta sua nomeação vem pôr ainda mais a nu o que verdadeiramente é a igreja católica romana e o que são os seus clérigos celibatários. O Dinheiro é o deus dela e deles. E por um e por outra, os clérigos estão prontos a sacrificar a própria vida. São, no lúcido e sábio dizer de Jesus, “eunucos que o Poder faz tais”. Nascem de mulher, mas depressa acabam filhos do Poder. Um exército de espinheiros em forma humana que só produzem espinhos e abrolhos. Como tal, incapazes de alimentarem em qualidade e em quantidade a Vida. Uma vez que até a sua caridadezinha mata quantas, quantos aceitarem comer desse seu pão-veneno.

Desde que se vê bispo, o clérigo António Marto, oriundo de Chaves, sonha cada vez mais alto. Começa por auxiliar de Braga, até ser nomeado titular de Viseu. Coisa pouca, para tanta ambição. Mete-se então a escrever-publicar uns textos sobre Maria, não a mãe de Jesus, mulher de carne e osso como todas as mães humanas, mas a mítica “virgem maria” do Credo de Niceia-Constantinopla. Sem esquecer, de passagem, a “virgem de fátima”, assim em minúsculas. Os textos são postos a circular pelas dioceses e até pela Universidade Católica onde, antes de ser bispo, chega a ser professor. Resultado: dois anos depois de ser titular de Viseu, o papa de então entrega-lhe de bandeja a diocese de Leiria-Fátima. Um bispo que tece loas à mítica “virgem maria”, é também capaz de tornar-se no grande banqueiro de Fátima. Fica agora mais do que provado que Bento XVI, o teólogo alemão que, uma vez cardeal e papa, matou a Lumen Gentium não se enganou. Com a sua gestão, o Banco FÁTIMA $.A. vai de vento em popa, como o centenário das “aparições” de 1917 veio provar. “Conseguiste”, diz-lhe o papa Francisco, à despedida. A recompensa chega agora. Perante isto, quem ainda diz que o papa Francisco é diferente?

D. António Marto que antes já levitava sobre aquele chão de ouro, corre agora o risco, como cardeal de Fátima, de rebentar de vaidade. Confessa que chorou, ao saber do facto. Chorasse de vergonha, e ainda poderia regressar a filho de mulher e crescer de dentro para fora em humano. Mas não. As suas, são lágrimas de satisfação. É o cardeal português mais famoso do mundo que bate de longe o de Lisboa, que quase ninguém conhece. Para cúmulo, uns restos de ética que ainda permanecem na sua consciência não o deixam ser frio ou quente. É assim como uma lesma, morno, nem frio nem quente. Erudito, inclusive, Prémio Pessoa 2009, mas um quotidiano de apagada e vil tristeza.

Quem rejubila com este novo cardeal português são os chefes máximos dos chamados Órgãos de Soberania, com destaque para o catolicão Marcelo, Presidente da República e o ateu António Costa, Chefe do Governo. Eles bem sabem que o Estado português é laico, por força da Constituição. Mas sabem também que, desde 1940, existe uma Concordata entre os dois Estados, o do Vaticano e o de Portugal. E que esta se sobrepõe àquela. É por isso que os dois, mais os restantes membros dos órgãos de soberania, deputados e juízes, andam sempre com os bispos e os párocos nas palminhas das mãos.

Quem fica a olhar para tudo isto como boi para um palácio são os milhões de cidadãos do país, elas e eles, crentes e ateus tanto faz, porque todos adoradores – as excepções, se as houver, só confirmam a regra – do deus Dinheiro, por isso, a sonharem ser cardeais, se não no eclesiástico, no secular-laico. E se banqueiros como o agora cardeal de Fátima, D. António Marto, tanto melhor. Valha-nos o papa argentino são francisco!...

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A despenalização da eutanásia e a hierarquia católica

É LÍCITO MATAR UM SALUTAR DEBATE COM SLOGANS ?

O debate sempre salutar, quando realizado com honestidade intelectual, sobre a despenalização da eutanásia está na ordem do dia. Pela mão dos partidos políticos com assento parlamentar. Só que a mais do que previsível entrada de rompante no debate por parte da hierarquia católica e de alguns leigos católicos ricos levanta uma outra questão, qual é a de saber se é lícito matar um salutar debate como este com slogans, como ela e eles, em coro, estão a fazer por estes dias. Perante o que nos é dado ler, ver e ouvir, tenho que afirmar aqui que semelhante postura eclesiástica é moral e eticamente insustentável, embora rotineira nos países onde a igreja católica de Roma é estatisticamente maioritária, como é o caso de Portugal. Escrevo, Estatisticamente maioritária, já que, na prática de todos os dias, a esmagadora maioria da população portuguesa é o que com propriedade se pode chamar católica agnóstica ou ateia, uma espécie de pesado lastro sócio-cultural rasca que impede a sociedade de se desenvolver de dentro para fora em humano relacional, até se assumir e aos seus destinos com a saudável maturidade que só mesmo a liberdade promove, garante e alimenta.

Felizmente, a maioria dos deputados da AR já não respira os necrófilos ambientes das sacristias e dos templos, espaços de crime mental organizado, onde as populações, nos séculos de Cristandade, conheceram e ainda conhecem sucessivas lavagens ao cérebro, via baptismo imposto pouco depois de se nascer, catequeses e missas de crianças, de jovens e de famílias, totalmente despojadas de ciência e de bom-senso, de estética e de ética. Tudo nesse universo clerical e eclesiástico está exclusivamente em função de um conceito de deus distante dos seres humanos, intermediado pelos respectivos clérigos e sacerdotes, numa cadeia de poder onde não cabem os seres humanos com voz e vez, tratados todos como menores, eternos pagadores de promessas e portadores de endémicos medos que remontam aos primórdios da Humanidade.

Despenalizar a eutanásia. O objectivo da Lei em debate que se deseja ver aprovada e promulgada é extraordinariamente humanizador, já que se apresenta enriquecido de múltiplos dados científicos, os grandes aliados da Fé de Jesus, a única que nos dignifica, pois nos potencia, de dentro para fora, para vivermos na história como se Deus não existisse. O mesmo é dizer, Tudo o que tem a ver com o ser-viver humano na história é da nossa inteira e exclusiva responsabilidade. Pelo que invocar deus, por tudo e por nada, como faz por exemplo o papa Francisco nos seus twitter diários é ofender-nos a nós próprios e uns aos outros. Também no relacionado com a despenalização da eutanásia. Como já sucedeu, há não muitos anos, com a despenalização do aborto.

Uma coisa fica clara em todos os projectos que estão para debate na AR: a Lei que, no final, vier a ser aprovada por maioria não permite, muito menos manda matar as pessoas doentes em fase terminal, como sugerem os milhares de panfletos-slogans católicos espalhados pelo país. De resto, a decisão de recorrer à chamada morte assistida cabe exclusivamente a cada pessoa doente em fase terminal. Não se trata, obviamente, de uma lei fomentadora do suicídio. O que se pretende é que os clínicos que, a pedido da pessoa doente em fase terminal e clinicamente irreversível, se disponham a ajudá-la a bem morrer, não venham a ser depois penalizados pelos tribunais.

Entretanto, toda a nossa prática política há-de visar bons viveres históricos para todos, de modo que sejam viveres de qualidade e em abundância. Porque a dor e o sofrimento são sempre males a combater. E quando há bons viveres, morrer é tão natural como nascer, já que da arte de bem viver brota, como fruto maduro, a arte de bem morrer. Por isso, canto: E a Morte quando chegar /é bem-vinda. Sou Rio que chega ao Mar /Coisa linda!

De Dezembro, passou para Maio

O MERCADO GLOBAL QUER MATAR AS MÃES!

Ainda o Mercado não era global, e o dia 8 de dezembro de cada ano, o da demencial festa católica da “imaculada conceição de maria” que, absurdamente, dá direito a feriado nacional, era simultaneamente o “Dia da Mãe”. Não das mães. Da Mãe. Um mito, mais. Mães, são seres humanos de carne e osso, com os seus quotidianos. Mãe, é puro mito. Sem carne nem sangue. Sem história. De mitos, estão as religiões e as igrejas cristãs cheias. Totalmente vazias de realidade histórica. Por isso, inimigas dos seres humanos.

Desde que se tornou global, o Mercado decidiu transferir o “Dia da Mãe” para maio, primeiro domingo. Distante, por isso, do natal em que ele faz abarrotar de euro os seus estúpidos cofres, com prendas e mais prendas que vende até à náusea. Com o “Dia da Mãe” em maio, o Mercado global pretende acabar de vez com as mães e, com elas, toda a vida humana, ao empanturrá-las com prendas e mais prendas. Acontece que a data escolhida e imposta por ele coincide com a da proximidade do fim do campeonato do seu futebol dos milhões. Pelo que o seu macabro objectivo de matar as mães e a vida humana atinge o paroxismo do perverso, uma vez que com as mães, mata também os milhões de fãs das SADs que em cada ano e país se sagram campeões

Contra toda esta demência cultural e política, escrevi há anos um Texto-Poema que veio a ser publicado, depois, na pouco conhecida Antologia, AURORA DE POETAS, compilada e editada, na altura, em prol do Barracão de Cultura que, hoje, felizmente, já se encontra em plena actividade cultural nesta aldeia de Macieira da Lixa, onde resido por opção. É esse Texto que aqui partilho convosco. Eis.

MÃE

Mãe. São duas as coisas bem difíceis

para uma mãe: Saber desaparecer a

tempo da vida das filhas e dos filhos para

se poder manter mulher a vida toda; e ter

a audácia de passar de mãe a discípula

dos filhos e das filhas para poder viver o

seu Hoje sob o fecundo sopro do Amanhã.


Também tive mãe. Ti Maria do Grilo nunca

frequentou a escola mas quis que os seus

três filhos a frequentássemos. E fôssemos

de olhos bem abertos. Cultos e sobretudo

sábios. Ela sabia que só os sábios como

Jesus poderão manter-se pobres a vida

inteira e tornar-se um dom para os demais.


Cresci à sombra dela até aos 13 anos e

aprendi da sua pobreza a ser autónomo e

senhor do meu próprio destino como se ela

não existisse. E quando me tornei presbítero

da Igreja do Porto tive a alegria de a ver seguir

o caminho libertador que o Sopro de Jesus

em mim me tem levado a abrir na História.


De mãe que era passou depressa a minha

irmã mais velha e a companheira de jornada.

Nunca a vi interferir no meu viver de homem-

-para-os-demais nem nos inevitáveis conflitos

daí decorrentes. E quando os sinistros agentes

da Pide me prenderam e levaram ao Plenário

do Porto logo ela me seguiu em dor e alegria.


A Missão de Evangelizar os pobres em que

um dia fui investido como presbítero da Igreja

levou-me a viver quase sempre longe do seu

quotidiano. Nunca da sua boca ouvi um reparo

ou repreensão. Tudo compreendia e guardava

no seu coração. Para isso havia sido a minha

mãe. Para me perder e encontrar nos demais.


A notícia da sua agonia alcançou-me em

plena Missão. Era a hora dela partir deste

mundo para o Pai/Mãe em quem todas/todos

somos. A Paz cresceu misteriosamente em

mim. Voei até junto à cabeceira do seu leito.

Desfiz-me em gestos e palavras de ternura e

gratidão. E comunguei o seu Sopro de Mulher.


As lágrimas correram-me espontâneas pela

face. Lágrimas de Paz e de Eucaristia. Havia

aprendido com ela que viver é descer até nos

tornarmos a alavanca em que os últimos dos

últimos se poderão apoiar para chegarem a ser

alguém. E tornarmo-nos Pão e Vinho que dêem

corpo a mulheres/homens livres para a liberdade.


Não esperem ver-me neste dia tecer loas

à mãe de Jesus, o de Nazaré. Com ele aprendi

que a grandeza dela não esteve em ter sido a

sua mãe carnal. Nunca Maria, a de Jesus foi tão

grande como quando se fez discípula do filho e

com ele foi capaz de passar do Testamento da Lei

para o do Vento. Porque só o Vento nos faz livres.

Tudo o que é politicamente decisivo para os povos passa-lhes ao lado

COM QUE SE OCUPAM OS BISPOS CATÓLICOS?

Chega a meter dó, quando abrimos a agência Ecclesia e vemos os títulos das notícias que nos remetem para as principais actividades dos bispos, a começar pelo de Roma, o papa Francisco. De cada vez que o faço, por dever de ofício, cai-me o coração aos pés. A julgar pelos títulos das notícias, os bispos da igreja são os mais frustrados dos filhos de mulher. Vivem na história, mas é como se não vivessem. Tudo o que é politicamente decisivo para os povos de cada uma das nações e do mundo no seu todo passa-lhes completamente ao lado. A eles e aos seus clérigos párocos, carregados de paróquias, nenhum tempo para as pessoas, nem sequer para eles próprios; nenhum tempo para a escuta dos sinais dos tempos e da mensagem de que eles andam grávidos; nenhum tempo para o silêncio e para a fecunda contemplação; nenhum tempo para a Ruah ou Sopro de Liberdade que nos faz plena e integralmente humanos, nos antípodas dos funcionários-mercenários que todos eles são.

E quando calha de os bispos serem notícia noutros media é pelas piores razões. Esta semana, por exemplo, o cardeal patriarca de Lisboa e presidente da CEP é notícia, porque vai presidir à mais do que deprimente e alienadora festa do senhor santo cristo dos açores, assim mesmo, em minúsculas, como minúscula é a importância do evento. Onde a única coisa que conta é o escandaloso tesouro em ouro, a contrastar com a pobreza das populações. São tradições populares, eu sei. Mas até a origem desta festa, perdida nos séculos, é uma vergonha, pelo menos para quem hoje já é terceiro milénio. Um bispo como o da igreja que está em Lisboa e, para cúmulo, Presidente da CEP, deveria perturbar-se perante tradições deste jaez. Não canonizá-las. Ninguém é ordenado bispo da igreja movimento de Jesus para alimentar tradições, nomeadamente, quando estas são manifestamente incompatíveis com o Evangelho de Jesus. E se há evento mais incompatível com a Fé, a Teologia e o Evangelho de Jesus, é esta festa do senhor santo cristo dos açores. O culto do ouro. Do dinheiro. Do sofrimento. Da autoflagelação.

Outro bispo que aparece com bastante frequência nas notícias é o de Bragança-Miranda. E sempre pelas piores razões. Tudo em D. José Cordeiro é oco, encenação. A sua formação em Liturgia poderia-deveria fazer dele um despertador junto das populações de Bragança-Miranda para as causas da Cultura, da Arte e também da Escuta das profundas dores, fomes e sedes das maiorias empobrecidas daquele distrito. Mas não é o que se vê. O que mais brilha no bispo que veio de Roma e vive manifestamente casado com os senhores do avental e do poder do distrito, é o ouro com que se apresenta perante os seus súbditos, mascarado de anel, cruz peitoral, báculo, mitra e pesada capa bordada. O que deixa as populações empobrecidas ainda mais ofuscadas e encandeadas, em lugar de olhos da mente abertos e politicamente activas. Semelhante agir episcopal constitui um crime de lesa-humanidade, engana-povos-tira-lhes tudo, até o pouco que têm. Só não vê quem não queira ver.

Pela mesma via está a ir o novo bispo do Porto. Os seus primeiros dias na diocese são de visita às entidades do distrito, numa retribuição dos cumprimentos recebidos no dia da sua entrada solene no Porto. É bem o bispo do Porto. Não o Bispo da igreja movimento de Jesus que está no Porto. Não pensem que são sinónimos. São antónimos. E o mais trágico é que, para o serem, todas estas entidades eclesiásticas, chamadas bispos residenciais, têm de renegar da sua humana condição de filhos de mulher, quando aceitam a função por nomeação papal. A partir daí deixam de ser filhos de mulher, para serem filhos da puta, que são, teologicamente, todos os agentes do Poder. É por isso que o quotidiano dos povos das nações nunca mais lhes interessa. Só o meramente eclesiástico – espaços sagrados, ritos religiosos, missas, rituais, tudo coisa nenhuma!

Edição 137, Abril 2018

O que (não) são Maio 68 e Abril 74?

URGE DESCRUCIFICAR E PROSSEGUIR A REVOLUÇÃO OUTRA DE JESUS

Nem maio 68, nem abril 74 são verdadeiras revoluções. Aos Sistemas de Poder e seus agentes de turno convém chamar-lhes assim, para manterem submissos, sem grandes custos, os seres humanos e os povos. Não há revoluções, por mais que a história escrita pelos respectivos vencedores insista em chamar-lhes assim. Este seu falar é mentira. Com ele enganam e mantêm cativos os povos na injustiça. A verdadeira Revolução acontece uma única vez na história. É desarmada e tem nome de ser humano. O nome do ser humano, filho de mulher, que pela primeira e última vez na história plenamente a pratica e no-la dá a conhecer. Com duas dimensões: antropológica e teológica. É praticada-anunciada por Jesus, o filho de Maria, entre meados do ano 28 e abril do ano 30. E logo crucificada. Por isso, muito dificilmente prosseguida por outros seres humanos.

Todas as revoluções armadas são a negação da verdadeira Revolução. Muito festejadas pelos vencedores e pela multidão dos seus súbditos. O vencedor é o rei, o chefe, o cristo = ungido para exercer o Poder sobre os que o aclamam, lhe obedecem e lhe dão as filhas, os filhos. Até que surja um outro mais poderoso do que ele, o derrube e se faça logo aclamar rei ou chefe. Todo o vencedor é um opressor em potência. Entre um vencedor de turno e o outro que se lhe segue, o Poder sai cada vez mais refinado, enquanto os seres humanos e os povos ficam cada vez mais sem vez e sem voz. Por muito que se se manifestem livremente nas ruas e gritem cobras e lagartos nas praças.

Os seres humanos e os povos do terceiro milénio temos o imperativo ético de deixarmos cair dos olhos das nossas mentes-consciências as escamas ideológicas e teológicas com que o Poder e seus agentes de turno insistem em manter-nos cegos. Sempre somos levados a ver nos vencedores de turno os nossos libertadores. São os nossos novos tiranos, ditadores. Hoje, mascarados de democratas e de bens-fazeres. Como vencedores, roubam-nos a voz e a vez. E aos intelectualmente mais desenvolvidos corrompem-nos com lugares de topo e compram-lhes o silêncio e a cooperação com os privilégios que lhes dão. Acontece que só a base da pirâmide é o único chão que os seres humanos nascidos de mulher pisam e respiram. Quem deixa a base é sempre um traidor. O Poder chama-lhe promoção, porque é intrinsecamente mentiroso e pai de mentira.

Maio 68 e Abril 74 não são mais do que dois exemplos de falsas revoluções. Derrubam muros e ameias, mas não são capazes de prosseguir a Revolução Crucificada de Jesus, o filho de Maria, de resto, de todo desconhecida nas escolas e universidades, quanto mais confessionais, pior. A única com nome de ser humano, o nome daquele que a pratica-anuncia e por isso acaba historicamente crucificado e abandonado por todos. À excepção de algumas mulheres que vêem nele o antípoda do imperador e dos sacerdotes de turno. O único que faz rebentar dentro delas e sair cá para fora tudo o que elas são e têm de melhor, ao ponto delas se tornarem mulheres-para-os-demais-e-com-os-demais, ao modo dos vasos comunicantes, de cada uma, cada um segundo as suas capacidades, a cada uma, cada um segundo as suas necessidades. Sem nenhum tipo de intermediários, porque todas, todos com voz e vez, sujeitos e protagonistas na história.

É por aqui que, desde o meu natal, procuro ser-ir. Na peugada de Jesus, o filho de Maria, a Revolução outra que só se dá a conhecer em seres-viveres clandestinos. Vivo por isso para descrucificar os seres humanos e os povos, meus irmãos. Recuso o Poder e suas mordomias. Recuso sair da base, mesmo que os do Poder me tenham por maldito, louco ou na conta de não-existente. Como canta, acertadamente, o Texto-poema que escutei nos meus 80 anos, Já fui explosão, big-bang / já fui bebé de embalar/ já fui homem, já sou Vento / e também estrela polar / Tenho sol e tenho água / E toda a Terra p'ra Cuidar.

D. Manuel Linda, Bispo do Porto

PELA ARAGEM VÊ-SE QUEM VAI NA CARRUAGEM

O provérbio popular não engana. Como não engana estoutra afirmação, nele inspirada, Pela solene entrada na diocese, vê-se quem é o novo bispo do Porto. D. Manuel Linda é simplesmente mais do mesmo. Sem tirar nem pôr. Ei-lo, preocupado com os pobres, mas de imediato entronizado no palácio episcopal e na medieva catedral do Porto, com todos os outros poderes autárquicos e militares da região a seus pés. Impensável que assim não fosse. Bispo morto, bispo posto. Desde 1143 que é assim. Nem a República de 1910, nem o 25 de abril 74 alteraram este fado: a multidão do povo na base, as elites dos privilégios sobre ela e, no topo, o bispo, alter ego no Porto do papa em Roma. Muda o agente episcopal de turno, mantém-se o sistema cristão-católico romano, estruturalmente violento, hipócrita, mentiroso, populista.

A entrada é solene. Numa reprodução, à escala diocesana, do universo imperial de Roma, a de Constantino e, hoje, a do papa Francisco, o mesmo que escolheu, nomeou e impôs à diocese D. Manuel Linda. Sem que as populações do território fossem tidas ou achadas. Nem sequer os clérigos que estoicamente aguentam até à morte as paróquias que lhes são impostas. Nas quais muitos enriquecem, sem entretanto, chegarem a saber o que é a felicidade, a alegria, a paz. Muito menos, o que é a política praticada. São eunucos ocupados com míticos ritos e rituais, sempre os mesmos. O que perfaz uma sarcástica modalidade do velho suplício de Tântalo. Uma profissão sem futuro, já que as novas gerações preferem o desemprego a uma tal profissão clerical celibatária que um qualquer robot com inteligência artificial pode desempenhar ainda melhor. É coisa de robots, não de seres humanos. Mas nem os clérigos se apercebem, de tão castrados que são-vivem!

O novo bispo, 62 anos de idade, vem das Forças Armadas e de Segurança. Uma diocese não-territorial criada na sequência do Vicariato Castrense, de má memória, uma vez que nasceu no contexto da criminosa Guerra Colonial em África, para, desse modo, garantir um padre capelão militar a cada Batalhão dos três ramos das Forças Armadas. Já não bastava a Concordata de 1940. Ainda se lhe junta em 1967 o Vicariato Castrense. A simples criação de uma diocese castrense já é uma perversão. Aceitar ser um dos seus bispos titulares é o cume da perversão. Padre Manuel Linda aceitou. E mesmo agora, como bispo residencial do Porto, mantém-se administrador da anterior diocese. Numa acumulação de poderes que diz bem quanto ele e o papa que o nomeia são a negação de Jesus Nazaré e a afirmação histórica do mítico Cristo-poder invicto.

Pelas entrevistas já dadas, percebe-se-lhe uma enorme vontade de ser menos clerical no falar. No universo dos actuais bispos portugueses é o que se pode chamar um bispo jovem. Quer dar-se ares de “juventude”, mas apresenta-se sempre de col(eira)larinho branco ao pescoço. À semelhança do papa Francisco que até cativa ateus cristãos, só porque se dá ares de um “tipo porreiro” que nunca larga a batina branca. O problema é que é com tipos porreiros como o papa jesuíta Francisco e o novo bispo do Porto, D. Manuel Linda, que os grandes poderes financeiros que dominam os povos e os comem vivos melhor se entendem. Uma vez que as suas práticas e discursos são estéreis. Pior, confrangedoramente prejudiciais, porque cheios de ingredientes sonantes, mas vazios de Ruah, ou Sopro Feminino, o único Sopro politicamente mobilizador de todas as vítimas.

Ninguém me viu na entrada solene do novo bispo do Porto. A fazer lembrar a entrada de Pilatos, em abril do ano 30, em Jerusalém. Cujo, dias depois, é intimado pelos sumos-sacerdotes a ter de julgar e condenar no seu Pretório Jesus Nazaré e a executá-lo na cruz do império. Como presbítero da Igreja de Jesus jamais vou por aí. Tão pouco me limito a falar dos pobres. Sou eu próprio padre pobre por opção. Contra a pobreza e as causas estruturais que a produzem.

13 outubro 1917 diz uma coisa, Batalha de La Lys, abril 1918, diz outra

QUEM SE ENGANOU: LÚCIA OU O GUIÃO DO TEATRINHO?!

“A guerra acaba ainda hoje; esperem cá pelos seus militares muito em breve”. Assim reza o Documento 6, Volume I, referente à sexta aparição, 13 outubro 1917. O documento é atribuído ao pároco de Fátima da altura, mas a verdade é que desses primeiros 6 documentos da Documentação Crítica de Fátima (DCF), um por cada “aparição”, de maio a outubro, nunca se encontrou o original! O que se conhece é uma cópia feita pelo Pe. Lacerda, fundador de “O Mensageiro”, com o propósito de impor Fátima ao país e ao mundo. É sobre essa cópia que toda a DCF assenta!!! Tudo obra de alguns clérigos de Ourém, comandados pelo Cónego Formigão (Visconde de Montelo, para o público em geral e para os primeiros livros que publica a propósito), autor do Guião do teatrinho em 6 sessões. Daí a inevitável pergunta, Quem se enganou: Lúcia, a actriz principal do teatrinho, ou o Guião do Cón. Formigão que Lúcia se limita a reproduzir naquela sessão?

A pergunta impõe-se, porque a Guerra não só não acabou naquele 13 outubro 1917, nem os soldados regressaram por esses dias, como, ainda por cima, cerca de 6 meses depois, eles vêm a sofrer o pior dos ataques, na chamada Batalha de La Lys, em 9 de Abril de 1918, na qual, em apenas 8 horas, são mortos pelas bem apetrechadas tropas alemãs 400 soldados, literalmente entregues à sua sorte, esfarrapados, sem munições, sem preparação militar, o que se pode dizer com toda a propriedade, carne-para-canhão. O facto, porém, não impede que o papa Francisco, nos cem anos deste teatrinho dos clérigos de Ourém/ Cón. Formigão, venha a Fátima canonizar os irmãos Francisco e Jacinta, então de 8 e 7 anitos respectivamente, vítimas da pneumónica e dos clérigos que fizeram deles actores juntamente com a prima Lúcia, 10 anitos, que resistiu à pneumónica, porque não foi na cantiga deles, dos “sacrifícios pela conversão dos pecadores”. Enquanto ela comia e bebia, os primos até da água e do lanche que levam como precoces guardadores de rebanhos se privam (Mas às crianças, senhores, por que lhes dais tantas dores?!). Mal chega a pneumónica,“leva-os para o céu”: Francisco em 1919; Jacinta em 1920. Sem que os mesmos clérigos quisessem saber deles para nada.

Percebe-se agora melhor por que, de então para cá, os clérigos passam o tempo a falar do “Milagre do sol” e nunca desta garantia dada a Lúcia pela “aparição” supostamente pousada na carrasqueira, “A guerra acaba ainda hoje”. O próprio Cón. Formigão, chamado pelo bispo a escrever o famigerado “Relatório da Comissão Canónica” atrasa-se que se farta, porque vê-se e deseja-se para arranjar uma interpretação plausível para aquela categórica afirmação de Lúcia, na qual hoje é, manifestamente, hoje”. O Volume II da DCF, pgs 223-228, avança 6 interpretações possíveis, qual delas a mais estapafúrdia e absurda. Como bem explica o meu Livro FÁTIMA $. A., Seda Publicações, maio 2015.

E não é também que, cem anos depois, os 400 soldados massacrados, literalmente carne-para-.canhão, acabam de ser proclamados “heróis” da pátria, a mesma que os abandona à sua sorte e faz deles carne-para-canhão? Os solenes “festejos” acontecem em França, no mesmo local onde se dá o massacre dos 400 soldados e que o Estado francês converteu em cemitério de todos os 1800 portugueses mortos em combate. A presidir a todo este cerimonial branqueador do crime pátrio de há cem anos, os presidentes Macron e Marcelo, acolitados pelo primeiro-ministro António Costa. Crianças foram chamadas a participar. E nem pejo houve em pô-las a cantar a plenos pulmões, “Às armas, às armas / sobre a terra sobre o mar / Às armas, às armas / contra os canhões marchar, marchar”. Sem nunca pararem para atentar no que vomitam, boca fora. Foi por marcharem contra os canhões que os 400 soldados portugueses foram massacrados. Bem sei que as palavras são o refrão do Hino nacional. Mas, à luz deste massacre, não deixam de ser um vómito! O mais execrável dos vómitos!

EVANGELHO NO PRETÓRIO

Uma Espécie de Autobiografia Com Humor e Amor

Seda Publicações, Março 2018

A primeira surpresa que qualquer leitora-leitor deste meu novo Livro tem, é descobrir, logo no primeiro capítulo, que o seu título principal – EVANGELHO NO PRETÓRIO – não é meu. É do bispo D. António Ferreira Gomes. Sugerido por ele, não a mim, mas ao meu Advogado, Dr. José da Silva, precisamente no final do dia em que pela primeira vez saio absolvido do Tribunal Plenário do Porto. Tão pouco, é sugerido para um Livro meu, muito menos este, na altura, nem sequer sonhado por mim. É para um Livro que, no entender do Bispo, o Dr. José da Silva deveria escrever-publicar com as principais peças do Processo que a Pide/DGS organiza contra mim, a acusar-me de subversão política, no exercício das minhas actividades pastorais enquanto pároco de Macieira da Lixa. Uma acusação feita em termos tais, que nem sequer admite caução. E que o Colectivo de Juízes do Tribunal Plenário do Porto, por maioria de dois terços, não só não dá como provada, no decurso das sessões, como vai ao ponto de escrever na sentença que o que ficou provado é que a minha actividade pastoral naquela paróquia é manifestamente exemplar.

O título sugerido pelo Bispo não foi totalmente aceite pelo Advogado. Haveria Livro, sim, mas com um título interrogativo, SUBVERSÃO OU EVANGELHO? Contudo, o título sugerido pelo Bispo fica gravado a fogo na minha mente-consciência de presbítero-menino, então com 33 anos de idade e 8 de presbítero praticante. A paróquia de Macieira da Lixa é a minha segunda e última paróquia. E a nomeação é do próprio D. António, pouco tempo depois do seu regresso do “exílio” dourado de 10 anos – uma eternidade! – que não o chega bem a ser, senão no dizer das organizações políticas clandestinas e dos jornais opositores ao regime de Salazar-Marcelo Caetano. Nem ele nem eu sonhamos então que algum dia haveria eu de sentir o imperativo ético de escrever esta espécie de Autobiografia com Humor e Amor, cujo título principal só pode ser exactamente aquele que D. António Ferreira Gomes, em Fevereiro de 1971, sugere ao meu Advogado.

Sem o risco de errar, posso afirmar que quase ninguém verdadeiramente me conhece. As pessoas pensam que sabem tudo a meu respeito. Ignoram quase tudo. Incluídas as pessoas amigas e mais próximas, entre as quais incluo os condiscípulos que durante 12 anos lectivos, de outubro 1950 até 5 de agosto 1962, frequentamos o seminário tridentino do Porto e fomos ordenados presbíteros pelo Administrador Apostólico com todos os poderes de bispo titular, D. Florentino de Andrade e Silva. Também por isso tive de conceber este Livro e dá-lo agora à luz nestes dias ditos de páscoa judeo-cristã. Malhas que a igreja cristã católica romana e imperial e suas muitas siamesas protestantes tecem. Sem que as populações, vítimas delas, se apercebam de nada, tão peritas elas são em encenações litúrgicas, sempre as mesmas. Cujas chegam a causar náuseas. Sem que as próprias igrejas se apercebam, de tão cegas e autistas.

O Livro (188 pgs) aqui está. Não é fácil encontrá-lo nos escaparates das grandes multinacionais livreiras. Nem ele com tudo de clandestino e de intimidade se sentiria bem nesses espaços, todos tão cristãos, tão poderosos, tão financeiros, tão do único deus que hoje se conhece e cultua, o Dinheiro. Se dúvidas houvesse, aí prosseguem, lúcidas e actuais, as palavras de Jesus Nazaré, não do mítico Cristo ou Jesuscristo, “Não podeis servir a Deus [ = aos seres humanos e povos] e ao Dinheiro”. Têm de o adquirir e ler, para saberem do que é capaz de fazer o Poder eclesiástico para aniquilar e fazer desaparecer os presbíteros ordenados por ela e que depois lhe resistem a ser convertidos em sacerdotes. São pormenores que nunca antes dei a conhecer. Mas é chegada a hora – e é já – de o fazer. Corram, pois, por ele. Ou enviem-me por email (padremario@sapo.pt) ou sms (96 80 78 122) o vosso endereço postal.

P.S.

Desta vez, o Livro apresenta-se com uma Introdução da responsabilidade do Editor, Jorge Castelo Branco. Termina assim: “Proporciono agora aos teus leitores e ao público em geral a oportunidade para te dares a conhecer, a vida de um homem tão injustamente acusado, maldosamente ostracizado ou desgraçadamente incompreendido. (…) Justo agradecer-te o facto de me teres aproximado mais de Jesus do que muitos antes tentaram. Creio agora que o segredo foi por pouco tentares e tanto me mostrares, e isso devo-te em eterna gratidão, mais humano, mais liberto.”

Edição 136, Março 2018

D. Manuel Linda já decidiu

ENTRADA NO PORTO É SOLENE E JÁ DIA 15 DE ABRIL

Cansado de não ter nada para fazer entre militares dos três ramos das Forças Armadas e de Segurança, dos quais tem sido bispo desde 2013, eis que D. Manuel Linda acaba de anunciar ao país e à urbe ou cidade que a sua entrada no Porto é solene e já dia 15 de abril, o mesmo em que completa 62 anos de idade. A diocese, através do seu Administrador, D. António Taipa, já lhe declarou pública obediência filial, tão órfã de pai se tem sentido. Que o paço episcopal, a catedral e VP estão órfãos, é por demais manifesto. Que o Administrador está mortinho por entregar o fardo que, inopinadamente, lhe caiu em cima dos ombros, quando já está à beira de se tornar bispo emérito, é também por demais manifesto. Tanto que até determinou há meses que nas missas celebradas na diocese se pedisse a deus – o dos clérigos – que se despachasse a dar ao Porto um bispo à altura dos tempos e dos desafios! Mesmo assim, demorou 6 meses e 4 dias. Já quanto aos clérigos párocos e aos poucos “fiéis” leigos que ainda frequentam os templos paroquiais, não sei como é que ele soube que eles estão assim tão ansiosos por um novo pai tirano, ainda que mascarado de amigo dos pobres, como já fez questão de publicar.

Escrevo com Humor e Amor, os outros dois nomes de Deus que nunca ninguém viu. Só que o Poder, todo o Poder, e os seus agentes de turno, sobretudo se clérigos, não gostam nada nem de Humor nem de Amor. Quando muito, gostam de dizer-se amigos dos pobres, mas não de trabalhar afincadamente para erradicar as causas que produzem pobres e pobreza em massa. Porque semelhante postura política é martirial e paga-se caro. Muito caro. Uma postura política que o novo bispo do Porto, como o seu imediato antecessor manifestamente não tem. Se tivesse, não falava em “Entrada solene”, a fazer lembrar a entrada triunfal dos antigos e novos imperadores. Chegava discretamente e só se saberia, quando os poderes da cidade se apercebessem de que algo de politicamente subversivo estava a acontecer sem que eles soubessem quem era o portador de semelhante Sopro ou Ruah. Ao ponto de terem de pôr as Forças de Segurança, ainda sem bispo nomeado que as tutele e mantenha domesticadas, a investigar e a agir em conformidade. O que seria difícil de concretizar, já que um bispo vestido como os demais e sem sinais exteriores de riqueza e de poder, seria sempre um bispo clandestino.

De resto, é assim que paradigmaticamente faz Jesus, quando inicia a sua missão de Evangelizar os pobres e os povos, em meados do ano 28, na Galileia, então ocupada militarmente pelos exércitos do império de Roma. Só que, em consequência deste seu modo de ser e de agir político, de dia em público, de noite em clandestinidade, apenas dois anos depois, em abril do ano 30, vê-se traído pelo grupo dos Doze que ele próprio havia escolhido como Sinal do seu Projecto político desarmado, o mesmo de seu Deus Abba-Mãe que nunca ninguém viu, e logo preso político, sumariamente julgado pelo Sinédrio dos sacerdotes e pelo Pretório de Pilatos, condenado à morte pelos dois tribunais, e morto na cruz do império de Roma, a mesma cidade-capital, hoje sede da igreja católica, a do papa Francisco imperador, precisamente o mesmo que acaba de escolher D. Manuel Linda como seu alter ego na diocese do Porto.

É então fácil de prever que, com todo este seu modo de ser-agir político, cheio de pompa e circunstância, escudado pelos militares e polícias do país, dos quais foi o bispo titular, nunca o bispo D. Manuel Linda terá disponibilidade nem vontade de receber o meu abraço de presbítero-jornalista, sem templo nem altar, tal como Jesus, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria. Apesar de o Evangelho de Jesus advertir os seus alter-ego de todos os tempos e lugares: Sabeis que os grandes das nações guerreiam entre si pelo domínio absoluto dos povos e do mundo. Entre vós não deve ser assim. Pelo contrário, o maior entre vós é sempre o servo de todos.” Quem puder entender, entenda!

P.S.
Este é o último Texto Fraternizar de Março. Regresso depois de uma semana de pausa.

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D. Manuel Linda e D. José Cordeiro

E O PORTO AQUI TÃO PERTO, diz um,
E EU A VER O PORTO POR UM CANUDO, diz o outro

Sem que ninguém estivesse à espera, depois de seis meses de “seca”, eis que o super-papa Francisco – nunca outro o foi tanto antes dele, porque ele é o primeiro papa jesuíta, a quem todos os demais chefes de estado devem obediência e reverência e têm de beijar o anel – acaba de nomear D. Manuel Linda, bispo titular das Forças Armadas e de Segurança, para bispo titular do Porto. São assim os desígnios de deus, o do poder religioso que nos quer a todos super-infantis, sempre às suas ordens, dadas através dos seus representantes na terra, os poderosos, não as suas vítimas. O próprio, ao saber-se o escolhido por deus, o do papa de Roma, como bom militar bispo que é, não refilou nem contra-argumentou. E disse, Eis-me aqui, envia-me. E de imediato faz publicar no site da sua nova empresa, a diocese do Porto, uma mensagem de saudação aos seus súbditos, em 10 pontos. Onde não podia faltar a referência aos pobres e excluídos que, no seu escrever, serão objecto dos seus cuidados. Sem nunca deixarem de ser pobres, obviamente. Que seria dos clérigos graúdos e miúdos se não houvesse pobres para eles se lhes referirem, não propriamente para evangelizarem-libertarem-tirarem da sua pobreza imerecida e cientificamente produzida por uma teologia que empobrece e mata?!

Deste modo, D. Manuel Linda pode desde agora dizer urbi et orbi, E o Porto aqui tão perto! Ao contrário de D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, que, nesta altura, sonhava passar pelo Porto a caminho do Patriarcado de Lisboa, onde seria elevado a cardeal e, sabe-se lá, a papa de Roma depois, e que agora tem de dizer, no meio da depressão e frustração em que de repente se vê caído, E eu a ver o Porto por um canudo! Se bem que, esta referência à expressão popular portuguesa, “ver por um canudo”, lhe dê ainda alguma esperança de saltar de Bragança para Braga– ver Braga por um canudo! – cujo arcebispo está quase na idade de se tornar emérito, ao contrário dele, que está aí para durar, durar, como as pilhas duracel. Mas nunca se sabe os desígnios do deus do papa de Roma, para mais, jesuíta, alérgico a cardeais que não alinhem com ele e insistam no fausto e nas orgias de toda a ordem. Sem perceberem que não é por essa via que se ganha a admiração e o aplauso das multidões e até dos grandes grupos financeiros mundiais, todos crentes praticantes do seu deus, o Poder magno, simbolizado no Dinheiro, que tem todos os outros poderes menores ao seu incondicional serviço.

Entretanto, nem o novo bispo do Porto sabe o que o espera, ao aceitar trocar o remanso e o nada-que-fazer da diocese dos militares e dos polícias, para lá das anuais peregrinações a Fátima e a Lurdes, pelo saco de lacraus que vem encontrar à chegada. É certo que aqui tem mais oportunidade de brilhar, de viajar pelo território que é a empresa diocese do Porto, mas não tem praticamente clérigos à altura dos desafios deste início do terceiro milénio e os que tem não têm mãos a medir, não tanto com as actividades pastorais, mas com os seus muitos outros afazeres festivaleiros, próprios de solteirões sem Causas e sem Projectos, nenhuma espiritualidade. E depois aquele montão de dívidas que o seu antecessor, abruptamente, roubado para o céu pela ciumenta senhora de fátima, à qual ele levou a diocese a ajoelhar-se diante da sua imagem cega, surda e muda, deixou a quem lhe sucedesse. Nem o novo bispo sonha. Mas também não é isso que lhe vai tirar o sono, porque conta com a “obediência filial” até dos seus bispos auxiliares, que o aguardam com ansiedade, de tão órfãos que se têm sentido.

Meu caro Manuel Linda, Bispo. Tens-me aqui de braços e coração abertos. Quero encontrar em ti o Bispo da Igreja que está no Porto. Tenho de reconhecer que começas mal. Não me revejo na tua mensagem. Tens por isso de cair na conta de que a fé cristã-religiosa e o seu deus, são inimigos da Fé e do Deus de Jesus. Não me revejo na tua mensagem. Ou te descobres, aos 61 anos, bispo da Igreja-Movimento de Jesus que está no Porto, ou continuas caído na idolatria, a distribuir ópio e encenações às multidões oprimidas e cativas na injustiça. E, neste caso, melhor fora que não tivesses nascido.

8 de março de cada ano

DIA MUNDIAL DA MULHER OU DO FEMININO?

Desde que iniciamos os tempos do Grande Mercado, passou a haver dias para tudo e mais alguma coisa. E entre este tudo e mais alguma coisa, há também O Dia Mundial da Mulher, no singular, como a sugerir que se trata de mais um, entre muitos outros objectos, de mais uma, entre as muitas peças da engrenagem social. Não há obviamente o Dia Mundial do Homem, porque no reino do patriarcado-Mercado, todos os dias são dele. Dia da Mulher, incluído. Pelo que a ter de haver um dia especial que nos diga igualmente respeito, às mulheres e aos homens, deveria chamar-se – é uma proposta que aqui sugiro – Dia Mundial do Feminino, sem dúvida, o grande desconhecido, desde que há animais racionais. O Faz-nos mais falta do que o pão para a boca, mas nunca demos por isso, porque o deus macho e todos os seus sistemas de Poder são a negação do Feminino e também os seus assassinos, sempre que ele, inopinadamente, acontece aqui e ali.

Com o reino do Dinheiro-e-do-Mercado que é hoje o nosso mundo, até o Dia Mundial da Mulher acaba subrepticiamente por contribuir – e de que maneira! – para a mais completa descriação das mulheres e dos homens. Já que o mais que as mulheres são estimuladas a fazer é imitar-reproduzir, ao seu modo, o deus macho, o Poder, e logo no mês de Março ou Marte, o deus da Guerra, coisa exclusiva de macho, no império romano. Por este andar mais do que desgraçado, até já se começa a falar hoje num tempo pós-Humano, quando nem sequer descolamos da condição de animais racionais. Desconhecemos por completo que o Feminino, ou a Arte de Cuidar de si, dos demais seres humanos e da Terra, nossa casa comum, é a essência dos seres humanos que nos faz qualitativamente distintos dos animais racionais. E porque estamos hoje acriticamente cada vez mais embarcados na onda da inovação tecnológica a qualquer preço, acabaremos, a breve prazo, reduzidos a menos do que as sofisticadas máquinas dotadas de inteligência artificial, devoradoras de tudo o que é vida, sobretudo, a Vida Humana Consciência.

No princípio, foi o matriarcado. Não o Feminino, que só se manifesta na Fragilidade vivida em reciprocidade maiêutica, assumida como a mais-valia da Vida, quando esta alcança o patamar da Consciência, inevitavelmente orientada pelo mais belo princípio a que é capaz de chegar a Evolução iniciada no big-bang, De cada uma, cada um segundo as suas capacidades, a cada uma, cada um segundo as suas necessidades. O matriarcado mais não foi do que o patriarcado assumido por mulheres mães, detentoras do Poder. Fosse o Feminino e não haveria Poder, não haveria domínio das mães sobre os pais. Haveria Fecundidade, Fragilidade-em-reciprocidade, Vida Consciência. Mas então só com as mães era possível constituir genealogias, uma sofisticada forma de poder, de domínio, já que predominava o regime de acasalamento generalizado e indiferenciado. E uma vez que cada fêmea poderia acasalar com diversos machos, sabia-se, de certeza, quem era a mãe – é das mães que nascemos – não se sabia quem era o pai.

Porém, com a chegada do sistema poligâmico, um homem com muitas mulheres, à semelhança de um deus com muitos súbditos, o patriarcado destrona o matriarcado. Todos os nascidos das mulheres de um homem são filhos dele. Até as religiões-fés religiosas tornam-se patriarcais, adoradoras de um só deus todo-poderoso. E com a chegada dos Livros sagrados, nunca mais as mulheres e mesmo a generalidade dos homens têm voz e vez. Só as elites do Poder. O macho. Primeiro, com os sacerdotes ao comando. Hoje, com o Grande Mercado e seu deus todo-poderoso, o Dinheiro.

Ou somos intrinsecamente Feminino, Fragilidade Humana, Arte de Cuidar de nós, uns dos outros, fecundo útero gerador de Seres Humanos-Consciência, a meta final da Evolução, ou acabamos escravos, comandados por robots dotados de super-inteligência artificial.

27 de Fevereiro de 380-27 de Fevereiro 2018

OU CRISTÃOS CATÓLICOS, OU DEMENTES E LOUCOS

O Édito do imperador Teodósio I é taxativo: Ou Cristãos católicos, ou dementes e loucos. É assim desde 27 de Fevereiro de 380 (há 1638 anos). “Ordenamos – reza a lei imperial – que tenham o nome de cristãos católicos quantos sigam esta norma, enquanto os demais os julgamos dementes e loucos sobre os quais pesará a infâmia da heresia. Os seus locais de reunião não receberão o nome de igrejas e serão objeto, primeiro da vingança divina, depois castigados por iniciativas concretas que adoptaremos seguindo a vontade celestial.” Até ao Concílio Vaticano II (1962-1965), é assim que o Ocidente, com a sua Cristandade, pensa-vive-age. E impõe aos demais povos, lá onde quer que chega com a missão de dilatar a fé e o império. Quantos resistem a fazer-se cristãos católicos romanos são logo tratados como dementes e loucos. Objecto de perseguição e de excomunhão. E tudo sem quaisquer remorsos, porque feito em nome de deus, o do império de Roma. Hoje, o do império do Dinheiro, convertido no único deus de crentes e não-crentes.


Este nosso hoje é o tempo da Ciência. Não mais o tempo da(s) Crendice(s), em todas as suas modalidades. Mas não é ainda, como já deveria ser, o tempo dos seres humanos e dos povos. Terá de o ser e quanto antes, ou simplesmente não será. Porém, nunca choraremos bastante os incontáveis crimes cometidos em nome da chamada fé cristã católica romana e demais fés religiosas, com destaque para as dos chamados Livros Sagrados, nomeadamente, a Bíblia judeo-cristã e o Alcorão. Segundo eles, quem não for cristão católico romano, cristão protestante, muçulmano, é demente e louco. Infiel. Como tal, tem de ser abatido, nem que seja apenas de forma simbólica, não-cruenta. É o que determina, actualizado em cada geração, o Édito do imperador Teodósio I, de Roma.


Reza a História que o Império romano caiu. Mentira. Uma vez fundado, o império nunca cai. Recria-se, sempre que é derrubado por outro mais forte e mais actualizado. O velho dá lugar ao novo. Ainda que não pareça, é sempre o mesmo império. Mudam as máscaras, os nomes dos mandantes, não muda o império. Prossegue sob outros disfarces, outros nomes, outros métodos mais refinados. Por isso, cada vez mais império. Cada vez mais invencível. De império romano, passa a igreja cristã católica romana. Por decisão do imperador Teodósio. É o primeiro a dar-se conta de que, para prosseguir, tem que ceder o trono a outro tipo de imperador e de império, o Papado. Os papas são depois dele os novos imperadores de Roma. E quem não for cristão católico, súbdito deles, é demente e louco. Objecto de desprezo. Espoliado dos bens. Da honra. Do bom nome. E, se dissente dele e lhe resiste activamente, é queimado-crucificado nas praças públicas, para servir de exemplo aos demais. Como sucede no ano 30 com Jesus, o filho de Maria.


São assim os tenebrosos séculos da Cristandade, de má memória. E ainda os dias, anos que vivemos, neste início do terceiro milénio. Os papas de Roma, embora agonizantes, continuam a dar algum jeito ao império e ao seu deus, o Dinheiro. São, até, os seus maiores figurantes. Dizem muito, mas não fazem o que dizem. E tudo o que dizem e fazem é inócuo, venenoso, até, como inócuas, venenosas são as grandes manchetes que os grandes media mundiais fazem com o que eles dizem e fazem. São o combustível envenenado de que o império cristão católico, hoje, laico – o Dinheiro – necessita para poder prosseguir a destruição em massa das mentes humanas e do planeta. Sem sequer ter de recorrer às pesadas armas nucleares. A não ser pontualmente, como por estes dias está a fazer-se às escâncaras na Síria do ditador Assad. Deste modo, e ainda que não pareça, continua aí em vigor o Édito do imperador Teodósio I – Quem não é cristão católico (= quem não é adorador do Dinheiro), é demente e louco. Pelo que o mais cristão católico hoje (= o mais servidor do Dinheiro) é o papa Francisco. Louvado por crentes e não-crentes. Enquanto quem ousa ser simplesmente Humano, é demente e louco!

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Edição 135, Fev.º 2018

Paulo VI na grelha de partida para os altares católicos

FRANCISCO JESUITA É O PRÓXIMO PAPA SANTO?!

Foi preciso ser entronizado papa de Roma um jesuíta argentino, para os povos do terceiro milénio finalmente perceberem que o Papado e a Cristandade a que ele deu origem são o que há de mais absurdo. Consciente desta realidade, a postura menos obscena que, neste início do terceiro milénio, resta ao papa Francisco é fazer-lhes o funeral. Com toda a pompa fúnebre que é devida. É essa pompa que a canonização de Paulo VI irá ter, já que ninguém de bons princípios seria capaz alguma vez de tão absurda decisão.

O sádico fundador dos jesuítas, Inácio de Loyola, condenou todos os seus seguidores ao voto de obediência, como um cadáver, ao papa de turno. Francisco, jesuíta, sabe-se por isso obrigado a obedecer, como um cadáver, a si próprio, já que é ele o papa de turno. Só que tanta obediência junta dita irremediavelmente o fim do papado e do seu império católico – a Besta, no lúcido dizer do Apocalipse – reiteradamente apresentado ao mundo como o império do Bem, quando é o império do Mal. Ou, em palavras teológicas de JESUS SEGUNDO JOÃO, “o Pecado do Mundo”. Por isso, o pai de todos os males, de todos os pecados, cometidos sob a bênção do deus todo-poderoso, o do Credo de Niceia-Constantinopla e da sua famigerada Cristandade

A anunciada canonização do papa Paulo VI em 2018 é, pois, a pompa mais fúnebre que o seu sucessor jesuíta encontrou para enterrar a Cristandade e o papado que a fundou. Bastará lembrarmo-nos que Paulo VI é o papa da pornográfica Encíclica “Humanae Vitae” que provocou o público repúdio de muitos bispos residenciais e teólogos de Teologia Moral. E deixou estupefacta e envergonhada a comunidade científica que vê – e bem – no consciente uso da pílula uma boa maneira dos casais poderem assumir maternidades e paternidades programadas e responsáveis. Uma realidade hoje não só desejável, mas possível.

Felizmente, o desenvolvimento da Ciência e da Consciência no mundo é imparável. Perante uma e outra, fogem a sete pés o Obscurantismo e os “milagres” de que a Cristandade sempre se orgulhou e com os quais se impôs tiranicamente aos povos tolhidos de Medo. Coisa própria de um deus sádico e cruel, já que, a troco de umas quantas rezas, peregrinações e, sobretudo, chorudas ofertas em ouro ou em dinheiro aos clérigos, é posto a curar uma ou outra doente entre milhões que continuam aí a penar.

São também deste teor rasca os “milagres” atribuídos ao papa Paulo VI, o da anti-pílula. Para ser beatificado, em 2010, atribuem-lhe a cura de um feto, supostamente, doente, ocorrida em 2001 nos EUA . E, agora, para poder ser canonizado, o semanário “La Voce del Popolo” da diocese de Bréscia apressa-se a divulgar a cura “milagrosa” de uma bebé, ainda no ventre da sua mãe, cuja corria o risco de abortar devido a uma patologia!!! A grávida meteu-se – vejam só – a peregrinar a um santuário da terra natal de Paulo VI, e a bebé nasceu sem problemas a 25 de dezembro de 2014.

Só um papa que não suporta o bom e o belo que é para os casais conscientes a vivência da sexualidade, na sua plena dimensão de conjugalidade, livre de gravidezes não programadas, por isso, não-desejadas em determinados períodos das suas vidas, é que pôde decidir contra o uso da pílula, exactamente o contrário da recomendação que lhe foi sugerida pela Comissão de peritos que ele próprio nomeou para esse fim. Ter, em 2018, como prémio, a subida aos altares católicos do mundo pela mão do papa Francisco jesuíta, é o fim da Cristandade e do Papado. Pelo que, a partir de agora só fica a faltar que o próximo papa santo seja o próprio Francisco, o jesuíta argentino que não se atreve a visitar o seu país natal. Porque os argentinos vítimas do ditador Videla têm memória e não lhe perdoam o seu cúmplice silêncio, a troco de certas benesses que recebeu dele!

Jogos Olímpicos de Inverno

COREIA DO SUL ENGOLIDA PELA COREIA DO NORTE?

O líder da Coreia do Sul convidou, e o líder da Coreia do Norte, surpreendentemente aceitou. Mais surpreendentemente ainda, fez-se representar nos Jogos Olímpicos de Inverno, um evento que mobiliza multidões e televisões, pela sua própria irmã. A bandeira das duas Coreias unificadas encabeça o desfile na Sessão de inauguração transmitida urbi et orbi. Na véspera, o mesmo líder avança com um desfile do seu potencial militar e dos seus soldados quase robots, de tão perfilados e sincronizados que se apresentam ao mundo. As imagens falam. As datas são milimetricamente escolhidas. E mediaticamente divulgadas. Para bons entendedores, estas decisões do líder da Coreia do Norte bastam para gritar o que está na mente dele, onde não cabem os escrúpulos. Ah! E não esquecer que a irmã do líder, uma simpatia de mulher robotizada, foi portadora de uma mensagem manusescrita do seu pai e líder a convidar o líder da Coreia do Sul a visitar a Coreia do Norte. Tudo isto, na era de Trump nos EUA, de Putin na Rússia, de Xi Jinping na China, de Benjamin Netanyahu em Israel, de Guterrez na ONU e do papa Francisco em Roma. Todos estes pormenores apresentam-se, por isso, objectivamente carregados de assustadoras revelações.

Revelam, entre outras coisas, que as populações dos Estados do terceiro milénio são, na sua esmagadora maioria, populações pós-religiosas, pós-cristãs, pós-islâmicas. Ainda que as estatísticas de praticantes pareçam gritar o contrário. Não gritam. Aliás, as multidões e as estatísticas nunca gritam. São apenas multidões, estatísticas. E quando as multidões não aceitam a mera condição de estatística, são reduzidas a carne-para-canhão. Voz e vez nunca as multidões tiveram, nem quando ainda havia alguns escrúpulos de ordem moral nos sistemas de Poder, porque de ordem ética nunca houve. Existem só para que as elites do Poder brilhem. E orgulhosamente prontas a dar a própria vida, se os divinos líderes – Cristos – lho proporcionarem. Numa auto-imolação que os faz mártires!!!

É este o tipo de mundo que somos e temos. E sempre será assim, enquanto a Ideologia-teologia do Poder não for decapitada na mente das populações. Mas como o há-de ser, se os chefes das religiões e de todas as escolas-universidades do mundo trabalham dia e noite para as manter cativas na sua ignóbil condição? Sem esta decapitação nas mentes das populações e das elites dos privilégios, o tipo de mundo de amanhã é ainda pior do que o de hoje e assim sucessivamente até à planetária destruição da vida. Sem qualquer sobrevivente para contar como que era antes. Ficará então apenas o vazio e o silêncio. Até um inesperado terceiro dia, porventura, milhares de anos depois.

Os jogos olímpicos de inverno deste ano na Coreia do Sul apresentam-se tremendamente engatilhados. Para cúmulo, no contexto da destruição em massa da Síria, cada vez mais reduzida a escombros e a valas comuns abertas pelos sucessivos rebentamentos de potentes bombas, lançadas pelos aviões dos diversos Estados envolvidos. Tudo nos grita que a diplomacia morreu, que a ONU morreu e que até o papa de Roma, jesuíta q.b., o mais que pode fazer é presidir ao seu pomposo funeral, ao som do Requiem de Mozart.

É manifesto que o líder da Coreia do Norte, hoje uma pequena potência nuclear, está prestes a engolir o líder da Coreia do Sul e assim unificar as duas Coreias. Nenhuma potência o travará. Não tem potencial nuclear bastante para destruir o planeta. Mas tem o bastante para pôr todos os outros líderes mais nuclearmente poderosos a fazê-lo. A menos que as minorias dos privilégios se convertam em minorias orgânicas com as populações e as façam crescer de dentro para fora em voz e em vez. De modo que passem de populações-estatísticas a populações-sujeito dos próprios destinos e dos destinos do planeta. É por aqui que vai a via política de Jesus. Mas quem a pratica?!...

O absurdo Calendário gregoriano e litúrgico

PRATICAR A QUARESMA É PECADO!

Praticar a Quaresma imposta pelo calendário gregoriano e litúrgico é pecado. Semelhante prática não vem de Jesus Nazaré. É típica do cristianismo, nomeadamente, depois que se torna imperial, adorador da cruz, o magno instrumento de tortura em que Jesus Nazaré é crucificado e o seu cadáver é de imediato lançado à vala comum. Sem sacerdotes a presidir, atarefados que estão na altura com a celebração da sua páscoa, a daquele ano 30. A maior fonte de receita anual para eles que, juntamente com as receitas dos sacrifícios de animais 24 horas sobre 24 horas, lhes garante vida faustosa. Tudo em nome de deus, o de Moisés e da casa real de David-Salomão, o pai da Bíblia escrita em hebraico, a pequena-grande biblioteca mais perversa do mundo, traduzida em quase todas as línguas faladas, cujos livros mostram como o Poder consegue ter a mente dos povos nas mãos e fazer deles gato-sapato. Uma vigarice de todo o tamanho que o Ocidente, na sua ambição de ganhar o mundo inteiro, transformou em arma, a mais mortífera de todas, porque mais do que matar os corpos das populações, mata-lhes a alma, a identidade, o Eu-sou que cada uma, cada um de nós é, desde a conceIção no útero materno. Conseguido este objectivo, tudo o mais vem por acréscimo. Sem que as populações tenham capacidade de reagir, muito menos de se aperceber do crime dos crimes que tudo isto é. Um crime totalmente impune e até estimulado-financiado.

É como lhes digo-escrevo: Praticar a quaresma é pecado. Não ofende Deus que nunca ninguém viu, mas os seres humanos e os povos das nações que o cristianismo e seus agentes de proa estão sempre a ver, sem ver, porque só os vêem como outros tantos alvos a abater. ou objectos de usar-e-deitar-fora como coisas. E é pecado porque é anti-natura. Nascemos e viemos ao mundo, não para penar e sofrer, como diz a quaresma, mas para crescermos de dentro para fora em vida de qualidade e em abundância, numa planetária Comensalidade, onde cada qual é activo-criativo segundo as suas capacidades e recebe-beneficia de tudo segundo as suas reais necessidades. Somos até este momento – vejam só! – o fruto mais conseguido da ruah-sopro maiêutico emitido pelo big-bang, há 13 mil e 750 milhões de anos. Porque somos corpos viventes Consciência que faz de cada uma, cada um de nós, Eu-sou único e irrepetível e do conjunto de todas, todos, Nós-somos-em-relação, ao modo dos vasos comunicantes. Em nós, o instinto cede o lugar à Consciência crítica, o determinismo cede o lugar à Liberdade, o medo cede o lugar à Autonomia e o gregarismo cede o lugar à Cooperação maiêutica, fora da qual é o inferno histórico. Cabe-nos, por isso, a sublime responsabilidade ética de cuidarmos de nós, uns dos outros, do próprio planeta Terra e até do Cosmos ainda em expansão!

Os dois mil anos de cristianismo são a negação de toda esta beleza e a afirmação do inferno histórico. Dizer cristianismo é dizer império, domínio, latrocínio, assassínio. Vejam que ele faz da cruz – o instrumento máximo de tortura do império – o seu símbolo máximo, o seu ADN. Porque, no seu dizer teológico, é do Sofrimento que vem a redenção. O próprio conceito de Redenção já é perverso, porque inumano. Só indivíduos e povos já assassinados nas suas mentes-consciências, podem ver com bons olhos um sistema de Poder que não olha a meios para alcançar os fins que se propõe: roubar, matar e destruir. Quando, à luz da Fé e da Teologia de Jesus, somos contínua Criação, não Repetição. Fazemos novas e boas todas coisas, não novos instrumentos de tortura.

Praticar a quaresma é pecado. É insistir no Medo e cultuar os deuses que ele cria-alimenta. No caso da quaresma, é cultuar o deus etrusco da morte e da purificação, de seu nome, Fébruo, que o império romano, o Medo institucionalizado, incluiu no seu Panteão, juntamente com todos os outros e ao qual, em cada aproximação da Primavera, oferecia sacrifícios de animais. A quaresma faz pior: sacrifica a deus as próprias pessoas!

Minorias orgânicas maiêuticas precisam-se

SEM POLÍTICA PRATICADA NÃO HÁ SALVAÇÃO

Para fazermos pão, não basta termos massa. A massa precisa de fermento misturado com ela, a modos de clandestinidade. Depois de pronta, vê-se a massa. Não se vê o fermento. Mas é o fermento que faz levedar a massa e esta, levedada, vai ao forno e torna-se pão nosso de cada dia. De igual modo, para edificarmos uma sociedade qualitativamente alternativa à presente gerada e alimentada pelo judeo-cristianismo, cujo deus é o Dinheiro-Poder financeiro alojado nas mentes dos agentes de turno dos Estados e dos seus sistemas, as populações, os povos carecem de minorias orgânicas maiêuticas que, como o fermento na massa, vivam discreta e humildemente religadas a elas, a eles, a “puxar” por elas, por eles, de dentro para fora, para que cresçam em sabedoria e reciprocidade afectiva, voz e vez, liberdade e autonomia, consciência crítica e ciência, ao modo dos vasos comunicantes, de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas reais necessidades. Só assim conseguimos sair dos actuais sistemas de Poder – o religioso, o político e o económico-financeiro – e somos progressivamente Política praticada. Sem a qual e fora da qual não há salvação.

Esta é uma via “porta estreita”, invulgarmente simples, por isso, invulgarmente difícil, como tudo o que é simples. São poucas as mulheres, poucos os homens que, em cada geração, se dispõem a fazê-la sua e a praticá-la, vida fora, num estilo de vida reduzido ao essencial, apenas com o indispensável para cada dia. O Poder sabe disso e trabalha dia e noite para atrair a ele todos os nascidos de mulher mais capacitados e com mais oportunidades para se desenvolverem. São múltiplos e cada vez mais refinados e sofisticados os meios que o Poder e seus sistemas dispõem para conseguir este objectivo, junto de cada geração que vem a este mundo. A própria lei do menor esforço, típica do viver das multidões, é por aí que vai. E a generalidade das populações, dos povos, é também por ela que maioritariamente se rege no seu dia a dia. O Poder sabe disso e porque é intrinsecamente perverso, consegue nefastos êxitos, como a nossa actualidade no-lo grita a todo o instante. Quantas, quantos poderiam-deveriam ser minorias orgânicas maiêuticas entre e com as populações, os povos, mas acabam por integrar as minorias privilegiadas ao serviço do Poder e seus sistemas. Sem quaisquer remorsos, apesar de objectivamente serem minorias traidoras às populações, aos povos.

Três mil anos de judaísmo e dois mil anos de judeo-cristianismo-islamismo trouxeram-nos a este tipo de mundo-inferno que hoje vivemos. Para cúmulo, as religiões, igrejas cristãs, mesquitas e grandes media – todos propriedade do Poder e ao seu serviço – servem-nos, minuto a minuto, overdoses de Publicidade e de Banalidades, de modo a reduzir as populações e os povos das nações a meros consumidores, com horários de trabalho forçado, seguido de compulsivas diversões, as mais alienadoras, que lhes matam a fome de Cultura, de Poemas, de Comidas-partilhadas-com-debates. Para que não cheguem nunca a ser populações e povos com Consciência crítica, sujeitos dos seus próprios destinos. Apenas coisas-que-mexem, robots, assalariados, mercenários, assassinos.

A primeira e única vez na História em que populações e povos conhecem um ser humano minoria orgânica maiêutica, é entre meados do ano 28 e abril do ano 30, na Galileia, primeiro, depois em Jerusalém, onde acaba crucificado pelos agentes de turno dos sistemas de Poder, o religioso, o político e o económico-financeiro. O seu nome é Jesus, o filho de Maria. Um nome maldito, por isso impronunciável desde então. O grande desconhecido, até nas escolas-universidades do mundo. A fragilidade humana, nos antípodas do mítico Cristo ou Jesuscristo, o filho de David, o Poder no seu grau máximo. Ele e só ele é o alfa e o ómega das minorias orgânicas maiêuticas, por isso, o Caminho, a Verdade e a Vida que, praticado em cada geração, nos faz dar corpo a uma sociedade totalmente outra. Humana e sororal. Quem hoje se atreve a dar-lhe corpo?!

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Edição 134, Janeiro 2018

América Latina sangra e grita contra Francisco

A MAIS DESASTROSA VIAGEM DO PAPA

Foi preciso chegar a bispo de Roma e papa da igreja católica um cardeal argentino para fazer sangrar e gritar ainda mais o já sofrido e empobrecido Continente Latino-americano. A sua primeira viagem ao Chile e ao Peru é, sem dúvida, a mais desastrosa deste papa. Fica provado perante o mundo que Francisco, como desde o princípio tenho afirmado, não é excepção à regra. Tal como os seus antecessores, dá mais crédito à palavra de um dos seus bispos de topo, do que à gritante e dolorosa palavra das vítimas da pedofilia dos clérigos. Sabemos todos que há pedófilos que não são clérigos. Os pedófilos clérigos só são mais notícia, porque sempre nos quiseram convencer da santidade de todos eles. Os factos sempre nos gritam o contrário, mas são sistematicamente escondidos, silenciados. Aquelas vestes com que todos se mascaram ajudam a encobrir muita podridão. Fazem deles seres à parte, acima de qualquer suspeita. Todos são nascidos de mulher, mas quando fazem deles clérigos, arrancam-lhes o ADN de seres humanos e substituem-no pelo de mercenários ao serviço do Poder monárquico absoluto, o papa de Roma, o mercenário-mor. Sangra-me o coração, ao escrever isto, mas alguém tem de o dizer. E aqui fica dito, para que ousemos todos regressar quanto antes ao ADN humano.

Não ignoro que os clérigos católicos não são os únicos nascidos de mulher aos quais arrancam o ADN humano. Eles próprios, com o tempo, têm gerado outros semelhantes a eles, clérigos também, mas laicos. Todo o que aceita ser poder, aceita que lhe arranquem o ADN humano. Os povos das nações ficam privados de voz e vez, porque levados a delegá-las noutros, olhados por eles como mais capazes de o fazerem. Não são. Só a Propaganda diz que são. Vivem a tempo integral para aquilo. Tanto que alguns passam de servidores do poder, a poder. Religados entre si, não pelo ADN humano, mas pelo do mercenário. Esses estão aí só para roubar, matar e destruir. São clérigos laicos. Move-os o mesmo o ADN. Ao fim e ao cabo, são todos mercenários ao serviço do Poder monárquico absoluto, o papa de Roma. Até o poder financeiro. De modo que o poder financeiro é o papa de Roma e o papa de Roma é o poder financeiro. Tudo o que nos é mostrado a nós, os povos, é Propaganda, Encenação. Que tomamos por realidade.

Hoje, o tipo de mundo que cada uma, cada um de nós conhece, quando nasce, é já um mundo assim. Ao qual foi arrancado o ADN humano e substituído pelo do mercenário. Onde tudo está organizado para que os nascidos de mulher não sejam seres humanos vasos comunicantes, mas mercenários religados uns aos outros ao serviço do Poder monárquico absoluto, o papa de Roma, o Dinheiro, ainda que hoje se nos apresente mascarado de Francisco. Tudo está cientificamente organizado para produzir muito poucos cada vez mais ricos e multidões de muito pobres cada vez mais pobres. Embora a Publicidade diga que produz riqueza. Produzisse riqueza e seria repartida por todos os povos segundo as suas reais necessidades. Nunca monopólio de poucos muito ricos.

À beira deste crime de lesa-humanidade, lesa-povos e lesa-planeta, os crimes de pedofilia dos clérigos católicos só são notícia destacada nos grandes media, porque até eles ajudam a desviar as atenções do crime maior que é a produção de poucos muito ricos e de muitos muito pobres. Com o papa de Roma, poder monárquico absoluto, hoje, poder financeiro ao leme. Graças a ele, este tipo de mundo intrinsecamente inumano avança, impune, com os melhores cérebros ao seu serviço. Mercenários, todos. É por isso um mundo sem amanhã. A menos que ousemos regressar ao ADN humano, o dos nascidos de mulher, plena e integralmente presente e activo em Jesus, o filho de Maria. Gerador de um mundo onde todos temos voz e vez, produzimos riqueza segundo as nossas capacidades e recebemos dessa mesma riqueza segundo as nossas reais necessidades.

Agora, mulheres e homens “dão missa” aos domingos!

SERÁ QUE JÁ NEM FREI BENTO DOMINGUES SE APROVEITA?

Constato que Frei Bento Domingues, meu amigo, anda muito preocupado com a não existência na igreja católica de mulheres sacerdotes (cf. PÚBLICO 14JAN2018). Por mim, duvido que, neste terceiro milénio, ainda haja mulheres que queiram semelhante castração clerical-sacerdotal, quando é manifesto que já nem os homens querem ser clérigos ordenados. O papel que lhes continua a ser atribuído na sociedade é tão caricato e estéril que não é mais uma ocupação que se recomende a ninguém, muito menos a mulheres que se prezem da sua condição feminina e da sua vida erótica sexual genital, da qual pode resultar uma gravidez ou várias, sempre bem-vindas, se desejadas e programadas. Esta postura pública do meu amigo dominicano leva-me a perguntar com humor teológico, Será que já nem Frei Bento Domingues se aproveita na igreja católica?

Preocupa-me sobretudo que ele se não tenha ainda libertado, nem um bocadinho, da Cristologia em que foi formado, pior, formatado em universidades católicas no estrangeiro, logo nos primeiros anos após a sua ordenação de presbítero, não de sacerdote. Digo “formatado”, porque como ele próprio hoje sabe, porventura, melhor do que eu, muita e variada tem sido, nestes últimos 30-40 anos, a investigação histórico-científica sobre Jesus histórico, o de antes do Cristianismo e sobre as origens deste, no início, uma corrente mais, dentro do Judaísmo oficial do século I, chamada Judeo-cristianismo, e só mais tarde, totalmente independente dele e até abertamente contra ele.

Sabemos, de fonte segura, que Jesus, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria (Mc 6,3), nunca foi sacerdote e acaba condenado à morte pelos sumos-sacerdotes do país e executado, em Abril do ano 30, na cruz do império romano, como maldito segundo a Bíblia, a exigências dos mesmos, junto de Pôncio Pilatos. Sabemos também que Jesus sempre recusa ser cristão/ cristo e que o judeo-cristianismo aparece só depois da sua morte na cruz. Fundado na sala de Cima do cenáculo do Templo de Jerusalém por Simão Pedro, o chefe dos Doze, e por Tiago, um dos irmãos de Jesus (At 1, 12-14). Só que Pedro é o mesmo a quem Jesus histórico garantidamente chama “Satanás” ou seu Opositor-mor (Mc 8, 33; Mt 16, 22-23) e o mesmo que, por fim, renega Jesus três vezes (Mc 14, 66-72; Mt 26, 69-75; Lc 22, 54-61; Jo 18, 15-18.25-27).Por sua vez, Tiago é o mesmo que nunca acompanha Jesus histórico, chega tê-lo, até, por “louco” e quer a todo o custo “ter mão nele”, isto é, prendê-lo (Mc 3, 21.31-35).

A sobrevivência desta corrente judeo-cristã, anti-Jesus Nazaré, fica a dever-se sobretudo a Saulo, um judeu fariseu nascido na diáspora, cidade de Tarso, e cidadão romano, que começa por persegui-la e acaba por lhe dar a sua adesão, ao ponto de se tornar um fanático difusor dela nas principais cidades gregas do império romano e, por fim, em Roma, onde é muito mal recebido e abandonado (At 28, 16-29). Até que no século IV, já liberto do judaísmo, o cristianismo é convertido em religião oficial e única do império romano por Constantino, o mesmo que convoca os concílios de Niceia e Constantinopla, nos quais faz aprovar o Credo imposto a ferro e fogo até ao presente, ao ponto de ainda hoje ser recitado nas liturgias. E do qual só o mítico Cristo davídico ou Jesuscristo, guindado à categoria de sumo-sacerdote e de divino todo-poderoso é lá referido, não Jesus Nazaré, o alfa e o ómega da Humanidade, porque o Ser humano pleno e integral!

Felizmente, somos hoje sociedades pós-cristãs. E o que ainda resta do catolicismo constantiniano e tridentino, já nem clérigos sacerdotes suficientes tem que dêem-vendam missa aos domingos. À falta deles, já há mulheres e homens que, sem saberem o que fazem, aceitam “dar missa”! O trágico em tudo isto é que, 2 000 anos depois, continuamos sem conhecer Jesus histórico e sem conhecer-praticar o seu Projecto político maiêutico!

O maior embuste nestes 18 anos do terceiro milénio

PAPA FRANCISCO: PERSEGUIDO OU PERSEGUIDOR?

Querem convencer-nos que o papa Francisco tem a sua vida em risco. Teólogos cristãos, filósofos e ateus progressistas, todos farinha do mesmo saco, andam a dizer-nos isto desde o início. Parece que querem fazer dele um mártir. Referem-se-lhe como vindo “do fim do mundo”, só porque é argentino, um motivo mais, no entender deles, para ser perseguido pelos cardeais da Cúria romana. Como se alguma vez a Ordem dos Jesuítas, cujo superior geral é conhecido como “o papa negro”, deixasse algum dos seus antigos provinciais correr riscos, precisamente, quando, pela primeira vez na história do papado, um dos seus cardeais consegue a proeza de concentrar em si o pleno do Poder monárquico papal-absoluto. E o mais espantoso é que todos eles acham que Francisco tem um grande plano de reforma da Cúria romana e da igreja católica, esquecidos de que uma e outra prosseguem o império romano e são hoje muito mais perversas do que ele, graças aos meios sofisticadíssimos de que dispõem. O que faz com que vão sempre à frente, não em humanidade, como nos querem fazer crer, mas em tudo o que é técnica de domínio-manipulação das mentes-consciências dos seres humanos e dos povos.

Só mesmo a ingenuidade ilustrada das elites ateias e crentes cristãs, quanto mais progressistas pior, porque totalmente vazias de lucidez e de sabedoria, duas realidades de todo impossíveis de acontecer nas universidades do Saber – e, se confessionais, pior – as leva a escrever e a afirmar-garantir que Francisco é um papa perseguido. Quando a realidade é exactamente o inverso: o papa Francisco é o perseguidor-mor dos seres humanos que o são de dentro para fora e, como Jesus Nazaré, o ser humano pleno e integral, prosseguem, em cada tempo e lugar, as suas mesmas práticas políticas maiêuticas, nos antípodas das práticas do Poder político-religioso. O muito Saber dos intelectuais progressistas, crentes e ateus, não os deixa ver a realidade mais real, que só os pequeninos vêem. E porque não vêem, são os escolhidos para dirigir as grandes cátedras de filosofia e de teologia, de literatura e de história, de matemática e de Ciência das religiões. Do alto das quais, ensinam que Francisco – dois-papas, o negro e o branco, num-só – é perseguido, quando na verdade é o perseguidor-mor!!!

Tudo no Papado é obsceno, qualquer que seja o papa de turno. É a parte de leão do Pecado do mundo, no teológico dizer de JESUS SEGUNDO JOÃO. A Besta, no teológico dizer do Apocalipse. Tanto assim que, logo no início do seu pontificado, Francisco esclarece, numa entrevista concedida ao Director de uma famosa revista italiana, que se lhe mostra intrigado por o ouvir falar tanto em S. Paulo e praticamente silenciar Inácio de Loyola, o fundador dos Jesuítas, “É que sem S. Paulo – responde – não haveria cristianismo.” Com esta resposta, sibilinarmente jesuítica, Francisco revela-se o potente holofote que deixa totalmente cego o seu interlocutor. Não fosse assim e, como entrevistador, o ateu Director da revista teria logo ripostado ao seu entrevistado, Mas então o que fizeram o cristianismo petrino-paulino-imperial e suas igrejas cristãs todas de Jesus histórico?! Esta é a grande questão silenciada nestes dois mil anos!

É bom de ver que nestes séculos de Cristandade, a basílica e a praça de S. Pedro sempre foram o grande holofote com que cada papa de turno cega e mantém cegas as populações crentes e não crentes. Como é bom de ver também que todas as fés religiosas e cristãs, como os ateísmos ilustrados são cegos e guias cegos. E que só mesmo a Fé e a Teologia de Jesus que rebentam no mais fundo de cada uma, cada um de nós nos fazem seres humanos religados uns aos outros, em estado de saúde-salvação. Enquanto as fés cristãs-e-ateísmos ilustrados, porque actuam de fora para dentro de nós, nos deixam na mais sádica das alienações.

Serão os discursos de paz geradores de guerras?

A PAZ SEGUNDO OS PAPAS E JESUS NAZARÉ

Cada primeiro dia de um novo ano é desde 1968, O Dia Mundial da Paz. Não por decisão dos povos do mundo, mas por decisão do papa Paulo VI. Não têm conta desde então os discursos e as mensagens de paz dos papas, dos bispos residenciais e das inúmeras Comissões de Justiça e Paz do mundo católico. Como não têm conta, desde então, novas e cada vez mais mortíferas guerras no mundo, a sugerir que os discursos papais de paz têm o perverso condão de gerar mais e mais guerras, quando a expectativa é que eles lhes ponham fim. Não põem. Pelo contrário, estimulam o rebentamento de novas e cada vez mais mortíferas guerras. Inclusive, o rebentamento da primeira grande guerra financeira mundial que cresce de ano para ano, sem que nada, ninguém a detenha. Somos, pois, politicamente ingénuos, criminosos, até, se continuamos a não querer ver que os pais de todas as guerras no mundo são os sucessivos papas de Roma, ou não sejam eles o adúltero fruto da união literalmente abençoada pela Bíblia sagrada e o seu Deus, entre o judeo-cristianismo davídico-petrino e o Império romano, selada no séc. IV por Constantino, cujo mais recente sucessor é o actual papa Francisco.

A decisão do papa Paulo VI apanha-me então com 30 anos de idade, 5 anos de presbítero, a viver inesperadamente há dois meses em Mansoa, a 60 kms da capital da Guiné-Bissau, uma das três antigas Colónias de Portugal em luta armada pela sua autonomia e independência. Estou lá como capelão militar, por indicação do então Administrador Apostólico da Diocese do Porto, D. Florentino de Andrade e Silva, e a consequente convocatória do QG, de Lisboa, ao abrigo de um espúrio Acordo entre o Estado do Vaticano e o Estado português, que conta com a inominável cooperação da hierarquia católica portuguesa em bloco, destinado a garantir um capelão militar por cada Batalhão que parte para a Guerra Colonial. Em 1967, o ano da entrada em vigor deste Vicariato, não tenho como escapar a um obrigatório Curso de Capelães militares numa Academia Militar em Lisboa e embarcar, no final, no paquete Uíge rumo a Bissau e, daí, escoltado num jipe até Mansoa, onde me aguarda o Batalhão de Caçadores 1912.

Ao dar comigo no coração desta estúpida e macabra Guerra Colonial, poderia fazer de conta e tirar até proveito material dela, como manifestamente fazem, então, a generalidade dos militares profissionais dos três ramos das Forças Armadas, dos Oficiais milicianos e também a totalidade dos capelães militares graduados em oficiais superiores integrantes dos quadros do Vicariato Castrense. Poderia. E essa é a grande tentação com que, de repente, me vejo confrontado. Só que eu, na peugada de Jesus, o filho de Maria, decido colocar-me de corpo e alma do lado das vítimas e não do lado dos verdugos institucionais. E as vítimas, ali, são indubitavelmente as populações e os povos de África, apanhadas, apanhados entre dois fogos cruzados, o dos guerrilheiros, seus filhos e irmãos, e os soldados e oficiais dos três ramos das FA do Portugal colonial. Tanto assim, que com apenas dois meses de activa e incansável presença entre os homens do meu Batalhão e as populações residentes para lá do arame farpado a isolar o Batalhão, dou comigo a defender nesse Primeiro Dia Mundial da Paz o direito dos povos colonizados à sua autonomia e independência política, como condição sine qua non para a paz.

Sou desde então e por isso um “padre irrecuperável”. Porque vejo-conheço o Mal estrutural, o Pecado do mundo. E vejo-conheço que os pais dele são os papas de Roma e os bispos residenciais. Tanto que a criação pelo papa Paulo VI de O Dia Mundial da Paz tem o perverso condão de converter em cruzadas e em santas todas as guerras, a mais mortífera das quais é, hoje, a guerra financeira mundial em curso e já alojada na mente-consciência das populações, sobretudo, na das elites dos privilégios. Sem nenhum lugar para Jesus neste tipo de mundo do Templo e do Império nem para a Paz desarmada que Jesus é.

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