2014 à luz da Fé
e da Teologia de Jesus
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Edição 103, Dezembro 2014
BOAS FESTAS
DE NATAL DO SOLSTÍCIO DE INVERNO 2014
CORO
Vimos cantar o Natal
Do Solstício de inverno
É o natal que faz do mundo
Mundo humano, em vez de inferno
1 O natal do cristianismo
Não tem nada de Jesus
É o natal do deus Dinheiro
Que crava os povos na cruz
2 Canto, danço o Sol, a Terra
Que nos fazem ser-amar
Somos Terra-consciência
Sol e Dança sem parar
3 Só o Deus que nunca vimos
Nos habita, potencia
Faz-nos crescer em HUMANO
Liberdade, Autonomia
4 Ao pormos no Barracão
A energia solar
Somos Saúde, Cultura
Somos Vida a transbordar
P.S.
Como amigo da Associação AS FORMIGAS DE MACIEIRA, sei que a energia solar no Barracão de Cultura, ainda não é uma realidade. É um premente desejo que ela, sozinha, não pode concretizar. A respecttiva instalação ronda os 12000,00€. Apareçam mecenas culturais que se ofereçam para a financiar.
https://www.youtube.com/watch?v=Zm7nt6smkcY
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Cúria romana em conflito com 50 mil freiras EUA
O Cristo da Cúria romana contra Jesus, o filho de Maria?
Bem se pode dizer que o conflito aberto que há anos contrapõe um grande número de freiras dos EUA e a Cúria romana, tem tudo de um conflito entre o Cristo, filho de David, e o seu Evangelho, da responsabilidade de S. Paulo, e Jesus, o filho de Maria e o Evangelho de Deus Abba-Mãe de todos os povos que nunca ninguém viu e se nos dá definitivamente a conhecer no seu ser-viver histórico. Nem a chegada ao Vaticano do papa Francisco lhe pôs definitivamente fim. Depois de anos de negociações nos múltiplos conventos, acaba de ser alcançado um acordo entre as partes, mais imposto por Roma do que livremente assumido pelas freiras. Pelo que é previsível que o acordo arrancado a ferros possa ser o início de uma nova guerra, ainda mais acirrada e radicalizada. A Cúria romana, visceralmente avessa ao Concílio Vaticano II e ao Evangelho de Jesus, não suporta ver mulheres consagradas a viver no mundo e quer a toda a força que elas sejam reclusas, outras tantas concubinas de Cristo, quando uma boa parte delas acha que é no mundo que devem ser-viver, no prosseguimento do ser-viver de Jesus Nazaré. O conflito acaba por ser, em última instância, entre o mítico Cristo bíblico-davídico, que a Cristologia denomina “Cristo da fé”, e Jesus, crucificado em Abril do ano 30, por não se reconhecer e, consequentemente, também não praticar o Deus da Bíblia, criado e imposto pela casa/dinastia de David e sua Bíblia.
Nem a Cúria romana, nem as freiras rebeldes dos EUA se apercebem que o confilto tem aqui a sua origem mais profunda. Pensam que se trata apenas de duas concepções no modo de viver o cristianismo. Se assim for, o mais previsível é que as freiras contestatárias acabem “comidas” pelas freiras conservadoras, que se vêem como as esposas/concubinas de Deus, o do Cristianismo, que se agrada de sacrifícios de mulheres, homens que se auto-humilhem/flagelem/anulem e se ofereçam como vítimas pelos pecados da humanidade. Porém, se a base do conflito for, como parece ser, antropológica-teológica, então o acordo agora acabado de alcançar será o início de um novo e insanável conflito. Neste caso, é mais que certo que uma boa parte das freiras acabará expulsa como maldita, tal e qual como sucedeu com Jesus Nazaré. As freiras, esposas de Cristo, não suportam ouvir falar de Jesus Nazaré. Menos ainda, suportam ser confrontadas com o ser ser-viver histórico, nem com o porquê da sua morte crucificada como o maldito, segundo a Bíblia e o Deus da Bíblia.
Na prática, há hoje na igreja católica e nas igrejas protestantes uma guerra aberta entre duas antropologias-teologias. A que tem por referência última, Jesus Nazaré e a que tem por referência última, Cristo, o mito bíblico-davídico da casa/dinastia de David. Se for este o caso, no conflito entre as freiras e a Cúria romana, não há acordo possível, porque as duas antropologias-teologias são contraditórias. Onde se afirmar a de Jesus Nazaré, é de imediato recusada/diabolizada pela do Cristo, o poder invicto. A esta luz, tem de se dizer que, para a humanidade, é bom que o cristianismo desapareça por falta de praticantes. Concretamente, é bom que deixe de haver cristãs, cristãos, porque as cristãs, os cristãos são seres cujas mentes-consciências estão afectadas por um sopro/espírito de poder, na sua dupla face, a dos carrascos e a das vítimas, que leva a esmagadora maioria da humanidade a gostar de sofrer e a procurar/provocar o sofrimento como redenção do mundo, quando, para Jesus Nazaré, o sofrimento é o maior absurdo, o que há de mais inumano, intolerável na história.
O Cristo da fé é o pai do sofrimento como redenção do mundo. Enquanto durar, impede a humanidade de ser-viver em liberdade, em autonomia. Gera minorias privilegiadas, autoritárias (hierarquias) e maiorias submissas. As freiras dos conventos, são, nesta perspectiva, as mais infelizes dos seres humanos, porque mulheres castradas por opção, em honra de um Deus sádico, veementemente denunciado por Jesus Nazaré, o ser humano por antonomásia, cujo ser-viver na história é todo marcado pela luta contra o sofrimento e contra tudo aquilo que produz, justifica, valoriza o sofrimento. Precisamente, porque crê Deus que nunca ninguém viu, cuja glória é que os seres humanos vivam e vivam em abundância, em paz desarmada, reciprocidade maiêutica, senhores dos próprios destinos e dos destinos do planeta.
A ser assim, bem se pode dizer que, pela primeira vez, na sua história de vinte séculos, o cristianismo está seriamente posto em causa. Ele nasceu com o objectivo de fazer esquecer Jesus Nazaré, o primeiro ser humano que ousou interpelar, denunciar Deus, o dos seus antepassados e respectiva Bíblia. O seu ser-viver histórico, feito de proximidade e de maiêutica, que cura e liberta, de dentro para fora, as pessoas oprimidas pela idolatria das religiões e dos seus livros sagrados e as leva a auto-compreender-se sujeitos, como se Deus não existisse, foi institucionalmente declarado maldito, para que nunca mais o seu nome fosse sequer pronunciado e o seu ser-viver jamais fosse prosseguido na história. Até esta altura, o cristianismo conseguiu realizar esse objectivo. Já não está mais a conseguir. Jesus Nazaré está, de novo aí, mediante a sua Ruah, o seu Sopro maiêutico que gera um movimento outro, imparável, como o vento. E clandestino, também como o vento, que ninguém sabe de onde vem nem para onde vai.
As freiras norte-americanas, na sua fragilidade e rebeldia desarmada, estão a pôr a nu a perversão sistémica que é o cristianismo. A Cúria romana pode fazer sangue, se matar/esmagar, simbolicamente que seja, estas mulheres. Só revela, se o fizer, que é intrinsecamente perversa, mentirosa, assassina. Bom será, então, que as freiras rebeldes levem a sua rebeldia até para lá do limite. Porque Deus, o de Jesus, não nos quer cristãos, só nos quer humanos, a crescer de dentro para fora em ser e liberdade, autonomia e entrega recíproca maiêutica, ao ponto de Deus nem sequer ser invocado por nós, apenas praticado por nós, a toda a hora e instante. Vêm aí tempos de muita perseguição. Que o cristianismo não perdoa a quem, ao Deus dele, contrapõe o Deus de Jesus Nazaré. Preparemo-nos e coloquemo-nos na primeira linha, como prosseguidoras, prosseguidores de Jesus, agora, século XXI.
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Nem o natal do Solstício de inverno escapa
Presépios e pais natais fazem-nos mais canibais
Os piores canibais do planeta Terra são os animais racionais. Enquanto continuarmos a não querer passar de animais racionais a seres humanos vasos comunicantes e reciprocidade de afectos, acabamos apanhados pelo vírus do poder, nós próprios, poder, cujos apetites, sonhos, projectos, são insaciáveis. Nada, ninguém, nos detém. Acabamos a odiar furiosamente a vida, os seres vivos, os outros como nós, as mulheres, os úteros das mulheres, o amor nupcial, os berços, as filhas, os filhos. Devoramos tudo e todos, num festim sadomasoquista sem fim, até que o planeta Terra imploda de vez e deixe de ter vida, de que espécie for. E não digamos que semelhante apocalipse está a milhares de anos de se tornar realidade. Pensarmos/dizermos assim, é enterrar a cabeça na areia, para não vermos. Mas então já nem animais racionais somos. Somos os mais perversos dos seres vivos. Os mais canibais. E se, depois de tudo, ainda insistimos em entregar aos agentes do poder, a condução política das nossas vidas, então o terrível apocalipse pode acontecer ainda no decurso deste século XXI. Negar esta possibilidade, é negar o que está aí hoje à frente dos olhos de toda a gente que queira ver. Só que até a capacidade de ver, de querer ver o que está à frente dos olhos de toda a gente, já nos roubaram. Uma razão mais, e de peso, para não termos dúvidas de que esse terrível apocalipse está próximo.
Não se trata de pessimismo. A verdade objectiva nunca é pessimista. É libertadora, por isso, grávida de esperança antropológica-teológica, a mesma de Jesus Nazaré. Só a verdade praticada nos faz humanos. Humanos sororais, vasos comunicantes, por isso, livres, criadores, alegres, saudáveis, felizes. Tudo coisas que nós, como animais racionais sem afectos, mais odiamos, perseguimos, atacamos, impossibilitamos que aconteça. Fôssemos animais racionais, pelo menos, ao modo dos injustamente chamados, “animais ferozes”, que atacam, matam de acordo com o seu adn, para se alimentarem, sobreviverem, nunca para acumularem/concentrarem em algumas poucas mãos, e também para manterem equilibrado o ecosistema, e saberíamos proteger-nos/ acautelar-nos. Mas não. Somos muito mais ferozes, demolidores, destruidores, por isso, os mais perversos dos animais. Recusamos passar a seres humanos, porque depressa nos demos conta de que, assim, poderíamos ser o que já estamos hoje a ser, ao nível global. Sem que ninguém nos saia ao caminho, nos desarme, amarre, impeça de prosseguirmos com os nossos crimes de lesa-humanidade, de lesa-ecosistema global. O horror dos horrores!
Basta mascarar-nos, nesta época do ano, de presépios e de pais natais, e logo nos são abertas todas as portas, as que dão acesso ao poder e seus privilégios, e, muito pior que isso, as que dão acesso às nossas próprias mentes/ consciências que assim ficam formatadas, tolhidas, paradas, coisificadas. Contam-se pelos dedos das mãos, as, os que hoje resistimos ao Mercado global e, mesmo essas poucas, esses poucos, vêem-se reiteradamente ridicularizados/ humilhados/ostracizados por todos os outros. Porque, de quem a esmagadora maioria de nós gosta, melhor, somos levados/obrigados a gostar, é das elites dos privilégios que estão por trás dos presépios e dos pais natais, com os quais habilmente escondem de todos nós, povos da Terra, Aquilo que nos pode matar, e mata mesmo, a alma/identidade, a mente/consciência.
Tudo começou com a furiosa destruição do natal do Solstício de inverno, uma operação da responsabilidade do Cristianismo católico romano e protestante. O seu Cristo todo-poderoso, proclamado Sol Invictus = Sol invencível, pela igreja cristã imperial, derruba, destrói, odeia, mata o natal do Solstício de inverno, tal como derruba, destrói, odeia, mata o Solstício de verão, substituído pelas festividades dos chamados “santos populares” do cristianismo. Há séculos que o natal do Solstício de inverno é substituído pelo natal-do-menino-jesus, a que, no século XII, Francisco de Assis juntou o presépio, numa completa deturpação das narrativas antropológicas-teológicas dos dois primeiros capítulos do Evangelho de Mateus e do Evangelho de Lucas. Hoje, este natal-do-menino-jesus, com o respectivo presépio, quase desapareceu – o que resta é mero folclore, coisa de museu – comido que foi pelo natal do Deus Dinheiro, o Cristo laico financeiro, que já é global. Tudo é Mercado, mercadoria. Até o presépio do menino-jesus e o próprio menino-jesus, substituídos, respectivamente, por árvores de natal e por pançudos pais natais, carregados de prendas, qual delas, a mais cara, a mais vaidosa, devoradoras da alma/identidade de quantas, quantos de nós nos deixamos guiar/arrastar pela maldita Publicidade.
Ou acordamos e passamos, sem mais adiamentos, de animais racionais, os mais canibais dos animais, a seres humanos sororais, vasos comunicantes, reciprocidade maiêutica, ou simplesmente, despareceremos como natureza consciente, até agora, o cume a que chegou a Evolução, dinamizada/ conduzida pela Ruah/Sopro maiêutico, a mesma que está na fecundação de Jesus e de cada ser humano que o queira ser de dentro para fora, em plenitude. Cabe-nos a palavra, a decisão. Digamo-la/pratiquemo-la! Sem deixar para amanhã.
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Ainda o caso da paróquia de Canelas, VN Gaia
Conselho Presbiteral sem contraditório e com VP, voz do dono!
Qualquer eclesiástico católico, à excepção de uma significativa parte dos católicos de Canelas, achará normal que o Conselho Presbiteral (CP) da Diocese do Porto, na sua primeira reunião, depois dos escândalos ocorridos naquela paróquia de VN de Gaia, e ainda não superados de todo, tome partido. E que esse seu tomar partido seja pelo Bispo, do qual canonicamente depende. Até porque o CP não é um órgão deliberativo, apenas consultivo, ou o Poder do bispo diocesano não fosse monárquico, ainda que vassalo do poder monárquico absoluto do papa, bispo de Roma. Já não assim, qualquer mulher, homem não eclesiástico, simplesmente humano, como deverão ser todas as mulheres, todos os homens. Porque tudo o que vai além disso, é pecado, anti-humanidade, em última instância, anti-Fé e anti-Teologia, as de Jesus, que nos remetem para Deus Abba-Mãe de todos os povos por igual, e que nunca ninguém viu.
Ora, pecado, e grave, é o que acaba de cometer o Conselho Presbiteral da Diocese do Porto e o semanário VP, órgão oficioso da Diocese, cada vez mais voz do dono. Na sua edição de 3 de Dezembro 2014, VP dedica a quase totalidade da primeira página ao assunto. Titula, a toda a largura da página, “Conselho Presbiteral da Diocese analisa situação em Canelas”. Ao mesmo tempo, planta duas fotografias, uma sobre a outra, a três colunas das cinco em que se divide aquele destaque da página. Na fotografia superior, mostra a mesa, presidida pelo bispo titular, com o bispo auxiliar D. Pio, ao seu lado direito, e o novo pároco de Canelas, ao seu lado esquerdo, integrada num plano que mostra também algumas cadeiras mais próximas. Na fotografia inferior, a mesma realidade, mas, agora, só com a mesa, onde sobressaem bem mais, o bispo D. António Francisco, ex-Bispo de Aveiro, o bispo auxiliar, D. Pio Alves, ex-Administrador Apostólico da Diocese do Porto, e o novo pároco de Canelas, Pe. Albino Reis. Ao fundo, sobre a toalha que cobre a mesa, sobressai a negrito a legenda, “O Padre Albino Reis foi convidado a apresentar os acontecimentos vividos por ele em Canelas”.
O texto que acompanha as duas fotografias abre com uma breve informação sobre o Conselho Presbiteral e passa, de imediato, à transcrição integral do Comunicado, da responsabilidade daquele órgão diocesano que, de correcto, tem apenas o nome, Conselho Presbiteral, não, como seria de esperar, Conselho Sacerdotal, uma vez que as igrejas diocesanas ordenam presbíteros, mas, depois, passam a vida a chamar-lhes sacerdotes e a confiar-lhes serviços próprios dos sacerdotes, de proveniência religioso-pagã e bíblica (Primeiro Testamento), sem qualquer fundamentação em Jesus, o filho de Maria, o camponês-artesão de Nazaré que nunca foi sacerdote, nunca presidiu num altar, nunca rezou missa, nunca foi clérigo, apenas ser humano, em tudo igual aos demais seres humanos, excepto no pecado da idolatria, em que, por sinal, são reincidentes, por toda a vida, os párocos e os bispos. Para sua vergonha e seu mal. E vergonha e mal da sociedade/ humanidade.
Como facilmente se deduz do que fica escrito, nesta reunião ao mais alto nível da Diocese, não esteve presente o anterior pároco de Canelas, Padre Roberto Carlos Nunes de Sousa, cujo nome é referido no Comunicado, ao jeito de admoestação, sob a farisaica forma de “veemente apelo”. Onde se faz questão de lembrar e tornar público que ele foi “benevolamente acolhido no presbitério do Porto”, precisamente, o mesmo que aqui lhe faz saber “que não se revê nestes [seus] comportamentos, para que faça tudo o que está ao seu alcance no sentido de se restabelecer a paz e a normalidade de uma comunidade cristã, evitando o que possa ocasionar perturbação e discórdia.” Tão pouco, esteve presente no encontro, alguém leigo, indivíduo ou grupo, da paróquia de Canelas que pudesse fazer o contraditório e informasse o Conselho Presbiteral sobre o que lá se passou até o pároco anterior deixar de o ser. E que levou a esmagadora maioria da população a protagonizar as cenas que se têm visto nas tvs, manifestamente, manipuladas por interesses outros, que não os eclesiais, muito menos, os evangélicos.
A primeira página de VP inclui ainda, quase em jeito de rodapé, 4 colunas com outros tantos títulos, cada um dos quais suportados por um pequeno texto. Acontece que o primeiro desses 4 títulos e respectivo texto é um brevíssimo “Comunicado da Diocese do Porto”, a “negar a veracidade da notícia que faz capa na edição de hoje [1 de dezembro de 2014] do Jornal de Notícias (JN), com o título – «PJ investiga denúncias na Diocese do Porto» E acrescenta: “Conforme o JN foi devidamente informado, é totalmente falso que a Polícia Judiciária tenha levado computadores da Diocese do Porto ou qualquer tipo de documentos, aliás, a PJ nunca esteve em momento algum nas instalações da Diocese do Porto.”
Aos olhos de quem não é eclesiástico católico ou protestante, nem é clérigo nem leigo, apenas simplesmente humano, como Jesus Nazaré, todo este comportamento da diocese, do Conselho Presbiteral, da VP, mais o tipo de linguagem utilizada, tão fora da linguagem secular e pós-cristã que é, hoje, o falar-escrever das mulheres, dos homens deste início do terceiro milénio, cheira a Idade Média que tresanda, apresenta-se eivado de clericalismo e de farisaísmo, que chega quase a causar vómitos. Decididamente, as igrejas cristãs, a começar pela católica romana e a acabar na mais recente igreja protestante, são constituídas por gente que vive numa sociedade paralela à sociedade civil e nunca chega a encontrar-se com esta. E, sempre que se aproxima dela, é para a atropelar, uma vez que é incapaz de se posicionar ao mesmo nível humano, sempre vem de fora e de cima, na pose de os puros, os santos, os da moral, os da Bíblia e do Deus da Bíblia, o Poder, hoje sobretudo financeiro, com o religioso a dar cobertura aos seus horrendos crimes, e o político a executar as suas ordens e a impor às populações as suas leis.
Perante toda esta desgraça, apetece parafrasear Jesus e dizer, Ai de vós, igrejas, que devorais as casas das viúvas, a pretexto de prolongadas orações; ai de vós, igrejas, que pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho e desprezais o mais importante da Humanidade: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! Ai de vós, guias cegos, semelhantes a sepulcros caiados: formosos por fora, mas por dentro, cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de imundície. Assim também vós: por fora, pareceis justos aos olhos dos outros, mas por dentro, sois cheios de hipocrisia e de iniquidade” (cf. Mateus 23). Foi assim este encontro do Conselho Presbiteral, o mesmo que produziu um Comunicado sobre o “caso de Canelas”, carregado de subserviência ao bispo titular, sob a presidência do qual esteve reunido, sem qualquer contraditório, constituído por clérigos vassalos de um bispo que, por sua vez, é vassalo do papa, bispo de Roma, o poder monárquico absoluto e infalível. De semelhante instituição e das suas congéneres protestantes, acham que se pode esperar algo de verdadeiramente bom para a Humanidade?!
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Quadras e Outros Cantos-Poema
Um Livro imperdível e a melhor “prendinha” de natal 2014
“Os Povos que se confundem / Com os seus Executivos / São Povos sob tutela / Não Povos autogeridos”. Esta é uma das 366 Quadras, tantas, quantas os dias de um ano bissexto, com as quais se tece o novo Livro do Pe. Mário de Oliveira, nosso Editor e Director, intitulado, QUADRAS E OUTROS CANTOS-POEMA, Seda Publicações, Porto 2014, que será apresentado em Lisboa, sábado, 13 de Dezembro, às 18,30 h, na conhecidíssima Casa do Alentejo. O Livro, de 206 páginas, apresenta-se em duas partes. A primeira parte, com uma Quadra para cada dia do ano. A segunda parte, com maior número de páginas que a primeira, é toda com Outros Cantos-Poema, qual deles o mais surpreendente e interpelador, desde o primeiro, intitulado, “Carta para ti”, ao penúltimo, “A Missão que faz falta”, e ao último, “Christus vincit”.
Todo o Livro pode ser lido, declamado e cantado. Cabe a cada leitora, leitor, dar pela Música com que cada Poema pode ser cantado. Não é difícil, porque cada Poema está concebido e tecido com a métrica apropriada à música com que poderá ser cantado. Uma boa parte dos Cantos-Poema, pode ser cantada com músicas de José Afonso, grande Amigo e Companheiro do Autor, desde os idos da sua visibilidade histórica, e, mais ainda, desde que aquele se tornou definitivamente invisível aos nossos olhos, porque definitivamente vivente. Porém, nada melhor do que ver para crer. Com este Livro, podem e devem ser realizadas múltiplas sessões de canto de intervenção, para estes nossos tempos asfixiados pelo envenenado sopro do deus Dinheiro/ Mercado, o deus que os três poderes reconhecem, cultuam e servem. Para desgraça dos povos de todas as nações.
Pode dizer-se que este Livro de Quadras e Outros Cantos-Poema é Poesia grávida de ternura política, infelizmente ausente na esmagadora maioria dos livros ditos de Poesia. É um género de Poesia que começa onde a Poesia dos outros livros acaba. Da primeira à última página, há a preocupação de dizer-cantar a Realidade tal-qual ela é, em toda a sua crueza/ fealdade e em toda a sua fragilidade/ beleza. Crueza/ fealdade, quando diz-denuncia o Poder, nos três poderes, mentirosos e assassinos. Fragilidade/ beleza, quando diz-canta as suas vítimas, as humanas e as da natureza.
Deixo-lhes aqui extractos de dois dos Poemas que dizem-cantam a Realidade. Um, em toda a sua crueza/ fealdade; e outro, em toda a sua fragilidade/ beleza. Primeiro, o da crueza/ fealdade: “Quem serve o Senhor Dinheiro / Não precisa de mais nada / Pode explorar à vontade / Praticar a Corrupção / Ninguém lhe chama ladrão / Mas dono da Sociedade. / Tem bancos e tem Igrejas / Governos e Parlamentos / E ainda os votos do Povo / Faz novas Religiões / São dele as televisões / Nunca morre é sempre novo”. Agora, o da fragilidade/ beleza: “Quando for grande vou ser / Quero ser como a Martinha / Nada Ter nada Poder / Todo Paz todo Alegria / Pão que se dá a Comer / Quero ser como a Martinha. / Quando for grande vou ser / Quero ser Pedro Miguel / Sopro-que-Faz-Levantar / Mortos-e-Adormecidos / Corpo-que-Nos-Faz-Andar / Quero ser Pedro Miguel. / Quem queira Mudar o Mundo / Seja Pobre e sem Poder / Pois quem serve os Três Poderes / Deita o Mundo a Perder”.
Ninguém resista a adquirir este Livro e a fazer dele um companheiro de viagem, a do nosso ser-viver na história, realizado entre a nascente e o mar. Ou como reza uma estrofe de um outro Canto-Poema, que diz-canta a Realidade, toda fragilidade/beleza, intitulado “Velhos são os trapos”: “Vives hoje mais longe da Fonte / E cada vez mais perto do Mar / Entre uma e outro quanta lida / Quantas lutas, dores, quanto Amar!”.
Neste mês de Dezembro 2014, já com o ano de 2015 a espreitar, façamos deste Livro, “prendinha” de natal, o do Solstício de Inverno. Prefiram-no entre todas as outras “prendas” absurdas, com que o Mercado nos tenta seduzir e anestesiar. Este Livro cai bem nas mãos, no colo, de filhas, filhos, de mães. Pais, de professoras/ educadoras, velhos e novos, elas e eles. O Editor fixou o custo por exemplar em 14€. Junto do Autor, see entregue directamente em mão, custa-lhes apenas 10€. Se, mediante envio postal, apenas 12€ no total.
Com ele nas vossas vidas, podem dizer-cantar uma quadra por dia, de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de cada ano. É um alimento substantivo das nossas mentes-consciências que nos fará crescer de dentro para fora em Humano, até sermos outras, outros Jesus, agora, século XXI. Façam já as vossas encomendas ao Autor, via msg privada Fb, email, ou tlm (96 80 78 122). O Autor agradece. E o Barracão de Cultura, a favor do qual revertem integralmente os direitos do Autor, também. Não se atrasem nas vossas encomendas.
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Edição 102, Novembro 2014
Bispo do Porto baralha e torna a dar
Igreja de Jesus, ou empresa com funcionários religiosos?
Uma mexida de alto-a-baixo. O bispo D. António Francisco acaba de mexer nas pedras do seu tabuleiro do poder, a diocese que lhe foi confiada pelo supremo poder da igreja de Roma e sua Cúria. Quem é quem na diocese – só os clérigos, mais abaixo, as religiosas, os religiosos, e, no fundo da pirâmide, os fiéis leigos – fica a saber qual o galho que lhe cabe ocupar, a partir de agora, e quais as tarefas que aí tem de desenvolver. A começar pelos três bispos auxiliares do bispo titular. A diocese é o bispo titular. Todos os mais, bispos auxiliares incluídos, são apenas seus colaboradores, quanto mais incondicionais, obedientes e reverentes, melhor. Os três bispos coabitam o mesmo palácio episcopal, mas são simplesmente auxiliares-mor do bispo titular. Não são bispos em pé de igualdade com ele. A diocese é ele, ainda que por delegação do bispo de Roma, o único que é a igreja católica. Nenhuma monarquia do mundo alguma vez se assemelhou em poder à monarquia católica romana. Todas, enquanto duraram, foram suas súbditas. Sem o aval do bispo de Roma, não eram. Cada bispo titular de diocese sabe disso. E tudo faz para ser fiel ao de Roma, a quem deve a diocese que lhe coube em sorte. Sabe bem que se lhe desagradar, pode ver fugir-lhe a diocese para ser entregue a outro mais fiel, mais submisso, mais obediente e reverente. Bispos rebeldes, é coisa impensável. O bispo Gaillot, de Évreux, França, pagou caro a sua rebeldia evangélica, só porque era capaz de trocar um solene pontifical na sé catedral da diocese por uma marcha solidária com a causa dos gays e das lésbicas.
VP, o semanário oficioso da diocese, dedica a esta mexida do novo bispo do Porto quase três páginas inteiras. A da capa e mais duas do interior, respectivamente, 9 e 13. O assunto merece todo este relevo, ainda que nenhum diário do país tenha achado a mexida episcopal objecto de notícia. Nada do que é eclesiástico é notícia nos matutinos do país. A humanidade já não é eclesiástica. E, numa sociedade não eclesiástica, igrejas eclesiásticas e tudo o que possam fazer, não chegam a ser notícia. E, quando são, é sempre, ou quase, pelas piores razões. A pedofilia do clero, por exemplo, foi notícia, por sinal, depressa abafada. O papa Francisco também é notícia, mas pelo que tem de show e de inabitual num papa. Nada de substantivo vem de Roma, qualquer que seja o papa. Aliás, do papa nunca pode vir nada de substantivo para a humanidade. Só como diversão e entretenimento. Como exótico. Mesmo as palavras mais duras que o papa Francisco tem disparado contra “uma economia que mata”, não passam de tigres de papel. Porque, uma coisa são as palavras do papa, outra coisa são as práticas financeiras da Cúria romana. E se há sistema que mais mate é o cristão católico romano. O papa parece ignorar o facto e só tem olhos para o cisco nos olhos dos de fora. Não enxerga a trave que ele próprio é, enquanto chefe absoluto e incontestado do cristianismo católico a sua Cúria romana.
A preceder a grande mexida na diocese, o bispo do Porto avança uma tentativa de justificação pastoral. Só que, em lugar de partir da realidade concreta que é a diocese e as suas populações, a esmagadora maioria não católica, ou católica não praticante, parte de um enunciado doutrinal que não tem nada a ver com o estado acabrunhado, deprimido, envelhecido das paróquias, desertas de adolescentes e jovens, à excepção dos poucos que ainda frequentam as catequeses para o crisma. Mas até esses poucos, após o dia do crisma, desertam igualmente das fileiras eclesiásticas e ficam por aí sem rumo, à deriva, totalmente indefesos em relação ao Mercado que se apodera deles e das suas mentes. As paróquias quiseram fazer deles cristãos e eles acabam ao serviço dos tiranos. O que não aconteceria, se os tivessem “puxado” de dentro para fora, até serem plena e integralmente humanos, autónomos, seres em relação recíproca, senhores dos seus próprios destinos e dos destinos do planeta.
A exortação pastoral do bispo, a preceder esta mexida, revela que ele próprio paira acima da realidade. Não sabe nada da realidade. Pelo que esta sua grande mexida acaba por se resumir a baralhar as cartas e a voltar a dar. As pedras do xadrez diocesano podem mudar de sítio, mas a realidade mantém-se de mal a pior. Para cúmulo, o bispo abre a sua exortação pastoral com a citação livre dos dois últimos versículos do Evangelho de Mateus. Só que nem a citação que faz, respeita o texto original. Lá, onde o Evangelho de Mateus apresenta Jesus Nazaré a enviar os que o prosseguem e ao seu projecto político, aos povos de todas as nações, para que sejam humanos até para lá do limite, o bispo diz que é o mítico Cristo, filho de David/ poder, que envia. A traição a Jesus é, pois, manifesta. E os resultados só podem ser desastrosos, como sempre foram e continuam a ser. Só mesmo no âmbito do Cristo/ cristianismo, é possível a existência do cristianismo e de igrejas monarquia, com bispos residenciais, como administradores de territórios, como se fossem príncipes todo-poderosos sobre as consciências das populações, a começar pelas dos seus clérigos. Já no âmbito de Jesus Nazaré, há apenas a Humanidade com o planeta terra, todo a seu cuidado. Igrejas eclesiásticas, à parte da humanidade, guetos dentro da humanidade, são coisa impensável com Jesus. A grande mexida do bispo tem, por isso, o condão de mudar as pedras do tabuleiro de xadrez do poder eclesiástico, que é a diocese, mas não muda a diocese, cada vez mais na mesma, por isso, cada vez mais gueto. Fora da humanidade não há salvação. Por mais que os bispos se danem, a realidade é essa. E as igrejas eclesiásticas são cada vez mais corpos estranhos que a humanidade evita frequentar. Para poder preservar o Humano que vem de Deus criador, no decurso da evolução. Já do cristianismo eclesiástico só vem alienação/ desumanização.
Resta ainda sublinhar, a concluir, que as muitas tarefas que, a partir desta grande mexida episcopal, cabem a cada um dos clérigos no seu galho, são todas mais do mesmo. Reuniões, formações, encontros, liturgias, missas a granel, catequeses infantis. Tudo feito com “a alegria do Evangelho”, o título que o papa Francisco deu ao seu grande documento programático. A partir de então, bispos e párocos passaram a encher as bocas com a citação desse título. Muitos deles, nunca terão lido o documento, por o acharem demasiado extenso e demasiado doutrinal. E ficam-se pelo título, como chavão a propósito de tudo e de nada. Evangelizar os pobres e os povos, é coisa que nenhum pároco ou bispo habitualmente faz. Semelhante missão é própria de presbíteros e de bispos. Não de sacerdotes e de bispos administradores de dioceses-empresa. É missão de alto risco. E nenhum clérigo está disponível para semelhante missão. São celibatários, porque a lei eclesiástica assim obriga. Não o são, opcionalmente, para assumirem até para lá do limite a missão de alto risco que é Evangelizar. Por isso, a diocese do Porto vai de mal a pior. Mas que querem? Está ao gosto do seu novo bispo, D. António Francisco, e do seu viver estéril, como, de resto, é todo o viver clerical/ sacerdotal/ eclesiástico.
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Patriarca de Lisboa faz conferência no Porto sobre “Catolicismo, modernidade e anti-modernidade”
Nem uma palavra sobre a inventona de Fátima
Um Colóquio organizado pela UCP do Porto fez o bispo Manuel Clemente regressar à sua anterior diocese. Coube-lhe proferir uma conferência sobre “Catolicismo, modernidade e anti-modernidade”. O texto integral da conferência está disponível no site do Patriarcado de Lisboa. JF não resistiu e foi ler o seu conteúdo. E bem se pode concluir que o patriarca de Lisboa prossegue, agora, na capital do país, a via da superficialidade pastoral que, com estranho entusiasmo, iniciou e desenvolveu na Igreja do Porto, durante os anos em que foi o seu bispo titular. Trata-se de um texto sem sopro libertador, sem chispa, sem dinãmica, sem esperança, sem um pingo de profecia. Uma conferência que se lê/ouve e nos deixa na mesma. Revela alguma erudição, mas, mesmo nessa área, não consegue ir além da mediania. Não causa qualquer alvoroço em quem a lê e, certamente, em quem a escutou ao vivo na Universidade Católica do Porto.
Assim, é difícil a Igreja em Portugal ser o sal da terra e a luz do mundo, na peugada de Jesus, como sempre deveria ser, para não ter de ser lançada fora e pisada pelos homens, como habitualmente se faz ao sal que perde a força de salgar. Em vez disso, a igreja está a contribuir ainda mais para agravar a anemia em que se encontra actualmente a sociedade portuguesa, cansada e abatida como ovelhas sem pastor. A voz do patriarca de Lisboa é própria duma igreja cristã católica romana, ao mais alto nível, quando deveria ser a voz da Igreja de Jesus século XXI, em permanente missão, longe dos espaços sagrados e clericais, definitivamente mergulhada nas entranhas da humanidade, suas angústias e suas esperanças. A intervenção do Patriarca de Lisboa na UCP do Porto revela uma igreja em estado de agonia, que pode manter-se assim durante séculos e séculos, com paróquias e dioceses museu, imagens de santas e santos a cair de caruncho, como a da senhora de fátima que teve de ir para restauro, umas quantas pessoas pias e devotas, de terço nas mãos, joelhos em terra, e, uma vez por outra, em procissão de velas com andores, integradas em festas sem festa, como são todas as ditadas pelo calendário litúrgico.
A conferência do Patriarca conduz-nos aos anos da República de 1910 a 1940, o da Concordata, ainda hoje em vigor, para vergonha de ambos os Estados que continuam a não a dispensar. Para surpresa do conferencista, a resistência católica à República surge sobretudo nas aldeias, com particular incidência, no norte do país. Mas não aconteceu por geração espontânea, como o Patriarca parece querer dar a entender. Não! Acontece como resposta a um inesperado Apelo do Episcopado português, de resto amplamente referido na conferência, com data de 10 de Julho de 1913, no termo de um encontro no Seminário de Santarém (ainda não havia o empório de Fátima, mas já estava em preparação), presidido pelo Patriarca de Lisboa de então, D. António Mendes Belo.
Pela primeira vez, os bispos, naquele seu Apelo, não começam por se dirigir à Coroa, tradicionalmente católica, uma vez que a Coroa já havia sido destronada pela República. Tão pouco, os bispos se dirigem aos dirigentes da República, uma vez que eles haviam decretado a Lei da separação entre a Igreja e o Estado e eram olhados pelos bispos como inimigos institucionais a abater. Dirigem-se directamente aos católicos. De modo que a mobilização das aldeias surge como resposta a esse Apelo do Episcopado que, a partir de 1917, será amplamente reforçado pela inventona das “aparições de Fátima”. Curiosamente, o Patriarca de Lisboa nem sequer se lhe refere, nesta sua conferência. Sobre toda essa demência clerical e episcopal fatimista, nem uma palavra.
Ora, silenciar, nesta sua conferência, a inventona da senhora de fátima, revela bem um Presidente da Conferência Episcopal, à espera do barrete e do anel cardinalícios. Que poderiam nunca mais chegar, se ele, como historiador erudito que diz ser, denunciasse toda estaa demência eclesiástica organizada, que dá pelo nome de Senhora de Fátima. Porque se há manifestação mais gritante da miséria e do absurdo do catolicismo português, ao tempo da República, é, precisamente, a iinventona de Fátima. Um tipo de catolicismo rasca, obscenamente irracional, e ao qual o Episcopado português de então recorre para derrubar a República. Se há postura mais anti-consciência, mais anti-liberdade, mais anti-dignidade humana, mais anti-autonomia dos seres humanos, numa palavra, mais anti-modernidade, é a inventona da senhora de fátima. Só populações habitadas no mais fundo do seu inconsciente colectivo por ancestrais medos de toda a ordem, por isso, populações nos antípodas de Jesus, o ser humano pleno e integral, é que podem protagonizar aberrações do calibre das que ainda hoje continuam a acontecer em Fátima.
Para o clero, despojado de grande parte do seu imenso património e profundamente abalado com a Lei de Separação da Igreja e do Estado, esta era a hora du tudo ou nada. Ou ele acabava com a República, ou a República acabava com ele e com o tipo de catolicismo/cristianismo romano que o clero defendia e praticava. Por isso, bispos e padres, em lugar de se meterem a anunciar o Evangelho de Jesus, ostensivamente ignoram-no e apelam a todos os ancestrais medos que andam no inconsciente colectivo das populações empobrecidas e nunca evangelizadas, por isso, mergulhadas, há milénios, no paganismo mais primário e mais absurdo, típico da idade da pedra! É sabido que a irracionalidade das massas levada ao histerismo, é muito mais mortífera do que um exército armado. Derruba tudo o que é liberdade, autonomia, dignidade, secularidade, ao estilo das Cruzadas da idade média, das fogueiras da inquisição, das carnificinas jhiadistas deste nosso tempo no Iraque e na Síria.
Mas é ainda aqui que está, hoje, o catolicismo cristão católico romano das aldeias de Portugal, povoado de nossas senhoras para todos os gostos e necessidades. Pelo menos, as populações mais velhas vivem mergulhadas num subdesenvolvimento cultural atroz, o que perfaz um crime sem perdão, alimentado pelo clero católico. Só num contexto subcultural tão atroz, como o actual, é possível a existência de paróquias católicas, sem um pingo de dignidade humana. Alimentadas por párocos e bispos residenciais com tudo de mercenário. Com faro para o negócio e para o autoritarismo religioso. Onde conjugar o verbo Evangelizar e proferir a paráfrase, Evangelizar os pobres, é ser logo rotulado de subversivo e de louco. Em semelhante contexto, de que adiantam eruditas conferências como a que o actual Patriarca de Lisboa veio proferir no Porto? Ajudam a encher agendas de eventos eruditos da UCP, para Roma ver e apoiar. Porque, de resto, Roma é a primeira a querer que as coisas sejam assim. De outra forma, como poderia continuar a reinar sobre as mentes-consciências das populações do Ocidente?!
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Conselho Pontifício para a Cultura (CPC) debate “Culturas femininas e teologias feministas”
E porque têm medo de dizer, Mulheres?!
O evento é só no próximo ano, em Fevereiro. Organizado pelo CPC. As intervenções nos debates são reservadas aos membros do respectivo Conselho, entre os quais dois clérigos portugueses, o Bispo D. Carlos Azevedo, que foi auxiliar de Lisboa e teve de ser, primeiro, denegrido no seu bom nome, depois, “promovido”, para, assim, abrir as portas do patriarcado e respectivo cardinalato, a outro bispo, ido do Porto, D. Manuel Clemente. O processo foi muito doloroso e, desde então, o escolhido por Roma parece ter-se ressentido do escândalo causado e o seu papel episcopal no Patriarcado revela-se bastante discreto, enquanto no Porto era o mais mediático dos bispos portugueses. Nem o facto de ser simultaneamente Presidente da CEP-Conferência Episcopal Portuguesa o desperta. Os atropelos a terceiros para se subir na carreira eclesiástica, mais a humilhação de ainda hoje ter de estar à espera do cardinalato, deixa as suas sequelas e é difícil levantar cabeça e voltar a intervir e a sorrir, como intervinha e sorria, enquanto bispo do Porto. Os conteúdos das intervenções eram, já então, e são ainda hoje, pífios, mas faziam títulos nos media, com destaque para VP, o órgão oficioso da Diocese portucalense, que os outros não são cristãos, por isso, não têm qualquer credibilidade! O outro clérigo português interveniente nesses debates, é o Pe. Tolentino Mendonça, um dos actuais rostos mais mediáticos da igreja católica em Portugal, cujos bispos primam pela mediocridade e pela vaidade, sem qualquer substância, no que respeita ao exercício do ministério episcopal. Pelo que, como reza o ditado popular, nascido do cristianismo, e que aqui tem pleno cabimento, “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei”. O ditado deveria dizer, quem tem um olho é presença maiêutica entre os demais e com eles, para que vejam e sejam sujeitos das suas vidas. Mas o cristianismo, de que nasceu o provérbio, só conhece o saber/poder, desconhece de todo a Maiêutica/fecundidade. É macho, patriarcal, e tem o perverso condão de masculinizar até as mulheres que se disponibilizem para o servir. Porque odeia o Feminino e a Fecundidade que nelas costumam andar bem mais acentuados.
Dos clérigos do CPC, para cúmulo, presidido por um cardeal, só podia sair uma temática como a anunciada em título. Parece falar das mulheres, mas não fala. Tem o cuidado de escolher outros conceitos, muito mais abstractos, tamanho é o medo que os clérigos celibatários têm das mulheres de carne e osso. Nem a palavra “Mulheres”, querem escrever-dizer. Por isso, falam em “culturas femininas” e em “teologias feministas”. Soa-lhes bem ao ouvido, dá-lhes um ar de progressista e de abertura às mulheres, mas é tudo faz-de-conta. O cristianismo tem na sua génese o princípio masculino e sempre aparece como coisa de homens, onde as mulheres são reduzidas a zeladoras de altar, criadas de clérigos e, às vezes, também concubinas. E homens não comuns, mas homens-clérigos, separados dos demais e dos afectos, celibatários, sagrados, destinados aos santuários e aos altares, inacessíveis ao comum dos mortais, mais figuras míticas, tal e qual o seu Cristo, poder invicto, que há dois mil anos se anda a fazer passar por Jesus Nazaré, o filho de Maria, quando é o seu maior inimigo, ao ponto de fazer da cruz, o instrumento de tortura do império romano, o seu símbolo de identidade, como a deixar claro que é o torturador das populações e dos povos, ainda que sob a máscara da bondade. E não é que tem conseguido enganar, praticamente, toda a gente? Porque aquele seu histórico, Crês, ou morres!” tem um poder de submissão enorme. E os meios de tortura a que recorre, sempre que necessário – os meios físicos são os menos inofensivos – assustam até o mais audaz e quase todos acabam por se lhe submeter, para não verem o seu nome pela lama da rua ou, pior ainda, riscado dos seus registos oficiais!
Desengane-se, por isso, quem pensa que deste debate promovido pelo CPC vão sair boas notícias para as mulheres. Do cristianismo, nunca vem nada de bom para os seres humanos, mulheres e homens, indistintamente. Àqueles seres humanos que aceitam integrá-lo e servi-lo, ele mata-lhes a alma e redu-los a clérigos, figuras míticas que quem está no topo da pirâmide eclesiástica pode pôr e dispor, tal como o deus do cristianismo que é perito em cilindrar a consciência de cada um dos seus membros mais destacados. No lugar da consciência, coloca a obediência e, depois, faz gato-sapato de cada qual.
As mulheres serão ingénuas, se ainda esperam alguma coisa boa para elas, da parte da igreja dos clérigos. Os chamados ministérios ordenados não passam de poderes intermédios, na pirâmide eclesiástica do cristianismo/poder. Aos seres humanos, mulheres e homens, resta-lhes, por isso, fugir dos clérigos e deixar-se nascer do Vento/Sopro maiêutico de Jesus, que os fará mudar de ser e de Deus. Do Deus do cristianismo, para Deus Abba-Mãe, o de Jesus e dos povos, indistintamente. Saibam todos os seres humanos que é melhor viver, do nascer ao morrer, em estado de procura, do que ter acolhido, aceitado uma falsa resposta, um falso caminho. O cristianismo e qualquer outra religião são falsos caminhos, falsas respostas. Felizes, por isso, os seres humanos que o são até à plenitude, sem nunca cederem ao Tentador, o poder! É deles a Terra. Porque o céu é apenas um mito religioso!
Na 27.ª Gala do Futebol Clube do Porto
Bispo do Porto, um grande dragão!
À falta de actividades pastorais substantivas, a maior das quais, para não dizer, a única, para um bispo, é Evangelizar os pobres e os povos, o Bispo do Porto foi convidado e aceitou participar na 27ª edição da Gala dos Dragões de Ouro, realizada no passado dia 28 de Outubro, no pavilhão Dragão Caixa. Prestou-se, inclusivamente, a entregar em mão ao dirigente do Clube, Antero Henrique, um dos Dragões de Ouro, precisamente, o que foi atribuído ao projecto do ano, o museu do Futebol Clube do Porto. VP, Semanário da Diocese do Porto, dá a notícia na sua última edição de Outubro, e faz questão de a ilustrar com uma pequena foto do bispo D. António Francisco dos Santos, enfeitado com a respectiva cruz peitoral sobre o peito e o anel no respectivo dedo da mão direita. Não tece a propósito – quem na redacção se atreveria? – o mais pequeno comentário ao facto, tido, certamente, como mais um daqueles faits divers, que, uma vez publicado, deixa de o ser, para se tornar relevante. No caso, relevante, mas para vergonha de quem o protagoniza.
Na circunstância, o dirigente do FCP destacado para receber o prémio, não quis deixar os seus créditos por mãos alheias e afirmou: “É uma obra que diz muito para mim, para a cidade e para o país. Portanto quem entregou o prémio foi a primeira figura da cidade do Porto, um grande dragão, o bispo D. António Francisco dos Santos”. VP que regista estas breves palavras, dá o assunto por encerrado. Pelo que é de depreender que o Bispo do Porto encaixou bem o piropo de “maior figura da cidade” e remeteu-se ao silêncio. É legítimo supor que terá, no mínimo, esboçado um sorriso de satisfação e de confirmação do referido. Só que de um piropo se trata e, dito por quem foi, pode muito bem converter-se numa desdita, caso as pessoas tropecem nele e em vez de lerem “maior figura da cidade”, lerem “maior figurão da cidade”. Tal e qual o presidente vitalício do FCP, Jorge Nuno Pinto da Costa, mais do que imbatível nesse domínio.
Compreende-se que o Bispo do Porto tenha aceitado o convite. Que tenha aceitado entregar o prémio. Só não se entende que VP não registe uma única palavra dele, num evento daqueles, onde a sua presença silenciosa revela o incómodo com que se sentirá na pele de “um grande dragão” entre outros grandes dragões lá presentes e até premiados. Falta saber em que área é que o Bispo do Porto é “um grande dragão”, já que na do futebol dos milhões nem sempre ganha quem mais marca, mas sempre ganha quem mais consegue driblar a chuva da grande corrupção e sair dela sem se molhar. Pelo menos, perante os tribunais, também eles compinchas no que respeita a negócios sujos. Sim, sim, há excepções, sobretudo, para corruptos de pequena monta, que só servem para confirmar a regra.
Os pobres da diocese do Porto e do país, bem podem esperar que o Bispo realize com eles a sua missão – Evangelizar os pobres. Uma missão de alto risco pessoal, porque não se cumpre com a mera repetição até à náusea de ritos litúrgicos, nem de missas com ou sem pompa e circunstância, mas com a acção maiêutica de despertar os pobres de dentro para fora para o combate desarmado que todos eles têm de protagonizar contra as causas da pobreza, a deles e a de milhões de outros. Em lugar de se ficar pela reiterada caridadezinha e pela resignação. ao jeito da madre Teresa de Calcutá, do Banco Alimentar contra a Fome, da Cáritas, da santa casa da misericórdia, que nem é santa, nem é misericórdia. Fosse por aí, como foi a de Jesus, a acção pastoral do Bispo António Francisco dos Santos, desde que tomou posse na catedral do Porto, já então a falar nos pobres, sem, entretanto, nunca os Evangelizar até hoje e, certamente, nunca ele teria sido convidado pelo FCP para esta Gala, muito menos, teria sido designado de “um grande dragão”. E assim se (des)faz a igreja católica em Portugal, nomeadamente, no Porto!
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Bento XVI, segundo o papa Francisco
De Papa emérito a santo de altar, ainda em vida
Decidiu a Academia Pontifícia das Ciências homenagear o papa Bento XVI, agora emérito, mas nada distraído dos passos dados pelo seu sucessor. A homenagem consistiu em mandar fabricar um busto em bronze, para pôr à adoração dos fiéis, não na Basílica de São Pedro, o Negador-mor de Jesus e o seu principal Tentador/Satanás, mas noutros locais frequentados por gente de primeira, a fina intelectualidade católica, de mãos bacteriologicamente limpas, porque, na realidade, mais do que sujas de sangue, o das suas inúmeras vítimas que crescem cada vez mais em número e em humilhação, na mesma proporção em que a intelectualidade cresce em grandeza e em distanciamento da realidade/verdade, sempre incómoda, porque interpeladora, desinstaladora.
À homenagem, associou-se outro peso pesado, o papa Francisco, o tal que escolheu o nome de Francisco de Assis, mas sempre de olhos postos no pai dele, na sua gigantesca fortuna e na sua decisiva influência no mundo dos negócios. Papa emérito exige presença de papa em exercício. Ou a homenagem não é homenagem que se apresente. O mais espantoso é que o papa Francisco não se poupou nos piropos ao seu antecessor e espia, na Cúria, uma vez que Bento XVI só aceitou sair do trono, com a condição de manter até à morte todas as honras de papa em exercício, ficar a viver no Vaticano, numa enorme mansão 5 estrelas, manter ao seu serviço dia e noite as mesmas freiras que o serviam quando estava em exercício de funções, juntamente com o seu secretário, a quem, antes de resignar, teve o cuidado de entronizar entre os graúdos da Cúria, num lugar que lhe dá permanente acesso a tudo o que é decisivo no dia a dia do papado.
Os elogios do papa Francisco são tantos e tais, que garantem, desde já, que Bento XVI seguirá o exemplo de João Paulo II e será canonizado, pouco depois da sua morte, uma vez que acaba de ser já canonizado em vida pelo fabricador de santos, n.º 1, o papa de Roma. Até os crimes da pedofilia do clero que Bento XVI encobriu e estimulou outros bispos a encobrir, e os crimes de perseguição aos teólogos católicos da teologia de libertação, mais todas as falcatruas com que ele pactuou na Cúria romana e que conhece como ninguém, sem nunca as ter dado a conhecer à igreja e ao mundo, apenas ao seu sucessor, acabam transubstanciados em outras tantas virtudes heróicas pelo papa Francisco.
Um mínimo de decoro, no papado, é coisa de todo impensável. Para alguma coisa os clérigos se arrogam do poder de transubstanciar as hóstias e o vinho do cálice das missas em corpo e sangue de Cristo, e dá-lo a comer e a beber aos grandes fabricadores de vítimas, e também a estas. Àqueles, para que sejam cada vez mais eficazes nos seus crimes; a estas, para que sejam cada vez mais resignadas na sua condição de vítimas. O busto em bronze fica, assim, a atestar ao mundo toda a podridão que grassa na Cúria romana, e no ser-viver quotidianop dos papas, chamem-se eles Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI ou Francisco. Mudam os nomes e os tiques papais, mas a podridão e a corrupção da Cúria romana são cada vez maiores. Realmente, já não há pachorra, para tanto descaramento eclesiástico! Quem puder fugir, que fuja!
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Edição 101, Outubro 2014
Discurso integral de encerramento do Sínodo
Que igreja é a do papa Francisco?
JF divulga o discurso integral do papa, no encerramento do Sínodo. E, perante ele, formula uma pertinente pergunta: Que Igreja é a do papa Francisco? Lê-se o texto e depressa se conclui que é a igreja de Pedro (“cum Petro et sub Petro = Com Pedro e sob Pedro) e de Paulo. Aquele Pedro que, depois de ter sido Satanás para Jesus – “Sai da minha frente, Satanás, que os teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens (do poder), Marcos 8, 33 – depois ainda o traiu, juntamente com todo o grupo de que era o chefe, e entregou aos sumos-sacerdotes. E, já com Jesus preso e a ser sumariamente julgado e condenado à morte, ainda o negou por completo, que é o que quer dizer, “três vezes”. Depois, mal o apanhou morto na cruz do império – cuja execução recusou acompanhar de perto – e, por via disso, o maldito dos malditos de Deus, o da Bíblia, correu logo a reunir os onze na sala de cima, uma dependência do templo de Jerusalém, para aí, juntamente, com Tiago, o irmão de Jesus que nunca aceitou ser seu companheiro, fundarem o judeo-cristianismo. O que perfaz a maior traição/negação de Jesus, o camponês-artesão, o filho de Maria. Uma vez que, desse modo, Jesus perdeu de imediato a sua condição de ser humano pleno e integral, para ser convertido no cristo/messias ou Jesuscristo, da casa real de David, um dos múltiplos mitos que estão na raiz de todo o poder, para o justificar, quando o poder é, de sua natureza, injustificável, intolerável.
Só que uma igreja assim, como a cristã, não é soprada/inspirada pela Ruah/Sopro maiêutico de Jesus. É soprada/inspirada pelo sopro do poder, ela própria, poder monárquico absoluto, que, de acordo com o falso evangelho de S. Paulo, está destinado a vencer/reinar/imperar sobre toda a terra e sobre todos os povos. Essa mesma igreja que veio, naturalmente, a ser reconhecida, no início do século IV, pelo imperador de Roma, Constantino e seus sucessores. Dois mil anos volvidos, o papa Francisco acha-se o sucessor desse Pedro Satanás, traidor, negador de Jesus, e um dos fundadores do cristianismo que troca Jesus pelo mítico Cristo, tão do agrado do imperador de Roma e de todos os imperadores ou candidatos a imperador. E dos papas!
É este tipo de igreja cristã, não jesuânica, que subjaz ao discurso de encerramento do Sínodo, proferido pelo papa Francisco, no dia 18 de Outubro, véspera da beatificação do papa Paulo VI, numa sucessão que remonta a Pedro, mas não a Jesus, já que o cristianismo rompeu definitivamente com Jesus e assume-se como o seu inimigo maior, uma vez que anda animado do sopro do poder que infantiliza e humilha as pessoas e as populações, para que elas nunca cheguem a crescer de dentro para fora, não vá acontecer que se autonomizem, se tornem sujeitos, senhores dos seus próprios destinos e dos destinos do planeta, de acordo com a própria consciência. E, consequentemente, deixem o poder a falar sozinho, sem ninguém disponível para o servir.
Fiquem, então, com o texto integral do discurso do papa. E verifiquem com as vossas consciências, se se as coisas são ou não assim. Se, entretanto, gostarem de um tipo de igreja assim tão antípoda de Jesus e do seu movimento clandestino, fundada por um dos “Doze” a quem Jesus chama “Satanás”, o problema é vosso. Só que depois não andem por aí a queixar-se, sempre que se virem cercados por todos os lados de leis, de dogmas, de normas, de proibições de toda a ordem que as, os impedem de organizar, até, os afectos e a família, de acordo com a vossa própria consciência. É o que acontece a quem faz más escolhas e decide ter tutores a decidir em seu nome. Tais escolhas podem dar-nos uma falsa sensação de segurança e de acompanhamento, dispensar-nos de pensar e de decidir por nós, mas reduz-nos a répteis rastejantes, abortos de seres humanos, abaixo até dos outros animais. Eis.
Discurso integral do papa
“Queridas Eminências, Beatitudes, Excelências, irmãos e irmãs, Com um coração pleno de reconhecimento e de gratidão, gostaria de agradecer, junto a vós, ao Senhor que nos acompanhou e nos guiou nos dias passados, com a luz do Espírito Santo!
Agradeço de coração Sua Eminência o senhor Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário Geral do Sínodo, Sua Eminência Dom Fabio Fabene, Sub-Secretário, e com eles agradeço o Relator, Sua Eminência Cardeal Peter Erdö que trabalhou tanto, mesmo nos dias de luto familiar, e o Secretário Especial, Sua Eminência Dom Bruno Forte, os três Presidentes delegados, os escritores, os consultores, os tradutores e os anônimos, todos aqueles que trabalharam com verdadeira fidelidade nos bastidores e com total dedicação à Igreja, sem parar: muito obrigado de coração!
Agradeço igualmente a todos vocês, Padres Sinodais, Delegados Fraternos, Ouvintes e Assessores para vossa participação ativa e frutuosa. Levarei vocês na oração, pedindo ao Senhor para recompensar-vos com a abundância da graça dos seus dons!
Eu poderia tranquilamente dizer que – com um espírito de colegialidade e de sinodalidade – vivemos realmente uma experiência de “Sínodo”, um percurso solidário, um “caminho juntos”.
E tendo sido “um caminho” – e como em todo caminho -, houve momentos de corrida veloz, quase correndo contra o tempo prá chegar logo à meta; em outros, momentos de cansaço, quase querendo dizer basta; outros momentos de entusiasmo e de ardor.
Houve momentos de profunda consolação, ouvindo os testemunhos dos pastores verdadeiros (cf. João 10 e Cann. 375, 386, 387) que levam no coração sabiamente as alegrias e as lágrimas dos seus fieis.
Momentos de consolação e graça e de conforto escutando os testemunhos das famílias que participaram do Sínodo e partilharam conosco a beleza e a alegria de sua vida matrimonial.
Um caminho onde o mais forte sentiu o dever de ajudar o mais fraco, onde o mais esperto se apressou em servir os outros, mesmo por meio dos debates. E sendo um caminho de homens, com as consolaçõeshouve também outros momentos de desolação, de tensão e de tentações, das quais se poderiam mencionar algumas possibilidades:
- Uma: a tentação de enrijecimento hostil, isto é, de querer fechar-se dentro do escrito (a letra) e não deixar-se surpreender por Deus, pelo Deus das surpresas (o espírito); dentro da lei, dentro da certeza daquilo que conhecemos e não daquilo que devemos ainda aprender e atingir. Desde o tempo de Jesus, é a tentação dos zelosos, dos escrupulosos, dos cuidadosos e dos assim chamados – hoje – “tradicionalistas” e também dos “intelectualistas”
- A tentação do “bonismo” destrutivo, que em nome de uma misericórdia enganadora, enfaixa as feridas sem antes curá-las e medicá-las; que trata os sintomas contra os pecadores, os fracos, os doentes (cf. Jo 8,7), isto é, transformá-los em “fardos insuportáveis” (Lc 10,27).
- A tentação de descer da cruz, para acontentar as pessoas, e não permanecer ali, para realizar a vontade do Pai; de submeter-se ao espírito mundano ao invés de purificá-lo e submeter-se ao Espírito de Deus.
- A tentação de negligenciar o “depositum fidei”, considerando-se não custódios, mas proprietários ou donos ou, por outro lado,
- a tentação de negligenciar a realidade utilizando uma língua minuciosa e uma linguagem “alisadora” (polida) para dizer tantas coisas e não dizer nada”. Os chamavam “bizantinismos”, acho, estas coisas…
Queridos irmãos e irmãs, as tentações não devem nem nos assustar nem desconcertar e muito menos desencorajar, porque nenhum discípulo é maior do que seu mestre; portanto se Jesus foi tentado – ate mesmo chamado de Belzebu (cf. MT 12, 24) – os seus discípulos não devem esperar um tratamento melhor.
Pessoalmente, ficaria muito preocupado e triste se não houvesse estas tentações e estas discussões animadas; este movimento dos espíritos, como chamava Santo Inácio (EE, 6), se tudo tivesse sido de acordo ou taciturno em uma falsa e ‘quietista’ paz.
Ao contrário, vi e escutei – com alegria e reconhecimento – discursos e pronunciamentos plenos de fé, de zelo pastoral e doutrinal, de sabedoria, de franqueza, de coragem: e de parresia. E senti que foi colocado diante dos próprios olhos o bem da Igreja, das famílias e a “suprema Lex”, a “salus animarum” (cf. Can. 1752).
E isto sempre – o dissemos aqui, na Sala – sem colocar nunca em discussão as verdades fundamentais do Sacramento do Matrimônio: a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a ‘procriatividade’, ou seja, a abertura à vida (cf. Cann. 1055, 1056 e Gaudium et Spes 48).
E esta é a Igreja, a vinha do Senhor, a Mãe fértil e a Mestra atenciosa, que não tem medo de arregaçar as mangas para derramar o óleo e o vinho nas feridas dos homens (cf. Lc 10, 25-37); que não olha a humanidade de um castelo de vidro para julgar ou classificar as pessoas.
Esta é a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e formada por pecadores, necessitados da Sua misericórdia.
Esta é a igreja, a verdadeira esposa de Cristo, que procura ser fiel ao seu Esposo e à sua doutrina.
É a Igreja que não tem medo de comer e beber com as prostitutas (cf. Lc 15).
A Igreja que tem as portas escancaradas para receber os necessitados, os arrependidos e não somente os justos ou aqueles que acreditam ser perfeitos!
A Igreja que não se envergonha do irmão caído e não faz de conta de não vê-lo, ao contrário, se sente envolvida e quase obrigada a levantá-lo e a encorajá-lo e retomar o caminho e o acompanha para o encontro definitivo, com o seu Esposo, na Jerusalém celeste.
Esta é a Igreja, a nossa mãe!
E quando a Igreja, na variedade dos seus carismas, se expressa em comunhão, não pode errar: é a beleza e a força do sensus fidei, daquele sentido sobrenatural da fé, que é doado pelo Espírito Santo para que, juntos, possamos todos entrar no coração do Evangelho e aprender a seguir Jesus na nossa vida, e isto não deve ser visto como motivo de confusão e de mal-estar.
Tantos comentaristas, ou pessoas que falam, imaginaram ver uma Igreja em atrito, onde uma parte está contra a outra, duvidando até mesmo do Espírito Santo, o verdadeiro promotor e garante da unidade e da harmonia na Igreja.
O Espírito Santo que ao longo da história sempre conduziu a barca através dos seus Ministros, mesmo quando o mar era contrário e agitado e os Ministros infiéis e pecadores.
E, como ousei dizer isto a vocês no início do Sínodo, era necessário viver tudo isto com tranqüilidade, com paz interior, mesmo porque o Sínodo se desenvolve cum Petro et sub Petro, e a presença do Papa é garantia para todos. Falemos um pouco do Papa, agora, na relação com os bispos (risos). Assim, a missão do Papa
é a de garantir a unidade da Igreja;
é o de recordar aos fiéis o seu dever em seguir fielmente o Evangelho de Cristo;
é o de recordar aos pastores que o seu primeiro dever é o de nutrir o rebanho – nutrir o rebanho – que o Senhor confiou a eles e de buscar acolhê-lo – com paternidade e misericórdia e sem falso medo – as ovelhas perdidas. Errei aqui. Disse acolher: ir buscá-las.
A sua missão é a de recordar a todos que a autoridade na Igreja é serviço (Cf. Mc 9, 33-35) como explicou com clareza Papa Bento XVI, com palavras que cito textualmente:
“A Igreja é chamada e se esforça em exercer este tipo de autoridade que é serviço, e o exerce não em nome próprio, mas em nome de Jesus Cristo… através ods Pastores da Igreja, de fato, Cristo apascenta o seu rebanho: é Ele que o guia, o protege, o corrige, porque o ama profundamente.
Mas o Senhor Jesus, Pastor Supremo das nossas almas, quis que o Colégio Apostólico, hoje os Bispos, em comunhão com o sucessor de Pedro… participassem desta missão de cuidar do Povo de Deus, de serem educadores na fé, orientando, animando e apoiando a comunidade cristã, ou, como diz o Concílio, “cuidando, sobretudo que cada fiel seja guiado no Espírito Santo a viver segundo o Evangelho a própria vocação, a praticar uma caridade sincera e ativa e a exercitar aquela liberdade com que Cristo nos libertou “ (Presbyterorum Ordinis, 6) … é através de nós – continua o Papa Bento – que o Senhor atinge as almas, as instrui, as protege, as guia.Santo Agostinho, no seu Comentário ao Evangelho de São João diz:
“Seja, portanto, esforço de amor apascentar o rebanho do Senhor” (123,5); esta é a suprema norma de conduta dos ministros de Deus, um amor incondicional, como aquele do Bom Pastor, pleno de alegria, aberto a todos, atento aos próximos e atencioso aos distantes (cf. Santo Agostinho, Discurso 340; Discurso 46, 15), delicado para com os mais fracos, os pequenos, os simples, os pecadores, para manifestar a infinita misericórdia de Deus com as palavras encorajadoras da esperança”. (Bento XVI, Audiência Geral, Quarta-feira, 26 de maio de 2010). Fim da citação.
Portanto, a Igreja é de Cristo – é a sua esposa – e todos os bispos, em comunhão com o Sucessor de Pedro, têm a missão e o dever de custodiá-la e de servi-la, não como donos, mas como servidores.
O Papa, neste contexto, não é o senhor supremo, mas sim um supremo servidor – o “servus servorum Dei”; o garante da obediência e da conformidade da Igreja à vontade de Deus, ao Evangelho de Cristo e à Tradição da Igreja, deixando de lado todo arbítrio pessoal, mesmo sendo – por vontade do próprio Cristo – o “Pastor e Doutor supremo de todos os fiéis” (Can. 749) enquanto gozando “da potestade ordinária que é suprema, é plena, imediata e universal na Igreja” (cf. Cann. 331-334).
Queridos irmãos e irmãs, agora temos ainda um ano para
amadurecer, com verdadeiro discernimento espiritual, as idéias propostas
e encontrar soluções concretas às tantas dificuldades e inumeráveis desafios que as famílias devem enfrentar;
dar respostas aos tantos desencorajamentos que circundam e sufocam as famílias.
Um ano para trabalhar na “Relatio synodi” que é o resumo fiel e claro de tudo aquilo que foi dito e discutido nesta sala e nos círculos menores. E é apresentado às Conferências episcopais como “Lineamenta”.
Que o Senhor nos acompanhe e nos guie neste caminho, pela gloria do seu nome, com a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e de São José!
E por favor, não esqueçam de rezar por mim! Obrigado.
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Cardeal Müller arrasa Relatório provisório do Sínodo
"INDIGNO, VERGONHOSO, COMPLETAMENTE EQUIVOCADO”
O pronunciamento do cardeal Müller, da Alemanha, sobre o Relatório provisório divulgado no início desta semana pelo cardeal húngaro, Péter Erdö, na presença do papa Francisco, sobre a família, é uma montanha de gelo que deixa em cacos a grande encenação mediática levada a cabo pela ala mais liberal do Sínodo, com o aval do próprio papa. "Um Relatório indigno, vergonhoso, completamente equivocado”, diz o cardeal, na sua intervenção numa das Comissões do Sínodo. Para lá de alemão, como Bento XVI, o papa que mexe todos os cordelinhos da Cúria, Müller é o todo-poderoso Prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício), a quem cabe a última palavra, em questões de Fé católica e de Moral. Os grandes media ignoraram este seu pronunciamento. O mesmo não pode fazer a ala mais liberal do Sínodo que, agora, dificilmente, pode levar por diante a grande encenação, tendente a deixar a impressão na opinião pública mundial, de que tudo vai mudar na doutrina da igreja, no tocante às questões dos divorciados recasados, das co-habitações pré-matrimoniais, dos homossexuais e respectivas uniões de facto. Como operação de cosmética, a iniciativa do papa, de abrir o debate na igreja, pode ter sido bem pensada. Já os resultados alcançados serão nenhuns. A igreja católica é o poder absoluto e infalível de um só. Na prática, mais ninguém, a não ser o papa de turno, qualquer que seja nome que adopte, é igreja. O papa é a igreja. A igreja é o papa. Os próprios bispos diocesanos só o são por delegação do papa. Tal como os párocos só o são por delegação dos respectivos bispos. Os chamados fiéis leigos nem sequer entram nesta pirâmide, à excepção daqueles poucos que os bispos ou o papa entenderem chamar a participar ém órgãos institucionais das dioceses ou da Cúria romana. No dia em que esta pirâmide eclesiástica abrisse uma brecha, cairia como um baralho de cartas! Nunca o fará. Resta, pois, às populações crentes do terceiro milénio viver responsavelmente os seus afectos e as suas vidas familiares, de acordo com a sua própria consciência. Só assim são Igreja católica, a daqueles dois ou três reunidos em nome de Jesus. E o papa? Deixemo-lo a falar sozinho!https://www.youtube.com/watch?v=lWFn-EIDqec
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ESCLARECIMENTO À NAVEGAÇÃO!
(postado hoje no Grupo dos Ex-Combatentes, cujo administrador fazia questão de que tb eu lá figurasse, certamente, por ter sido capelão militar à força, não por opção, na Guiné-Bissau, ao tempo da Guerra Colonial)
A minha Crónica de ontem sobre a tortura a céu
aberto que Fátima é, foi um veemente apelo a que acabemos de vez com as causas
do sofrimento das populações, de modo que não haja mais humilhados e condenados
da terra a terem de continuar a correr para aquele local, em busca do ópio
religioso necessário, para poderem continuar a suportar os seus quotidianos de
dores evitáveis, gritantemente intoleráveis. Ora, em vez de acolherem este
Evangelho/Boa Notícia, muitos ex-combatentes deste Grupo decidiram insultar-me
de "demente" para cima. Sei que o primeiro e o último (o alfa e ómega)
praticante e mensageiro do Evangelho, Jesus Nazaré, acabou, ele próprio,
crucificado na cruz do império de Roma, como o maldito dos malditos. E
adverte-nos que o discípulo não é mais que o mestre. Pelo que, se a ele o
odiaram e mataram, também odiarão e matarão quantas, quantos o
seguirem/prosseguirem. Sabemos bem que quem está instalado nas suas rotinas e
nas suas mediocridades, não suporta o "novo" que, como um tornado não anunciado,
vem desinstalá-lo/dessassogá-lo/estimulá-lo a nascer do mesmo sopro que vem das
bandas das vítimas da História e reage, quase sempre, agressivamente contra o
mensageiro. Quero dizer-Vos que não me ofendestes. Ofendestes-Vos. Nunca fui
combatente de armas na mão. Fui, sim, obrigado a ser capelão militar na
Guiné-Bissau, ao tempo da Guerra Colonial. Integrei o Batalhão 1912, sediado em
Mansoa. A comissão era de dois anos, mas, 4 meses depois de desembarcar em
Bissau, já estava a ser expulso de capelão e a regressar de avião a Lisboa e daí
ao Porto. O Bispo castrense de então, D. António dos Reis Rodrigues, rotulou-me,
em carta endereçada ao Bispo Administrador Apostólico do Porto, D. Florentino de
Andrade e Silva, que me havia entregado a ele para ser capelão militar, de
"padre irrecuperável". Só porque eu, ao contrário dele e do Administrador
Apostólico da Diocese do Porto, em lugar de canonizar a Guerra Colonial como
guerra santa, cheguei lá e comecei logo a pregar a paz que, naquele contexto,
exigia, para ser efectiva, que o direito dos povos colonizados fosse respeitado
e praticado, nunca impedido-combatido, como estava a ser. O anúncio do Evangelho
da paz, no coração da Guerra Colonial, valeu-me esse rótulo proferido então pelo
Bispo castrense, sem nunca antes me ter sequer ouvido, e acompanha-me desde
então até hoje. Por sinal, coisa pouca, se comparado com o que os
sumos-sacerdotes do seu tempo e país, fizeram a Jesus Nazaré, o filho de Maria!
Sucede que, desde então, nunca mais baixei os braços, nem me acomodei a
privilégios clericais que rejeito, em nome da Liberdade e da dignidade/
igualdade humana. Muito menos, bati com a porta. Pelo contrário. Sou, desde
1975, presbítero jornalista, por isso, sem qualquer necessidade de ter um ofício
canónico por nomeação episcopal, ao qual anda sempre ligado o respetivo
benefício material e honorífico. Posso, por isso, dizer, como Jesus, que dou de
graça o que de graça recebi/recebo. Os párocos e pastores comerciantes,
empresários de várias paróquias-empresa, não me perdoam e odeiam-me. Mas sem
razão. A todos eles só lhes posso dizer e digo, com toda a minha ternura de
menino, como disse, no dia 2 de Janeiro 1968, no gabinete dele, ao meu
Comandante do Batalhão, que me acusava de, nas homilias, não respeitar a
Constituição, ao defender abertamente o direito dos povos colonizados à
autonomia e independência, "Mudem a Constituição, que eu não posso mudar o
Evangelho" Agora, aos bispos e aos párocos e outros pastores de igreja, Mudem o
Código de Direito Canónico e o Catecismo da Igreja Católica, que eu não posso
mudar o Evangelho de Jesus, que dá toda a prioridade às pessoas e à vida
saudável e feliz, não às leis, às tradições, aos poderes. A concluir, não Vos
peço que deixeis de me ofender. Peço-vos que não Vos ofendais mais do que já Vos
ofendestes. Abraço-vos a todos e às vossas famílias. E terei muita alegria em
partilhar a vossa Mesa, se, um dia destes, me quiserdes convosco.
Macieira da Lixa, casinha arrendada onde vivo,14 OUTUBRO 2014, Mário Pais de
Oliveira.
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FÁTIMA: QUANDO POMOS FIM A ESTE LOCAL NACIONAL DE TORTURA A CÉU ABERTO?
O crime e a mentira de Fátima só aparentemente compensam. Na realidade, estão a ser o cancro mais demolidor da igreja católica e da humanidade, sobretudo, a partir do dia em que as tvs passaram a transmitir tudo em directo, e a entrevistar pagadores de promessas que carregam pelas estradas do País o instrumento da sua própria tortura, a cruz do cristianismo. Se há momentos em que é notória a escandalosa divisão entre clérigos e leigos, entre privilegiados e humilhados/condenados da terra, é nas transmissões dos dias 12 e 13 de Maio e de Outubro. Fátima é a montra mais gritante e mais desgraçada desta divisão. No topo da esplanada, e todos paramentados a rigor com as respectivas vestes e insígnias, os clérigos. No topo dos topos, os bispos patrões das dioceses. Uns degraus, abaixo, os párocos, seus contratados a prazo nas paróquias. Lá ao fundo, separados dos clérigos e à intempérie, a multidão dos humilhados/ condenados/pagadores de promessas, corpos cosidos de dores, de ilusões, de doenças, de desesperos, de medos, muitos medos. Aquelas, aqueles que rastejam, ou vão de joelhos, desde a maldita cruz alta, instrumento de tortura do império que Jesus Nazaré fez implodir, mas que o Cristo imperial do cristianismo católico e protestante recuperou e converteu em sádico instrumento de redenção dos humilhados/condenados da terra, os únicos pecadores no entender das cúpulas das igrejas cristãs, são todos parte daquela multidão de pagadores de promessas. Nenhum bispo, nenhum pároco, nenhum frade, nenhuma freira. Só os humilhados/condenados/roubados da sua dignidade são levados a pensar que são merecedores de todos os sofrimentos/castigos, precisamente, porque são pobres, igual a pecadores. Fossem ricos, e teriam as atenções dos bispos, dos párocos, dos pastores protestantes. Pois bem. É toda esta mais do que abominável teologia do cristianismo que subjaz a toda a fé religiosa, a mesma que transforma as vítimas das minorias privilegiadas, em pecadores e pagadores de promessas, a vida inteira. Quando pomos fim às causas do sofrimento, e, consequentemente, este local nacional de tortura a céu aberto?! Quando? https://www.youtube.com/watch?v=iQ0hGU-vWF8
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Sínodo: Bispos prosseguem debates sobre a família
Mas as decisões finais são apenas da Cúria!
Regressemos, uma vez mais, ao Sínodo dos Bispos em Roma. À falta de outras notícias. Sim, porque a igreja católica romana e todas as outras igrejas cristãs protestantes são entidades com múltiplas iniciativas, mas que muito dificilmente chegam a ser notícia. As rotinas eclesiásticas em que são peritas, não são notícia. Ou o jornalismo profissional é uma batata. Nem sei como há jornalistas que se prestam a trabalhar em órgãos de informação das igrejas. Acabam todos reduzidos a escribas dos senhores eclesiásticos, seus patrões. Comidos porr tarefas que os reduzem a estéreis funcionários do religioso, à semelhança dos sacristães, dos meninos de coro, dos diáconos casados. Um ser-viver sem causas que valham a pena, sem realidade/verdade, sem entusiasmo, sem alegria, sem brilhozinho nos olhos. Sim, há todas aquelas coisas litúrgicas e todas aquelas reuniões, todos aqueles congressos disto e daquilo. Até demais. Mas é tudo faz-de-conta. Encenação. Vaidade. Auto-promoção corporativa para esconder mediocridades, esterilidades, e, em muitos casos, crimes contra terceiros que, perante tanto fausto litúrgico, acabam calados, para não serem ostracizados pelo poder eclesiástico, o mais feroz dos poderes.
Regressemos, pois, ao Sínodo dos Bispos em Roma. Desta vez, o papa Francisco caprichou e encenou, de forma inusitada, o evento que tem tudo de ostentação eclesiástica, nada de decisivo na vida da instituição, muito menos, na vida das populações. A temática em debate – as famílias e os problemas novos e velhos com que elas hoje se vêem confrontadas – prestava-se a isso, e ele não se fez rogado, naquela sua apetência em dar, da Cúria romana, a pior máfia do mundo, uma imagem de humanidade e de decência. Pode retocar a máscara. Não pode mexer na realidade que está por detrás dela. Que essa é intocável. Quem lhe tocar, cai fulminado. Tal como o Deus da Bíblia, do qual se diz nas suas páginas que quem se atrever a vê-lo, cai redondo no chão. Sem apelo nem agravo. Todo o poder é assim e as populações sabem-no na sua própria pele. Excluir/matar quem dissentir dele, é o seu princípio primeiro, para se perpetuar, geração após geração. E a Cúria romana é o poder monárquico absoluto e infalível. O único infalível. O único ortodoxo. Fora dele, só há heresia e hereges que têm de ser sacrificados, para que o poder seja o cristo invicto que sempre foi e será. Ele sabe – é omnisciente! – que se as populações crescerem de dentro para fora em humano, em sabedoria e em entrega de si umas às outras, é o seu próprio fim. E nunca permitirá tal coisa, a menos que a clandestinidade seja o modo de ser-viver dos seres humanos, ao estilo do vento que, então, nem ele sabe quais são, onde estão, e onde sopram. Porque jamais frequenta o mundo das vítimas que cientificamente fabrica.
Houve inquéritos preparatórios que foram alargados aos chamados “fiéis leigos”, uma espécie de tropa de infantaria que só existe para fazer brilhar e sustentar os clérigos, desde o mais humilde pároco de aldeia, ao mais refinado cardeal da Cúria romana e ao papa. As conferências episcopais de cada país trabalharam, depois, todas essas respostas e cortaram o que havia a cortar. Enviaram tudo para a Cúria romana que, por sua vez, cortou o que havia ainda a cortar. E agora está aí o Sínodo em duas etapas. Há grandes expectativas, por parte dos media sensacionalistas, no que respeita a decisões. Mas como assim, se tudo é decidido, em última instância, pela Cúria romana? Acham que a Cúria romana é suicida e vai avançar com decisões que a enfraqueçam? Só uma grande dose de ingenuidade nos levará a pensar semelhante. Mudarão algumas normas, apenas as necessárias, para que tudo fique na mesma. Mudarão as moscas, não os conteúdos onde elas pousam e depositam os ovos, para que a geração das moscas não tenha fim.
É bom que se saiba que o Sínodo é de bispos. Em representação das respectivas conferências episcopais. Todos eles sabem-se constantemente observados, vigiados, controlados. Debatem, por isso, com redobradas cautelas, para não caírem em desgraça. No final, redigem um documento eclesiasticamente correcto, que é enviado ao papa que a tudo preside. Para lá dos bispos, há mais presenças no Sínodo. Pessoas convidadas. Podem intervir, quando lhes for permitido. Não podem votar. O voto, depois dos debates, é exclusivo dos bispos presentes. Porém, mesmo estes, são apenas consultivos, não deliberativos. O documento final, o único que faz doutrina digna de fé, é da Cúria romana. Do seu chefe máximo, o papa. Não esqueçamos que a igreja católica romana é uma monarquia absoluta e infalível. Todos os demais membros, a começar pelos bispos residenciais, são apenas número. Sem voto deliberativo. Sem decisão. Obedientes e reverentes ao papa rei e imperador omnipotente, omnipresente, omnisciente, em matéria de fé e costumes!
O que espanta é que continue a haver pessoas que aceitem integrar uma organização eclesiástica destas. Lhe entreguem as filhas, os filhos para serem catequizados pelos seus funcionários. Procurem os seus serviços. Sustentam e até enriqueçam os seus clérigos celibatários à força. Certamente, continuam a pensar, depois destes dois mil anos de pensamento único, de anátemas, de fogueiras, de excomunhões, que não é bom saltar fora desta engrenagem. Saibam, porém, que o que não é bom é permanecerem dentro e meterem lá as filhas, os filhos recém-nascidos. Digo-lhes mais: À luz da Fé e do Evangelho de Jesus, permanecer dentro de semelhante organização monárqquica absoluta, é pecado. Porque as igrejas-poder não vêm de Deus Abba-Mãe de todos os povos. D’Ele, vem apenas a humanidade, em múltiplos povos, linguas e culturas. Fora da humanidade, não há salvação. Dentro da igreja-poder, só há alienação, por isso, perdição. Quem tiver ouvidos para ouvir que oiça! As famílias, também!
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Crónica 35
Que sabem os bispos cristãos católicos das famílias de hoje?
Os bispos cristãos católicos são hoje uma espécie em vias de extinção. Melhor ainda: O próprio cristianismo, que está na origem da existência dos bispos cristãos católicos, é um sistema que nunca deveria ter nascido e que tem de ser defintivamente extinto, para que os seres humanos possam ser-viver-crescer de dentro para fora, até serem, pelo menos, outros Jesus, mulheres e homens indissoluvelmente unidos entre si, que cristo/messias/poder algum jamais possa separar. O problema é que o cristianismo, fundado sobre o mito cristo/messias, leva já dois mil anos de infantilização das populações, e as suas elites privilegiadas, mais do que muitas, em outras tantas igrejas-empresa, não se mostram dispostas a abrir mão do poder e dos privilégios que este lhes garante. São tão cegos, a começar no bispo de Roma, o poder dos poderes, e a acabar no mais humilde cura de aldeia, que, no seu narcisismo corporativo, se pensam inquestionáveis e se têm na conta de insubstituíveis. Tão pouco olham a meios para se perpetuarem no poder, nos privilégios, no inumano institucional. Chegam a meter dó, de tão vaidosos e pavões que são e se apresentam perante a plebe. Nem sequer se apercebem de que já vamos terceiro milénio adiante, e que a Idade Média está lá muito para trás, tanto, que as novas gerações têm grande dificuldade em dar por ela, tão centradas que vivem neste nosso hoje carregado de futuro. O Sínodo dos bispos que amanhã começa em Roma e que se propõe debater as novas e prementes questões com que estão confrontadas as famílias da actualidade, é a prova acabada do que aqui acabo de escrever. São todos homens celibatários à força, oriundos de múltiplas partes do mundo, que se atrevem a abordar uma realidade que não conhecem de todo, a não ser dos livros, e que está a milhas de distância do universo clerical de conceitos a que vão ter de recorrer para se entenderem entre si, mas se desentenderam, completa e definitivamente, da realidade. Mal vão as famílias de carne e osso, se se deixarem guiar por estas elites cristãs católicas romanas. São guias cegos que as conduzirão para o pior dos infernos, o da inumanidade disfarçada de virtude e de santidade. O horror dos horrores!
4 Outubro 2014 https://www.youtube.com/watch?v=DQXNVqztj-U
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Câmara Municipal e Diocese de Bragança-Miranda
Mas que santo e rico casamento!
Apesar da informação estar disponível na internet, no respectivo site, nem lhes passa pela cabeça o que reza a extensíssima acta da reunião ordinária da CM de Bragança, realizada no dia 11 de Agosto 2014, o mês mais politicamente desmobilizador, devido às férias de quem ainda as pode gozar. Por isso, o melhor mês para aprovar por unanimidade decisões como as que aqui se dão a conhecer, em linguagem menos codificada, como é a linguagem das, dos jornalistas. Lê-se e custa a acreditar no que se lê. Fica mais do que manifesto que entre a Câmara Municipal e a Diocese de Bragança-Miranda há um santo e rico matrimónio, não se sabe se com ou sem contrato assinado no Cartório diocesano e no do Registo Civil, como exige a Concordata (1940), do tempo de Salazar, para o chamado casamento canónico. Mas com ou sem registo escrito, o casamento existe e não se sabe por quanto tempo mais, já que o Bispo D. José Cordeiro e o actual Presidente do Município parecem estar aí ambos para durar, durar, durar, como as pilhas de uma certa marca disponível no mercado.
Calculem que, de uma assentada, foram presentes à reunião, quatro pedidos da Diocese, o último dos quais, pelo menos, na referida Acta, do próprio Bispo titular que, como é público e notório, não perde pitada para aparecer em tudo o que o torne grande aos olhos dos diocesanos, do pais e de Roma. Já que para isso aceitou ser o bispo duma Diocese, como a de Bragança-Miranda, bem lá no alto, de onde pode ver todos os outros tronos eclesiásticos, muito mais apetitosos que o dele. De modo que, mal surja a oportunidade, será só saltar, lá de cima, e deixar-se cair nalgum dos mais apetitosos que o dele. E, se for, logo, o da capital do país, tanto melhor, porque passa de bispo de Bragança-Miranda, coisa pouca para tanta ambição pessoal de grandeza, a patriarca de Lisboa; e, algum tempo depois, no primeiro consistório que venha a ser realizado em Roma, a cardeal patriarca de Lisboa. E quem sabe, com todos os padrinhos cardeais de que dispõe em Roma, aos quais deve a escolha para bispo, senão até, bispo de Roma, simultaneamente, papa da igreja católica romana!
Os outros três pedidos são provenientes, pela ordem com que figuram na Acta da reunião da CM de Bragança, da Fábrica da Sé Catedral, da Associação dos Fiéis da Confraria do Divino Senhor da Agonia dos Chãos e da Fábrica da Igreja de São Plágio da Paróquia de Nogueira.
À excepção do requerimento do Bispo. D, José Cordeiro, os outros três são todos a pedir apoio financeiro à Câmara. Quanto e para que fins, é o que ficarão a saber agora. A Fábrica da Sé Catedral pede exactamente 20.000,00 €, para aquisição de um novo sistema de som para a sua Catedral. Nem mais! O custo global do sistema de som – garante a acta – é de 35.000,00 €, pelo que a Diocese compromete-se a entrar com os outros 15.000.00 €. Como se vê, a Fábrica da Sé Catedral – o que acham deste tipo de nomes eclesiásticos, para as suas instâncias de poder sobre as populações, canonicamente, apelidadas de “fiéis”? – não é gaga a pedir/exigir da sua Câmara Municipal. E esta, por sua vez, não é coxa a corresponder e a deferir este e os outros dois pedidos de apoio financeiro, respectivamente, de 2.000,00 €, para apetrechamento do espaço de convívio dos fiéis com mesas e cadeiras necessárias para o normal funcionamento da Confraria, e de 5 000,00 €, para requalificação do telhado da Igreja de Nogueira.
De outro teor, é o requerimento do Bispo. Tem a ver com cadáveres de bispos, que, até, para estes, tem de haver diferença em relação aos cadáveres dos “fiéis leigos” e dos ateus e agnósticos. Uma vaidade, a destes bispos, que nem a morte consegue abater. Vale a pena transcrever o texto da Acta, tão eloquente e pormenorizado, ele é:
«Pelo
Sr. Presidente foi presente a seguinte informação elaborada pela Divisão de
Ambiente, Águas e Energia:
“Na sequência do ofício
datado de 3 de julho de 2014, enviado por Sua
Excelência Reverendíssima
Bispo da Diocese de Bragança-Miranda D. José
Manuel Garcia Cordeiro,
relativo a um pedido para sepultamento futuro na
Catedral de Bragança de Sua
Excelência Reverendíssima D. António José
Rafael, fundamentado na longa
tradição da Igreja Católica, que recomenda que
os Bispos sejam sepultados na
Catedral, informa-se de acordo com o Regulamento de Cemitérios
Municipais, mais especificamente do artigo 9.º, que o mesmo poderá ser deferido.
Artigo 9.º Locais de inumação
1- As inumações são efetuadas em sepulturas temporárias, perpétuas e
talhões privativos, em jazigos e ossários particulares ou municipais e em locais
de consumpção aeróbia de cadáveres.
2 - Excecionalmente, e mediante autorização da Câmara Municipal de
Bragança, poderá ser permitida:
a) A inumação em locais especiais ou reservados a pessoas de
determinadas categorias, nomeadamente de certa nacionalidade, confissão ou
regra religiosa;
b) A inumação em capelas privativas situadas fora dos aglomerados
populacionais e tradicionalmente destinadas ao depósito do cadáver ou
ossadas dos familiares dos respetivos proprietários.
3 - Poderão ser concedidos talhões privativos a comunidades religiosas
com práxis mortuárias específicas, mediante requerimento fundamentado,
dirigido ao presidente da Câmara Municipal, e acompanhado dos estudos
necessários e suficientes à boa compreensão da organização do espaço e das
construções nele previstas, bem como garantias de manutenção e limpeza.
Artigo 10.º Inumações fora de cemitério público
1- Nas situações constantes do n.º 2 do artigo anterior, o pedido de
autorização é dirigido ao presidente da Câmara Municipal, mediante
requerimento, por qualquer das pessoas referidas no artigo 6.º do presente
Regulamento, dele devendo constar:
a) Identificação do requerente;
b) Indicação exata do local onde se pretende inumar ou depositar
ossadas;
c) Fundamentação adequada da pretensão, nomeadamente ao nível da
escolha do local.
Compete à Câmara Municipal, uma vez reunidas as condições do n.º 1
do artigo 10.º do Regulamento de Cemitérios Municipais autorizar
excecionalmente o solicitado, nos termos previstos da alínea a) do n.º 2 do
artigo 9.º do citado Regulamento. Neste caso específico e considerando-se a
fundamentação do pedido, suficiente e conforme o artigo 10.º do Regulamento,
propõe-se que o mesmo seja autorizado excecionalmente.”»
E assim se fez, por unanimidade dos presentes na
reunião, se bem que com uma Declaração de voto do Sr. Vereador Humberto Rocha,
que reza assim:
”Salvaguardadas todas as questões de natureza legal de que um assunto
deste melindre se reveste, voto favoravelmente.”
Mais e melhor, era impossível. Só que, por este andar, e se Roma não põe travão a este santo e rico casamento – e como há-de pôr, se é ela própria a procurá-lo a todo o custo, em todas as nações do mundo?!– um qualquer dia, temos o Presidente da Autarquia brigantina, promovido a cónego leigo da Sé Catedral, já que o título de sacristão significaria uma escandalosa injustiça, para tão grande benfeitor institucional
As malhas que o poder político e o poder eclesiástico tecem, só para que a Santa Maçonaria laica e eclesiástica continue a ter sob o seu férreo domínio as mentes/consciências das populações, que, desde o tempo de Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, têm sido formatadas pelo cristianismo de s. Paulo, perseguidor de Jesus – “Eu sou Jesus a quem tu persegues” (Actos 9, 5) – e de s. Pedro, esse mesmo a quem Jesus, o de dois dos três Evangelhos Sinópticos, chama “Satanás” (cf. Mateus 16, 23; Marcos 8, 33)
Pobres populações de Bragança e do resto do país, obrigadas a ter de pagar impostos e a ter de suportar outros tipos de tormentos, para que este tipo de coisas eclesiásticas possam concretizar-se. Por sinal, é, ao contemplar populações assim, sistematicamente roubadas, agora, também pelo cristianismo católico e protestante, que Jesus, em seu tempo histórico, se enche de compaixão por elas, porque cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Apesar de, então e hoje, serem mais do que muitos, os que se apresentam perante elas como pastores, sacerdotes, representantes de Deus na terra. Para, desse modo, as poderem tosquiar e ter sob o seu absoluto e continuado controlo. Quem, por isso, puder fugir deles, que fuja!
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Edição 100, Julho 2014
O meu Livro de Quadras e outros Cantos-Poema
Para ler e cantar cada dia de cada ano!
O Autor, Pe. Mário de Oliveira, ou Pe. Mário da Lixa, como é mais conhecido desde os tempos da Cadeia Política de Caxias e do Tribunal Plenário do Porto, onde foi duas vezes julgado como preso político e absolvido, é por demais conhecido. E não deixa ninguém indiferente. Ou se gosta e corremos para ele, quando o vemos e para cada novo livro seu que apareça, ou se odeia e fugimos dele e de cada novo livro seu que apareça. Quem o odeia, quase sempre o faz com base em preconceitos. Poucos são os que o odeiam, com base nas práticas quotidianas dele e nas convicções que o fazem ser e viver como ele é e vive. Entre os múltiplos preconceitos que levam muitas pessoas a odiá-lo, estão os religiosos, os eclesiásticos católico-romanos e protestantes, os ideológicos, os políico-partidários. Quem for simplesmente humano e tiver como sua referência última, o plena e integralmente Humano, de seu nome Jesus Nazaré, não pode deixar de gostar dele e de correr a adquirir cada novo livro seu que apareça. E por maioria de razão, este seu mais recente, “O meu Livro de Quadras e Outros Cantos-Poema”, Seda Publicações, 1.ª edição, Julho 2014. É, até, legitimamente expectável que, desta vez, muitas daquelas pessoas que o odeiam/ ostracizam por preconceitos e fogem de cada novo livro seu que apareça, queiram conhecer e adquirir este seu novo Livro, tamanhas são a ternura e a festa que nele se nos oferecem, desde a capa, belíssima, a todo o “miolo” escrito da primeira à última folha. Basta dizer que este é um Livro de Poesia, mas daquele tipo de poesia que nos faz ver a realidade que habitualmente anda escondida aos nossos olhos, inclusive, os da mente, quando esta ainda não é mente cordial, de resto, a única verdadeiramente capaz de ver a realidade que o manto ideológico sempre esconde e disforma. Já que tem o perverso condão de tornar atraente, o feio; heróico, o crime do vencedor; virtude, o pecado.
O Livro, de 206 páginas, apresenta-se tecido em duas partes. A primeira, presenteia-nos com 366 quadras, tantas, quantos os dias de um ano bissexto. O Autor que há mais de 11 anos faz a sua caminhada diária pela saúde, decidiu-se, durante um determinado ano, escrever uma quadra por caminhada, inclusive nos dias de férias no verão. Levou este seu propósito ao fim e nasceu assim “O Meu Livro de Quadras”, um nome escolhido a pensar em cada pessoa que o adquira e, depois, leia/cante uma quadra por dia, de Janeiro a Dezembro de cada ano, até as fazer suas e sabê-las todas de cor. Será uma experiência interessante, depois de se adquirir o Livro, ver, por exemplo, que quadra é que calha no dia do próprio aniversário natalício, bem como nas outras datas que mais significado têm para cada pessoa. Já a segunda parte do Livro, é tecida de múltiplos Cantos-Poema, escritos pelo Autor em momentos muito diversificados, como logo se descobrirá, à medida que cada pessoa se adentrar na sua leitura/canto.
Este é, pois, um Livro para ser lido e cantado ao longo de cada ano que vivermos na história. Sempre com a frescura e o encanto da primeira vez. Depois de o vermos nos escaparates e o acolhermos nas nossas mãos, como se acolhe o frágil corpo de uma recém-nascida, um recém-nascido, logo sentimos que ele é um Livro que nos diz/canta, como nenhum outro. E com uma profundidade e uma densidade inigualáveis, que nunca mais nos desfaremos dele. É um Livro grávido da magia do belo e do profundo, ou o seu Autor não seja um peixe de águas profundas que, a partir daí, nos desvenda o que os grandes media, as grandes universidades, as grandes igrejas, os grandes interesses económico-financeiros sistematicamente nos escondem. Deixemo-nos, pois, cativar por este Livro e façamos dele, um dos nossos companheiros de jornada, em cada um dos dias das nossas vidas.
P.S.
Se não o encontrarmos por aí nos habituais espaços de aquisição de Livros, podemos encomendá-lo ao Autor através de e-mail (padremario@sapo.pt), ou msg privada Fb https://www.facebook.com/mario.p.deoliveira ou tlm (933 936 502; 968 078 122), onde conste o respectivo endereço postal, para onde o Livro deve ser enviado. E o Livro vem ter a nossa casa. O Editor fixou em 14€ o custo de cada exemplar. Da parte do Autor, toda a gente sabe que os seus direitos revertem integralmente para o Barracão de Cultura, da ACR AS FORMIGAS DE MACIEIRA, já levantado e a entrar progressivamente em actividade, em Macieira da Lixa, a mesma aldeia do concelho de Felgueiras, onde ele próprio vive.
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Os bispos
Os bispos, sobretudo, os bispos católicos romanos, são, tal como os párocos, seus subalternos e funcionários eclesiásticos, uma espécie em vias de extinção. Não que haja uma crise de vocações para bispo. Não há. Pelo contrário. Pelo andar da carruagem eclesiástica, em breve, haverá tantos bispos quantos párocos. Porque para párocos, sim, há mais que manifesta crise de vocações. Decididamente, os jovens deste início de terceiro milénio já não vão – e que bem eles fazem! – nesse tipo de coisas, de profissão. Têm dignidade bastante e preferem o desemprego e a emigração, a serem párocos de 4, 5, 6 ou mais paróquias, para cúmulo, condenados ao celibato obrigatório, coisa mais absurda e inumana, mas, pelos vistos, muito cristã católica romana e muito paulina. O ódio ao corpo e ao sexo, bem como aos afectos partilhados, é uma das principais virtudes do cristianismo católico romano. Escrevo-o assim, sem aspas, virtudes, e sem que a voz me trema. Porque leis como a do celibato obrigatório – outro, muito outro, é o celibato opcional, sempre com afectos partilhados na gratuidade, segundo a consciência de cada mulher, de cada homem, sobretudo, quando há grandes Causas que exigem dedicação a tempo integral, ou grandes Causas de alto risco em prol da humanidade – não são para acatar e respeitar. São para desrespeitar e repudiar em absoluto. Não o fazer, já é pecado, porque será consentir que a lei do celibato se sobreponha ao ser humano que a acata e cumpre, apesar da sua natureza e da sua consciência lhe pedirem outra opção que não o celibato.
O perspicaz olhar de menina, de menino que todas, todos devemos ter no dia a dia, quando se fixa no ser-viver dos bispos católicos romanos, vê de imediato que, na generalidade, eles são o exemplo acabado de altos funcionários eclesiásticos, no mínimo, estéreis. O que fazem e o que dizem, não passa de decoração, de infantilidades, de ridicularias. Mas fossem eles apenas estéreis e, do mal, o menos. Mas não. São muito pior que estéreis. São um estorvo, uma espécie de abcesso na sociedade, que, onde está, causa embaraço e obriga a protocolos estúpidos. Têm aspecto humano, mas são paus-mandados da Cúria romana e do papa monarca absoluto. Vivem acima dos demais e é de cima que olham para os demais. Têm-se na conta de santos e de modelos de virtudes. Fazem-se rodear de comitivas de subalternos e exigem palácios e catedrais à altura das suas funções episcopais. Tudo neles é privilégio. Têm um território por conta e pensam nas populações que residem nas múltiplas paróquias, como outros tantos rebanhos deles. Quando se aproximam delas, é o poder episcopal que se aproxima. E as populações, habituadas,para seu mal, a respeitar/ temer o poder, desfazem-se em mesuras e aplausos, semeiam tapetes de flores para eles passarem, mostram-se alegres e ficam extaziadas perante as vestes exóticas e bordadas a ouro com que eles se apresentam vestidos, com destaque para o báculo, a mitra, o anel e a cruz peitoral.
O que os bispos fazem e dizem, não interessa a ninguém. Mas eles continuam a fazer e a dizer. São actividades mais do que dispensáveis, geralmente, dispendiosas, de todo inúteis, quando não prejudiciais. Têm o condão de arrastar as populações para coisas que não têm nada a ver com as suas vidas quotidianas, nem sequer ao nível do que se poderá chamar momentos de lazer e de recreação. É tudo demasiado sério, com aquela áurea de sagrado, a rondar o imbecil, como tudo o que é sagrado e ritual, faz-de-conta, por isso, não humano. Onde chegam, roubam a voz e a vez às populações. Até aos párocos, seus subalternos e funcionários eclesiásticos. Reduzem todas as pessoas, inclusive, as constituídas em poder local e autárquico, em seus vassalos. E lá estão elas a recebê-los, quando eles vão de visita oficial às paróquias. O próprio Crisma que lhes está reservado e a que eles presidem, como um teatro infantil, nos templos paroquais, é o que há de mais inútil e de mais mentira. Oficialmente, é um “sacramento” que confirma na fé quem o recebe. Na realidade, é o dia do abandono definitivo da fé eclesiástica e da paróquia. Se calha de um ou outro permanecer a frequentar a paróquia, depois de o receber, é apenas para umas quantas actividades que poderiam e deveriam ser realizadas fora dali, sem necessidade de quaisquer intermediários.
Os bispos católicos romanos são, então, uma espécie de seres que renunciaram de vez à sua condição de filhos de mulher, para serem, até morrer, filhos do poder. Tudo o que fazem e dizem é, no mínimo, estéril e inútil. A sociedade será bem mais autónoma e bem mais recíproca, quando dispensar de vez os bispos e respectivos párocos, funcionários eclesiásticos dos bispos, aos quais devem “obediência e reverência”, sob pena de perderem a função e, com ela, o emprego eclesiástico. Para o que uma mãe cria um filho! Tenham dó!
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Que santa ingenuidade a tua!
Até os bispos já se riem do papa
“Que santa ingenuidade a tua!” Foi com esta pequena frase que, um dia destes, comecei por responder ao post do papa Francisco no Twitter. Desde há meses, que o faço. Numa persistência que a própria Cúria romana já terá notado, se bem que nunca mo demonstre. Porque aquele potentado mundial quer lá saber de um ser humano, para mais presbítero da igreja clandestina de Jesus – uma realidade que o poder nos três poderes desconhece, porque não tem capacidade para ver o invisível – e que há muito já não vai em templos nem em altares, nem em nenhuma de todas aquelas coisas eclesiásticas de mau gosto, com que se entretêm os bispos residenciais e respectivos párocos?! Obviamente, ela está-se nas tintas para mim. Ainda que a minha persistência não deixe de lhe causar mossa, a começar, no Núncio de Sua Santidade, em Lisboa. Aquela minha frase foi dita a propósito de um post do papa Francisco sobre o Mundial de futebol, no Brasil, quando estavam em confronto as selecções da Argentina e da Alemanha, em que a Sra. Merkel, mai-lo seu bunker na Cúria romana, Bento XVI, venceram o papa Francisco, apesar dos repetidos apelos deste aos jovens de todo o mundo a confiarem em Deus (mas que Deus, papa? O teu, o do poder?!). Como se não se estivesse perante a final do mundial de futebol dos milhões da Fifa, ingenuamente olhado por Francisco, naquele seu post, como se esse futebol fosse ainda em tudo igual àquelas brincadeiras, com bolas de trapos, como as que eu fazia/ jogava na minha infância de menino pobre e muito feliz. Que santa ingenuidade!
Mas esta santa ingenuidade do papa estende-se praticamente a toda a sua actividade de bispo de Roma/ papa. As frequentes entrevistas que dá, são um rol de santas ingenuidades que já fazem rir os jornalistas e os bispos residenciais, inclusive, em Itália, para já não falar dos cardeais, com um sublinhado para os da Cúria romana e seus muitos acólitos clérigos, senão mesmo, namorados, platónicos ou de facto, que, depois, inopinadamente, são promovidos a bispos residenciais, algures, e, a partir desses cargos e lugares, conseguem da Cúria tudo o que a sua vaidade e a sua ambição pessoal exigem. E como estão de rabos presos, salvo seja!, uns com os outros, é um tal fartar vilanagem, sem nada de adverso lhes acontecer. A não ser o manifesto descrédito das populações que, ultrapassadas todas as marcas da (in)decência, deixam-nos cada vez mais a falar sozinhos e a contemplar-se, como outros tantos narcisos, nas suas múltiplas fotos-espelho. As da sua vaidade e da sua vergonha.
É por demais manifesto que o papa Francisco ainda pensa que lhe basta opinar nos jornais e nos outros grandes media, sobre os mais variados assuntos que dizem respeito à igreja católica romana e à situação do mundo internacional – ultimamente, o escabroso caso dos padres pedófilos, de que se conhece apenas a ponta do iceberg, é um dos mais abordados por ele e em palavras pouco habituais, por demais duras e implacáveis contra os chamados prevaricadores – para que a realidade da igreja católica romana e do mundo internacional mude. Não muda. E a verdade é que o papa Francisco passa, como um meteorito no firmamento, e o monstro que é a Cúria romana – sem dúvida, a maior máfia do mundo, pai de todas as outras! – continuará aí, cada vez mais devorador dos fiéis que ainda vão naquelas cantilenas e naqueles ópios religiosos e clericais, sem poupar sequer os milhões de clérigos que a servem em todo o mundo, entre os quais o próprio papa, o primeiro e o maior de todos. Aliás, nunca a sua santa ingenuidade foi tão longe, como quando aceitou ser papa e se fez chamar Francisco, sem dúvida, o melhor disfarce, a melhor máscara, de que a Cúria romana, na altura da sua eleição, estava mais do que necessitada.
Pois bem. Tem que se dizer, aqui, sem quaisquer rodeios, por mais que o grosso dos intelectuais católicos romanos escreva/ diga o contrário, problema deles: A igreja católica romana é intrinsecamente má – tal como as igrejas cristãs todas – e, por isso, torna más as populações que aceitam integrá-la e servi-la. Tudo nela é poder, ideologia/ idolatria. Poder monárquico absoluto. O tentador e o dominador/ descriador dos povos e das populações. Como tal, é irreformável. Ou os povos fazem-na implodir, ou ela devora-os a todos. Sem apelo nem agravo. Como outros tantos sacrifícios/missas cruentas e incruentas. Fazê-la implodir, é preciso. Como? Comecemos por recusar duma vez por todas dar-lhe as nossas filhas, os nossos filhos, e uma parte dos nossos bens. Dispensemos todos os seus “serviços”. A implosão dela, é a implosão de todo o poder que tem nela a sua aparente legitimidade e o seu aparente reconhecimento. Ousemos assumir as nossas vidas nas próprias mãos. E tudo o mais vem por acréscimo. Determinação e firmeza, verdade e simplicidade, é preciso. Continuar a chafurdar em águas turbas, numa demencial fidelidade à tradição dos nossos antepassados, não é preciso!
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Mas faz questão de não abrir mão do tema “pobres”
Bispo do Porto vai pavonear-se pelas 477 paróquias da diocese!
O tema “pobres” continua a marcar as homilias do actual Bispo do Porto. Desde a primeira homilia que proferiu, na entrada solene na respectiva sé catedral, báculo na mão, mitra na cabeça, anel no respectivo dedo da mão direita, cruz peitoral ao peito. Os grandes media do país ficaram logo de olho nele, ou ele não fosse, a partir de então, o Bispo do Porto. Não mais o desconhecido bispo de Aveiro, com quem nunca se (pre)ocuparam. Porque os grandes media gostam dos bispos que estão à frente de grandes igrejas-poder, e que, a partir dessas grandezas eclesiásticas, falam dos pobres que o poder financeiro, o senhor de todos os grandes, também dos bispos das grandes igrejas-poder, produz todos os dias. Sem que, entretanto, nenhum desses bispos das grandes igrejas-poder pergunte – mas como, se são os bispos de grandes igrejas-poder?! – Porque há pobres? E, Quem, o quê os fabrica? Muito menos, se atreva a romper e a rebentar com o sistema de poder financeiro, devastador e devorador de vítimas humanas ininterruptamente sacrificadas em sua honra. Pois bem. Meses depois dessa sua entrada solene no Porto, cheia de coisa nenhuma, no tocante a gestos outros que abrissem caminhos ainda por andar na pastoral da igreja, em actualizada sintonia com as mesmas práticas políticas maiêuticas de Jesus Nazaré, o novo Bispo do Porto propõe-se agora visitar, uma a uma, as 477 paróquias da diocese, das quais continua a pensar que é o senhor/ patrão mor, como se ainda vivêssemos na Idade Média.
E o que se propõe o Bispo fazer, neste seu pavonear-se por cada uma das 477 paróquias? Ora, o que haveria de ser, senão “celebrar a Eucaristia com cada uma das comunidades cristãs” (palavras do próprio à Agência Ecclesia). Sim, porque os bispos, são especialistas em missas feitas com pompa e circunstância, com os grandes media a transmitir em directo, como acontece com o Bispo de Roma, o paradigma de todos os bispos, nada que se pareça com essas missas ditas a correr pelos poucos párocos que ainda restam no activo e que não têm mãos a medir, tantas são as empresas paroquiais a terem de gerir, ao mesmo tempo. Porque é nessas celebrações, com pompa e circunstância, que os bispos têm oportunidade de proferir homilias, mais ou menos longas, nas quais o tema “pobres”/ “o serviço aos pobres” é uma constante. O que seria, por isso, do actual Bispo do Porto (ex-bispo de Aveiro), se não houvesse pobres na diocese e no país, em número cada vez maior?! E o que seria de todas as igrejas cristãs, a católica romana e as protestantes? Para onde iam as suas inúmeras IPSSs e os seus Centros paroquiais e sociais, financiados pelo Estado, mas propriedade da Fábrica da igreja? De que haveriam eles de falar nas homilias das suas missas episcopais e papais com pompa e circunstância? Escrevi falar, não tocar/ abraçar/ cuidar, porque os pobres de que eles falam nas homilias não frequentam as suas catedrais e nunca vêem um bispo fazer-se próximo deles, para os tocar mão com mão. Coisa impensável num bispo das grandes igrejas-poder, cujas mãos estão ungidas para tocar exclusivamente nas hóstias-corpo-de-cristo, com ou sem glúten. E sempre mascarados por aquelas vestes de vaidade e de poder, que os impedem de dar voz e vez aos pobres, tal como os impedem de mexer uma palha que seja, para derrubarem o sistema financeiro que criminosamente produz os pobres e a pobreza em massa! Querem mais hipocrisia e mais cinismo?
Para chegar a ser fecundo, o Bispo do Porto teria de começar por nascer de novo, mudar de ser. Teria de deixar de ser o Bispo do Porto, para ser simplesmente bispo da igreja-movimento clandestino de Jesus, sem nenhum daqueles caricatos símbolos do poder, com os quais se apresentou mascarado na sua entrada solene. Teria de fugir/ deixar definitivamente o palácio/ paço episcopal e aparecer, incógnito, em cada paróquia, sem se fazer previamente anunciar. Vestido, por isso, como outro ser humano qualquer sem poder, e fazer-se próximo das pessoas, nas suas casas e nas horas e locais de entrada e de saída nas empresas onde uma boa parte delas trabalha, a troco de uma códea. Conheceria, então, na carne o que é ser ninguém, entre outros ninguém, aos quais haveria de convencer apenas pela sua proximidade, pelo seu afecto, pelo seu olhar clarividente e lúcido, até ser convidado, como JESUS SEGUNDO JOÃO (capítulo 4) foi convidado pelos samaritanos, para um encontro mais prolongado na casa daquelas poucas pessoas que ele conseguisse cativar, sem as dominar, como faz inevitavelmente o poder às pessoas que cativa, antes, para as fazer crescer de dentro para fora em ser e em liberdade. Deste modo, o pároco acabaria por ser dos últimos a saber da presença do bispo no seu território administrado por ele como um feudo seu, só porque as respectivas populações, para seu mal, ainda o vêem como um dos braços compridos do poder clerical/ sacerdotal, com o qual é melhor estar de bem, do que assim-assim. E ficaria logo aos papéis, incrédulo, sem saber o que fazer. O mesmo se diga do presidente da junta desse território, do presidente da câmara desse município, dos empresários locais, dos professores das escolas e dos médicos do centro de saúde. Depois, todos à uma, haveriam de congregar-se e declarar “louco” o bispo que, em vez de ser o Bispo do Porto, cheio de pompa e circunstância, faz questão de ser simplesmente bispo da igreja-movimento clandestino de Jesus, por isso, politicamente, subversivo. E depressa conseguiriam que ele fosse destituído pelo Bispo de Roma, papa chefe de Estado do Vaticano e substituído por outro cheio de pompa e circunstância.
É que isto de ser bispo da igreja-movimento de Jesus, tem o que se lhe diga. E o Bispo do Porto, apesar de, habitualmente, se apresentar sorridente e afável, na verdade é sempre o oposto disso, porque as vestes e o protocolo com que, certamente vai apresentar-se, como um pavão, nas 477 paróquias da diocese, matam cada dia mais o que de humano ainda possa haver nele. Provavelmente, já nada de humano há nele, para lá dessa máscara de sorridente e de afável. A verdade é que, junto dele, ninguém é. Como ninguém é junto do poder. Que o poder, em cada um dos seus agentes históricos, tem esse condão de reduzir a súbditos, ou na condição de pés descalço, ou na condição de elites, todos aqueles seres humanos que dele se aproximam, ou dos quais ele, em cada um desses agentes, se aproxima. Pior ainda, quando se trata de poder sagrado, como é o caso de Sua Ex.cia Reverendíssima, o Senhor Bispo do Porto, D. António Francisco!
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Oficina PALAVRA PÃO E VINHO no BC
Educar é preciso. Formatar não é preciso!
A 3.ª Sessão da Oficina PALAVRA PÃO E VINHO, uma iniciativa da Associação Cultural e Recreativa AS FORMIGAS DE MACIEIRA, dinamizada pelo Pe. Mário, Presidente da Mesa da AG, realizada no último domingo de Junho, no Barracão de Cultura, foi mais uma inolvidável experiência de viva Comensalidade. As pessoas de Macieira da Lixa, do concelho de Felgueiras e do país que ainda a não frequentam, nem sequer podem imaginar como são todas aquelas horas passadas de manhã e de tarde no BC, intermediadas pelo Almoço compartilhado na respectiva Mesa comum. Imaginassem quanto esta Oficina tem de belo e de humano, de alegria e de festa, de afectos e de abraços, de canto e de dança, de improvisos e de palavra partilhada, e trocariam tudo no último domingo de cada mês, para a integrarem e saborearem. Como pessoas individuais, ou como família constituída, mãe, pai, filhas, filhos ainda ao seu cuidado. São, sem dúvida, as horas mais fecundas do viver de cada uma, cada um dos que já nos estamos a ter a graça de lhe darmos corpo. Aquele chão onde se ergue o Barracão de Cultura é um chão único no país. É um chão densamente humano e atravessado por um Sopro maiêutico, com tudo de parteira, que “puxa” por nós de dentro para fora. Tanto assim que, pouco tempo depois de lá estarmos, experimentamo-nos com vontade de sermos cada vez mais desinibidos, protagonistas, soltos, libertos, como meninas, como meninos.
É que aquele chão, antes de ser Barracão de Cultura, foi o campo que Maria Laura e Francisco Carvalho, recém-casados, adquiriram com o primeiro dinheiro que conseguiram juntar, fruto do seu trabalho, feito com muito suor e muitas lágrimas de saudade, como emigrantes em França, nos idos de setenta. Hoje, é propriedade da ACR AS FORMIGAS DE MACIEIRA/ BC, graças à doação que Maria Laura e os seus três filhos fizeram, para o exclusivo fim de nele se promover, nesta aldeia e a partir dela, a prática maiêutica da Cultura e da Arte, nas suas múltiplas manifestações, a única prática que nos faz progressivamente humanos, afectivos, relacionados, sororais, vasos comunicantes, sem qualquer necessidade de termos de recorrer às sempre humilhantes caridadezinhas, com as quais o poder financeiro, suas igrejas e seus governos, tornam cada vez mais pequenas, as pessoas e as populações que aceitem ir por essa via de hipocrisia, de atrofiamento das capacidades, de degradação humana. Porque o “bem-fazer”, próprio do poder e seus acólitos, em lugar do “fazer o bem”, próprio da Maiêutica, é, porventura, a pior droga que atrofia e degrada as pessoas e as populações, já que as impede de crescerem de dentro para fora, até se tornarem sujeitos das suas próprias vidas, protagonistas políticos afectivos e de corpo inteiro na sociedade.
Nesta 3.ª Sessão, a palavra geradora de outras palavras e de práticas alternativas às deste tipo de mundo financeiro em que estamos condenados a ter de viver, mas com a responsabilidade de nunca chegarmos a ser dele, foi o verbo EDUCAR. Um verbo que, no seu sentido etimológico latino, Educere, remete para posturas e actos que fazem lembrar as posturas e os actos da parteira, na sua relação com as parturientes, na hora delas darem à luz filhas, filhos. Por ser esta a temática, a Sessão abriu com dois momentos musicais previamente gravados no portátil e amplificados, na hora, graças às colunas de som com que o BC já está equipado no espaço polivalente correspondente à plateia. Precisamente, dois pequenos concertos, respectivamente, de Bach e de Vivaldi, o primeiro, para violino, o segundo, para flauta transversal. Foi a forma encontrada para ajudarmos a criar o ambiente propício para podermos partilhar uns com os outros as nossas histórias de vida, no que respeita à educação que nos deram e que hoje damos e recebemos. A surpresa foi total, mas o efeito nas mentes-consciências das pessoas presentes foi altamente fecundo. A Música, quando vem animada da Ruah/ Sopro da Liberdade e da Arte, torna mais humanas as pessoas que a criam e que a acolhem/ escutam com a sua mente cordial. Parte das pessoas escutou, sentada, aqueles dois curtos concertos, enquanto outras, preferiram movimentar-se, contemplativas, naquele amplo espaço do BC, movidas pela Ruah/ Sopro que cada um desses dois concertos, à sua maneira, faz acordar em quem os escuta com a sua mente cordial.
Vieram, depois, sucessivas histórias de vida e sucessivas reflexões sobre a temática EDUCAR, histórias que nunca mais esqueceremos, porque são testemunhos vivos que nos alimentam a mente cordial. É que, nesta Oficina, as pessoas não vêm para ouvir conferências ou palestras. A Oficina é essencialmente Movimento de dentro para fora, que torna animados os corpos e leva-nos a recuperar a voz e a vez que este tipo de mundo do poder financeiro e suas igrejas e escolas, sistematicamente, nos roubam. A experiência é tão gozosa, tão plena de dentro para fora, que as pessoas chegam a comover-se até às lágrimas, quando se partilham e se dão, na palavra que lhes sai de dentro, porque sentem-se nascer de novo, do Sopro/ Ruah, fonte de Liberdade, experimentam-se movimento, palavra, afecto, protagonistas.
Cada pessoa que chega a tomar a palavra e esta lhe brota de dentro, como a água de uma fonte, é uma palavra mesmo dela, não mais a mera reprodução da velha cassete que catequeses eclesiásticas e escolas/ universidades/ grandes media conseguiram gravar, ao longo dos anos, nas mentes/ consciências das populações. Por isso, a pessoa que faz esta experiência nunca mais é a mesma, torna-se Eu-sou único e irrepetível e, desde esse momento, faz derrubar impérios e todos os muros que a impedem de ser. Sobretudo, passa a derrubar todos os ancestrais medos com que continuam a andar tolhidas as populações. Nada é mais fecundo na história, do que uma mulher, um homem, com voz e vez próprias. O poder e suas igrejas, suas escolas, seus grandes media nunca mais conseguem formatá-la, formatá-lo. Essa mulher, esse homem, experimenta-se cada vez mais habilitada, habilitado a transformar em Sabedoria, o saber, em Fecundidade, o poder, em Entrega de si, o egoísmo. Torna-se mulher culta, homem culto, mesmo que não tenha estudos académicos, ou seja, até, iletrada, iletrado.
Depois de mais de hora e meia de partilha de testemunhos e de histórias de vida sobre a educação que nos deram e que porventura damos, eis que, inopinadamente, salta das colunas de som do BC, a voz do nosso Fausto Bordalo Pinheiro, com o seu “Navegar, Navegar”, e todas, todos nós, como se uma mola nos fizesse levantar das cadeiras, entramos a dançar e a cantar, a beijar e a abraçar, porque a força da Comensalidade a tanto nos leva, numa sororidade que as palavras são insuficientes para a dizer por inteiro. Só mesmo vivido. E, logo depois deste canto-dança, a manhã lá prosseguiu até ao almoço compartilhado. Os farnéis que cada uma, cada um trouxe, ficam expropriados, a partir do momento em que são colocados sobre a Mesa comum. E cada qual alimenta-se com eles, segundo a sua necessidade. É uma variedade de sabores e de cores, que nenhum manjar da terra consegue igualar. Porque tudo vem confeccionado de casa com muito afecto, muito amor, total gratuidade. As conversas são mais intimistas, o serviço da mesa é assumido por todas, todos, sem necessidade de ninguém mandar ninguém. Somos plena Comunhão, que nenhuma igreja, nenhuma religião consegue realizar, já que, nesses locais e nesses cultos, tudo é faz de conta, hipocrisia, encenação, ao contrário do que acontece nesta Oficina.
Têm de vir viver esta Oficina para crerem. Aliás, a temática EDUCAR, longe de ter sido esgotada, nesta 3.ª Sessão, prosseguirá na 4.ª Sessão, a realizar no último domingo de Julho, dia 27, a partir das 10,30 h. Se vierem – ela está sempre aberta a quem quiser começar integrá-la – depressa concluirão que educarmo-nos maieuticamente uns aos outros, é preciso, formatar as mentes, como faz o poder e suas igrejas, seus governos, seus grandes media, não é preciso. Porque só quando crescemos de dentro para fora, chegamos à dimensão humana do Eu-sou, do Nós-somos. A partir de então, poder nenhum consegue seduzir-nos, muito menos, submeter-nos. Somos Liberdade, Ruah/ Sopro/ Vento! É caso para dizer, Venham e vejam!
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Que fé é essa que brilha na mostra de ourivesaria sacra da diocese de Bragança, patente em Cascais?
O brilho do bispo D. José Cordeiro
O bispo de Bragança-Miranda crismou-a de “O brilho da Fé”, mas só para melhor poder disfarçar o seu próprio “brilho” de bispo residencial, vaidade q.b. E a mostra de ourivesaria sacra da sua diocese, depois de ter estado patente ao público no Museu Abade de Baçal, acaba de levantar voo e foi pousar, estes dias finais de Junho, em Cascais, mais propriamente, no palácio da Cidadela, da Presidência da República, onde, agora, brilha e pode ser visitada/ adorada pelos turistas e todos os cristãos católicos romanos e protestantes, adoradores do Deus Dinheiro e do seu cristo, o único que o próprio bispo D. José Cordeiro faz questão de (re)conhecer, cultuar e promover junto dos seus diocesanos, nomeadamente, das elites. E junto da multidão dos iletrados e letrados que não lêem, ou se lêem, não chegam nunca a entender a realidade que os cerca e formata. A mostra foi inaugurada pela mulher do presidente Aníbal, a conhecida Maria dos presépios, tão devota, ela também, do mesmo Deus do bispo D. José Cordeiro. E, para lá do indispensável brilho do bispo e do ouro sacro, a inauguração contou igualmente com a presença de Ana Maria Afonso, a Directora do Museu Abade de Baçal, o qual, assim, terá de ficar privado, pelo menos, até dia 7 de Setembro 2014, de “O Brilho da Fé”. Não, obviamente, do brilho do bispo D. José Cordeiro, nem do brilho da própria Ana Maria Afonso que, como é público e notório, goza da total confiança institucional do bispo.
O poder de “crismar” pessoas e mostras ou exposições é um exclusivo do bispo de cada diocese. É um poder sagrado, por isso, perverso, já que tem o condão, no que respeita às pessoas, de tornar mais pequenas as que aceitem submeter-se ao ritual do “Crisma”, um ritual de todo infantilizador, a roçar pelo macabro. Se os crismandos não vão à catedral do bispo, vai o bispo e, com ele, a catedral, aos crismandos, naquelas paróquias ou outras instituições confessionais, onde todos foram preparados por catequeses absurdas, carregadas de mentira e de beatice. Na hora de serem marcados na testa pela marca da Besta (o cristianismo de Pedro e de Paulo e do imperador Constantino é a Besta de que fala o Apocalipse), os crismandos, elas e eles, formam uma fila na coxia central do templo e avançam, lentamente, como escravos acorrentados por invisíveis correntes, até junto do bispo, vestido de tecidos finos e cheios de brilho, o do ouro e da prata, que, naquele espaço ofusca até o brilho das estrelas, de resto sempre ausentes, quando está presente o bispo diocesano. E se for o bispo de Roma, então nem se fala. Porque o bispo do poder eclesiástico, onde estiver em funções, sejam litúrgicas, ou mundanas, é sempre o sol, o cristo invicto, diante do qual todos os outros, as elites do poder e os súbditos delas, genuflectem, ao mesmo tempo que beijam o anel que ele ostenta no respectivo dedo da sua mão direita. No caso do crisma das pessoas, a marca da Besta é o chamado “santo óleo”, com o qual o bispo presidente besunta, em forma de cruz (instrumento de tortura), a testa de cada crismando. Se a marca fica só na testa, e não passa à consciência dos crismandos, é caso para dizer, Do mal, o menos! Mas se atinge a mente/ consciência dos crismandos, o desastre é completo. Porque a Besta subjuga e impede que cada crismando cresça de dentro para fora em humano, sempre em crescente relação maiêutica com os demais.
No caso da ourivesaria sacra de Bragança-Miranda, crismada “O brilho da Fé” pelo respectivo bispo residencial, D. José Cordeiro, o desastre é total. Como revela a pergunta do título desta crónica, escrita à luz da Fé e da teologia de Jesus, Que fé é essa que brilha na mostra de ourivesaria sacra da diocese de Bragança, patente em Cascais? Ninguém, em seu perfeito juízo, pode dizer que se trata da mesma Fé de Jesus Nazaré e de todos aqueles seres humanos que, como ele, resistem à tentação da idolatria, que é todo o poder, nos três poderes, em que ele subsiste. Porque a Fé de Jesus faz progressivamente humanas as pessoas, em relação maiêutica umas com as outras. Já a Fé que brilha na mostra da ourivesaria sacra de Bragança e na ourivesaria sacra de todas as demais dioceses católicas do país e do mundo, com destaque para a de Roma/ Vaticano, é apenas a fé religiosa e cristã, a principal fonte de alienação humana e a grande tentação que desvia as pessoas delas próprias. E as leva a procurar fora delas o que só pode ser encontrado dentro delas. É, por isso, uma fé idolátrica que valoriza o poder, o ter, o saber, e atrofia a maiêutica, o ser, a sabedoria. De tal modo que dentro da fé religiosa e cristã não há salvação, não há seres humanos em relação maiêutica e sororal, só elites poderosas, cada vez em menor número, e súbditos, todos os outros que se deixem ir por ela.
Ao crismar de “O brilho da Fé”, objectos de ouro, de prata e de pedras preciosas, o bispo D. José Cordeiro mostra bem de que tipo de fé anda possuído, e em alto grau. Vê Deus no ouro, na prata, nas pedras preciosas. Vê Deus no seu próprio viver de bispo residencial, todo ele feito de ininterrupta encenação que ofusca os olhos das pessoas que têm o azar de se cruzar com ele. É um cego que cega e, para cúmulo, ainda é o seu guia. Todo o seu brilho é treva. Onde estiver, rouba a voz e a vez. Reduz a nada os seres humanos. Os quais, junto dele, deixam, simplesmente, de ser. Que assim é o brilho do poder, do dinheiro, do saber. Um brilho ladrão e assassino das mentes/ consciências. Reduz todas as pessoas a seus súbditos.
No caso desta mostra, crismada “O brilho da Fé”, o bispo D. José Cordeiro consegue até esconder que todos aqueles objectos ditos “sacros”, são fruto de roubos, de saques, de “ofertas” dos súbditos do clero, criminosamente formatados pelas suas catequeses cristãs, cheias de mentira. Ao ouro, à prata e aos diamantes, chama-lhes o bispo D. José Cordeiro, junto com todos os seus pares no episcopado, objectos litúrgicos e sacros, sem perceber que toda a liturgia é pura idolatria, pura encenação. A fazer lembrar a criminosa postura do sacerdote Aarão, aquando da travessia do deserto, miticamente relatada pelo livro do Êxodo (cf Cap 32). A dada altura, alicia os hebreus, seus súbditos e do seu irmão Moisés, que reclamavam um Deus que fosse à sua frente, a despojarem-se do ouro que possuíam e a entregá-lo a ele. Fundiu-o logo no fogo e fez com ele um bezerro de ouro. E os hebreus, despojados do ouro, logo organizaram festejos e cultos de adoração ao seu Deus ouro. A demência das demências!
Neste início do terceiro milénio do cristianismo, D. José Cordeiro é, em Bragança-Miranda, o novo sacerdote Aarão, só que, agora, com muito mais brilho. Falta, porém, saber quem será, nesse mesmo território, o Moisés, seu irmão, que, como o do Êxodo – depois digam que a Bíblia é sagrada! – manda matar o irmão, o amigo e o vizinho, para, com essas mortes-sacrifício (missas brancas e missas negras) atraírem sobre eles a bênção do Deus Dinheiro, que os fará cada vez mais ricos e poderosos! Que terá a dizer de todo este “brilho” de D. José Cordeiro, nomeadamente, o novo Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal, o socialista Júlio Meirinhos, um dos seus amigos e amigo de Ana Maria Afonso, Directora do Museu Abade de Baçal?! Sim, que terá ele a dizer e a fazer? As malhas que o poder, todo cristão religioso ou laico, tece! E as inúmeras vítimas humanas que faz! Só para que o Deus Dinheiro cresça e as populações diminuam, até acabarem reduzidas a coisas!
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Edição 99, Junho 2014
Religião ou espiritualidade em Caíde, Lousada
Quem pode aprisionar o Vento nas palavras?
Fui convidado pela minha querida Amiga Patrícia Queirós, Actriz profissional que também está determinada a fazer do Barracão de Cultura um dos seus espaços de intervenção artística maiêutica, para uma tertúlia sobre religião e espiritualidade, e aceitei. A tertúlia aconteceu ontem, 26 de Junho, no Cais Cultural, ali mesmo junto à Estação dos comboios, em Caíde de Rei. As pessoas foram as bastantes para nos partilharmos durante mais de duas horas e nos desassossegarmos umas às outras. Porque, quando pelas nossas mentes passa o Vento (em hebraico clássico diz-se Ruah, um substantivo feminino, por isso, o meu preferido, até porque é ela que está na concepção de cada uma, cada um de nós, no útero das nossas mães, o que me leva a ter de reconhecer que somos filhas, filhos da Ruah, antes de sermos filhas, filhos das nossas mães e dos nossos pais!), nunca mais somos as mesmas pessoas de antes. Tudo o que o cristianismo, o judaísmo, o islamismo e todos os outros sistemas religiosos arquitectaram para formar/ formatar as nossas mentes e, desse modo, nos impedirem de sermos Eu-sou, único e irrepetível, na História, a crescer de dentro para fora em permanente relação maiêutica uns com os outros, é derrubado e nada mais volta a ser como antes.
A noite começou por ser amena e bastante participativa, que eu puxava pelas pessoas para que se pronunciassem e se dissessem. E elas não se fizeram rogadas e soltaram as suas línguas. Pronunciaram-se, abundantemente, mas acabaram por me deixar desorientado no meio de tantas palavras ditas. Depois de muito escutar, confessei-lhes a minha desorientação. As palavras, mais que muitas, que elas haviam dito e partilhado tiveram o perverso condão de me deixarem desorientado. Sinal inequívoco de que eram palavras geradoras de desorientação, não de luz e de guia. E disse-lhes isso mesmo. As pessoas falaram, falaram, mas não disseram nada ou quase nada que fosse delas. Não se disseram nas palavras que disseram. Não se deram nas palavras. Sem disso terem consciência, limitaram-se a reproduzir palavras de outro, não se disseram, não se partilharam. Por isso, não tiveram voz nem vez, apesar do seu muito dizer. Sem se aperceberem, limitaram-se a ser meras cassetes. O que disseram não era delas, mas de um estranho, precisamente, o estranho que as traz interiormente domadas/ domesticadas/ sequestradas, desde o nascimento. Por isso, parecem pessoas, mas são cassetes. O cristianismo, com a sua ideologia e a sua teologia idolátrica, é o demónio que lhes ocupa a mente, a consciência e lhes rouba a palavra, a voz e a vez. Mesmo, agora, que já são adultas na idade, continuam quase como no útero materno. Não cresceram de dentro para fora, não são. É um outro, estranho a elas, que as domina e que lhes rouba a voz e a vez. Não as deixa ser e crescer de dentro para fora em sabedoria e em graça/ entrega de si aos demais, na máxima gratuidade. O cristianismo, o judaísmo, o islamismo e todos os demais sistemas religiosos têm esse perverso condão. São assassinos da matriz original de cada mulher, cada homem que vem a este mundo.
Quando lhes disse isto, as pessoas ficaram interiormente agitadas e dificilmente terão conseguido dormir esta noite. A religião, onde entrar e ficar, faz as pessoas prisioneiras, cativas. Rouba-lhes o ser. Mais do que pessoas, são cassetes. Não se dizem, não se partilham. Reproduzem o discurso do seu dono, do seu sequestrador. São religiosas, não são humanas, crescem em anos e em estatura, não crescem em sabedoria e em graça/ entrega de si aos demais, na máxima gratuidade. São um desastre ambulante. São abortos que se agitam, sem nenhuma originalidade. São quantidade, números, estatística, não são qualidade, seres humanos únicos e irrepetíveis.
Não se pense, entretanto, que basta mudar as palavras e passar a chamar “espiritualidade” ao que até há pouco chamávamos “religião”. O problema não se ultrapassa com a mudança das palavras. Só com a mudança do ser. A espiritualidade de que actualmente tanto se fala, como alternativa ao religioso, enferma da mesma perversão que a religião, de que o cristianismo, no Ocidente, é o exemplo mais acabado em perversão. Urge, por isso, nascermos do Vento. Urge nascermos da Ruah. Sermos de dentro para fora. Únicos e irrepetíveis. Outros Jesus. Mas então somos fonte de sarilhos, imprevisíveis, clandestinos, com quem o sistema de poder não poderá contar, nem os partidos políticos, nem as paróquias, nem as escolas do sistema. As filhas, os filhos da Ruah/ Vento são outras, outros Jesus. Como ele, dizem aos párocos e pastores, aos governos e aos partidos políticos, às escolas e às igrejas, Não penseis que vim trazer a paz à terra. Não! Eu vim trazer a dissensão. E ainda: Vim lançar fogo à terra e o que mais desejo é que tudo se incendeie. E, finalmente: Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade; e todo o que é pela verdade, escuta a minha voz. Numa palavra, nasci e vim ao mundo, para fazer novas todas as coisas, não para ser uma cassete mais.
Podem imaginar o abalo sísmico na mente/ consciência das pessoas presentes na tertúlia. E para ajudar a alimentar esta Ruah que nos faz ser de dentro para fora – só assim somos seres humanos – partilhei com elas, quase a concluir a sessão, o Salmo 43, versão terceiro milénio também para ateus, de O LIVRO DOS SALMOS, Edium Editores, 2012, que reza assim:
43 Desapareçam as religiões e fique a Tua Ruah
1 É apenas de Ti, Deus Abba-Mãe, que tenho sede e fome.
Depois, quando espero vir a ser encontrada, encontrado por Ti,
deparo com exércitos de sinistros líderes religiosos, pastores,
papas e bispos residenciais, que me falam em Teu nome
e se arrogam de privilégios e poder absoluto sobre mim.
2 Só Tu, Deus Abba-Mãe, és a Ruah que me chama à vi vida
e nela me sustém. Graças a Ela, sou mulher, homem dádiva.
Desapareçam todas as religiões da face da terra; fique comigo
e com todos os povos apenas a Tua Ruah maiêutica.
3 Fora do oprimido/pobre, não há santuário digno desse nome.
Só na comunhão com eles, chego a ser Tua filha, Teu filho.
4 Vivo longe dos altares e dos templos; os cultos que neles
se promovem são idolatria. Apenas, lá, onde dois ou três se
encontram para subverter/derrubar politicamente o Poder este
tipo de mundo, Tu, Deus Abba-Mãe, és canto/dança.
5 Estão já à porta, aqueles dias, em que, dos santuários
construídos pela mão do Poder, nem cacos restam.
Só seres humanos, outros, Jesus, ao leme do mundo.
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De regresso as grandes “manifestações de fé católica”?!
Corpo de Cristo: Nenhum teólogo sabe minimamente o que é!
A chamada festa do Corpo de Cristo, instituída apenas no século XIII, cai sempre a uma quinta-feira de cada ano e, em Portugal, até era feriado nacional. Este ano, não foi e a festa teve de ser transferida para o domingo seguinte, uma vez que este é um daqueles feriados católicos que o Governo de maioria cristã católica romana decidiu suspender (ou abolir?), pelo menos, durante cinco anos seguidos, em nome da produtividade nacional que teima em não se ver, porque só mesmo a emigração em massa, particularmente jovem, está a fazer baixar as estatísticas do escabroso desemprego no país. Porque este é o Governo da máxima incapacidade económica e política, ainda que com um invulgar descaramento para, nos discursos, mudar as situações estruturais do quotidiano das populações, cada vez mais trágicas, em outras tantas boas notícias. Precisamente, por ser um Governo de maioria cristã católica romana. Aliás, o cristianismo, de que se reivindica e faz questão de mostrar, a pretexto de tudo e de nada, é, ele mesmo, o campeão desse invulgar descaramento de mudar doutrinalmente água em vinho, vinho em sangue de Cristo, hóstias de farinha de trigo sem fermento em corpo de Cristo, um corpo que nenhum teólogo do cristianismo sabe minimamente o que é, por mais tratados e tratados que se tenham escrito e publicado ao longo destes dois últimos milénios. E por mais relatos de milagres, qual deles o mais estapafúrdio e obsceno, que se tenham inventado e narrado/ pregado como verdadeiros. Tudo se reduz a fórmulas dogmáticas, absolutamente inócuas, para cúmulo, avessas a tudo o que sejam políticas praticadas e economias vasos comunicantes, de cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade, por sinal, as únicas práticas que mudam de raiz a sociedade, de egoísta em sororal, de individualista em comunitária.
Este ano, o primeiro dos cinco em que a festa do Corpo de Cristo não foi feriado nacional, os bispos das dioceses do país, quase em uníssono, apelaram aos seus súbditos – mais súbditas que súbditos, à excepção dos clérigos, que, aqui, as mulheres ficam todas de fora e ainda bem para elas, de contrário seriam súbditas a dobrar – para que fizessem da festa do Corpo de Cristo, grandes manifestações de fé católica. Os apelos caíram em saco roto, ou as populações do país não tenham andado todas, por estes mesmos dias, de cabeça cheia com o Mundial de futebol dos milhões, a decorrer no Brasil, o evento mais negador do valor dos corpos humanos, quer dos jogadores escravos de luxo, quer das populações mais empobrecidas do Brasil que tiveram de ser varridas como lixo para cederem o lugar a grandes estádios, em lugar de hospitais, centros de saúde, escolas, condições de vida minimamente digna. E tudo feito com a bênção das igrejas cristãs, para as quais os corpos reais das mulheres e dos homens não chegam sequer ao calcanhar do corpo de Cristo, idolatrado e transportado por elas pelas ruas de certas cidades, vilas e aldeias, em romarias em tudo semelhantes às que, noutros dias do ano, são realizadas em honra de imagens cegas, surdas e mudas de nossas senhoras de fátima, de lourdes, da aparecida, de guadalupe, de santo antónio, de s. joão, de s. pedro, de s. roque, do senhor santo cristo dos milagres, que só mesmo as devotas, os devotos mais fanáticos conseguem ver e obter, sem que, entretanto, as suas vidas conheçam a mais pequena transformação para melhor, só para pior.
As paróquias e dioceses cristãs católicas do país e da Europa andam nitidamente aos papéis. Nem o papa Francisco lhes vale. De resto, ele parece querer remar para um lado, e elas para outro, mas a verdade é que ele é o chefe máximo da Cúria romana, por isso, o mais estéril dos mortais, por mais shows mediáticos que protagonize, quais relâmpagos na noite, que deixam a realidade ainda mais às escuras, e as populações ainda mais roubadas e deprimidas. O apelo dos bispos aos católicos a fazerem da festa do Corpo de Cristo grandes manifestações de fé, revela todo o estéril que eles são, e todo o desespero em que vivem nos respectivos palácios episcopais que são outros tantos túmulos, como o palácio onde jazia/vivia o Lázaro de JESUS SEGUNDO JOÃO. Mais um pouco, e haverá mais bispos do que párocos e as populações ver-se-ão completamente privadas das missas que, no ensinar das catequeses cristãs, transformam as hóstias de farinha de trigo sem fermento em Corpo de Cristo e o vinho do cálice de ouro em Sangue de Cristo. Ao paladar, as hóstias já transformadas em corpo de cristo são exactamente iguais às ainda não transformadas. O mesmo se diga do vinho do cálice de ouro. E o efeito transformador que produzem no viver de quem os comunga/come/bebe é nenhum, já que nem para comida e bebida servem!
O problema é que tudo no cristianismo é assim como o corpo e o sangue de cristo. As palavras dizem uma coisa, mas a realidade mantém-se inalterada, antes e depois das fórmulas ditas. Pela simples razão de que o cristianismo não passa de um corpo de doutrina sem qualquer correspondência na vida real das populações. Um corpo de doutrina que remonta a S. Paulo, não a Jesus Nazaré, o das práticas económicas e políticas maiêuticas, conspirativas e transformadoras da realidade. Um corpo de doutrina completamente vazio e até avesso a práticas políticas maiêuticas e a práticas económicas vasos comunicantes. O cume deste corpo de doutrina que não tem qualquer vestígio de realidade, para lá da farinha de trigo e do vinho num cálice de ouro, é precisamente o chamado corpo e sangue de cristo que teólogo algum do mundo sabe dizer o que é. Já que a sua consistência é meramente verbal, conceptual, doutrinal. Chega-se ao cúmulo de ensinar que, em cada hóstia consagrada e em cada fragmento dela, está todo o corpo e sangue de cristo tão real e perfeitamente como está no céu. Nada, pois, que tenha a ver com a terra, com a história humana, na qual, felizmente, continua a soprar forte, umas vezes tornado, outras vezes brisa, a mesma Ruah/ Espírito de Jesus crucificado que nos leva, essa/ esse sim, a sermos práticas políticas e económicas maiêuticas, no prosseguimento das dele. As únicas práticas que mudam o mundo e a vida. E, simultaneamente, revelam que todo o sistema de poder é estruturalmente perverso, o inimigo maior da vida, o grande ladrão e o grande assassino das populações e dos povos.
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Foi você que pediu eleições legislativas antecipadas?
O PCP pediu uma audiência ao PR, para tentar convencê-lo a dissolver o Parlamento e provocar eleições antecipadas. O PR não se fez rogado e marcou a audiência para o mesmo dia em que a Selecção Portuguesa de Futebol jogava no Brasil com a todo-poderosa Selecção da Alemanha. Para cúmulo, apoiada, na bancada VIP pela todo-poderosa chefe de Governo alemão e da União Europeia, via Durão Barroso, o tal da Guerra do Iraque, hoje, outra vez presente naquele país e nos telejornais do mundo e cujas consequências podem ser devastadoras.. Os 4-0 que o melhor do mundo, CR7, apanhou nas trombas e, com ele os outros todos que trabalham para ele, é em tudo semelhante ao rotundo NÃO que o PCP, na pessoa do seu generoso e dedicado secretário-geral, Jerónimo de Sousa, apanhou do PR. Que Aníbal Cavaco Silva, só abre as portas do seu Palácio de Belém ao PCP, porque este é um partido com representação parlamentar. E a Lei constitucional exige que o faça. Mas abrir as portas do palácio ao PCP, não é o mesmo que abrir o coração de quem o habita ao PCP. De resto, o coração do PR Aníbal é o Euro, pelo que, se a Constituição que ele jurou cumprir, mas desrespeita a todo o instante, lhe permitisse, ele comeria comunistas, todos os dias, ao pequeno-almoço. Assim passa os seus penosos dias desgostado, mai-la sua Maria, a dos presépios de outros tantos meninos-jesus.
Não se riam, nem chorem com isto que acabo de escrever. Porque a realidade é mesmo assim como acabo de escrever. E como, para seu desgosto, o PR Aníbal não pode comer comunistas ao pequeno-almoço e o seu coração é o Euro, lá se vê forçado a recebê-los no seu palácio, mas é como se os não recebesse. Tudo não passa de um mero acto protocolar. E, se alguma coisa se lamenta aqui, é precisamente que o generoso e dedicado Jerónimo de Sousa se tenha prestado a este acto protocolar. Porque, com este seu acto, para mais devidamente engravatado em dia de calor, deu um gozo orgástico do caraças ao PR Aníbal. O gozo de lhe poder dizer nas trombas um rotundo NÃO, como os 4-0 da selecção alemã ao melhor do mundo, CR7 e companhia. São assim as coisas neste tipo de mundo do poder financeiro que promove e faz idolatrar marcas como a CR7, ao mesmo tempo que deixa morrer de inacção e de abandono as companhias de teatro e os seus artistas, os grandes pintores das profundidades da alma humana, como, por exemplo, o pintor Anjos Fernandes, de Leiria, meu amigo e companheiro na linha da frente do debate de ideias e nas práticas políticas alternativas. Para não falar já dos poetas e escritores que não se vendem aos Prémio Nobel da Literatura financeira, que também a há e cada vez mais, em todas as nações. Hábeis em ficcionar de tal modo a realidade que a realidade deixa de existir, para ficar apenas a ficção com que as tvs financeiras enchem horas e horas da sua programação quotidiana.
Quando a Política se transforma em poder político, prostitui-se e prostitui os respectivos agentes. Tal como o futebol dos milhões, nos antípodas das práticas desportivas em todas as suas modalidades, prostitui os respectivos praticantes. Quanto mais milhões ganham, mais idolatrados são pelas massas que são levadas a tomar a ficção pela realidade e só por isso projectam neles e no seu viver estapafúrdio e imoral todas as suas inúmeras frustrações. Só que quanto mais idolatrados eles são, mais filhos da puta são. (Atenção! Filho da puta, à luz da Fé e da Teologia de Jesus, quer dizer filho da Besta, do Deus-Ídolo, filho de Aquilo-que-domina-e-mata-a-alma das populações, para, depois, poder fazer delas gato-sapato, sem que elas se apercebam de nada, tão anestesiadas que vivem do nascer ao morrer).
A verdade é que o país, delirantemente atento à marca CR7 e ao futebol mundial dos milhões, nem deu pela ida do PCP a Belém, o palácio do poder monárquico e absoluto, mesmo que o regime em que vivemos se mascare de republicano. Muito menos se deu conta do objectivo que o levou lá, o de pedir eleições antecipadas. Quando lhes roubam a voz e a vez, isto é, a prática política, as populações e as pessoas deixam de ser sujeitos e protagonistas, e depressa, tornam-se massas que os uns quantos Chico-espertos da direita e da esquerda manipulam e arrastam para onde muito bem querem. Já não são mais pessoas, já não são mais populações. São massas que lotam estádios de futebol, como lotam as grandes praças de escravos religiosos que são os santuários da senhora de fátima, de Lourdes, da Aparecida, de Guadalupe. E como é o santuário do senhor santo cristo dos milagres, nos Açores. O que perfaz a abominação das abominações. Com os intermediários, sacerdotes religiosos ou laicos, a transformar as populações e as pessoas em carne para canhão e para exportação/emigração, como outras tantas mercadorias.
Ai que saudades da militância política clandestina, meu amigo Jerónimo de Sousa, com os seus protagonistas cercados de pides por todos os lados, mas mentes limpas e lúcidas, sentinelas atentas e prenhes de afectos para dar e receber, e casas e mesas compartilhadas! Que saudades! Eu sei que hoje os tempos são outros, mas a clandestinidade, em modalidades outras, continua a ser essencial para a prática política maiêutica, de resto, a única capaz de ser parteira de um tipo de mundo plena e integralmente humano. Ousemos, pois, desertar do poder político e regressar à prática política maiêutica clandestina. Dois ou três unidos, reunidos e activos em comunhão maiêutica com a Humanidade crucificada, deixam o poder financeiro e os seus dois parceiros, o poder político e o poder religioso, aos papéis. Muito mais do que provocar eleições antecipadas que, se, porventura, acontecerem, deixam tudo na mesma. Apenas mudam as moscas!
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Que Portugal, o do 10 de Junho?
Que Portugal, o do 10 de Junho? A pergunta justifica-se, depois do que, mais uma vez, nos foi dado ver e ouvir neste de 2014. As populações que são o Portugal real, não passam, nestes dias oficiais, de mera paisagem, simples figurantes duma tragédia à escala nacional, Regiões Autónomas, incluídas, para as filmagens e os directos das tvs. Não têm voz nem vez. E, se a têm, é sempre à revelia do guião oficial e institucional. Seja na cidade da Guarda, ou na de Lisboa, ou na do Porto, quem tem a palavra, para cúmulo, num excesso de discursos cheios de retórica, nenhuma boa notícia, é o PR. Pode abrir, e abre, os seus discursos com o curial apelativo, “Portugueses”, mas depois é aos líderes dos partidos políticos, com representação parlamentar, que se dirige, e aos chefes do Governo e das Forças Armadas. As populações, só são bem-vindas, nesses actos oficiais, para ajudarem a brilhar ainda mais as cúpulas do Estado. As mesmas que, no Governo, as devoram com impostos e lhes roubam os direitos que lutas políticas de gerações anteriores haviam conseguido ver reconhecidos e realizados. A cada cúpula, o seu galho, conforme o grau de poder de que desfrutam na pirâmide/ hierarquia do Estado. Já as populações, o País real, fica sempre lá longe e lá ao fundo. A esturricar ao sol, como em Fátima, para onde, nesse mesmo dia, são transportadas milhares de crianças, cujos pais, abdicam das suas responsabilidades a favor dos eclesiásticos que as manipulam e tentam transformá-las em outras tantas Jacintas e Lúcias, em outros tantos Franciscos. Uma vergonha e um crime, mascarados, uma e outro, de “peregrinação” e de “devoção à virgem” cega, surda e muda, fabricada por um artesão santeiro do norte de Portugal.
Desta vez, o PR, manifestamente irritado pela reiterada palavra de ordem, “Governo para a rua!”, para cúmulo, sublinhada por inúmeros cartazes para tvs mostrarem ao país e à Europa, com os quais essa mesma palavra de ordem gritada em uníssono invadia, não só os seus ouvidos, mas também os seus olhos presidenciais, não conseguiu levar ao fim, sem interrupções, o primeiro discurso do dia. A um dado momento, percebe-se pelo directo das tvs que o PR deixou de poder articular as palavras escritas, certamente, por algum dos seus inúmeros assessores políticos (para alguma coisa a sua presidência é uma das mais dispendiosas da União Europeia!), e teve de ser de imediato amparado por membros da sua comitiva, antes que se estatelasse, desamparado, no chão. Os gritos de protesto e a palavra de ordem, “Governo para a rua!”, sobrepunham-se manifestamente ao seu discurso, apesar da amplificação sonora com que se dirigia aos “Portugueses”, que já não suportam mais ouvi-lo. Nem sequer a destacada presença do chefe das Forças Armadas, fardado a rigor, conteve as populações que se manifestavam e protestavam. Pelo contrário. E percebe-se porquê. Ele era, ali, a representação maior do Estado armado que temos permanentemente em cima de nós. E não se pense que o Estado é armado para proteger as populações do País. É armado para proteger as cúpulas do Estado, inclusive, contra as próprias populações, se necessário for. Só não sabe que é assim, quem não quer saber.
As populações que são o Portugal real, não precisam de Forças Armadas. As cúpulas do Estado, sim, precisam e muito. Por isso, investem nelas e nos respectivos equipamentos e meios de defesa-ataque, porque sabem que só dessa maneira conseguem ter mão nas populações com fome e sede de verdade, de justiça, de dignidade, de Política praticada, de cuidados médicos e hospitalares à altura, de salários justos, de escolas-parteira, de cultura e de arte, nas suas mais diversas manifestações. “Uma ligeira indisposição”, veio informar, algum tempo depois, o próprio chefe das Forças Armadas. Porém, não foi tão ligeira assim, uma vez que a interrupção do discurso presidencial durou bem meia-hora. E só meia hora, porque valeu ao PR a imediata intervenção de pessoal especializado, que às cúpulas do Estado nunca falta nada. Como não falta nada aos craques do futebol dos milhões que integram a chamada Selecção nacional do dito. Já as populações que são o País real, que se arranjem e se desunhem, na sua apagada e vil tristeza. E que morram, por falta de assistência atempada. Que ninguém dará por nada.
E não é que o PR, uma vez refeito da “indisposição”, retomou o seu discurso, como se nada se tivesse passado com ele? Onde já se viu? As populações que são o País real, não mereciam, na hora, uma palavra, extra-discurso escrito, dele próprio? Nem ao menos um formal pedido de desculpa pelo interregno, já para não dizer uma palavra pessoal de esclarecimento às populações presentes e a todas as outras que, porventura, o seguiam em suas casas pelas tvs?! Pois é, a verdade é que nem uma palavra do PR. Sinal de que ele estava furioso com a reiterada palavra de ordem, “Governo para a rua!”, que as populações presentes, ininterruptamente lhe dirigiam. Onde já se viu – deve ter pensado lá com os seus botões, o PR Aníbal – populações dominadas pelo Estado armado darem ordens ao chefe desse Estado? Mas então as populações não existem para acatar as ordens emanadas do Estado, de cada uma das suas cúpulas, a começar pela do PR, o comandante supremo das Forças Armadas? Daí, o absoluto desprezo do PR, pelas populações que não se revêem nele, nem neste tipo de dia de Portugal, e por isso, aproveitam a ocasião, e politicamente bem, para o fazerem. Contra as cúpulas do Estado bem repimpadas nas suas fardas de cerimónia e nos seus fatos de tecido fino, sentadas na tribuna e resguardadas do sol, enquanto elas, lá longe e lá ao fundo, como cães perdidos e abandonados, uns sem-abrigo sem nome, têm de penar e calar.
Dia de Portugal? Que Portugal, o do 10 de Junho de cada ano? Tenham um mínimo de pudor político, senhores das cúpulas do Estado. Porque as populações podem ser e são subjugadas e humilhadas por vocês, mas, com isso, fica bem claro quão cruéis e cínicos vocês são! Não sabiam?!
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Questão levantada pelo papa Francisco
Filhas, filhos, ou cães e gatos?!
A questão, Filhas, filhos, ou cães e gatos?, foi levantada pelo papa Francisco, numa homilia, sem nenhum direito ao contraditório, de uma daquelas suas missas diárias na capela privada da Casa de Santa Marta, em Roma. Que o papa, como se sabe, não é capaz de passar um dia sem missa, por ele presidida, na presença de pessoas embevecidas, quase em transe, por esse privilégio que lhes é dado. Se pensam que se pode ser, ao mesmo tempo, humano e papa de Roma, estão rotundamente enganadas, enganados. Ou que se pode ser humano e manter-se humano, na capela privada da casa de Santa Marta, no decurso de uma missa presidida pelo papa de Roma, também estão rotundamente enganadas, enganados. Não se pode. Só o humano faz humanos os que dele se fazem próximos, ou dos quais ele se faz próximo. O Poder, pior se sagrado e santo, como o do papa de Roma, faz lacaios, súbditos, para cúmulo, tão fervorosos e fanáticos, que entram em transe e quase levitam, numa espécie de êxtase com tudo de alucinação, como todos os êxtases dos místicos e dos espiritualistas de olhos fechados de todas as religiões, carregados de desprezo, ou mesmo de ódio, pelo mundo, que eles têm como um dos três “inimigos da alma”, juntamente com o “demónio” e a “carne” (= sexo e prazer sexual). Uns anormais que se reclamam de “modelos” de santidade. Fariseus, q. b. é o que são. Por isso, estéreis, quanto os fariseus do tempo e país de Jesus, que não faziam nada de humano, nem deixavam ninguém fazer. Só encenação, para serem vistos por toda a gente e louvados na praça pública.
Só num ambiente como o duma missa papal na capela da Casa de Santa Marta, aquela questão pôde ser levantada, concretamente, nos termos em que o papa a formulou: “Estes casamentos que não desejam filhos, que querem ficar sem fecundidade; esta cultura do bem-estar, de há dez anos a esta parte, convenceu-nos: ‘É melhor não ter filhos! É melhor! Assim tu podes conhecer o mundo, em férias, podes ter uma casa de campo, ficar tranquilo’... Mas é melhor talvez – mais cómodo – ter um cãozinho, dois gatos, e o amor dirige-se aos dois gatos e ao cãozinho. É verdade ou não?”
A pergunta do papa é pura retórica, porque ninguém lhe respondeu, nem podia, que nas missas, para mais do papa de Roma, a palavra é exclusiva do clérigo que a ela preside. E o papa de Roma é o clérigo dos clérigos, cujas palavras, mesmo que sem qualquer conteúdo, são registadas para a posteridade, porque são palavras do papa de Roma. Por sinal, a questão levantada pelo papa é séria, mas não assim a ênfase moralista e religiosa com que ele o faz, que é um desastre em toda a linha. Porque o papa, como qualquer outro clérigo, dificilmente consegue sair do universo do moralismo e do religioso, tão do agrado do poder, sobretudo, se sagrado e monárquico absoluto, como é o seu caso. E só sai dele, se desiste de clérigo e passa a humano, pois então nunca mais quer saber do universo do moralismo e do religioso para nada. Porque esse, é um universo onde os seres humanos deixam de o ser e passam a ser coisas, porventura, sagradas, mas coisas, não pessoas, não sujeitos, não protagonistas, uma realidade de todo impensável, no universo do moralismo e do religioso.
A questão levantada é pertinente e séria, mas só pode de ser correctamente abordada fora do universo do moralismo e do religioso, que é o universo do papa de Roma e dos clérigos em geral. Neste universo, o próprio que levantou a questão, à hora de buscar respostas correctas e salutares para ela, lava daí as suas mãos e, quando muito, reza mais umas quantas missas ou outras orações, para que Deus, o do moralismo e do religioso, a resolva, já que para alguma coisa é reiteradamente invocado como Deus omnipotente, omnisciente e omnipresente, tal como reza o Credo do cristianismo e das igrejas cristãs todas, a católica romana e as protestantes. Um Deus com tudo de ídolo, totalmente fora da história, um mito, ele próprio, uma coisa que as populações são levadas a invocar a toda a hora e instante, sem jamais reconhecerem que, com isso, deixam o mundo real cada vez pior, cada vez mais dividido e tecido de ódios e de fanatismos, entre os quais os fanatismos religiosos levam a palma.
A questão é séria e pertinente. Por isso, só pode e deve ser encarada no universo da Política praticada, de resto, o único universo que nos faz humanos, de dentro para fora. Porém, este não é o universo do papa de Roma, nem dos clérigos todos do mundo. Tudo, no universo do moralismo e do religioso, é encenação, nenhuma realidade. Quando aí se fala dos problemas e depois se recorre a Deus para que os resolva, em vez de arregaçarmos as mangas da nossa mente cordial e metermos as mãos na massa, somos uns parasitas e uns eunucos que nos pavoneamos nas praças e por entre aplausos de multidões histéricas, dos quais diz Jesus que melhor fora que não tivéssemos nascido.
Não se trata de optar entre filhas, filhos, e cães e gatos. Porque filhas, filhos casam bem com cães e gatos, como, de resto, é regra da natureza. Nesta questão, como em todas as outras questões sérias, tem de se procurar a causa estrutural, sistémica que leva hoje muitos casais a optar por não ter filhas, filhos. E atacar o mal aí. É então todo este tipo de mundo do poder que fica em questão, juntamente com a sua ideologia e até a sua teologia. Por sinal, o tipo de mundo do papa de Roma, ele próprio impedido, como clérigo, de gerar filhas, filhos e, até, impedido de gostar de gatos e de cães. Neste tipo de mundo do poder, os seres humanos são reduzidos a coisas e só os agentes do poder têm voz e vez. Quase sempre, para dizerem e fazerem asneira, como nesta homilia do papa Francisco, numa das missas na capela privada da Casa de Santa Marta. Melhor fora, que o papa estivesse calado, porque, ao falar como falou, só piorou ainda mais as coisas, embora toda a gente ache que ele foi muito oportuno e certeiro. Não foi. Tudo não passou de mais um número de circo religioso, em que as igrejas cristãs e as religiões são peritas. Falam dos assuntos, mas, depois, não lhes mexem nem com um dedo. Apenas rezam, rezam e mandam rezar! Hipócritas, chama-lhes Jesus Nazaré e muito bem.
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OIT / Opera Mundi / IHU / JF
Medidas de austeridade na Europa levam 800 mil crianças à pobreza
N.E. Estes são dados reais. Não são projecções. Dados reais. Aterradores. Politicamente, abomináveis. Porque têm responsáveis por trás. Responsáveis económico-financeiros e políticos. Os povos pobres, ou se rebelam politicamente, ou morrem muito antes de tempo. De fome. Que a pobreza mata. E, se não chega a matar, sempre atrofia o desenvolvimento das crianças, os adultos de amanhã. Perante estes dados da OIT, cabe perguntar: União Europeia, um conjunto de países Terceiro Mundo?! Quem são os responsáveis? E não lhes acontece nada? Continuamos a confiar-lhes os nossos destinos, ao aceitarmos votar em eleições europeias? Não é uma revolução sistémica que urge concretizar?!
As medidas de austeridade adoptadas pelos governos de países da Europa a partir de 2008, atiraram, como um dos efeitos mais visíveis, 800 mil crianças para a pobreza. Os dados constam de um relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgado nesta terça-feira (03/06). “Em 2012, 123 milhões de pessoas nos 27 Estados-Membros da União Europeia, ou 24% da população, estavam em risco de pobreza ou exclusão social e cerca de mais 800 mil crianças viviam na pobreza do que em 2008”, lê-se no Relatório sobre Protecção Social no Mudo 2014/2015, no capítulo Erosão do Modelo Social Europeu.
Segundo o documento, o aumento da pobreza e da desigualdade foi resultado não apenas da recessão global, mas também de decisões políticas específicas de redução das transferências sociais e de limitação do acesso a serviços públicos de qualidade, que se somam ao desemprego persistente, salários baixos e impostos mais altos.
“Em alguns países europeus, os tribunais declararam os cortes inconstitucionais”, prossegue o relatório, apontando os casos de Portugal, da Letónia e Roménia, e acrescentando a iniciativa do Parlamento Europeu de investigar a legitimidade democrática das medidas de ajustamento e do seu impacto social em Portugal, na Irlanda, no Chipre, na Espanha, Eslovénia, Grécia e Itália.
“O custo do ajustamento foi transferido para as populações, já confrontadas com menos empregos e rendimentos mais baixos há mais de cinco anos. Os ganhos do modelo social europeu, que reduziu significativamente a pobreza e promoveu a prosperidade no pós-2ª Guerra Mundial foram erodidos [= corroídos] por reformas de ajustamento de curto prazo”, informa o relatório.
O relatório da agência da ONU para o Trabalho, com sede em Genebra, sublinha, no entanto que, contrariamente à ideia generalizada, a austeridade não atingiu apenas os países europeus. “As medidas de contenção orçamental não se limitaram à Europa. Em 2014, nada menos que 122 governos reduziram a despesa pública, 82 deles de países em desenvolvimento”, informa.
Essas medidas, tomadas depois da crise financeira e económica de 2008, incluíram reformas dos regimes de aposentadoria, dos sistemas de saúde e de segurança social, supressão de subsídios, reduções de efectivos nos sistemas sociais e de saúde. Actualmente, segundo o documento, mais de 70% da população mundial não tem uma cobertura adequada de protecção social, definida como um sistema de protecção social ao longo da vida que inclua o direito a prestações familiares e para menores, seguro contra desemprego, em caso de maternidade, doença ou invalidez, aposentadoria e seguro saúde.
Em matéria de saúde, o relatório indica que 39% da população mundial não têm acesso a um sistema de cuidados de saúde, percentagem que sobe para 90% nos países pobres. Segundo a OIT, faltam cerca de 10,3 milhões de profissionais de saúde no mundo para garantir um serviço de qualidade a todos os que necessitam.
Sobre as pensões, a OIT indica que 49% das pessoas que atingiram a idade para se aposentar não recebem qualquer pensão. Dos 51% que recebem, todavia, muitos têm pensões muito baixas e vivem abaixo do limiar de pobreza. Em relação ao desemprego, só 12% dos desempregados de todo o mundo recebem seguro desemprego, percentagem que varia entre 64%, na Europa, e menos de 3% no Médio Oriente e na África.
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Oficina Palavra, Pão e Vinho, no BC
Uma surpreendente explosão de Humanidade, de Festa e de Arte
Um dia inesquecível para quem fez a opção de viver o domingo, 1 de Junho 2014, no Barracão de Cultura, e deu corpo com o seu próprio corpo à 2.ª Sessão da Oficina Palavra Pão e Vinho, uma iniciativa da Associação Cultural e Recreativa AS FORMIGAS DE MACIEIRA /BC, dinamizada pelo Pe. Mário de Oliveira. A acção decorreu entre as 11h e as 18 horas e contou com o almoço compartilhado, conseguido a partir dos farnéis previamente preparados pelas pessoas e transportados por elas para a Mesa Comum do BC. E encerrou com o lanche, conseguido a partir das muitas sobras do almoço. No apoio ao almoço e ao lanche, esteve o Bar Cultural do BC, à responsabilidade do associado Alberto Carvalho. “Trabalho”, foi a palavra forte desta 2.ª Sessão da Oficina e, só muito secundariamente, também a palavra “Fátima”, uma vez que esta Sessão, embora decorresse no 1.º de Junho, era relativa ao último domingo de Maio, adiada uma semana, devido às eleições europeias.
A grande questão de fundo que animou as intervenções de cada pessoa, e que prosseguirá, vida fora, é tentarmos passar da actual condição de trabalho por conta de outrem, nomeadamente, por conta das grandes multinacionais sem rosto que devoram a alma de quem as serve e fazem do trabalho um “tripallium”, uma tortura, porventura pior que a que no passado era aplicada aos escravos pelos respectivos donos. E foi bonito ouvir e ver experiências alternativas ao trabalho por conta de outrem que algumas pessoas já estão a dar corpo, com destaque, nesta sessão, para a experiência de Luísa Arroja, uma professora de Macieira da Lixa, no desemprego e que está avançar com a produção artesanal de sabonetes alternativos aos do grande Mercado, confeccionados a partir de produtos naturais do pequeno quintal da sua casa – alfazema, tangerina, mel, alecrim, azeite virgem português. Os novos sabonetes andaram em pequenos cestos, de mão e mão e quem quis, no final, adquiriu as diversas unidades que quis, a preços justos, sem nenhuma exploração.
Esta sessão da Oficina foi muito animada do princípio ao fim e muito enriquecida pela variedade de pessoas, provenientes de diferentes partes do País, com destaque para algumas de Macieira da Lixa e de outras freguesias de Felgueiras, Amarante, Vizela, Guimarães, Porto. O casal Rosa e Homero, viajou propositadamente de Lisboa para participar e foi uma exuberância de vida, de ternura, de abraços e de beijos, de arte, nomeadamente, pela parte de Homero. No dia mundial da criança, Homero, nos seus juvenis 50 anos de idade, carteiro de profissão em Lisboa, foi o menino adulto que mais marcou esta Sessão. Mas o momento de maior ternura foi protagonizado pelos dois filhinhos do jovem casal Luísa e Carlos, de seus nomes, Alice e o Eduardo, com idades inferiores a cinco anos, que, na sua simplicidade, nos cantaram e dançaram 3 músicas infantis deste seu tempo. Já a criança que todos os adultos fomos outrora e que tem sido reprimida à medida que crescemos em anos voltou a vir ao de cima, nesta Oficina e soltou-se, quando improvisamos, na hora, no espaço da plateia do BC, onde a sessão decorre, a música e a dança do “Bom barqueiro”. Até Alice, que, por motivos de um acidente, veio apoiada numa canadiana, e Rui que desde os 13 anos, se desloca numa cadeira de rodas, entraram na dança. E todas, todos dançamos, em dança livre, ao início da tarde, já depois do almoço partilhada, uma música do folclore minhoto, amplificada pelo serviço de som gravado que o BC acaba de adquirir e de instalar.
Do início ao fim, esta 2.ª Sessão da Oficina foi movimento, muitos abraços e beijos entre todos os participantes, muitas intervenções, muitos afectos, uma experiência nunca antes protagonizada e que deixou completamente fascinadas e transformadas de dentro para fora, as pessoas, mulheres e homens, de diferentes idades, convicções, credos, níveis escolares e profissões. O remate da Sessão, uma surpresa bem guardada, foi a apresentação da Estória a duas vozes, Caim-e-Abel, da autoria do Pe. Mário e que ele próprio leu-declamou-representou, no centro da plateia, com a vivacidade e a alegria que lhe são conhecidas. Coube a Maria Laura, ser a outra Voz que, inopinadamente, se intromete na Estória, mas sempre com invulgar oportunidade. Nesta Estória, o grande Poder financeiro (Caim) apresenta-se em toda a crueza de Mentira, Idolatria e assassínio que o caracteriza. Por fim, e porque ninguém falava sobre Fátima, dado o manifesto desinteresse por tudo aquilo sem pés nem cabeça, cantou-se, a exigências de um dos participantes, um canto intitulado, IGUAIS SEMPRE, do Livro CANTO(S) NAS MARGENS, escrito para ser cantado com a conhecida música fatimista “Sobre os braços da azinheira”, e que constitui, pela positiva, a destruição simbólica de toda aquela mentira-e-crime que Fátima é, por mais que a hierarquia católica, para sua vergonha, continue a dar-lhe cobertura, contra a Humanidade e contra o Evangelho de Deus, revelado em Jesus.
A concluir, aqui ficam a letra de um e outro Cantos. O 1.º, “Adeus mundo financeiro”, em estreia absoluta, nesta Oficina, escrito propositadamente para ela sobre o tema em debate. Eis:
ADEUS, MUNDO FINANCEIRO
1 Adeus, mundo financeiro
Adeus que te vou deixar
Prefiro ser um canteiro
Do que p’ra ti trabalhar
2 Neste mundo do dinheiro
Trabalhar é uma tortura
Não tens ninguém companheiro
Nem tens o Pão da Cultura
3 Até o acto de criar
Fica refém do Mercado
Pois só consegue vingar
Se for por ele marcado
4 Se filhas, filhos gerares
São-te depressa tirados
Pagarás para os criares
Mas sairão formatados
5 Quem quer ser homem, mulher
Neste mundo do dinheiro
Cultive a arte de ser
Clandestino e companheiro
6 Se quisermos ser humanos
Não podemos ser cristãos
Quem abençoa os tiranos
Não vê nos outros irmãos
7 Tudo que eu faça e que diga
Tem de gerar liberdade
Nem que o Poder me maldiga
E trate com crueldade
8 Como as aves e os lírios
Não sei de teres, poderes
Conheço muitos martírios
Fecundo muitos viveres
9 Canto, danço o ser humano
Todo paz, fragilidade
Não sei de senhor nem amo
Sou Ruah, sou liberdade
10 A beleza das belezas
É sermos outros Jesus
Sofremos muitas baixezas
Mas somos no mundo Luz
Iguais sempre
Refrão
De mãos dadas bem iguais
formamos comunidade
nossa vida consagrada
transforma a sociedade
1 Somos homens e mulheres
chamados à liberdade
rumo à nova sociedade
onde todos são irmãos
entre nós cresce a alegria
pois sabemos dar as mãos
2 Somos homens e mulheres
amigos e companheiros
no serviço os primeiros
cada qual com o seu jeito
entre nós cresce a alegria
a ternura e o respeito
3 Somos homens e mulheres
ao serviço dos mais pobres
pois são eles os mais nobres
no dizer do Evangelho
entre nós cresce a alegria
que põe fim ao mundo velho
4 Somos homens e mulheres
prontos para dar a vida
até a morte ser vencida
pela prática do amor
entre nós cresce a alegria
pois ninguém faz de senhor
5 Somos homens e mulheres
muito ao jeito de Maria
sempre prontos cada dia
à solidariedade
entre nós cresce a alegria
como cresce a liberdade
6 Somos homens e mulheres
muito firmes no amor
no combate a toda a dor
e na luta contra a guerra
entre nós cresce a alegria
como paz canção da terra
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Edição 98, Maio 2014
Trocou momentaneamente Roma por Jerusalém
O que faz correr o papa Francisco?
O que faz correr o papa Francisco até à terra que ele teima em chamar “santa”? Não é, antes, assassina e genocida, até? Há séculos e séculos que aquela terra é palco de sucessivos assassínios em massa e genocídios. E será que algum dia vai deixar de o ser? Esta “peregrinação” papal não só não traz a almejada paz, fruto da justiça e da verdade, como poderá trazer ainda mais guerra. É sabido que dos poderosos unidos, nunca vem a paz como fruto da justiça e da verdade. Só a paz dos vencedores, a única que este tipo de mundo do Poder conhece, onde os súbditos nunca chegam a criar condições para se rebelarem politicamente. Os vencedores unidos sabem muito bem como manter os súbditos divididos e desorganizados, para melhor continuarem a reinar sobre eles. Sem grandes custos financeiros. Basta-lhes os grandes media, as religiões, as igrejas, as escolas, mais a polícia e as forças armadas. E até os partidos políticos de direita e de esquerda reconhecidos/financiados por eles.
O que faz correr o papa Francisco? O que pretende esconder com esta sua “peregrinação à Terra Santa” (as palavras são dele, não minhas)? Porque faz questão de lhe chamar “peregrinação”, quando o Poder é intrinsecamente incapaz de peregrinar? E o papa é Poder. O Poder! Quando viaja, nunca é para peregrinar, de resto, um verbo que nunca tem o Poder como sujeito. Só as vítimas e os súbditos peregrinam e rastejam nos grandes santuários, vendedores de ópio religioso, o mais descriador do humano. Não é por demais público e notório? Ao chamar peregrinação a esta sua deslocação a Belém e a Jerusalém, cidades erguidas sobre sangue, não só o dos antigos profetas bíblicos e o de Jesus, o filho de Maria, mas também o dos sucessivos povos lá nascidos e residentes, sistematicamente sacrificados às desmedidas ambições do Poder, o papa comete uma desonestidade intelectual e um insulto aos povos, por sinal, uma postura típica do cristianismo, perito em encenações, em liturgias, em rituais, em fazer do crime, um acto heróico, do pecado, um acto santo, do hediondo assassinato de Jesus, um sacrifício de redenção da humanidade. E tudo, sem que ninguém o chame a contas, porque a sua ideologia e teologia andam infiltradas, como um vírus, nas mentes/consciências das populações, inclusive, dos ateus que o são das religiões, mas não do Poder.
O que faz correr o papa? O mito bíblico do messias e do povo eleito, que ele aceita como verdade e insiste em impor aos seus súbditos, é gerador de aberrações sobre aberrações como as reiteradamente cometidas nessa “Terra Santa”, em cujo subsolo fervilha o sangue de populações esmagadas, passadas ao fio da espada, queimadas vivas, crucificadas, despedaçadas a tiro de canhão e de bombas lançadas de cima para baixo pelos aviões da morte. O próprio estado de Israel não tem o seu arsenal de bombas nucleares? Não tem o Poder financeiro? Jerusalém, cidade santa? Podem as chamadas religiões do livro – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – qual delas a mais perversa e cheia de sangue derramado, reivindicar o direito àquele chão. Mas não podem chamar-lhe cidade santa, a menos que, para elas, o santo seja igual a campeão da perversidade e da inumanidade. De outro modo, será branquear a história e atirar terra aos olhos das populações, para que não vejam a realidade, por demais hedionda.
Não podemos esquecer que o papa é o chefe de estado do Vaticano e, por força dessa sua condição, é que é recebido e protegido por milhares e milhares de polícias fardados e à civil, inúmeros atiradores especiais estrategicamente colocados nos locais por onde ele tem de passar. Peregrino, o papa? Não nos façam rir! Temido chefe de estado do Vaticano, é o que ele é. Um estado pequeno em território, mas poderoso até dizer basta. Todos os demais estados das nações fazem questão de estar de bem com ele e com o seu chefe de turno, neste momento, o papa Francisco. Por mais que este se esforce em dar ao estado do Vaticano um rosto humano, acaba, até, por ser ainda mais sádico, já que, desse modo, engana a muitos mais. As multidões aclamam-no, porque o confundem com um homem bom e bem intencionado. Mas essa é a mascara de que o estado do Vaticano, neste momento histórico, mais necessitava. E ele presta-se, como nenhum outro, a fazer esse papel, com grande sucesso, o que lhe vai valer a súbita canonização, depois de morrer. Melhor fora, por isso, para ele, não ter nascido, do que ter nascido para fazer este papel, nos antípodas de Jesus, o paradigma do ser humano pleno e integral, por isso, crucificado. São estas abissais fugas e traições ao Humano, que geram e garantem continuidade a este tipo de mundo, onde o Poder é o rei e os seres humanos, todos seus súbditos.
Nunca chegaremos a saber o que o papa Francisco foi fazer e conseguir nesta sua deslocação àqueles países, onde a guerra é o pão amargo e assassino de cada dia. Chega a ser inexplicável como é que ainda há pessoas que aceitam viver lá e dar à luz filhas e filhos naquelas terras. A verdade é que há sonhos e projectos messiânicos que acorrentam as populações e não as deixam ser-viver longe dali. São sonhos e projectos contra a humanidade que não as deixam ver a realidade. O messianismo = cristianismo tem esse terrível condão. O hoje de cada dia não conta, o que conta é o amanhã, que nunca chega a ser o hoje. E, depois, ainda se atreve a chamar esperança, a semelhante concepção. Nada mais perigoso e envenenado para as populações que o messianismo = cristianismo. É a grande arma de domesticação que o Poder inventou e com que mantém politicamente desmobilizadas as populações. As quais, depois de sucessivas gerações, já nem sequer querem ouvir falar de outro modo de ser-viver. Chegam, até, a molestar-se, se alguém lhes vem dizer que semelhante ser-viver não o chega a ser verdadeiramente. Ficam furiosas e exigem a morte do mensageiro, da forma mais ignominiosa! Pois bem, é também para manter e reforçar este estado de coisas que o papa Francisco viajou até Jerusalém e protagonizou todo o folclore mediático que é habitual neste tipo de ritual cristão católico romano. Acordemos!
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Anna Latron / La Vie / IHU / JF
Excomungada presidente do movimento “Nós somos Igreja”
N.E. Lê-se e não se acredita. Mas é a verdade nua e crua. A Igreja católica romana continua a excomungar quem tudo faz para que ela o seja verdadeiramente. Desengane-se quem pensa que o Evangelho de Jesus, as pessoas concretas e as pequenas comunidades daqueles dois ou três que se reúnem em nome e em memória de Jesus valem mais que o Código de Direito Canónico (CDC. Não valem. Vale mais o CDC. E, quando não for assim, é o cristianismo católico romano e protestante que implode. Isto é um escândalo. Mas, como se vê, acaba de acontecer. Esta semana. Na Áustria. Na Europa! E outros casos mais, ocorrerão. Mal sabem os bispos e o próprio papa, bispo de Roma, que ao excomungarem este casal tão igreja na e com a Igreja-movimento clandestino de Jesus, auto-excomungam-se. E auto-desacreditam-se. Só uma igreja cristã, católica romana ou não, é capaz de procedimentos destes. O Cristo de S. Paulo e das igrejas cristãs é o antípoda de Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida. Ela excomunga, e Jesus integra todos os excomungados. Deste modo, os excomungados pela Igreja são acolhidos e integrados por Jesus. E fora de Jesus, não há Igreja convocada pela sua própria Ruah. Há Poder clerical, poder sagrado, porventura, o mais perverso dos três poderes. Leiam a notícia e tirem as vossas conclusões.
Segundo as informações do Tiroler Tageszeitung, Martha Heizer, a presidente austríaca do movimento laico crítico a Roma, acaba de ser excomungada. A pena atinge também seu marido, Gert Heizer. O bispo de Innsbruck, Manfred Scheuer, “teve de apresentar pessoalmente o decreto ao casal na quarta-feira, dia 21 de maio, à noite”, precisa a Rádio ORF Tirol. O bispo leu o conteúdo do decreto aos dois interessados, que, em seguida, se recusaram a aceitar o documento. “Nós não o aceitamos, porque nós questionamos o conjunto do procedimento”, declarou Martha Heizer à rádio austríaca.
Na manhã desta quinta-feira, a própria excomungada explicou num comunicado estar “profundamente chocada com o facto de ser colocada na mesma categoria que os padres pedófilos”. Para ela, “este procedimento mostra a que ponto a Igreja católica tem necessidade de renovação”.
Missas privadas
O motivo das duas excomunhões? Eucaristias privadas celebradas sem padre na casa do casal. Há muitos anos, Martha Heizer não oculta o facto de que ela e seu marido acolhem em sua casa essas celebrações, das quais alguns fiéis participam regularmente. Essas eucaristias constituem ‘delicta graviora’ (delitos graves) para a Igreja católica. “O assunto provocou muito barulho desde 2011”, explica o Tiroler Tageszeitung, com a intervenção do bispo local. A Congregação para a Doutrina da Fé anunciou, na sequência, a criação de uma comissão.
Martha Heizer é a presidente do movimento reformista desde o dia 07 de abril último. Um movimento criado na Áustria em 1995 e do qual ela é uma das fundadoras. Com 67 anos, Martha Heizer é conhecida por suas posições favoráveis à ordenação de mulheres e a “uma renovação da Igreja através dos leigos”, precisa o jornal Die Welt. Desde 2012, ela preside ao International Movement We are Church, o Movimento Internacional Nós somos Igreja.
Por esta decisão, Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, continua fiel às suas posições anteriores: em 2009, quando estava à frente da diocese de Regensburg, o prelado alemão suspendeu Paul Winckler, presidente alemão do Wir sind Kirche.
O bispo de Inssbruck confirma
No final da tarde desta quinta-feira, 22, o bispo Manfred Scheuer confirmou à Apic, “a excomunhão” de Martha Heizer e de seu marido. Sublinha que a realização dessas eucaristias sem padre, reveladas pela televisão austríaca ORF em 2011, o obrigaram a abrir uma investigação e a “tomar medidas legais”. Foi para ele “um fracasso (...) o facto de não ter convencido os esposos Heizer a rever sua opinião e, assim, evitar este procedimento”. Precisa ainda à Apic, que “a constatação desta ‘excomunhão’ não é uma vitória, mas uma derrota para a Igreja” e que é com “grande pesar” que a executa.
“Como a eucaristia essencialmente é a festa de toda a Igreja, não pode haver ‘eucaristia privada’”, prosseguiu o bispo de Innsbruck. “Os critérios de validade da eucaristia não podem depender da vontade subjectiva e do estado de espírito das pessoas envolvidas”. De acordo com as informações da Apic, o movimento Nós somos Igreja deverá organizar em Roma, em outubro próximo, um “sínodo paralelo” ao sínodo extraordinário sobre a família, que acontecerá no Vaticano.
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Corpo de cristo com e sem glúten
Não alimenta e pode, até, apressar a morte!
Já sabíamos que o chamado Corpo de Cristo que se comunga nas missas não alimenta as pessoas que o comungam sob a forma de hóstias de farinha de trigo sem fermento, tão pequenas e delgadas elas são e só se pode comungar no máximo, uma por dia, à excepção dos sacerdotes que têm de presidir a diversas missas, em diferentes localidades. O que os párocos e os bispos habitualmente não nos dizem é que a ingestão continuada de hóstias-corpo de cristo, pode agravar a saúde das pessoas portadoras de doença celíaca, e, com o tempo, pode até apressar a morte dessas pessoas. Porque a farinha de trigo utilizada no seu fabrico, tal como a que é utilizada para o fabrico do pão, é portadora de glúten, uma substância proibida às pessoas portadoras de doença celíaca. O assunto é sério, mas o Código de Direito Canónico (CDC) exige que as hóstias para as missas sejam fabricadas apenas com farinha de trigo e água, sem a junção de quaisquer outros ingredientes. E só com uma autorização especial do papa de Roma, é possível o fabrico de hóstias com farinha de trigo sem glúten, bem mais difícil de produzir. E também bastante mais cara.
Curiosamente, a empresa católica que está autorizada a fabricar hóstias sem glúten, é portuguesa e situa-se em Braga. Dá pelo nome de Instituto Monsenhor Airosa e tem oito funcionárias. Concretamente, as hóstias sem glúten são lá fabricadas e exportadas para todo o mundo. O custo do fabrico sai tão caro, comparativamente às hóstias com glúten, que a empresa nem sequer fixa um preço. Deixa ao critério de quem as encomenda, para uso exclusivo de pessoas portadoras de doença celíaca e que, mesmo assim, não dispensam o corpo de cristo de farinha de trigo. Entretanto, à falta de hóstias-corpo de cristo sem gluten, as pessoas portadoras dessa doença são autorizadas pelo CDC a comungar o vinho-sangue de cristo. Só que às crianças, ninguém vai dar-lhes vinho a beber… Obviamente! E a solução é recorrer às hóstias sem glúten.
A empresa bracarense fabrica em média 150 mil hóstias com glúten por dia e é com o fabrico destas e das outras hóstias sem glúten que garante a manutenção do Instituto. A indústria está hoje em franco declínio, uma vez que as missas têm cada vez menos frequentadores. Consequentemente, menos consumidores de hóstias com ou sem glúten. Por outro lado, as crianças em idade de catequese, sem dúvida, a grande clientela das missas de domingo, são também cada vez menos nas missas, não só porque são cada menos os pais que ainda alinham nesse tipo de educação católica para os filhos, como são cada vez menos as crianças nascidas, cada ano que passa. Sobram depois as pessoas de idade que ainda se mantêm fiéis às missas de domingo. Mesmo assim, este é manifestamente um negócio eclesiástico em vias de extinção. O grande Mercado até o corpo de cristo com ou sem glúten está a fazer desaparecer. As novas gerações não descortinam neste tipo de culto/comida qualquer valor para as suas vidas. E deixam para lá.
Para cúmulo, ao saber-se, agora, que o corpo de cristo com glúten pode, até, apressar a morte das pessoas portadoras de doença celíaca, serão certamente ainda menos os que aceitam continuar a comungar hóstias-corpo de cristo que não só não alimentam, como ainda podem agravar a saúde de quem tem de evitar ingerir produtos com glúten.
Fossem as Igrejas prosseguidoras de Jesus, mai-lo seu Projecto político maiêutico, e, em lugar de insistirem no corpo de cristo de S. Paulo, que ninguém faz ideia do que seja, comungariam Jesus, ele próprio, o Pão da Palavra de Deus Abba-Mãe de todos os povos por igual, que nunca ninguém viu, e que é o único Pão-palavra que desperta e estimula as populações que o comem, a abrir-se à prática da expropriação e da partilha dos bens da terra, para que estes sejam verdadeiramente de todos segundo as necessidades de cada qual. Ganharia corpo, então, um novo tipo de sociedade, sem missas, sem templos, sem sacerdotes, apenas com múltiplas mesas compartilhadas, numa grande Comensalidade sem Mercado e sem venenos nas nossas dietas alimentares. Coisa que o cristianismo é intrinsecamente incapaz de gerar, porque ele próprio é o pai do Mercado que está aí cada vez mais apostado em fazer dos seres humanos coisas, mercadorias, consumidores compulsivos de alimentos que nos adoecem e apressam a morte, como fazem as hóstias-corpo de cristo com ou sem glúten.
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O que fica do 13 de Maio 2014?
Mais uma mostra do luxo clerical e milhares a esturricar ao sol
Lugares como Fátima deveriam ser banidos da face da terra. Em nome da Humanidade
O que fica do 13 de Maio de 2014? O sol não bailou como mentirosamente se diz que aconteceu em Outubro de 1917. Não bailou, mas esturricou sem dó nem piedade os milhares de pessoas que, doentiamente, insistem em fazer de figurantes neste teatro de mau gosto, sempre igual, onde os clérigos, com os bispos à cabeça, todos coroados de mitras de dois bicos, anel no dedo, cruz de pedras preciosas dependurada do pescoço, são reis e senhores, como se ainda estivéssemos em plena Idade Média, e não no início do terceiro milénio. As populações que penam a pé, pelas bermas das estradas, apresentam-se movidas por um ancestral Medo, a que fazem questão de chamar fé, e que as transforma em eternos e desgraçados pagadores de promessas. Já os clérigos católicos que rumam confortavelmente a Fátima sabem bem o que fazem e sabem bem que o que fazem é indigno de seres humanos, ainda que seja próprio de clérigos cristãos, já que para sacrificar as populações é que existe o cristianismo, o eclesiástico e o financeiro. Sabem bem que alimentar uma fé que leva as populações a autoflagelar-se, para cúmulo, em público, é mais um castigo, a acrescentar a tantos outros que elas já estão condenadas a ter de padecer. Melhor fora, então, que as populações não tivessem este tipo de fé, porque, assim, já se não metiam a protagonizar este tipo de actos, com os quais põem em risco a sua saúde e, nalguns casos, a sua própria vida. É que a “mulher” ou “senhora” que os atrai a Fátima é infinitamente menos capaz do que elas.
Na verdade, aquela mulher ou senhora nem sequer sai da sua gaiola dourada para as receber à chegada, e, se, em certos momentos, parece aproximar-se delas, é porque há alguém que se dispõe a carregá-la e a levá-la a arejar na noite do dia 12, por entre muitas velas acesas, e ao meio-dia do dia 13, por entre muitos lenços brancos que multidões anónimas agitam no ar, como quem tenta espantar o Medo e a insegurança com que são tecidos os seus quotidianos. Tão pouco a imagem ouve o que as multidões lhe dizem/sussurram, menos ainda lhes acena, quando elas, desesperadas e em lágrimas, lhe acenam. Cada 13 de Maio é, por isso, uma tragédia nacional e internacional que se arrasta, vai para cem anos. E quantos mais anos, mais tragédia. Porque os problemas das populações do país e do mundo não se resolvem com este tipo de peregrinações, pelo contrário, agravam-se de ano para ano, de geração para geração, e, se não fossem as médicas, os médicos, as enfermeiras, os enfermeiros aplicar-se e dedicar-se às populações, as doenças avançariam por aí fora e matar-nos-iam, como tordos, por mais velas de cera que as populações, desesperadas, comprem e ponham a arder numa fornalha de cheiro nauseabundo e num inferno de fogo que, por mimetismo, acaba por pegar-se às matas do país, na assim chamada “época dos incêndios”, que cada 13 de Maio simbolicamente pré-anuncia.
Para este 13 de Maio 2014, veio presidir o patriarca latino de Jerusalém. Fez uma viagem turística VIP, por conta do santuário, escrevinhou, ou fez outro escrevinhar por ele, umas quantas frases cheias de lugares comum e coisas mais que banais, para outros lerem ao microfone, durante as duas missas a que presidiu, já que não sabe falar português e tão pouco o gestor do santuário optou por uma tradução simultânea que, apesar de tudo, sempre teria algum afecto e marca pessoal, valores que obviamente não se cultivam em Fátima. O bispo de Leiria-Fátima sabe muito bem que as populações que correm para aquela esplanada com tudo de geena e de mar de dores, vão apenas para responder a um ancestral Medo com que andam possessas, como um demónio. Não vão para ouvir prédicas de bispos, de patriarcas ou de papas, muito menos, para cultivar afectos. Vão porque o Medo as faz ir. Como quem cumpre um fado, um destino. Sob pena de morrerem. De Medo.
Fátima, com os seus dois grandes santuários de tortura das populações, e os seus negócios clericais, missionários, conventuais e laicos, é, porventura, a cidade mais inumana e mais anestesiadora do mundo. Todas as frustrações e todos os medos, todas as dores e todos os pedidos que lá vão desaguar, ficam por atender e voltam com as populações, quando elas regressam às suas casas. Até ao próximo 13 de Maio anestesiador do ano seguinte. Aquele altar, que se tem por altar do mundo, é o cúmulo da inumanidade, da alienação. Devora as populações, quando mais parece acolhê-las. Rouba-lhes a dignidade, a auto-estima, o ouro, o dinheiro. É um auto-flagelo público que os pagadores de promessas não dispensam. Os rostos dos auto-flagelados fixos na imagem não enganam. A missa dos clérigos nada lhes diz. As homilias são uma parte do castigo que todos suportam, numa tentativa de aprisionarem o Medo que os acossa e faz andar, andar, andar, não para a liberdade, sempre para mais e mais Medo.
Lugares como Fátima deveriam ser banidos da face da terra. Em nome da Humanidade. São um estímulo à autoflagelação e uma espécie de autoglorificação pública dos flagelados. Fossem banidos, e as populações perceberiam, finalmente, que o Medo que as acossa e as faz correr como quem cumpre um fado, um destino, tem de ser combatido por elas, e não alimentado por elas. O Medo é o inimigo nº 1 da Liberdade, da Autonomia, da Reciprocidade, da Dignidade.
Arrasemos, pois, quanto antes, numa celebração festiva, Fátima e, com ela, todos os altares do mundo erguidos e alimentados pelo Medo. Só então as populações humilhadas e espoliadas perceberão, finalmente, que são elas que têm de tomar os seus destinos e os destinos do planeta nas próprias mãos, em lugar de continuarem a confiá-los a clérigos/pastores de míticas deusas, míticos deuses, e a políticos com fome de poder, que só existem como criação do Medo. Nomeadamente, o Medo de sairmos definitivamente do infantil, da menoridade, para nos assumirmos na história, mão-na-mão uns com os outros, e levarmos a vida que em nós se tornou consciência, à plenitude e à integralidade do Humano. De modo que sejamos mulheres, homens, outros Jesus, terceiro milénio adiante.
https://www.youtube.com/watch?v=TZeG8oqODEg
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A cerimónia é anual e evoca os 147 soldados helvéticos mortos em defesa do Papa, no século XVI
30 novos guardas suíços no Vaticano
“Juro servir com fidelidade, lealdade e honra o Supremo Pontífice Francisco e os seus legítimos sucessores, e dedicar-me a eles com todas minhas forças, sacrificando inclusive, se necessário, a minha própria vida para defendê-los”
A notícia é da Agência Lusa, mas passou despercebida. Nem os media das dioceses católicas, nem os outros do País estão interessados na divulgação de factos como o que aqui se divulga. Ou, então, acham que não merece a pena. Porque têm como coisa vulgar, comum, factos como este. Mas nada do que diz respeito a um estado e que meta seres humanos que juram estar dispostos a perder a própria vida para defender o Poder e os seus agentes maiores, pode ser olhado como coisa de pouca monta, coisa miúda. É de muita monta e bem graúda. Porque o Poder é mentiroso e assassino. Podemos/ devemos estar dispostos a perder a própria vida, mas para o derrubar, de preferência, com acções políticas desarmadas, nunca para o defender e aos seus agentes graúdos, precisamente, os principais carrascos institucionais das populações. É preciso, imperioso e urgente desmontar toda esta perversa ideologia do Poder que trazemos alojada nas nossas mentes, como um demónio, não o mítico, mas o real, concretamente, a ideologia e a teologia do Poder.
A notícia da Lusa não o faz. No actual contexto em que vivemos, nem tal coisa poderia ter passado sequer pela cabeça dos profissionais da agência. E o jornalista que, porventura, o fizesse, seria de imediato despedido, no mínimo. Mas fá-lo o JF, precisamente, porque procura – e nisto se distingue de todos os outros jornais do mundo – ver os acontecimentos e os factos, também este facto concreto, à luz da mesma Fé e da mesma Teologia de Jesus. Leiam, pois, o texto e tirem as vossas conclusões sobre o que são, afinal, o estado do Vaticano, a sua Cúria romana, os seus cardeais e, com particular realce, o seu papa Francisco. Depois confrontem com Jesus, o filho de Maria, e digam lá se há algo em comum entre o papa e Jesus. Aliás, o papa, só o é, porque segue o Evangelho de S. Paulo, o do Deus Poder, fabricador de vítimas que depoiss podem vir a ser canonizadas. Enquanto Jesus segue o Evangelho de Deus Abba-Mãe de todos os povos por igual, que nunca ninguém viu. Só porque as populações estão formatadas por esse mesmo Evangelho paulino, é que identificam Deus com o Poder e seus agentes, a começar pelo papa de Roma, o topo da pirâmide. Porém, é imperioso sabermos que quem jura estar disposto a perder a própria vida pelo Poder e seus agentes, peca por idolatria. Indubitavelmente o pecado dos pecados do mundo. Acordemos! Mudemos de ser e de Deus! Eis:
Ao sexto dia do mês de Maio 2014, 30 novos recrutas da Guarda Suíça prestaram o seu juramento no Vaticano, o dia – vejam só esta crueldade histórica! – que evoca a morte de 147 soldados helvéticos em defesa do Papa em 1527, durante o saque de Roma. O juramento decorreu no Pátio de São Dâmaso, perante o arcebispo Giovanni Angelo Becciu, da Secretaria de Estado do Vaticano, em representação do Papa, que falou num dia de “festa”.
“Que na base de tudo esteja o sentido de fé e de amor à Igreja e ao seu pastor universal e, ao mesmo tempo, que esta profunda motivação espiritual torne ainda mais verdadeiro e mais forte em todos o espírito de família que nos une”, declarou.
O capelão da Guarda Suíça, Markus Heinz, leu o texto oficial do juramento: “Juro servir com fidelidade, lealdade e honra o Supremo Pontífice Francisco e os seus legítimos sucessores, e dedicar-me a eles com todas minhas forças, sacrificando inclusive, se necessário, a minha própria vida para defendê-los. Assumo igualmente este compromisso relativamente ao sacro Colégio dos Cardeais, durante a duração da Sé vacante. Prometo ainda ao capitão comandante e aos outros meus superiores, respeito, fidelidade e obediência. Juro observar tudo aquilo que a honra da minha posição exige de mim”.
Os recrutas confirmaram o juramento na sua língua natal junto do vice-comandante, ao mesmo tempo que pousavam a mão esquerda na bandeira da Guarda Suíça e levantavam três dedos da mão direita para o céu, a pedir a assistência de Deus e dos seus santos patronos: São Martinho de Tours, São Sebastião e São Nikalus von Flue, 'defensor da paz e pai da nação' suíça.
A Guarda Suíça Pontifícia, fundada pelo Papa Júlio II em 1506, é uma companhia de voluntários, recrutados em todas as partes da Confederação Helvética, organizados militarmente, para a custódia da pessoa do Papa e da sua residência. O corpo é formado por 110 guardas e compreende 4 oficiais (coronel, tenente coronel, major e capitão), 1 capelão, 26 sub-oficiais e 79 soldados. O serviço dura dois anos, com possibilidade de renovação e promoção, até um máximo de 20 anos de serviço.
Para fazer parte da Guarda Suíça é preciso ser católico, nascido naquele país, com uma altura superior a 1,74 metros e ter frequentado a recruta no exército suíço; os soldados deverão ter até 30 anos e ser solteiros, sendo possível casarem-se depois de subir de patente.
O Papa Francisco encontrou-se com os novos recrutas esta segunda-feira, na Sala Clementina do Palácio do Vaticano, e disse-lhes, “Não é a farda, mas quem a veste, que deve atrair os outros devido à gentileza, ao espírito de acolhimento, à atitude de caridade para com todos”.
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Bispo do Porto benze pastas na Avenida dos Aliados
Afinal, os pobres, se não se rebelarem, bem podem esperar
O Bispo do Porto apareceu, radiante, como um papa menor, no passado domingo, 5 de Maio, na Avenida dos Aliados, vestido de roupas caras como os príncipes, nos respectivos paços da idade média, e armado de um rico báculo na mão, cruz peitoral a condizer, pendente do pescoço, anel no dedo e vistosa mitra de dois bicos na cabeça, pronto para enfrentar os muitos jovens finalistas das universidades que, vá-se lá saber porquê, insistem na praxe académica de querer benzidas por ele as suas pastas. Já deveriam ter percebido e concluído, os jovens finalistas, que tudo o que vem do cristianismo é mau, tanto mais, quanto se apresenta mascarado de bondade, mas, pelos vistos, ainda não se lhes abriram os olhos da mente. O curso universitário e a universidade têm esse terrível condão de lhes cegar os olhos das suas mentes cordiais, os únicos que vêem a realidade, para lá das máscaras e das encenações. Quanto mais mestres e doutores, mais cegos e guias cegos. É só por isso que os mais distintos em cada curso são logo escolhidos para postos-chave, nas grandes empresas transnacionais. E os mais medíocres, são logo direccionados aos partidos políticos e às dioceses cristãs para fazerem carreira, respectivamente, política e eclesiástica, irmãs siamesas uma da outra, semelhantes, ambas, aos espinheiros que só produzem espinhos e abrolhos, nenhum fruto que alimente a vida. O bispo António Francisco parece ter ficado deslumbrado, ao ver a Avenida dos Aliados de negro vestida e em grande reboliço, com o agitar das pastas e respectivas fitas multicores. E percebeu, de repente, que afinal este é o seu mundo e é esta a corte episcopal de que tanto precisa para se poder sentir inchado na sua inutilidade, enquanto clérigo celibatário e enquanto bispo residencial da diocese do Porto, uma função esvaziada de relação, de afecto, de ternura, de intimidade, medonhamente estéril e enfadonha, um tenebroso e contínuo faz-de-conta, de partir a alma ao mais insensível. Mas não a ele, pelo que se vê!...
Os pobres que o cristianismo financeiro está aí a produzir cada vez mais em massa e o cristianismo eclesiástico piamente acompanha com regular distribuição de missas, rezas esteriotipadas, sopa e outras caridades abjectas em que é perito e com as quais ainda ganha dinheiro e fama de bom e de santo, bem podem esperar na cruz, o instrumento de tortura que o cristianismo escolheu como seu símbolo e que anda por aí espalhada em tudo quanto é sítio, até no peito dos próprios bispos. Ou se rebelam politicamente, de dentro para fora, sem outras armas que não seja a sua permanente fome de pão, o da palavra, o da justiça e o da beleza, ou acabam todos mortos antes de tempo, com os respectivos cadáveres na bala comum. Quando, recentemente, entrou com pompa e circunstância, na sé catedral do Porto, vindo da de Aveiro, o Bispo apressou-se a dizer, na homilia da posse, que os pobres não podem esperar. E não podem. Mas se os pobres pensaram, como a generalidade da comunicação social pensou e, por isso, destacou o dito, que o bispo seria uma só carne com eles, ao jeito da parteira, para que eles ocupem, desarmados, os palácios do Poder, os bancos, os supermercados a abarrotar de coisas que faltam nas suas vidas e nas vidas dos seus filhinhos, os paços episcopais e tantas residências paroquiais por aí abandonadas, por falta de párocos, desenganem-se. O bispo António Francisco é todo unha e carne, sim, mas com o Poder, ele próprio o Poder n.º 1 no Porto. Dele e da sua diocese-empresa, os pobres, quando muito, podem esperar migalhas, nunca dignidade, liberdade, protagonismo social e político. Podem esperar rezas, missas e mais missas, homilias e festas de santas e de santos, procissões de velas, peregrinações a santuários de deusas ou nossas senhoras. Não o pão da palavra, da justiça, da beleza, que jamais vem das bandas do Poder. Se o quiserem comer/ digerir, têm de ser os próprios pobres a fazê-lo nascer de dentro deles para fora, como outros tantos filhos, filhas que dão à luz. Sempre uns com os outros ao modo dos vasos comunicantes.
O bispo do Porto, na esteira dos seus antecessores, dos quais se orgulha, não passa de um príncipe da igreja, mais, indigitado e reconhecido pelo papa de Roma. É a ele que tem de escutar, de obedecer, de citar nas suas intervenções públicas, não aos pobres. Cabe-lhe falar dos pobres, sim, mas sempre para os conter, social e politicamente, nunca para se relacionar com eles ao jeito da parteira, até que eles se rebelem, desarmados, e assumam os seus próprios destinos nas mãos. Aliás, nem ele próprio saberá que, por trás de toda aquela máscara com que o bispo de Roma sistematicamente se apresenta perante os seus inúmeros súbditos, sempre está o grande padrinho da máfia que é o estado do Vaticano. Uma coisa, porém, ele sabe e é esta: Sabe que lhe cabe ser no território sob a sua exclusiva jurisdição, o alter ego do papa. Tudo o que não for nesta linha, é depressa impedido e proibido. E, se tiver consciência e ousar obedecer-lhe, em vez de ao padrinho da máfia de Roma, logo verá o seu posto em risco e a sua carreira eclesiástica sabotada. Porque para isso existe em Lisboa um outro bispo, que não o patriarca que foi do Porto pelo barrete de cardeal, mas o da Nunciatura apostólica, que até participa nas reuniões da CEP-Conferência Episcopal Portuguesa. E tem direito a utilizar a mala diplomática, dentro da qual vão todas as informações sobre como cada bispo está a ser ou não alter ego do de Roma.
Não são, pois, os pobres que aquilatam dos comportamentos do bispo do Porto e dos outros bispos de outras dioceses do país, mas sim o núncio apostólico. Os pobres são os nossos juízes, sim, mas apenas à luz da Fé e da Teologia de Jesus, e do próprio Jesus, com as quais e o qual o cristianismo eclesiástico e financeiro e os bispos e demais clérigos não querem nada, que não seja ignorá-las e matá-las, ignorá-lo e matá-lo. Esta missa da bênção das pastas na Av. dos Aliados do Porto é disso cabal e manifesta prova. Os pobres não tiveram lá lugar, a não ser na pessoa de um ou outro mendigo que por lá tentou a sua sorte. Pobres por perto do bispo, nem vê-los! Pelo que, ou ospobres se rebelam politicamente, ou bem podem esperar, a vida inteira. Cada vez mais pobres e cada vez em maior número.
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1.º de Maio 2014
Enquanto os papas e os cristianismos estiverem ao leme, é tudo só faz-de-conta
Este é o primeiro Texto da edição 98 do JF, Maio 2014, escrito à luz da Fé e da Teologia de Jesus. Outros se seguirão até final do mês. Coincide com o 1.º de Maio, o dia por excelência dos trabalhadores por conta de outrem. Mas enquanto formos uma sociedade formatada/ dominada pelos papas de Roma, o Poder monárquico absoluto e infalível que pode julgar todo o mundo e não pode ser julgado por ninguém, e formatada/ dominada também pelos múltiplos cristianismos, o de Roma e os protestantes, tudo quanto, neste e noutros dias se faça e diga nas ruas, nas grandes praças e nos grandes anfiteatros, nas tvs e nas rádios, é tudo só faz-de-conta. Nos dias seguintes, a sociedade lá volta, resignada e cansada, às suas rotinas de sempre, enquanto os governos de cada Estado do mundo avançam por cima de toda a folha com as decisões que têm em curso e com outras, qual delas a mais cáustica e mais destruidora das almas/ mentes cordiais das populações, convertidas pelos cristianismos, em carne para canhão, para impostos de toda a ordem, para publicidades enganosas, novelas e programas televisivos de caca, carregados de vírus ideológicos e de boçalidades, as mais ignóbeis. Não tenhamos ilusões. A realidade histórica está aí a comprová-lo à saciedade: vamos de 1.º de Maio em 1.º de Maio, cheios de manifs nas ruas e de palavras de ordem sonantes mas completamente ilusórias, até à destruição de todos os direitos dos trabalhadores e das populações e à destruição da própria vida no planeta Terra. Somos vidas condenadas a ser presas, torturadas, denegridas, odiadas, descredibilizadas, matadas/ sacrificadas nos altares dos templos sagrados, onde pontificam papas, bispos, párocos e pastores, e nos altares dos Estados mentirosamente ditos laicos, que se fazem passar por nossas mátrias/ pátrias, quando em boa verdade são outros tantos calvários onde as populações são sadicamente crucificadas/ imoladas/ sacrificadas, noutras tantas missas rituais e reais, cada vez mais cruentas. O Haiti, o Egipto, o Iraque, a Síria, o Afeganistão, a Ucrânia, a China, até as universidades com suas praxes, e as estradas do mundo, que o digam! São milhões de mortos por dia, todos para maior glória de Deus, o dos papas de Roma, obviamente, e o dos cristianismos mai-lo dos Estados, o intrinsecamente perverso Deus Poder.
Os cristianismos e os papas têm dominado as sociedades ocidentais e as outras, só que nessas outras sociedades não-ocidentais, os cristianismos e os papas apresentam-se sob outras máscaras, outros nomes, outras encíclicas, outros sermões. Mas a ideologia do Poder monárquico absoluto e infalível, lá está, bem disfarçada. E é tão convincente, que chega a fazer-se passar por divina, por isso, é uma ideologia com contornos de teologia/ idolatria. Porque pura invenção do Poder e do seu falso Deus – o do Credo de Niceia-Constantinopla – que justifica e canoniza todos os crimes dos seus principais agentes históricos. Por trás e pela frente e pelos lados, tudo é ideologia/ teologia. Nem os chamados ateísmos, hoje muito em voga, estão fora do domínio dos papas de Roma e dos cristianismos, mesmo que os seus chefes e ideólogos abandonem as tradicionais máscaras religiosas com que se apresentam às vítimas. Vestem a máscara dos ateísmos, mas para melhor poderem prosseguir com tanta, ou ainda mais crueldade, que a dos cristianismos dos papas de Roma e dos pastores.
Desde que o cristianismo saiu vencedor, no histórico confronto com as religiões politeístas do império romano, as populações estão condenadas, enquanto ele durar, sob a máscara das igrejas cristãs, ou sob a máscara dos ateísmos, a ser os novos servos da gleba, por mais rebeliões e primeiros de Maio que se sucedam na história. Os papas são o Poder absoluto, por isso, são o latrocínio e o assassínio institucionais, aos quais tudo é permitido e tudo fica bem e é rotulado de santo. Pior ainda, se são papas já canonizados em vida, ou pouco tempo depois de morrerem, como acaba de suceder com João XXIII e João Paulo II. Como padrinhos-mor da máfia das máfias, que é a Cúria romana, todos os papas roubam, excomungam, queimam/ matam as populações nas novas fogueiras da santa inquisição e do Santo Ofício, sempre que estas tentam levantar a voz e a cabeça, em lugar de se resignarem a viver, por toda a vida, como escabelo dos pés deles, numa indigna postura de permanente obediência, reverência e aplauso. E numa indigna postura de gratidão, quando, num ou noutro caso, eles se vestem de benfeitores, de populistas sorrisos e de discursos moralistas, uma no cravo, outra na ferradura.
Os papas apresentam-se às populações como santos, homens sagrados. Vestem diferente. De branco. Canonizam-se uns aos outros, e, nessas datas, os cristãos seus súbditos, pelo baptismo de água, ministrado em criança pelos párocos e crismados, na adolescência, pelos bispos, correm de todas as partes do mundo para Roma, a encher a praça de S. Pedro, o tal chefe histórico do grupo dos Doze que não hesitou em trair Jesus e, depois, ao vê-lo flagelado e condenado à morte na cruz, ainda foi capaz de o negar por três vezes. Como recompensa deste seu sujo serviço, foi constituído de imediato chefe de uma nova máfia, o judeo-cristianismo (= Poder monárquico, absoluto e infalível), que, dois mil anos depois, é o que se vê, quer nos papas Francisco e Bento XVI que se apresentaram publicamente abraçados, no acto de canonizarem como santos outros dois papas dos quais foram súbditos cardeais, cheios de privilégios, num mafioso juramento de sangue, eu encubro-te a ti, tu encobres-me a mim, eu canonizo-te a ti, tu canonizas-me a mim. E tudo isto realizado e consumado bem à vista de todos, para que jamais alguém, ateu que se diga, chegue sequer a pensar dar o grito do Ipiranga, e atirar para as trevas exteriores e o ranger de dentes, os papas e os cristianismos, mai-lo seu Deus Poder, hoje, o financeiro, por isso, mais monárquico, absoluto e infalível do que nunca, o pai de toda a barbárie global em que hoje estamos mergulhados.
Não há, pois, 1.º de Maio, como não há 25 de Abril que politicamente resultem, enquanto não formos capazes, como populações, de nos livrarmos do domínio dos cristianismos, o dos papas de Roma e o dos pastores. Enquanto tal não acontece, continuamos a ser populações atadas de pés e mãos e com uma venda nos olhos da mente, eloquentemente representadas por Lázaro, o da parábola antropológica-teológica com que se tece o capítulo 11 do Livro mais politicamente subversivo e conspirativo, JESUS SEGUNDO JOÃO, o 4.º Evangelho traduzido e anotado como nunca o conhecemos, Seda Publicações, 3.ª edição, Abril 2014, 1.ª edição, Outubro 2013. Um Livro que as populações até têm medo de adquirir, de ter em casa e, sobretudo, de abrir-ler-estudar-debater, tão lúcido e maiêutico ele é. Mas não há como escapar: Ou vamos por ele e livramo-nos dos medos que os papas e os cristianismos criminosamente incutem e alimentam em nós, ou continuamos cristãos, inclusive, ateus cristãos, súbditos dos papas de Roma e dos pastores protestantes. Quando, no dizer-revelar de JESUS SEGUNDO JOÃO, cabe-nos ser simplesmente HUMANOS uns com os outros, contínuos e fecundos dar e receber afectos, num tipo de mundo organizado segundo o princípio mais radicalmente humano que há, De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades. Só que, para chegarmos aqui, temos de nascer de novo, do vento da Liberdade que tem por mãe a Verdade praticada. Por outras palavras, temos de mudar de ser e mudar de Deus. Deixar o Deus Poder, o dos cristianismos dos papas de Roma e dos pastores das igrejas protestantes, e experimentarmo-nos, surpreendentemente, habitados por Deus Abba-Mãe que nunca ninguém viu nem verá, a Omnifragilidade que, ininterruptamente, nos faz ser, a cada uma, cada um de nós, de dentro para fora, sujeitos e protagonistas da história, como se Deus não existisse!
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Edição 97, Abril 2014
João XXIII e João Paulo II, na mesma fornada
E o Poder papal os faz santos, pois então!
É já este domingo, 27 de Abril que Sua Santidade, o papa Francisco, vai fabricar mais dois novos santos, duma assentada. João XXIII e João Paulo II. Precisamente, dois dos seus predecessores, que ele próprio também conheceu, na dimensão de visibilidade histórica. O facto mostra, só por si, que, beira dos Papas, chefes de estado do Vaticano, os outros chefes de estado do mundo, por mais exércitos e arsenais militares de que disponham, não passam de outros tantos escabelos dos seus pés. Porque só os Papas são o Poder monárquico absoluto e infalível sobre a terra, pelo menos, no dizer do cristianismo católico romano que ninguém se atreve a contestar, certamente, com medo de vir a ser apanhado pelo anátema papal que mata mais do que todos os arsenais militares dos outros estados do mundo!
A afirmação da infalibilidade dos papas é um completo disparate antropológico e teológico, só possível à luz da teologia do Poder, fundada no Evangelho de S. Paulo, mas que querem? O papa Pio IX (18 Julho 1870) definiu que os papas são infalíveis e, por isso, eles são infalíveis. Como tais, não se enganam e não podem enganar ninguém. Porque tudo o que disserem e fizerem sobre a terra é sempre ratificado, na mesma hora, no céu, por Deus, o do Poder, o inimigo n.º 1 de Deus, o da Humanidade. E não é que, até hoje, ninguém, alguma vez, se atreveu a dizer que o Papa Pio IX estava pirado, quando avançou com uma formulação dogmática deste calibre? Pelo contrário. Vejam que não há chefe de estado do mundo que não diligencie no sentido de vir a obter para si uma audiência com o Papa, em Roma, certamente, na esperança de que o seu Poder pessoal seja visto, a partir de então, como absoluto e infalível, pelos seus respectivos súbditos.
Canonizar homens do Poder monárquico absoluto e infalível, como são os papas de Roma, é o mesmo que promover o culto público de mentirosos e de assassinos institucionais, no grau máximo. Não devemos ter medo das palavras, por mais que elas soem a blasfémia aos pios e hipócritas ouvidos de Roma e da sua Cúria e todos os seus muitos milhões de súbditos fiéis espalhados pelo mundo. O Poder é o pecado do mundo. E o Poder monárquico absoluto e infalível é o pecado absoluto do mundo. Consequentemente, quem aceita exercê-lo é o pecador absoluto do mundo, por mais que a máscara com que sempre se apresenta vestido perante as populações cheire a santidade que tresanda. Perante a Verdade, o que conta é a realidade, não são as múltiplas máscaras com que ela, habitualmente, se nos apresenta. É de Jesus, o que, perante o Poder monárquico absoluto e infalível – em Abril do ano 30, o imperador de Roma, representado, em Jerusalém, por Pôncio Pilatos, e do qual os Papas de Roma são sucessores – esta irrefutável afirmação, “Para isto nasço e venho ao mundo: para dar testemunho da verdade. E todo o que é da verdade, ouve a minha voz!”
O Papa Francisco conhece bem estas palavras de Jesus, mas prefere orientar-se pelas palavras de S. Paulo. Jesus, o crucificado pelo império, é o proscrito, aos olhos de S. Paulo e do Papa, bem como aos olhos de todos os agentes do Poder. A Jesus, o Papa Francisco prefere o Cristo de S. Paulo, e avança sobre toda a folha, sem querer saber para nada dos milhares de milhões de mulheres e homens que, à mesma hora deste próximo domingo, em que decorre a canonização dos papas João XXIII e João Paulo II, gemem esmagados, em todas as nações do planeta, vítimas de todos os crimes institucionais cometidos pelos homens do Poder, a começar e a acabar no Papa de Roma, sem dúvida, o primeiro e o último de todos eles. É esta barbaridade mais obscena que a canonização dos dois Papas da segunda metade do século XX, feita, nesta data, com conta, peso e medida, tenta esconder e silenciar. Em vão. Porque nem os inúmeros jornalistas pés-de-microfone e pés-de-máquinas-de-filmar que vão cair em Roma como abutres, conseguem esconder e abafar. Pelo contrário, mesmo sem quererem, ajudam a pôr ainda mais a nu.
É criminoso institucional, o Papa Francisco. Como é criminosa institucional, a Cúria romana. Como são criminosos institucionais, os jornalistas que, a troco de não perderem o emprego e a fama, se prestam ao sujo papel de mensageiros da mentira e do crime institucionais. O que prova à saciedade que esta continua a ser a hora, cada vez mais avançada, do Poder das trevas. É a hora dos maiores pecadores institucionais mostrarem do que são capazes. Cegos e guias cegos que são, pois nem sequer vêem que estão a cavar a sua própria sepultura e, por tabela, a sepultura da humanidade e da vida. Os milhares de milhões de vítimas humanas que este domingo e todos os dias de cada ano, não têm onde cair mortos e morrem antes de tempo, são os nossos juízes. Sem apelo nem agravo.
O Papa bem pode fabricar, e fabrica, mais dois novos santos. Ficarão aí a testemunhar a sua vergonha e a vergonha da Cúria romana, indubitavelmente, a maior máfia do mundo que tem a seus pés todos os chefes de estado das nações do planeta. Festejem, festejem à tripa forra! A verdade é que o planeta Terra, qual Titanic, já está tragicamente partido em dois e está a meter água por todos os lados. Felizmente e ao mesmo tempo, sem que saibamos bem como, sucedem-se cada vez mais em toda a parte os terceiros dias, e, do oceano da Vida, já se levanta, irreversível, a Terra finalmente humana, sororal, vasos comunicantes, viva comensalidade. É este terceiro dia que eu próprio procuro ser-viver-protagonizar, cada dia de calendário, por mais que se danem os do Poder. E por mais anátemas e desprezos que eles lancem sobre mim!
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Caxinas e os pescadores
Quem são os assassinos?
O mar que dia e noite beija Caxinas e o seu povo, como beija todas as localidades e respectivas populações que o têm por vizinho, é um amigo que está aí para fazer viver, e não um inimigo que ataca e mata os pescadores. Dá-se, inteiro, a quem se lhe dá, inteiro, também. Caxinas, com o seu crescente número de pescadores assassinados – assassinados, sim, não apenas mortos ou falecidos – pode chegar a cair na tentação de pensar que é o mar que lhe mata aqueles dos seus filhos que se dedicam à faina da pesca, em Portugal, na Galiza e, porventura, noutras zonas do mundo. Mas é apenas uma tentação. Grave seria, sobretudo politicamente, se Caxinas começasse a pensar que é o mar, o assassino dos seus filhos pescadores. O mar é útero de vida, não de morte. Nem mesmo os cadáveres, ele quer nas suas fecundas águas. E expulsa-os para terra.
A verdade, porém, é que, cada ano que passa, Caxinas vê aumentar o número de pescadores assassinados no mar. Não pelo mar, mas no mar. E importa que Caxinas se interrogue e, com Caxinas, todo o país humano que somos – Quem é que está aí determinado a matar, assassinar, os pescadores desta zona costeira? Porque onde há gente assassinada, há assassinos. Isto deveriam ver e perguntar, os jornalistas destacados para fazer a cobertura dos factos. Infelizmente, os jornalistas praticam cada vez mais o vício de ocultar os assassinos nas notícias e reportagens que dão ao país. Parecem deliciar-se sadicamente com tudo o que sejam vítimas e suas lágrimas. Falam simplesmente de mortos, como se não houvesse responsáveis, nestes mortos antes de tempo, e como se tudo não passasse de uma mera fatalidade. São jornalistas que desconhecem as perguntas todas que sempre havemos de fazer, perante acontecimentos desta gravidade. Porque assassinatos individuais ou de grupo, sejam na estrada ou no mar, não podem ser noticiados como simples “faits divers”. De modo algum. Perante gente assassinada, a primeira grande pergunta dos jornalistas que se prezam, é, Quem são os assassinos destas mulheres, destes homens, no caso, destes pescadores de Caxinas.
Quando, porém, os jornalistas destacados para cobrir a tragédia, não o são até ao fim, e ficam-se pelo luto e pelas lágrimas, pelas estatísticas e pelas opiniões dos vizinhos da tragédia, cabe à Humanidade mais consciente levantar-se e perguntar, Quem são os assassinos de tantos pescadores de Caxinas? A pergunta pode não ter resposta imediata, mas o simples facto de ser formulada em voz alta, quando os jornalistas pés-de-microfone, se dispõem a ouvir gente de Caxinas, e, desse modo, ter de aparecer incluída na notícia, é, só por si, suficientemente perturbadora e politicamente subversiva. Cabe-nos, como seres humanos, ser politicamente subversivos, de resto, a única maneira de sermos politicamente correctos neste tipo de mundo, organizado pelo Poder que é, de sua natureza, mentiroso e assassino.
Nunca mais posso esquecer que, nos meus tempos de pároco de Macieira da Lixa, por sinal ainda recém-chegado à paróquia, tive de presidir ao funeral de um homem da freguesia, Armando Teixeira, de seu nome, morto aos 40 anos de idade, vítima de uma cirrose, contraída nas Minas próximas do Seixoso. O trabalho de alto risco, na extracção do minério, sem o mínimo de condições de segurança e de antídotos contra os perigos mais que evidentes, a isso o condenou. E, na celebração que fui chamado a presidir, quando chegou a hora de proclamar a palavra que haveria de dar sentido humano a toda àquela tragédia que deixava uma viúva na força da vida, com um rancho de filhos crianças para criar, decidi abrir a homilia com uma pergunta que ainda hoje anda por aqui, onde vivo, a ecoar, Quem matou Armando Teixeira?!
Nem queiram saber o frio gelado que atravessou a espinha de todas, todos nós, e muitos éramos, por sinal. Nem a presença lacrimosa dos administradores da extinta empresa me inibiu de formular a pergunta. E ela ecoou, como espada de dois gumes, não para matar, mas para destruir a máscara que o Poder, mentiroso e assassino sempre coloca sobre a realidade. A pergunta não trouxe de volta Armando Teixeira, mas desencadeou práticas de justiça e de partilha que ajudaram a respectiva viúva a criar as suas filhas, os seus filhos.
Mais tarde, já comigo preso político em Caxias, escrevi um Poema, onde se denuncia, “Às ordens de gente a pensar em minério / minavas a terra à procura de pão / minério arrancaste e cresceu um império / porém para ti só cresceu solidão”. E ainda: “Riquezas que crescem com homens que morrem / são bem a desgraça da humanidade / criando uma terra com homens que sobem / não mais haverá solidão na cidade” (cf.link: https://www.youtube.com/watch?v=VO60sefLBis
O mesmo sucederia em Caxinas, se o pároco local, em lugar de somar os funerais que já teve de fazer de pescadores mortos, reiteradamente perguntasse, Quem matou, está a matar, todos estes pescadores que se fazem ao mar, em busca de pão? Poderia ver o seu lugar de pároco em risco, mas a Humanidade ficar-lhe-ia para sempre reconhecida, por ter a audácia de ser integralmente Humano, e não apenas um funcionário mais deste tipo de mundo, o do Poder.
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As igrejas cristãs chamam-lhe “santa” e “maior”
A semana mais criminosa da história da humanidade
As cúpulas do cristianismo chamam-lhe “Semana Santa”, com maiúsculas e tudo. Saibam que é a semana mais criminosa da história da humanidade. A semana em que, em Abril do ano 30 desta nossa era comum, os três poderes em uníssono, mataram Jesus, o filho de Maria, na cruz do império de turno, então, o romano, para, com esse tipo de morte, o constituírem “maldito” de Deus, no dizer da Bíblia do judaísmo, a tal que, ao tornar-se judeo-cristã, passou a chamar-se “Bíblia Sagrada”, quando na verdade é a mais perversa de todas as bibliotecas, de certo modo, a mãe da generalidade de todas as bibliotecas, nomeadamente, das que insistem em identificar o Poder vencedor com Deus e Deus com o Poder vencedor, bem como os agentes do Poder com os representantes de Deus na terra, aos quais, por isso, todos os povos devem obediência e reverência, sob pena de excomunhão e de assassinato efectivo ou simplesmente simbólico, este ainda mais mortífero e sádico que aquele.
Esta é também a “semana maior”, mas do crime organizado, disfarçado de santidade, como tudo o que tem a marca do cristianismo. Em Jesus, é toda a humanidade, de olhos da mente abertos, que foi paradigmaticamente presa, julgada, condenada à morte, executada na cruz e declarada maldita, objecto, por isso, de todos os desmandos, de todas as humilhações, de todas as arbitrariedades do Poder e respectivas cúpulas. Deste modo, Jesus constituiu-se, para sempre, no alfa e no ómega de toda a humanidade, a de antes e a de depois dele, porque com ele, por ele e nele, o Poder foi, pela primeira e última vez, na história, desmascarado e passou a ser visto como efectivamente é, o pecado estrutural do mundo, a mentira estrutural e cientificamente organizada, o assassínio estrutural e cientificamente organizado. Nunca antes de Jesus e nunca depois de Jesus, homem algum viu o que Jesus vê. E, se algum outro, alguma vez viu, nunca se atreveu a dizê-lo, olhos nos olhos, ao Poder e suas cúpulas. Jesus é o único que vê e age em consequência. De imediato, viu-se cercado de ódio por todos os lados, inclusive, por parte daquele grupo de 12 homens que ele próprio havia escolhido, um a um, entre os muitos que andavam com ele, e com o qual mantinha uma relação de intimidade e de abertura total. Mas que, perante a postura política de Jesus, acabou por se sentir interiormente perturbado com ele, e tratou logo de arranjar maneira de se ver livre dele. É este mesmo grupo dos Doze que, na semana que veio a ser derradeira de Jesus, decide traí-lo, desfazer-se dele e entregá-lo aos chefes máximos do judaísmo, para, com esta entrega, merecer de novo a confiança deles e sobreviver à morte crucificada do seu ex-mestre.
O grupo dos Doze, ao contrário do que mentirosamente sempre nos têm feito crer, o cristianismo e todas as suas igrejas cristãs, qual delas a mais perversa, corrupta, mentirosa, hipócrita, comerciante e mafiosa, era, então, um ambicioso grupo político, organizado ao modo dos partidos políticos da actualidade, que tinha por objectivo último, a tomada do Poder e, com ele, expulsar definitivamente do seu chão, os romanos, derrubar o império e dominar o mundo, como outros tantos braços políticos armados de Deus, o Poder vencedor. Quando os seus membros, liderados por Simão Pedro, se apercebem que Jesus recusa ir por aí e que vê o Poder vencedor, não como Deus, o dos seus antepassados, mas como o inimigo dos seres humanos e dos povos – dito em linguagem mítica, o diabo/tentador – afastam-se gradualmente dele, até o entregarem aos seus chefes, os sumos-sacerdotes. A morte na cruz, sem que, entretanto, Deus, o dos seus antepassados, interviesse a seu favor e o livrasse, faz de Jesus, aos olhos deles, o maldito dos malditos para sempre. Aliás, só com uma morte assim, havia a garantia absoluta de que a humanidade permaneceria cega, relativamente ao Poder e ao Deus Poder, e que jamais chegaria a ver o que o Jesus havia visto. É por isso que, por mais rebeliões e revoluções armadas que aconteçam, na história, os povos acabam sempre por reconhecer no vencedor de cada uma delas, o novo Poder, o novo rosto de Deus na terra, ao qual voltam a jurar obediência e reverência. E, assim, de geração em geração. De modo que só mesmo a revolução antropológica-teológica de Jesus mudará a História e a humanidade, porque é a única que faz os povos a mudar de ser e de Deus!
Foi para que semelhante cegueira, antípoda da Luz que é Jesus, se perpetuasse na história, que, após a sua morte crucificada, o grupo dos Doze não perdeu tempo e correu a fundar o chamado judeo-cristianismo, a pretexto de que Deus, o Poder, havia ressuscitado Jesus e, com isso, o havia constituído Cristo/Poder invicto, cujo reino jamais teria fim. Sucede, porém, que toda esta sua movimentação é obra do Poder, o mesmo que matou Jesus na cruz e fez dele o maldito. É por isso que, no lugar de Jesus, o crucificado pelo Poder e seu Deus, o mesmo grupo, liderado por Pedro, colocou o mítico Cristo vencedor e invicto, o Poder dos poderes, o crucificador dos povos, e cujo rosto primeiro na história do cristianismo, foi o imperador Constantino, e, hoje, em versão religiosa, é o papa de Roma, sucessor de Constantino e de Pedro, o chefe dos mesmos que traíram, entregaram, negaram Jesus, e, em versão laica, é o Dinheiro, concretamente, toda essa gigantesca engenharia financeira sem rosto e sem nome que, dia e noite, comanda, electronicamente, as nossas vidas e faz gato-sapato de todas, todos nós, ainda que de modos distintos, tanto as minorias privilegiadas, como as maiorias humilhadas.
O meu Livro, JESUS SEGUNDO JOÃO, Seda Publicações – porventura, o estudo antropológico-teológico mais bem conseguido na história da humanidade – revela tudo isto ao pormenor, ao mesmo tempo que nos revela, também, como podemos sair do inferno que é este tipo de mundo do Poder, e darmos corpo, finalmente, a uma humanidade outra, fundada em e com Jesus, a pedra que os agentes do Poder rejeitaram, mas que, com a sua morte crucificada, se tornou na pedra angular de uma humanidade outra, constituída por seres humanos vasos comunicantes, organismos vivos, política praticada, nenhum poder e nenhum agente de poder. As igrejas cristãs odeiam este Livro e só não o atacam publicamente, para não lhe darem publicidade. Mas como são cegas e guias cegas, desconhecem que, quando os agentes do poder se calam, gritam, até as pedras da calçada. E a verdade é que este nosso terceiro milénio acolhe e prossegue a Luz que é JESUS, a quem Deus que nunca ninguém viu, dá razão e reconhece como o seu filho muito amado – é o que quer dizer a expressão jesuânica, “ressuscitar dos mortos” – ou simplesmente não será.
Escolher é preciso. Escolher Cristo/ cristianismo, é escolher o Poder, a mentira, o assassínio, a humilhação. Escolher Jesus/ o ser humano pleno e integral, é escolher o caminho, a verdade e a vida. Saibamos, entretanto, que se escolhemos ser outros Jesus, arriscamo-nos a ser historicamente crucificados/ ostracizados como ele foi. Pelo menos, enquanto o Poder continuar aí a ser visto como Deus e tiver as minorias privilegiadas e as maiorias empobrecidas e humilhadas a jurarem-lhe obediência e reverência, nas pessoas dos bispos/ pastores das igrejas cristãs e dos demais agentes do Poder, uns e outros, os maiores pecadores e os maiores criminosos do planeta terra. Pelo menos, no lúcido e irrefutável ver-dizer de Jesus e do seu Deus Abba-Mãe que nunca ninguém viu.
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O papa de Roma está nitidamente aos papéis
QUEM SOU EU? SOU COMO JUDAS, O TRAIDOR?
O papa de Roma está nitidamente aos papéis. Durante um ano, desencadeou uma onda mediática de aplauso e de euforia, em torno dele próprio e do seu próprio poder, e, hoje, vê-se completamente refém dos media e das multidões que apenas buscam pão e circo, pão e circo, pão e circo. A Praça de S. Pedro é o oceano onde, semana após semana, vão desaguar todas as alienações em que é perito o cristianismo, ele próprio, o pai de todas elas. E a verdade é que muita da gente que ainda tem poder de compra e se pode dar ao luxo de viajar (os italianos de ao pé da porta já não querem saber do que faz ou diz o papa, basta-lhes ver toda aquela opulência da Cúria romana em contraste com a penúria dos que todas as semanas conseguem arribar à ilha de Lampedusa, para concluírem que o Estado do Vaticano é o pai de toda a mentira e de toda a hipocrisia), faz questão de ir a Roma ver o papa. Neste último Domingo de Ramos, dizem os media que estiveram presentes umas cem mil pessoas. Pão, elas não encontraram. Apenas circo.
O actor, desta vez, apresentou-se-lhes de rosto carregado, e as palavras saíram-lhe em tom tragicamente interrogativo e desconcertante: "Quem sou eu? Sou como Judas, o traidor? Sou como os soldados que fizeram pouco de Cristo? Ou sou como a Virgem Maria que sofria o calvário de Jesus em silêncio? Como José [de Arimateia] que transportou com amor o corpo de Jesus até à sepultura?". O papa não respondeu às suas próprias perguntas, mas o seu rosto deixou perceber que ele próprio se sente na pele de Judas. E, tal como aquele, também ele, hoje, já sem hipótese de retorno. Caiu na tentação do Poder e agora, um ano depois, vê que o Poder está a comer-lhe a alma, a identidade. De tal modo, que já mistura alhos com bugalhos. Tão depressa diz que os soldados “fizeram pouco de Cristo”, como, logo a seguir, acrescenta que José “transportou com amor o corpo de Jesus”. Em que ficamos, então? É Jesus ou é Cristo?! E a Virgem Maria é a mãe de Jesus, ou é a mãe de Cristo?
O cristianismo gosta de sangue e atinge o clímax do prazer, quando tem, diante dele, todo o mundo como escabelo dos seus pés. Dá-lhe, então, circo, juntamente, com overdoses de delírios, nenhuma realidade, e, de cada vez que vão até aos seus santuários principais, as multidões regressam as suas casas menos elas próprias. As igrejas cristãs estão loucas. Já não conseguem discernir a realidade entre tantos mitos com que lidam todos os dias. E tomam os seus mitos e delírios por realidade. Fazem teatro. Por estes dias, transportam as populações para Abril do ano 30, não para elas se aperceberem da traição e do crime contra Jesus, protagonizado também pelos Doze, representados por Judas, um dos Doze, mas para as pôr a ver e a fazer teatro nas ruas e nas igrejas. São bem a perversão organizada, a mentira, a farsa, o faz-de-conta. Em Abril do ano 30, a realidade histórica fala de um crime, o mais hediondo, contra a humanidade, na pessoa de Jesus, o filho de Maria. As igrejas cristãs, dois mil anos depois, negam esta realidade e, em seu lugar, ocupam-se teatralmente com o mito cristo e não vão além disso. São esquizofrénicas e tornam esquizofrénicas as populações e os seus próprios funcionários. Dizer cristãos, é dizer mulheres e homens esquizofrénicos, que em lugar de verem a realidade, para a assumirem e transformarem, confundem-na com os seus mitos e delírios, e ocupam-se com eles. A tragédia que daí decorre, é completa.
O rosto do papa, neste domingo de ramos, é disso sinal. A desorientação é total. Sente-se perdido no meio daquela floresta de gente sem nome e não sabe o que fazer. Tão pouco, pode parar para pensar. O espectáculo mediático é contínuo e ele é o actor principal. Juntamente com os bispos residenciais e os párocos. E, por fim, os leigos, elas e eles, que, quais rebanhos, fazem tudo o que os párocos lhes dizem para fazer.
As populações do planeta e o próprio planeta têm fome de Comensalidade, e as igrejas cristãs, mais outras religiões e espiritualidades que por aí proliferam, dão-lhes circo e umas quantas hóstias brancas, a que chamam “corpo de cristo”, que as deixam ainda mais esquizofrénicas. A valorizarem os ritos, em detrimento da realidade, nomeadamente, as pessoas e a Política praticada. Deixemos, por isso, implodir as igrejas cristãs. E, dos escombros, veremos levantar-se, finalmente, Jesus, o filho de Maria, o caminho político que, acolhido e praticado por nós, nos conduz à mais que desejada Comensalidade planetária, de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades.
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A cruz de Lampedusa
Duas tábuas, em lugar das pessoas!
Só mesmo da cabeça de gente cristã podia ter nascido a ideia de mandar fabricar uma cruz com duas tábuas de um dos barcos que, a cada hora que passa, chegam carregados de pessoas sem nome e sem terra, provenientes do norte de África, rumo à Europa, onde em vão esperam encontrar o pão e a dignidade que já lhes são negados nos países onde nasceram. Para as pessoas cristãs, estas duas tábuas em forma de cruz valem muito mais que as mulheres, os homens, as crianças que conseguem chegar, vivas, à ilha de Lampedusa. Já benzida pelo papa Francisco, cristão dos quatro costados, a cruz será, agora, transportada de comunidade cristã em comunidade cristã, um pouco por toda a Itália. O gesto pretende ser simbólico, mas tem tudo de sádico, a dizer, de resto, com o próprio cristianismo que, demencialmente, valoriza/ cultua o sofrimento, o sacrifício, a dor, a humilhação, o jejum, o ostracismo e faz morrer crucificadas as pessoas, as populações, os povos, para, desse modo, as redimir do pecado e da ira do seu Deus, o mesmo de todos os impérios. Que sentido pode ter acolher uma cruz, em lugar das pessoas de carne e osso que, alquebradas, doentes, esfomeadas, chegam a Lampedusa? Quando está aí, a gritar perante nós, a realidade nua e crua, para quê um símbolo dela, e logo, uma cruz, o instrumento de tortura utilizado pelo império romano contra os rebeldes políticos que activamente se lhe opunham?!
O escabroso facto ocorre – e não é mera coincidência – nos mesmos dias em que os cristãos, elas e eles, estão voltados para o sofrimento e a paixão do seu Cristo – por favor, não confundir com Jesus, o filho de Maria – que, todos os anos, pela primavera, mais semana, menos semana, eles próprios se encarregam de voltar a crucificar/matar e, depois, ainda exibir, morto, pelas ruas de certas cidades, Braga e Sevilha, por exemplo. E tudo sucede, sem que os tribunais dos respectivos países intervenham, prendam os responsáveis e os julguem. Pelo contrário. O facto, com tudo de cruel e de sádico, é, até, um dos ingredientes do chamado turismo religioso da Páscoa. As agências de turismo pelam-se todas por este tipo de sadomasoquismo cristão das populações. E há sempre artistas que emprestam ou vendem os seus talentos para ajudar a tirar partido deste tipo de coisas. Esquecem-se que a arte só o é verdadeiramente, quando está ao serviço da libertação/ dignificação das pessoas, das populações, dos povos, nunca ao serviço da sua humilhação/ flagelação/ crucifixão.
É certo que há montanhas de vidas reais que são dramas e tragédias de fazer suster a respiração ao mais insensível. Há populações e povos condenados a ter de viver todos os seus dias na cruz. Mas o imperativo ético consiste em mobilizar-nos politicamente contra as causas estruturais que estão na origem de tanto sofrimento. Já aproveitar-se dessas tragédias e desses dramas, dessas vidas crucificadas, para com elas, simbolicamente que seja, fazer turismo religioso e ganhar dinheiro, é a pior das ignomínias e o cúmulo do absurdo. O cristianismo é, neste particular, a grande transnacional do culto do sofrimento humano. Chega a dizer, em coro com o seu grande fundador-doutrinador S. Paulo, que sem sangue não há redenção. Procede e fala assim, porque é adorador de um Deus que, no dizer cristão, exige o sangue do próprio filho para se reconciliar com a humanidade. Um absurdo antropológico-teológico!
A verdade é que a celebração da Páscoa cristã é uma reiterada celebração do sofrimento humano. No entender dos cristãos e seus teólogos, a cruz, real ou simbólica, é sempre redentora. Por isso, Lampedusa, a ilha plantada às portas da cidade de Roma, pode continuar a ser a miragem que tem sido para os povos não europeus que, a partir do norte de África, a demandam com risco das próprias vidas, porque a Europa do Dinheiro, de raízes cristãs, não derrama uma lágrima que seja. E, se derramar, como faz o papa de Roma, é apenas diante da cruz fabricada por duas tábuas, procedentes de uma embarcação que naufragou e se desfez contra as rochas. Nunca, por nunca, diante das mulheres, dos homens e das crianças que vêm desaguar àquela ilha, à procura de uma oportunidade, e o que encontram, é a opulência de Roma, da praça e da basílica de S. Pedro, mai-las lágrimas de crocodilo dos cristãos, derramadas durante liturgias e vias-sacras faz-de-conta, que as reais são demasiado cruéis e tiram-nos o sono.
Cristianismo e cinismo, não só rimam, como têm tudo para serem sinónimos. Quem pensa que o cristão é o supra-sumo do humano, ponha os olhos nas duas tábuas da cruz de Lampedusa que, por estes dias, faz turismo religioso, de comunidade cristã em comunidade cristã, em Itália. Com a bênção e a unção do papa Francisco, o antípoda de Francisco de Assis e de Jesus. Corram, pois, senhoras e senhores, a celebrar a Páscoa cristã com o papa Francisco ou com os bispos e os párocos/ pastores das igrejas cristãs. Perante alguma das incontáveis cruzes que existem por aí em cada canto e esquina, e que, além de ajudarem a esconder o sofrimento real das populações, ainda dão muito dinheiro a ganhar às agências de turismo religioso, aos párocos e aos bispos cristãos do mundo, e aos pastores de igreja. Mas não contem comigo, para esta crueldade inominável. Contem, sim, com o meu mais vivo repúdio e o meu mais indignado protesto! Vampiros, que sois, todos vós, que ides por estes sujos negócios cristãos!
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Entronização do novo Bispo do Porto
TANTO DE SOLENE, COMO DE OBSCENO E DE BLASFEMO!
Vista à luz da Fé e da Teologia de Jesus, a cerimónia de entronização litúrgica do novo bispo do Porto, António Francisco dos Santos, realizada no passado domingo, 6 de Abril 2014, a partir das 16 horas, teve tanto de solene, como de obsceno e de blasfemo. O cume do obsceno e do blasfemo, foi quando o bispo, na homilia da missa, se referiu aos pobres e, até, enfatizou que “os pobres não podem esperar”. Ora, se o bispo reconhece que “os pobres não podem esperar”, porque é que ele próprio os fez esperar, e não iniciou o seu ministério episcopal entre eles e com eles, em vez de na sinistra e deprimente catedral?! Que se saiba, não havia pobres no seu interior. Nem sequer entre os assim chamados “irmãos, irmãs” pelo ex-administrador apostólico da diocese, D. Pio Alves, a quem coube elencar por ordem de precedência, de cima para baixo, todos os presentes, numa breve e formalíssima declaração inicial, logo após a intervenção do núncio apostólico, que leu em português a bula do papa de Roma, escrita em latim e autografada. Nessa lista integral, não há, como podem constatar, qualquer referência aos pobres, muito menos, aos pobres dos pobres que não podem esperar, quando, como é público e notório, o fado desse tipo de pobres sempre tem sido o de passarem a vida a esperar. Entretanto, o pecado/crime estrutural do mundo, é termos concebido e insistirmos em manter um sistema que os produz, porque os pobres, uma vez produzidos, estão aí fatalmente condenados a ter de esperar, pior, de jazer, por toda a vida. E a ter de ver todos os mais passar de largo, como o sacerdote e o levita da parábola lucana!
Aqui se reproduz, para sua vergonha, a lista dos presentes na solene entronização do novo bispo: Exmo e Rvmo Senhor Núncio Apostólico; Exmos e Rvmos Senhores Arcebispos e Bispos; Senhor D. João Miranda, Senhor D. António Taipa, Senhor D. João Lavrador; Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto; Senhores Secretários de Estado; Senhores Autarcas; Rvmos Senhores Vigários Gerais; Senhores Cónegos, Presbíteros, Diáconos e Seminaristas; Senhores Consagrados e Consagradas; Exmas Autoridades Civis, Militares, Judiciais, Académicas e Religiosas; Ouvintes da Rádio Renascença; minhas Irmãs, meus Irmãos.” Como se vê, os craques, primeiro, e, por último, “minhas irmãs”,“meus irmãos”. E os pobres, que é deles?! Só na sua homilia, o novo bispo, manifestamente esmagado por toda aquela parafernália de pesadas vestes bordadas a ouro, mitra na cabeça, báculo do Poder na mão e anel no dedo, uma máscara com tudo de armadura, à prova do Humano, é que se lhes referiu, mas para sua própria condenação e condenação de toda aquela obscena manifestação de riqueza e de opulência. A verdade é que, a partir de agora, nunca mais António Francisco dos Santos é um ser humano, filho de mulher. Desde esta sua entronização, como bispo do Porto, é filho do Poder, ele próprio, o Poder monárquico no Porto, ao qual todos os outros poderes menores se apressaram a prestar-lhe vassalagem, como na velha Idade Média.
Enquanto bispo de Aveiro, o bispo António ainda poderia respirar e dar-se ares de humano. No decurso desta cerimónia de entronização, foi manifestamente um prisioneiro que queria soltar-se, mas as pesadas amarras rituais não lho permitiram. Chegou a meter dó. Neste particular, as imagens da cerimónia, já presentes no Youtube e no site da diocese, para vergonha do próprio, não enganam e constituem um gritante testemunho de acusação contra ele. As tvs trataram o caso como um “fait divers”, mas o responsável pela manutenção do site da diocese não quer deixar os seus créditos por mãos alheias. E, quase à mesma hora, já lá figurava o evento. Visiona-se e não se acredita. Estamos a meio da segunda década do terceiro milénio, e a entrada de um bispo na diocese do Porto continua a obedecer a um ritual que vem dos remotos tempos da entronização dos sumos-sacerdotes no destruído templo de Jerusalém e da entronização dos imperadores de Roma!... Estes homens eclesiásticos, eunucos à força, impedidos de afectos e de humanidade, auto-compensam-se com este tipo de cerimónias e aceitam-nas. Sentem-se divinos. E nem sequer vêem que isso é precisamente a sua perdição.
A partir desta sua entrada solene, o novo bispo do Porto está literalmente caçado pelo Poder, é prisioneiro do polvo, chamado Cúria diocesana, com o seu palácio episcopal, a sua sé catedral, o seu cabido. Bem pode estrebuchar, que de nada lhe adianta. Se pretendia ser bispo da Igreja-movimento clandestino de Jesus, recusava liminarmente este tipo de entrada. Em lugar da catedral, escolhia as populações mais empobrecidas, que nem sequer estiveram entre as muitas centenas que não puderam entrar na catedral, ocupada que foi pelos craques institucionais. Teria de deixar os craques e ir ao encontro das suas vítimas, nos bairros degradados e nas periferias da cidade, à semelhança do que, em seu tempo, fez Padre Américo, que nunca foi bispo, tão pouco, foi bem visto pelos bispos seus contemporâneos.
Os pobres, não são para os bispos-Poder cavalgarem sobre eles e ficarem com a máscara de benfeitores. Sempre que um agente do Poder fala dos pobres e é o seu antípoda, é um hipócrita. Seja bispo de Roma, seja bispo do Porto, seja chefe de estado. Só podem falar dos pobres, sem os ofenderem/magoarem, quantas, quantos se fazem pobres por opção. Consequentemente, recusam entradas solenes e coisas que tais, próprias dos fabricadores de pobres e de pobreza em massa e dos promotores da humilhante caridadezinha. Ninguém, por isso, pode dizer com verdade que, no decurso da entrada do novo bispo do Porto, viu Jesus e o Deus de Jesus. O que viu, foi o Poder em todo o seu esplendor de hipocrisia e de cinismo. Pobre Igreja que tais bispos tem! E pobres populações que tal igreja têm!
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D. José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda
Muita parra, Evangelho de Jesus, nenhum!
No país em geral, quase não se fala dele. Não assim, em Bragança-Miranda, onde é o bispo residencial. Fosse D. José Cordeiro, do Patriarcado de Lisboa, ou da diocese do Porto, e andaria nas bocas dos grandes media. Não propriamente pelas suas práticas pastorais, que não interessam nem ao menino-jesus, quanto mais às populações condenadas a ter de viver no lixo e a morrer de abandono e de tristeza, mas pelo seu curriculum clerical que pode ser lido, ao pormenor, no respectivo site da diocese (http://diocesebm.pt/bispo/). E, também, pela intrincada rede de gente graúda e endinheirada, das áreas do poder autárquico, da maçonaria e da opus dei (assim, em letras minúsculas, pois claro), de que ele faz questão de se rodear e de se fazer acompanhar, no âmbito da sua diocese. E graças, ainda, a um núcleo de cardeais da Cúria romana, dos quais se orgulha de ser amigo, ou ele não tivesse vivido largos anos em Roma e, desse modo, criado laços, nem sempre tão transparentes quanto seria de desejar, mas, por isso mesmo, ainda mais influentes e temíveis, um terreno onde só se triunfa e se chega a bispo residencial, e assim tão novo, como no seu caso, se se consegue ter uns quantos cardeais padrinhos, assim quase ao modo de namorados. Tudo coisas próprias do tenebroso mundo eclesiástico e clerical, que o próprio cristianismo ajuda a alimentar e a encobrir, já que, para o exterior, tudo é institucionalmente apresentado sob a máscara da virtude e da santidade, quando, na verdade, é o que há de mais perverso. Que para isso serve o cristianismo, que é capaz de mudar a opulência e o poder, em, respectivamente, glória a Deus e coisa sagrada. Ou dito por outras palavras, Muita parra, Evangelho de Jesus, nenhum!
D. José Manuel Garcia Cordeiro, de seu nome completo, é 44.º Bispo da Diocese de Bragança-Miranda. Nasceu em Vila Nova do Seles, Angola, em 1967, e, em 1975, veio para Parada, Alfândega da Fé. Estudou nos seminários diocesanos de Vinhais, Bragança e Porto. (o resto, e muito é, têm de consultar o site, se quiserem saber e rir-se de todos aqueles pormenores, cheios de coisa nenhuma, no que respeita a “fermento na massa”, a “sal da terra” e a “luz do mundo”). Pequeno de estatura, D. José Cordeiro sempre sonhou alto, como revela o seu percurso de vida até chegar a bispo de Bragança-Miranda, um percurso de vaidade e de carreirismo, que ainda poderá vir a dar que falar. A menos que as populações consigam ver a realidade que se esconde por trás de toda a encenação. Se assim não for, Bragança-Miranda poderá ser apenas a rampa de lançamento para voos eclesiásticos mais altos, como a comprovar o velho ditado de que os homens (do Poder) não se medem aos palmos. Medem-se, sim, pelo tamanho das suas desmedidas ambições. E desmedidas ambições, é o que não falta ao bispo D. José Cordeiro. A diocese do Porto já esteve na mira e à beira de acontecer, mas a Nunciatura em Lisboa (o respectivo Bispo-núncio ainda não é cardeal!) trocou-lhe as voltas e, falhada a primeira escolha, que recairia no bispo de Lamego, não andasse ele, por estes dias, às voltas com uma grave e arreliadora doença, entrou de imediato na corrida e saiu vencedor, o bispo de Aveiro, que agora não se cansa de dizer que deixa aquela igreja local com muita dor!!! E que só o amor que ele diz ter a Deus (que Deus, bispo António Francisco?!), o fez aceitar a proposta do núncio do papa.
Desengane-se quem ainda pensa que o que faz correr os bispos é o amor ao Evangelho de Deus, praticado/revelado em Jesus, o filho de Maria, e por causa do qual acabou crucificado pelo império de Roma, a exigências dos sumos-sacerdotes de Jerusalém. O que os faz correr a todos, ou quase a todos, é o poder, são os lugares cimeiros e de mais prestígio, ou eles não se reclamem de sucessores dos apóstolos, precisamente os 12 traidores de Jesus, como hoje está bem documentado e o meu Livro JESUS SEGUNDO JOÃO (3.ª edição, Abril 2014) revela à saciedade. Porque o que todos eles já então pretendiam e por isso deixaram tudo para andar com Jesus, era o poder. E foi o que vieram a ter, mas só depois de se terem desembaraçado de Jesus e de o terem entregue aos seus chefes religiosos e políticos, os sumos-sacerdotes de Jerusalém e Pilatos, para que o crucificassem como o maldito dos malditos. O que aconteceu, precisamente, em Abril do ano 30!
Em Bragança, mais ainda do que em Miranda, D. José Cordeiro é o sumo-sacerdote, rodeado de gente graúda e fina, endinheirada e de negociatas, as principais das quais, realizadas nas trevas, como convém. São uma poderosa e organizada elite local, porventura, sem grande repercussão em Lisboa, cujos membros estão à frente de tudo o que”mexe” e é decisivo na região, tiranetes influentes q.b, em Bragança, a Lisboa transmontana de Portugal, a confinar com Espanha, a de Franco e da opus dei do Pe. José Maria Escrivá de Balaguer, beatificado e canonizado a todo o vapor pelo papa João Paulo II, ele próprio, já beato, e a poucos dias de ser canonizado, igualmente a todo o vapor. É um tal fartar vilanagem! Ora, como para lá do Marão, mandam os poucos mandantes que lá estão, Bragança é a sua capital, a Câmara Municipal é o seu Parlamento, os media locais são os seus altifalantes, a catedral é a basílica de s. pedro, o bispo é o papa, as escolas são os espaços onde as novas gerações lá nascidas e residentes são mentalmente formadas/formatadas. Tudo está nas mãos desta máfia local, e ai das populações que abram os olhos e teimem em mantê-los abertos, apesar das perseguições que lhes movam. Vêem, na hora, as suas vidas andar para trás, excluídas de tudo, e escarnecidas.
O bispo é o homem da batuta, pelo menos, pensa que é e comporta-se como tal. Na verdade, não passa de um pau-mandado da elite todo-poderosa que se serve dele e das suas desmedidas ambições, para melhor poder levar a água aos múltiplos moinhos dos seus negócios financeiros e mediáticos. A rede de ligações é de malha oposta à do fundo de uma agulha, pelo qual não passam os grandes ricos, no sábio dizer de Jesus, o do Evangelho, não o Jesuscristo do cristianismo, do qual tanto gosta de falar o bispo, ou ele não fosse doutor nessas coisas de liturgia e perito em “lectio divina”, coisa para ricos e candidatos a ricos, não perito em lectio humana, sempre incómoda, sobretudo, se passarmos a vida, como faz Jesus, o camponês-artesão de Nazaré, à escuta das vítimas, também as da Bíblia e as das missas cheias de mitos, nenhuma realidade. Através dessa rede de malha oposta à do fundo de uma agulha, passam apenas os grandes tubarões e, se calha de algum peixe miúdo ser integrado nela, é porque deu sobejas provas de ser suficientemente lacaio, para nunca ousar sair do seu lugar de chinela, atento e reverente, sem boca para falar, sem olhos para ver, sem ouvidos para escutar. De contrário, acaba nas trevas exteriores, num permanente ranger de dentes. Completamente desacreditado, como se de um louco se tratasse.
O bispo D. José Cordeiro foi notícia, quando o seu Volkswagen passat, novinho em folha – que querem? Tem de ter um carro à bispo de Bragança-Miranda, futuro cardeal, nem que, para tanto, seja necessário criar um lugar à medida dele! – teve, ao que, na altura, se disse/escreveu, uma falha técnica, por sinal, logo da primeira vez que o seu dono o quis tirar da garagem, por entre um misterioso nervoso miudinho. Moveu-se em marcha atrás e veio, descontrolado, galgar a vedação e acabar empoleirado sobre um velho carro de um trabalhador, numa tremendamente expressiva metáfora do que é o bispo-poder monárquico absoluto em Bragança-Miranda sobre as populações, suas súbditas e súbditas da elite que ele comanda e que o comanda. Na altura, os grandes media falaram, mas depressa se calaram, que a maçonaria e a opus dei, compulsivas cultuadoras do deus Dinheiro, os fizeram calar. E assim se fez. Desde então, vale tudo, até tirar olhos, para que as populações não se apercebam de nada. Nem sequer os clérigos da diocese, cada vez em menor número, que isto de ser pároco da multinacional católica romana já foi chão que deu uvas.
Nesta altura, a diocese de Bragança-Miranda está convertida numa grande empresa de negócios religiosos e turísticos, para além de outros que, por agora, se desconhecem. Dinheiro, é coisa que não falta. O bispo sabe encenar bastante bem as coisas, embora tudo o que faz soe a oco. E revela-se perito na arte de representar. Quem frequenta os sites e as páginas no Fb, da diocese e do bispo, do Mensageiro, da Pastoral do Turismo, do Museu Abade de Baçal, vê montanhas de fotos e referências a eventos, todos frequentados por gente fina e endinheirada, que o pé descalço onde estiver, estraga a fotografia e suja os espaços apalaçados. Concretamente, a chamada Pastoral do Turismo religioso está a ser, nesta altura do calendário litúrgico, a caminho da Páscoa do cristianismo que assassinou definitivamente Jesus e o substituiu pelo mítico Cristo de S. Paulo, uma das grandes apostas do bispo, em parceria com a CM de Bragança.
Ora, para Presidente da Pastoral do Turismo, cujo logótipo, estilizado, faz lembrar ao observador mais atento, o conjunto, compasso e esquadro, conhecidos símbolos da maçonaria, o bispo escolheu Alexandrina Fernandes que, por coincidência, é também, ao que se supõe e se faz constar, a dona e a gerente da empresa, A.Montesinhos Turismo, a dona do Restaurante D. Robert e da Quinta das Covas, em Gimonde. Além disso, é amiga pessoal do bispo e há, até, quem lhe chame, em surdina e com cúmplices sorrisos, “a menina do bispo”. Para colaborar com ela, como o seu braço direito, o bispo escolheu – vejam só! – a própria tia de Alexandrina Fernandes, de seu nome, Ana Maria Afonso, que, simultaneamente, é a Presidente do Museu Abade de Baçal, e sem que, em tudo isto, haja qualquer conflito de interesses, porque o que é bom para a empresária Alexandrina Fernandes é bom para a Pastoral do Turismo, e o que é bom para a Pastoral do Turismo é bom para o bispo e para o presidente do Município, por coincidência, ambos antigos colegas no seminário, e um acérrimo colaborador da Pastoral do Turismo religioso, com os chamados Roteiros Turísticos municipais, com destaque para os monumentos católicos plantados na região. Sem esquecer – seria uma falha imperdoável – o reitor da Catedral, Pe. Dr. Sobrinho Alves, indubitavelmente, o homem-sombra do bispo, de quem, nos seus idos do seminário, até, chegou a ser um dos seus professores, e que, actualmente, é o que tem nas mãos a chave de acesso ao dinheiro acumulado e concentrado, lá onde quer que ele se encontre. Pelo que, sempre que for preciso, o dinheiro é transferido para a conta da diocese e, assim, se transforma em dinheiro limpinho e sagrado, para não dizer, divino. A prova provada disso, é o Reitor da Catedral ter conseguido, num só ano, arranjar, em Bragança e no estrangeiro, 650 000,00 €, para pagar a dívida com que a diocese se debatia, faz tempo. Aliás, a notícia deste sucesso é do próprio Mensageiro de Bragança, cujo administrador – vejam só mais esta coincidência! – é Adriano Augusto Diegues, nada mais, nada menos que o presidente da Caixa de Crédito Agrícola.
Pelo que aqui fica sumariamente dito, a diocese de Bragança, com o seu bispo D. José Cordeiro, está financeiramente bem e recomenda-se. Já, as populações de Bragança-Miranda é que continuam condenadas a ter de morrer de tristeza, de abandono, de solidão, de doenças curáveis, que ficam sem os cuidados dos serviços de saúde, simplesmente, porque elas não integram a elite endinheirada e todo-poderosa presidida pelo bispo. Muito menos, são o bispo da diocese! É de bradar às pedras da calçada, que o céu fica lá longe e é reservado aos papas, aos bispos e aos párocos/pastores, todos institucionalmente santos, por isso, acima de toda a suspeita, por mais pedófilos, comerciantes, corruptos e ladrões que sejam! E, por arrastamento, é igualmente reservado à elite endinheirada que, à sombra deles, conseguir negociar em grande e com sucesso, pataca a mim, pataca a ti, melhor, milhão a mim, milhão a ti. E isto, ano após ano, geração após geração, per saecula saeculorum. Amen!
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O novo cálice de ouro da Misericórdia do Porto
515 anos de idolatria, de hipocrisia, de falsa misericórdia
A Misericórdia do Porto acaba de celebrar 515 anos de existência. O evento faz a manchete do semanário da respectiva diocese. Uma manchete cheia de idolatria, de hipocrisia, de falsa misericórdia. O pico da celebração que se iniciou, como é típico da rotina eclesiástica, com uma missa (mais uma!), no caso, presidida pelo bispo António Taipa e concelebrada pelo capelão-mor da Misericórdia, P. Américo Aguiar, foi a mostra, em primeira mão, do novo cálice de ouro que a Misericórdia acaba de mandar produzir, como obscena expressão da sua idolatria, da sua hipocrisia, da sua falsa misericórdia.
A missa episcopal foi o começo do evento povoado de gente graúda. Trata-se, como se sabe, de um rito litúrgico, mecanizado do princípio ao fim. Não tem um pingo de criatividade humana. É sempre a mesma cassete. Tido como o supra-sumo do cristianismo, no dizer da liturgia católica e da teologia dos sacramentos. Na realidade, não passa de um rito cheio de nada que tem o triste condão de anestesiar as pessoas e de as manter, por toda a vida, nas suas rotinas. Tudo, do princípio ao fim, é faz de conta. Por mais pompa e circunstância com que o rito se apresente. As pessoas saem sempre piores do que entraram. Saem vazias de sentido. Ou, então, animadas de um sentido sem sentido, porque completamente fora da realidade histórica.
A missa é o antípoda das Comidas de Jesus. Tal como o corpo de cristo é o antípoda do corpo de Jesus. É o culto do mito, o culto sem cultura, sem realidade. É vaidade, hipocrisia, idolatria. Quem a frequenta nunca regressa dela mais humano. Sempre regressa mais hipócrita, mais fingido, mais emproado, mais fora da realidade. A realidade é a nossa vizinha, o nosso vizinho, é a outra, o outro distinto de nós e que vive paredes-meias connosco no mesmo planeta. E com quem nunca conversamos, nunca queremos que frequente a nossa casa, menos ainda, a nossa mesa. E foi também assim esta missa dos 515 anos da Misericórdia do Porto, outros tantos anos de idolatria, de hipocrisia, de falsa misericórdia. A que a presença do Bispo Auxiliar do Porto emprestou ainda mais vaidade, mais hipocrisia, mais falsa misericórdia.
Aos irmãos (nas Misericórdias sem misericórdia, muita vaidade, muita hipocrisia, muita idolatria, aos membros, chama-se-lhes “irmãos”!!!) que se aposentaram, foi-lhes entregue, na ocasião, um livro. Já aos que completaram 25 anos como colaboradores ainda activos – pelos vistos, aquilo é vitalício, tamanhos são os proveitos de diversa ordem que a Misericórdia garante a quem a integra! – foram entregues pinos de prata, uma caricata expressão de vaidade e um sinal exterior de riqueza, a revelar que a Misericórdia do Porto não deixa os seus créditos por mais alheias. E, por fim, todos os presentes na sessão foram, depois, visitar a exposição instalada na galeria dos benfeitores, onde figura, em grande destaque, o novo cálice de ouro da “Santa Casa da Misericórdia do Porto, produzido à memória de todos aqueles que ao longo dos séculos doaram bens a esta instituição”. As aspas acabadas de utilizar aqui, indicam que se trata de uma citação do texto da manchete que ocupa a quase totalidade da primeira página da VP, de 26 Março 2014!!!
Mas o mais revelador da celebração dos 515 anos estava ainda para vir e aconteceu, quando o Provedor em funções, António Tavares, explicou aos presentes como nasceu o novo cálice de ouro. “O cálice de Arouca, uma peça de referência no acervo artístico da Misericórdia, doado pelo Padre Manuel Cerqueira Vilaça Bacelar, vindo de um dos conventos extintos em 1834, parecia merecer um parceiro mais contemporâneo.” E assim se decidiu fazer, ou não fosse verdade que ouro atrai ouro, cálice de ouro atrai cálice de ouro. Aliás, sem ouro/Dinheiro, nem sequer haveria cristianismo, tão pouco haveria Santa Casa da Misericórdia do Porto, muito menos haveria toda esta hipocrisia e toda esta ostentação dos ricos, a coberto da “Santa Casa da Misericórdia”. O que o nome esconde, nunca chegaremos a saber, porque qualquer máfia que se preze, abate na hora aquele dos seus membros que puser a boca no trombone!
Pois bem, quando a Misericórdia do Porto decidiu meter mãos à obra, eis que sucedeu um milagre! “No processo preparatório de constituição do Museu, a limpeza do cofre do Arquivo Histórico revelou a existência de alguns envelopes, uns do século XIX, outros do século XX”. O que continham eles? Ouro, senhoras, senhores! Os envelopes continham ouro, “na forma de alianças anónimas de casamento e de outras peças de ourivesaria.” É a partir deste ouro anónimo e outro que se lhe juntou – a Misericórdia é rica e muito cobiçada pelos homens que fazem do Dinheiro o seu deus cristão – que se produziu o novo cálice.
Esqueceram-se, por certo, os que assim agiram, que já nos remotíssimos tempos do Moisés bíblico, o seu irmão Aarão, sacerdote (o embrião da Máfia que é o judaísmo como sistema e que tem continuidade bem sucedida no cristianismo do actual papa Francisco), fez, na ausência daquele, um apelo aos hebreus no deserto, para que se desfizessem dos seus adereços de ouro e lhos entregassem. E não é que aqueles ex-escravos foram pela sua cantilena, como hoje os fiéis vão pela cantilena de párocos e de pastores protestantes? Nasceu, então, o célebre bezerro de ouro, o único deus que os sacerdotes e pastores dos sistemas de poder – o cristianismo é o mais conseguido até ao momento! – reconhecem, cultuam, impõem aos seus fiéis. Desta máfia cristã, sacerdotal e eclesiástica, faz parte – e que parte! – a Santa Casa da Misericórdia do Porto e os seus irmãos.
Ah! e que foi feito dos pobres, de que ela se serve para encobrir os seus crimes? Nesta celebração dos 515 anos de existência, ninguém deu por eles. Só são tidos e achados, quando convém limpar a imagem da Misericórdia e, se for caso disso, proceder à lavagem de dinheiro sujo. Tudo no segredo dos deuses e a coberto de certas acções de bem-fazer. Uma crueldade santa e cheia de misericórdia, perdão, de idolatria, de hipocrisia, de falsa misericórdia!
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Edição 96, Março 2014
Visita-afronta de Passos Coelho
E MÁRIO COLUNA CHOROU
Ninguém me disse, nenhuma tv filmou o facto, mas Mário Coluna, moçambicano de nascimento e jogador maior do Benfica e da Selecção nacional, ao tempo do fascismo e do colonialismo português em África, chorou, ao ver que o primeiro-ministro do antigo estado colonial foi profanar com flores compradas o chão onde jaz o seu cadáver, e dizer umas hipócritas palavras de circunstância às tvs que o seguem como cães fiéis ao dono. Para cúmulo, na presença da viúva e das filhas do casal. É sempre assim, quando um agente do Poder decide autocraticamente invadir o chão de um povo, de uma família, de um ser humano. Porque o agente do poder e o poder, enquanto tal, lá, onde entrarem, sempre invadem, sempre profanam, sempre actuam ao seu jeito mentiroso, hipócrita, assassino. No caso, bem se pode dizer que Passos Coelho matou Mário Coluna, recentemente falecido em Moçambique. Não o fez em vida. Fê-lo agora. Nem depois da sua morte teve respeito por ele. E, sem mais aquelas, invadiu o chão onde jaz o seu cadáver e deixou tudo profanado. Nas mãos dos agentes dos poderes, até as flores, pior, se compradas, são outras tantas armas de caluniar e de matar. Porque o poder nunca levanta ninguém. O poder sempre humilha/subjuga, mesmo quando parece levantar, homenagear. É intrinsecamente perverso. E, por isso, Mário Coluna, cidadão íntegro e humano, incorruptível, chorou. De cólera, a dos justos. E de indignação, a dos honestos. Também de protesto, o dos incorruptos.
A indignidade institucional aconteceu dia 26 de Março 2014. Para que conste. E ninguém esqueça. Infelizmente, as populações que o poder faz nascer cegas, mantém cegas a vida inteira e deixa que morram cegas, não vêem a realidade. Ficam-se pelo manto. Pela máscara com que o poder sempre se apresenta vestido, para que ninguém veja que vai nu. Passos Coelho, seu agente, é um cadáver político que viaja por todo o lado. Veste fatos a rigor. Perfuma-se a rigor. E as populações que vêem a máscara, não vêem que ele é um cadáver político. Só um cadáver político pode reduzir o País ao estado a que Portugal chegou. Um País que, para sobreviver, tem de emigrar, tem de suportar a fome, tem de abandonar a universidade, tem de frequentar diariamente cantinas sociais, tem de morrer de solidão e de desespero, inclusive, nos hospitais, tem de deixar de dar à luz filhas e filhos. E tornar-se um deserto. Ou um nacional armazém de velhas, velhos, à espera da morte que as, os tire deste degredo.
Mário Coluna chorou. Eu sei, porque mantemo-nos em ininterrupta comunhão. A morte que, recentemente, lhe aconteceu em Moçambique, não é o fim da vida. É a plenitude da vida. Só o poder mata definitivamente. E criminosamente. A morte não. É a vida que inventa a morte, para que cada ser humano que vem a este mundo possa prosseguir vivente para sempre. Inventa a morte, como inventa o útero da mulher e o parto. Não morremos. Damos, por fim, um espantoso salto qualitativo em frente. Tornamo-nos definitivamente viventes, por isso, definitivamente invisíveis. Mas em ininterrupta comunhão, ao modo dos vasos comunicantes. Eu sou, mais todos os outros que me precederam e que se me seguirão no espaço e no tempo. Somos relação. Somos comunhão. Ninguém é uma ilha, ainda que o poder faça tudo para que sim. Mas nada pode perante a morte, invenção da vida! Com a morte, somos finalmente irmãos, vasos comunicantes. Plena e integralmente humanos. Sem nada de poder. Nós, simplesmente. Bendita, pois, a nossa irmã morte.
A única morte que havemos de temer é a que o poder causa, provoca, faz. Primeiro, em quem se dispõe a servi-lo, como um agente seu, porventura carregado de privilégios, como o primeiro-ministro de um país, ou o papa de Roma, lá em cima, no topo da pirâmide social, com as respectivas populações do pais e do mundo como capacho dos seus pés. A mim, não apanha o poder. Seria o meu suicídio como ser humano. A nossa grandeza, é sermos humanos, não divinos, poder. Por isso, o lema, Tudo pela vida contra o poder, nada pelo poder contra a vida!
Mário Coluna chorou como só os definitivamente viventes são capazes. Os cadáveres políticos, financeiros, eclesiásticos, nunca choram. Fazem chorar. Tudo neles é putrefacto. Por onde passam, deixam um rasto de morte e de mau cheiro. O poder, todo o poder, é o Lázaro de que nos fala o Livro JESUS SEGUNDO JOÃO, cap. 11 (ainda não conhecem?!). Por mais que viaje pelo mundo, é um cadáver há 4 dias no túmulo e que já cheira mal, muito mal. Os familiares de Mário Coluna tiveram que fazer o frete e prestaram-se àquele triste papel. Foram usados. Traíram a sua própria dignidade e a dele. Regressaram a sua casa menos eles próprios, porque o poder tem esse triste e desgraçado condão. Amesquinha e entristece tudo o que toca. Se beija, o seu beijo é igual ao de Judas. Entristece, deprime, mata.
Quando eu me transformar em definitivamente vivente, mediante a morte, que nenhum agente de poder pronuncie, alguma vez, o meu nome. Só as vítimas podem, então, dizer o meu nome. Mas, ao dizê-lo, têm de levantar-se em sucessivas conspirações/insurreições políticas. Porque para isso nascemos e viemos ao mundo. Para sermos conspirações/insurreições políticas, até que o poder deixe de ter quem o sirva e, em seu lugar, fique o nada! O meu abraço de comunhão, Mário Coluna, meu irmão!
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JÁ ESTÁ NA GRÁFICA, A 3.ª EDIÇÃO DE
JESUS SEGUNDO JOÃO, Seda Publicações
Breve notícia da Sessão na BM de Felgueiras
Quem esteve hoje na apresentação do Livro JESUS SEGUNDO JOÃO, na Biblioteca Municipal de Felgueiras, nunca mais vai esquecer o que viu, ouviu, sentiu, decidiu interiormente, à medida que a Sessão se desenrolava, durante hora e meia. A Revelação atingiu profundidade e densidade tais, que as pessoas que se atreveram a participar, não poderão guardar para si o que viram, ouviram, sentiram, decidiram interiormente. É impressionante como o Pe. Mário, Autor do Livro, nunca se repete. A atenção de cada pessoa foi total. Ouvia-se o respirar de cada uma, tamanha a força da Palavra dita e cantada. Simplesmente indescritível. O concelho de Felgueiras não é mais o mesmo, depois desta Sessão. Cada pessoa saiu dele muito mais HUMANA, por isso, muito mais FECUNDA e MAIÊUTICA entre os demais e com eles.
A 2.ª edição do Livro esgotou com esta Sessão, pelo que a 3.ª edição vai já entrar esta semana na gráfica. O próprio Editor, JORGE CASTELO BRANCO, está surpreendido com o que está a acontecer com este JESUS SEGUNDO JOÃO. Impossível pegar nele, lê-lo, comê-lo, digeri-lo, sem nos deixarmos atingir pela mesma Ruah/Sopro maiêutico de Jesus. Com ele, o Cristo do cristianismo eclesiástico está ferido de morte. E o terceiro milénio, já apanhado pelo Cristo Poder financeiro/Dinheiro, ou muda de cristão a jesuânico, ou simplesmente não será!
É preciso ver para crer. Se ainda não tem em sua vida JESUS SEGUNDO JOÃO, não deixe para amanhã a sua aquisição. Se o não encontrar, pode encomendá-lo ao Autor (padremario@sapo.pt), ou dirigir-se directamente à Editora, Seda Publicações geral@sedaeditora.pt
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O panteão dos patriarcas de Lisboa
A vaidade da hierarquia eclesiástica não tem limites
E ainda dizem por aí que, pelo menos, no nascer e no morrer, somos todas, todos, iguais. Uma ova! Desiguais, é o que somos. Escandalosamente, desiguais. Há quem nasça em berço de ouro e, depois de morrer, veja o seu cadáver ser sepultado com pompa e circunstância em mausoléus. Ou em panteões, como sucedeu, estes dias, com o cadáver do cardeal patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo. E há quem nasça em currais e, depois de morrer ou ser morto, veja o seu cadáver ser lançado à vala comum, como se faz com todos os “malditos” de Deus, o do poder. O caso de Jesus, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria, é paradigmático. Até no nascer e no morrer, os pobres são pobres. Diz-se, e com razão, que os pobres não têm onde cair mortos. E assim é, porque a terra que originalmente é de todos, foi, progressivamente, roubada pelos ricos e hoje já é toda do poder financeiro.
Os pobres, embora sejam a esmagadora maioria da população mundial, são sempre excedentários, lá onde insistem em estar vivos. Nenhum dos institucionais do poder – e são mais do que muitos – os reconhece como seres humanos. No máximo, são simplesmente tolerados, assistidos ou abandonados à sua sorte. E condenados a ter de jazer por toda a vida, junto a todas as piscinas de Betzatá (cf JESUS SEGUNDO JOÃO, cap 5 e respectivas Anotações), sem que ninguém, nem sequer os partidos políticos e as igrejas cristãs, lhes reconheça o direito a levantar-se politicamente e a andar. Seria uma revolução política e económica e os institucionais do poder não toleram revoluções. Apenas reformas que mudam alguma coisa para que tudo fique na mesma. E para nunca serem surpreendidos por nenhuma revolução, eis que os institucionais do poder estão aí cientificamente armados até aos dentes. Têm exércitos e polícias por conta. Mesmo que lhes paguem mal e porcamente, os seus membros juram dar a própria vida para os defender de qualquer ameaça. E cumprem escrupulosamente o juramento. De contrário, são de imediato abatidos. Podem manifestar-se e trazer para as ruas das respectivas capitais o seu descontentamento, mas não mais que isso. Concluídas as manifestações, ei-los, de novo, fardados e armados, prontos a reprimir as populações que ousem passar da postura política do AQUI JAZ, à postura política do LEVANTAR-SE E ANDAR. Para cúmulo, dispõem, até, de capelães e de bispos que orgulhosamente se apresentam como capelães e bispos das forças armadas e de segurança, sempre prontos a abençoar todos os seus crimes.
Os institucionais do poder só têm olhos e ouvidos para os grandes e para os ricos. E o cardeal patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, vítima de um aneurisma mortal, foi um desses grandes. Por isso, o funeral do seu cadáver só poderia ter sido tratado como foi, com toda a pompa e circunstância. Teve, até, a velá-lo, cavaleiros da Ordem do Santo Sepulcro que, depois, o protegeram, durante o cortejo a pé, rumo ao panteão dos patriarcas, no Mosteiro de S. Vicente de Fora, em Lisboa. Uma bizantinice que, na sua crueldade, diz bem quanto o cristianismo eclesiástico é diametralmente oposto a Jesus e ao seu movimento-projecto político maiêutico. E quanto, por isso, é diametralmente oposto aos seres humanos. Temos sido levados a pensar que o cristianismo é o que há de melhor sobre a terra. E que o que de melhor se pode dizer de alguém é que é um cristão exemplar. Se por “melhor”, se entender, privilégios, então sim. Só que os privilégios, em quem existirem e se mantiverem, são sempre a morte do humano, nunca a sua afirmação plena e integral. Só mesmo o cristianismo nos faz pensar-viver o contrário. Porque, como todo o sistema de poder, é mentiroso e pai de mentira. A história aí está a comprová-lo!
A este propósito, saibam que, quando eu morrer – já o digo no meu testamento publicado no final do NOVO LIVRO DO APOCALIPSE OU DA REVELAÇÃO, Edição Areias Vivas, Outubro 2009 – peço/exijo que o meu cadáver seja vestido com uma roupa vulgar, de meu uso diário e que a urna seja de imediato fechada. O cortejo, com a urna fechada, iniciado na casinha arrendada onde presentemente vivo, seja feito em silêncio, directamente para o cemitério, sem entrar na igreja paroquial. Peço/exijo que não seja contratada nenhuma agência funerária, que os sinos da igreja local não toquem a defunto e que nenhum pároco ou bispo residencial presida ao funeral. Peço/exijo que não se pronuncie nenhuma fórmula ritual de oração e que nenhuma missa seja rezada por mim. Peço/exijo que a urna seja sepultada em terra de ninguém, no cemitério da freguesia de Macieira da Lixa, de modo que, passado o tempo legal, outro cadáver possa ser lá sepultado. Sobre a terra, sejam lançadas sementes de flores de cores garridas e variadas que venham a florir em seu tempo. E que um singelo rectângulo de madeira, com os dizeres, MÁRIO, PREBÍTERO, seja pousado sobre a campa rasa.
Mais peço que as pessoas minhas amigas não venham ao funeral. Em vez disso, lá onde vivem, juntem-se umas com as outras em redor de Mesas Compartilhadas e partam o Pão, o Vinho, a Palavra e os afectos, em minha memória e em comunhão comigo, então, já definitivamente vivente e activamente presente, ainda que invisível aos olhos. No meu quotidiano viver presbiteral, experimento-me tão amado por Deus Abba-Mãe, que nunca ninguém viu, que dispenso, no funeral do meu cadáver, todos esses tradicionais ritos/rituais religiosos e eclesiásticos sem sentido e que mais não são do que uma pornográfica forma de fazer dinheiro e de roubar a voz e a vez às pessoas, inclusive, em momentos tão significativos como o da Páscoa de cada qual. Por isso, nessa hora, que é também a da minha ressurreição, todo o mundo cante/dance comigo, Viva a Vida! Viva a Liberdade! Viva a Sororidade/Fraternidade universal!
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Um ano de poder do papa Francisco e a morte do Cardeal
UMA MÃO CHEIA DE NADA E OUTRA DE COISA NENHUMA
A morte acaba de surpreender o cardeal patriarca emérito de Lisboa, quando o papa Francisco e os seus fãs, mais do que muitos, tecem loas e cantam “te deums”, pelo seu primeiro ano de poder monárquico absoluto. A conjugação destes dois eventos vem dizer/revelar, em toda a sua crueza, que os poderosos também morrem, apenas o poder permanece, de geração em geração, para mal das populações e dos povos. O poder é o algoz do mundo, nos seus mais variados e distintos graus. Na igreja católica romana, o algoz-mor veste de branco e diz-se papa ou santo padre. Desde há um ano, papa Francisco. Era cardeal e foi escolhido pelos seus pares, num consistório em Roma, de que também fez parte o cardeal José Policarpo de Lisboa. Esta sua inesperada morte, em consequência de um aneurisma, vem dizer que a Cúria romana estaria hoje de luto, se os cardeais, há um ano, em lugar de terem escolhido o argentino Mário Bergóglio, tivessem escolhido o português José Policarpo, sem dúvida, muito menos ingénuo que o argentino, mas muito mais sisudo e aristocrata que aquele. Foi escolhido o plebeu argentino, porque a Cúria romana estava pelas ruas da amargura e mergulhada em duas das mais ferozes corrupções, a financeira e a da pedofilia do clero. E era necessário escolher um papa histriónico e bobo da corte que contribuísse decisivamente para distrair os grandes media da Europa e do Ocidente.
Um ano depois, é indiscutível que os cardeais acertaram em cheio. Já ninguém, hoje, fala da Cúria romana e dos seus escândalos. Só se fala do papa Francisco e das suas piruetas, qual delas a mais eficiente, em termos de alienação e de infantilismo das populações. “O poder da palavra” contra “a palavra dos poderes”, diz, num sonante, mas vazio trocadilho, o prof. Adriano Moreira, no decurso de uma iniciativa de alguns intelectuais não-orgânicos do nosso país, organizada em Lisboa, para Roma ver e o núncio apostólico registar. À falta de actos concretos do papa Francisco que possam apontar, os intelectuais cristãos, estéreis quanto ele, masturbam-se com frases e trocadilhos sonantes e, deste modo, contornam o incómodo que é ter de louvar o papa Francisco, quando deveriam acusá-lo de nada fazer no terreno das mudanças estruturais na igreja católica romana, mais do que prementes. Mas como acusar de ineficácia o papa Francisco, se todos eles são iguais a ele? As cátedras que ocupam, anos e anos, a fio, nas universidades, não são o que há de mais estéril e de perverso? Não estão todas ao serviço do poder financeiro, político e religioso-eclesiástico? Não é delas que saem as elites dirigentes das nações e das igrejas? E estas não se têm todas na conta de pedras fundamentais da sociedade e do mundo, quando são todas os seus algozes de turno?!
Dispensado desta hipocrisia, por parte dos poderes de turno, está, agora, José Policarpo, bispo emérito da Igreja de Lisboa. A sua inesperada morte, aos 78 anos de idade, acaba de o reduzir a objecto de hipócritos elogios fúnebres, qual deles, o mais bacoco e despropositado. Só as populações ouvem a notícia e prosseguem mergulhadas nas suas desventuras, causadas pelos agentes dos poderes, seus algozes. Para elas, o acto de morrer é tão natural como o acto de nascer. E é assim que deve ser. Mas não é assim para os agentes dos poderes. Se um deles morre, como acaba de morrer o cardeal patriarca emérito de Lisboa, logo os outros vêm a terreiro chorar lágrimas de crocodilo e tecer loas póstumas, qual destas a mais ridícula e disparatada. E lá se juntarão todos, no funeral, como se só eles existissem. As populações, suas vítimas, são apenas estatísticas e por isso não pesam nada nem significam nada para eles, seus carrascos. Nem os grandes media lhes dão importância, a não ser como estatísticas. Mas sempre que morre um dos carrascos das populações, a notícia salta, veloz, para todos os noticiários. São assim os grandes deste tipo de mundo, de raízes cristãs, por isso, sem entranhas de humanidade, tal como o cristianismo e o seu cristo-da-fé, o mito dos mitos, sobre o qual está edificado o Ocidente ladrão e assassino.
O papa Francisco, com um ano de poder monárquico absoluto – a igreja católica romana, sou eu!, diz ele, todas as manhãs, quando se vê ao espelho – está bem e recomenda-se O poder é assassino, mas não é suicida. Mata, mas não se suicida. Cuida-se e prolonga-se no tempo. Faz-se rodear de tudo o que é especialista em cuidados médicos, para que nenhum aneurisma o faça desaparecer antes de tempo. Não falta, entretanto, quem, um ano depois, ainda continue a temer que ele venha a ser assassinado, pela forma como está a comportar-se no trono petrino e imperial. Quem isso pensa e diz, é ainda mais ingénuo que ele. Ignora que, a um bobo, ninguém mata. Louvam-no e aplaudem-no, por cada espectáculo que faz. Pertence-lhe distrair as atenções e o papa Francisco faz isso como poucos, como nenhum outro antes dele. Tomasse ele decisões estruturais consequentes, que partissem a espinha à Cúria romana, e aí sim. Já estaria morto. Mas ele fala muito e escreve sobre os assuntos fracturantes, mas não lhes mexe nem com um dedo. E, como ele, os clérigos católicos todos, nas diferentes nações onde pontificam. São todos “o poder da palavra” contra “a palavra dos poderes”. Por isso, uma mão cheia de nada, e outra de coisa nenhuma. Muito cristãos, pois claro. Nada humanos. Nada jesuânicos.
Ou invertemos esta multi-milenar situação e fazemos corpo com as vítimas de todos estes carrascos cristãos religiosos e laicos – todo o poder é cristão, religioso ou laico! – ou vamos de mal a pior. Porque, dos carrascos, nunca pode vir salvação/saúde social, vida em abundância. Apenas morte. E sempre antes de tempo. Cabe-nos acordar e mudar. De ser. E de Deus! Mudemos!
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Abruptamente, pois então
Quaresma para que te quero!?
É sempre a mesma melodia, Salazar e a sua democracia. Assim cantava Luís Cília, nos idos de 60-70, por terras de França, com a Guerra Colonial em fundo e a rodear-nos por todos os lados. Hoje, é a igreja católica romana que, apesar de estarmos já a cavalgar o terceiro milénio, não arranja maneira de se libertar do seu calendário litúrgico e insiste na dela de obrigar a sociedade a passar abruptamente da terça-feira de carnaval à quarta-feira de cinzas e, com ela, ao início de mais uma quaresma faz-de-conta. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, só a igreja católica é que não muda. Mais um pouco, e está a falar só para as paredes, que os fiéis já não ligam nenhuma ao que dizem os seus poucos párocos ainda funções e os seus bispos residenciais, manifestamente aos papéis. A empresa Igreja católica S.A. está bem e recomenda-se, mas ao nível da Cúria romana, com o seu papa superstar, agora, até com uma revista semanal exclusivamente dedicada a ele, aos seus ditos e feitos, muitas fotos e muitos euros a arrecadar/amealhar, por parte da empresa, detentora do título, um regabofe sem controlo, como só o Poder financeiro é capaz. De tudo, ele faz dinheiro. E nem o papa vê estas manobras. E, se as vê, dá-lhes a sua bênção, ou a sua Cúria não seja a maior máfia do mundo e ele o seu padrinho, por isso, tão louvado por tudo o que são grandes media. Mas as paróquias espalhadas pelo mundo, nomeadamente, nos países da Europa, são o que se vê. O panorama chega a ser confrangedor. Os bispos residenciais ainda vestem de gala e botam discursos que ficam como documentos na respectiva agência de notícias, mas ninguém escuta/lê/debate. Nem os próprios bispos que os assinam e divulgam! E a quaresma da igreja católica vai de mal a pior. Cada ano que passa, é ainda mais deprimente. De resto, tudo, hoje, na igreja católica, é deprimente. Até as chamadas festas litúrgicas.
É preciso muito mau gosto para passar, abruptamente, do carnaval às cinzas, impostas na testa dos fiéis. Dos festejos super-licenciosos, nas ruas, ao jejum e à abstinência. Num ano em que Quaresma, é nome de jogador de futebol, do Porto, até o conceito religioso-católico de quaresma está de todo inadequado. As, os adolescentes portugueses 2014, interrogados sobre o que entendem por quaresma, logo responderão que é um jogador de futebol. Do Porto. Um clube e uma SAD, por sinal, mais SAD que clube, a passar um mau momento, em termos de resultados, que não em termos de presidente que continua a ser o monarca absoluto do norte, no que respeita ao Porto e ao futebol. E não só. Também em poder financeiro e em casamentos. Tudo lhe é permitido e tudo lhe fica bem, que o dinheiro tudo compra, dentro e fora dos relvados. Bem pode dizer-se que Pinto da Costa, para lá do cognome de “rei do norte” é também o bispo laico do norte do país. No seu álbum fotográfico de recordações, lá está ele, ao lado do bispo Manuel Clemente, então, o bispo do Porto, e não se sabe bem se é o Pinto da Costa que apadrinha e valoriza o bispo Manuel Clemente, se é o bispo Manuel Clemente que apadrinha e valoriza o Pinto da Costa. Mas que os dois estão bem um para o outro, estão. E é por isso que nenhum se quis fora do “boneco”.
Houve tempos em que a quaresma da igreja católica era a doer. Cruel. Sádica. Quando era a igreja católica que dirigia a sociedade e dominava as consciências das populações. Foram séculos e séculos de terror e de domínio absoluto. De inferno! Foi a cristandade da nossa vergonha e da nossa menoridade, como sociedade, como povos. Esses são tempos que nunca mais voltam. Porque, entretanto, um outro Poder maior se levantou e, hoje, é ainda mais católico = universal, que a própria igreja católica romana: O Poder financeiro, o Poder Dinheiro! E, se a quaresma da igreja católica era de jejuns e de abstinências, de rezas e de tristezas, de cilícios e de sacrifícios, de vias-sacras e de confissões de desobriga, a quaresma do Poder financeiro é de desemprego em massa e de emigração jovem em massa, de pobreza em massa e de solidão em massa, de desertificação do interior do país em massa e de envelhecimento das populações em massa. E, num tipo de mundo assim, nem os bispos nem os párocos sabem mais o que dizer e o que fazer. O seu mundo continua a ser o dos templos e santuários, onde se mantêm encurralados. O seu calendário é o litúrgico. São seres à parte (= clérigos), e está tudo dito. Esquizofrénicos compulsivos, que se não reconhecem e, por isso, tão pouco cuidam de se tratar adequadamente. Nunca pisam a realidade e sempre fogem dela a sete pés. Uns infelizes de coleira ao pescoço e com a cruz como instrumento de tortura, ao peito e em tudo o que são locais eclesiásticos.
Desgraçadas as populações das aldeias do interior, que insistem em frequentar os seus templos e santuários, as suas missas, as suas rezas, as suas catequeses, os seus ritos sacramentais. Já nem como ópio, estas coisas servem. Porque a crueldade do Poder financeiro, hoje, já não se neutraliza com esse tipo de coisas. Muito menos se combate. São precisas práticas políticas inteligentes e persistentes. São precisas sucessivas desobediências políticas. São precisas reiteradas insurreições políticas desarmadas. São precisas ocupações pacíficas dos parlamentos e dos palácios dos governos das nações. São precisas recusas políticas a participar nos actos que o Poder calendariza para os seus súbditos. As urnas eleitorais têm de ficar, ou vazias, ou cheias de votos em branco ou de protesto. Os cargos políticos e das grandes empresas multinacionais têm de ficar vazios, porque as nossas filhas, os nossos filhos recusam ocupá-los, por mais tentadores que sejam os contratos. Até os estádios de futebol dos milhões e as grandes superfícies comerciais têm de ficar vazios de espectadores. Não às quaresmas religiosas e eclesiásticas, de todo ultrapassadas. Não às quaresmas do Poder financeiro e dos seus governos. Povos das nações, ao comando do mundo. Bem ao jeito de Jesus, que jamais alinhou/alinha com os sacerdotes, nem com os dirigentes do Poder político e financeiro. Por isso e bem, quaresma, para que te quero!?
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De Aveiro para o Porto
O que faz correr um Bispo?
Era o Bispo da diocese de Aveiro, desde 21 de Setembro de 2006. O papa Francisco acenou-lhe com a Diocese do Porto e ele, na mesma hora, largou tudo, pessoas, projectos iniciados, afectos, situações mais ou menos delicadas e melindrosas que um qualquer bispo que se preze tem sempre entre mãos, e passou de imediato a ser o Bispo do Porto. O que faz correr um bispo cristão católico romano?! A pergunta justifica-se e impõe-se. E a resposta, é óbvia. No caso, ser Bispo do Porto é muito mais prestigiante e muito mais poder que ser Bispo de Aveiro. E para quem tem como objectivo fazer carreira eclesiástica, ser Bispo do Porto representa mais, muito mais do que ser Bispo de Aveiro. E este salto na carreira eclesiástica é muito maior que o salto territorial, de Aveiro ao Porto. Enfim, Episcopus. Enfim, Bispo do Porto. Do Porto? Sim, do Porto! É quase o topo da carreira. O ego do bispo transborda. Torna-se rio que galga as margens. Faísca-lhe dos olhos, o tenebroso brilho do Poder. Pois então, chore quem chorar, a carreira, primeiro! E, por isso, o novo Bispo de Porto. Eis-me aqui, senhor papa de Roma! Envie-me! Deus? Mas que tem Deus a ver com a igreja católica romana? Só mesmo o Deus Poder, cujo máximo representante no mundo é o papa Francisco e, no Porto, é, agora, o bispo D. António Francisco dos Santos.
Alguns padres da Diocese de Aveiro ainda tentaram, sobre a hora, demover, não o Bispo, mas o Núncio apostólico. Haveria problemas delicados em curso que exigiam mais tempo de presença deste Bispo. Ignoram, estes pobres clérigos, que as pressões deles sobre um representante do Estado do Vaticano em qualquer parte do mundo, têm um efeito oposto ao desejado. No caso, aceleraram ainda mais o processo. E a nomeação foi imediata. Decide o núncio, alter ego do Papa de Roma. E assina o papa de Roma. No caso, Francisco. Em tudo igual, como se vê, aos seus antecessores, que a Cúria Romana não muda, pelo facto de mudar o papa. O papa de turno passa, mas a Cúria romana fica. E só ruirá, quando ruir o cristianismo eclesiástico. O que já esteve mais longe de acontecer.
Por esta simples decisão, se vê o “peso” do papa Francisco na igreja católica romana. Nenhum. Pode dizer umas palavras mais sonantes e fora do habitual, mas o que fica para a história são os actos da Cúria. E também os actos do papa, enquanto o chefe da Cúria. Ser Bispo da Igreja de Roma, não significa rigorosamente nada. Como ser Bispo da Igreja de Aveiro, nada significa também. O que conta, em Roma, é ser papa, chefe de estado do Vaticano. Como o que conta no Porto, é ser o Bispo do Porto! Que vale quase tanto como ser o papa de Roma. É o papa de Roma em ponto mais pequeno. E no Porto, que “pesa” ainda mais que Lisboa, coisa que o Bispo D. Manuel Clemente parece não ter entendido e, por isso, correu atrás do título, D. Manuel III, Patriarca de Lisboa e, de repente, percebeu que a monarquia já foi extinta há mais de cem anos! Mas, agora, já não há volta atrás. Resta-lhe ser um Patriarca fútil e pouco mais! E é o que ele já está a ser. Domesticado, pois então. Ou o núncio não esteja ali mesmo ao lado.
E assim, de repente, o tabuleiro do xadrez eclesiástico em Portugal alterou-se. Em duas dioceses. O que faz correr um bispo, senão o Poder?! Os Bispos nunca o admitem, ao nível dos discursos. Gritam-no, porém, as suas posturas. O Bispo D. António Francisco dos Santos aí está. Quando já nem ele próprio esperava e já se resignava a ser bispo de Aveiro, pelo resto da vida, eis que o sopro do Poder lhe entrou pela sua mente adentro, ocupou-a, instalou-se nela e ele diz. Enfim, Bispo do Porto! De todo o lado, começam a chover felicitações, inclusive, dos padres de Aveiro que, à última hora, tentaram demover o núncio em Lisboa. A partir do momento em que António Francisco dos Santos aceita ser o Poder eclesiástico do Porto, todos o reconhecem, se lhe submetem e o felicitam. Mesmo que nunca tenham conversado com ele. O cristianismo é assim. Cristianismo é Poder. O Poder. Sagrado. A Hierarquia. Ei-lo, pois, aí, em todo o seu esplendor de treva. O vencedor tem sempre razão. O vencedor é sempre adorado/idolatrado. O vencedor é Deus. Deus, sou eu, diz o bispo do Porto! E, se não vai tão longe no discurso, vai nas posturas. Vê-se ao espelho e pergunta, Espelho meu, há alguém mais poderoso do que eu?! Na diocese do Porto, não! E agora és tu o Bispo do Porto. E a história, escrita pelos vencedores, há-de registar para sempre o facto. Mas para vergonha de quem renuncia a ser humano e se faz Poder, diz, baixinho, o espelho. Chorai, pedras da calçada, chorai!
Entretanto, só no dia 6 de Abril, o novo Bispo do Porto se apresentará à diocese. Mas quem abre hoje o site da Diocese do Porto, logo esbarra com as muitas caras do novo patrão da diocese do Porto. O site é ele! Como a igreja do Porto é ele! Por sinal, uma crueldade que o Poder de Roma comete contra ele. Porque, se havia um bispo da Igreja de Aveiro, não haverá um bispo da Igreja do Porto. No Porto, o bispo da Igreja do Porto é “comido” e desaparece. Que o diga D. Pio Alves! Fica apenas o patrão. O Episcopus! Só que, nesta altura, terá de ser um patrão sem funcionários eclesiásticos. Uma tortura, portanto. Impossível ser-se bispo da Igreja do Porto. O Poder não permite e mata o bispo que o queira ser. Este, não será excepção. Tal como em Roma é impossível ser Bispo da Igreja de Roma. O Poder não permite. O papa Francisco aí está. Pode rir, mas é de si próprio. Da figura que faz. Tudo nele é Poder. Só poder. Nunca mais será humano. Nem que, um dia, decida ser papa emérito. Nunca mais será Humano. Só mesma a Morte, quando chegar, conseguirá resgatá-lo das garras do Poder. E ele poderá dizer, Enfim, ser humano. Enfim, Jorge Mário, bispo! Enfim, António Francisco, Bispo. Um ministério, como o ministério de Presbítero, que, ao serem assumidos na história por inteiro, levam cada ser Humano que os viva, à plenitude, porque à entrega das suas próprias vidas pela vida do mundo. E isso, o Poder nunca perdoa!
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Morre o IOR-Instituto de Obras Religiosas
NASCE O BANCO CENTRAL DO VATICANO!
Viva o cardeal George Pell, o novo guardião das finanças!
O Cardeal australiano George Pell é o novo guardião das finanças do Vaticano, com o título de Prefeito da Secretaria da Economia, o novo órgão com poder para realizar auditorias económicas e de supervisão de todas as repartições da Cúria Romana, do Estado do Vaticano e demais instituições ligadas à chamada Santa Sé. Os nomes, pomposos, solenes e sagrados, não enganam. Servem para esconder todo o perverso que é o Poder financeiro, o Deus maior da Cúria romana e do seu Papa, por mais piruetas que Francisco faça, para tentar desviar as atenções do mundo e dos grandes media. O trivial e o anedótico sempre serviram de grande cortina de fumo, destinada a esconder o perverso estrutural e institucional. Nisso, a igreja católica romana, prosseguidora do império de Roma e do judaísmo davídico, sempre foi a mestra. Por alguma coisa, é reconhecida, ainda hoje, como a maior máfia do mundo, com a qual todas as outras máfias têm aprendido. O Papa Francisco sabe que é preciso mudar alguma coisa na Cúria romana, para que tudo continue na mesma, entenda-se, para que tudo continue cada vez pior, só que bem mais encoberto. Mudam as “moscas” e os nomes. Não muda a Cúria romana. Muito menos, é derrubada. Desengane-se, pois, quem ainda pensa o contrário. O Poder financeiro não tem emenda. Nem é reformável. É o tentador n.º 1 e tudo nele é Mentira e Assassínio. É da sua natureza ser assim! Dizer outra coisa que não seja isto, é fazer-lhe o jogo e ser cúmplice!
“Fidelis et dispensator prudens” (= Administrador fiel e prudente). Este é o título de um “Motu Proprio”, assinado, há cerca de uma semana, pelo Papa de turno, sucessor de Bento XVI, que teve de resignar, perante todo o escabroso institucional que veio a encontrar na Cúria romana. Ninguém, no mundo, parece ter dado pela publicação deste Motu Próprio. A igreja católica romana insiste em recorrer a um género de língua que ninguém entende. E assim ninguém se apercebe do que está a acontecer. “Motu proprio”, é, na prática, o mesmo que um decreto-lei. O Estado do Vaticano, o pai de todos os outros, mesmo que dos que tenham nascido antes dele, distingue-se de todos outros, porque consegue ser ainda mais corrupto que eles. Só que o faz de uma forma que nem os outros estados se apercebem. Recorre a uma linguagem cifrada que só alguns estão à altura de descodificar e entender. A generalidade dos jornalistas, por exemplo, não está à altura. E tem de ser um pequenino jornal, como o JF online, a fazê-lo. Porque só os opcionalmente pequeninos conseguem ver os podres dos grandes e quanto eles vão nus, no meio de toda aquela opulência, e quanto eles são cruéis e sádicos, e quanto são corruptos e corruptores, e quanto são pecadores inveterados. Felizmente, é deste pequeno resto, de olhos límpidos e mente sã, o JF online, que vê e se atreve a dizer o que vê!
Para titular este seu “Motu Proprio” sobre as finanças do Vaticano, o papa Francisco recorre a uma frase do Evangelho de Lucas. Um abuso sem perdão. Porque nunca o papa, enquanto tal, pode apoiar-se em Jesus, o de antes do cristianismo, para o que quer que seja. Entre ele e Jesus há um abismo intransponível. O cristianismo quis fazer e fez a quadratura do círculo, ao identificar, contra a verdade/realidade, Jesus e Cristo. Só que a quadratura do círculo nunca é possível. O cristianismo fez/faz isso, porque, como todo o Poder, é a Mentira e o Assassínio. O papa parece ignorar isto, como de resto, todos os eclesiásticos e respectivas igrejas cristãs, biblistas e teólogos incluídos. Mas não pode ignorar. Foi a formação teológica que recebeu, é verdade. Mas, perante as vítimas do Poder, tem a obrigação moral de ver que uma tal formação teológica é idolatria, como tal, não tem, não pode ter, como referência última, Deus Abba-Mãe que nunca ninguém viu, o Deus de Jesus e de todos os povos da terra. Tem um outro Deus, como sua referência última – o Deus Poder que é um ídolo, com o qual todos os poderosos e ricos, todos os privilegiados, todos os clérigos e intelectuais que servem o Poder e são Poder, se cobrem e se justificam. Mas semelhante Deus é a Mentira e o Assassínio.
O Papa, enquanto tal, nunca pode apoiar-se em Jesus, muito menos, em matéria de finanças, como faz neste seu “Motu Próprio”. Sempre que o faz, mesmo que diga apenas “Jesus”, está a referir-se a Jesuscristo, o de S. Paulo, não a Jesus, o filho de Maria, que S. Paulo nunca conheceu, nem quis conhecer. Ora, nem que o cristianismo ande a ensinar, há dois mil anos, que Jesus e Cristo são a mesma realidade, não é verdade. São, por isso, dois mil anos de mentira. Porque Jesus é o filho de Maria. E o Cristo é o filho de David, quer dizer, o filho do Poder, ele próprio, o Poder invicto. Ora, o Evangelho de Lucas, em dois volumes, assim como os outros três evangelhos chamados canónicos, testemunham exclusivamente Jesus e o seu Projecto político de sociedade. E fazem-no expressamente contra o Cristo davídico e o cristianismo nascente e cada vez mais imperial. É por isso que estas palavras de Jesus não podem ser repetidas pelo Papa, poder monárquico. Muito menos, para fundamentar decisões da Cúria romana em matéria de finanças. É de bradar aos céus e à terra. Como dizer-se que é possível fazer um círculo quadrado. Se é círculo, jamais pode ser quadrado. E se é quadrado, jamais pode ser círculo. Se é Papa, é Poder, o Poder. É Cristo. Nunca é Jesus. As palavras e as práticas de Jesus são todas contra o Poder, contra os sistemas de Poder que produzem vítimas em série e em massa. O que perfaz o crime dos crimes. Sem perdão. Sem justificação. Porque é possível uma sociedade sem Poder, sem vítimas. E tal é o Projecto político de Jesus, por causa do qual ele é assassinado na cruz do império, cujo Deus é o ídolo dos ídolos.
“Como o administrador fiel e prudente tem a tarefa de cuidar atentamente de quanto lhe foi encomendado, assim a Igreja está consciente da responsabilidade de tutelar e administrar com cuidado os próprios bens, à luz da sua missão de evangelização e com particular prontidão para com os necessitados. De forma especial, a gestão dos sectores económicos e financeiros da Santa Sé está intimamente relacionada com sua específica missão, não apenas ao serviço do ministério universal do Santo Padre, mas também em relação com o bem comum, na perspectiva do desenvolvimento integral da pessoa humana”. São palavras sacrílegas. Quanto mais sagradas, menos humanas. Carregadas de hipocrisia institucional. Impossível ser-se Papa e humano. Tudo o que o papa diz e faz, tudo o que toca, fica inquinado. Ferido de morte. Mesmo que ele fale expressamente em “necessitados”, é só para esconder que é ele, o Poder, que os produz. As esmolas substituem a justiça e, por isso, são perversas. Tanto mais, quanto parece que são coisa boa. No mesmo acto de matar a fome, matam a justiça. E isso é um duplo crime. Sem perdão. Mas é isto o cristianismo, no seu pior! Ainda que pareça o seu melhor. Alerta!
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Edição 95, Fevereiro 2014
Lá, onde chega, JESUS SEGUNDO JOÃO faz das dele
FOI ASSIM EM LEIRIA, ALHOS VEDROS, LISBOA E PAREDES DE VIADORES
O meu novo Livro, JESUS SEGUNDO JOÃO, está a fazer-me andar pelo país. Ele quer/tem que chegar às pessoas. E se as pessoas não vêm ao Livro, vai o Livro às pessoas. E, com ele, o seu autor, para o testemunhar com o seu próprio ser-viver presbiteral entre as pessoas e com elas, não nos templos nem nos ritos religiosos. JESUS SEGUNDO JOÃO nasceu e veio ao mundo para marcar positivamente este nosso terceiro milénio. Ou o marca positivamente, ou o terceiro milénio simplesmente não será! Não! Não é um exagero meu de linguagem. É a realidade nua e crua. Sem mais disfarces ideológicos /teológicos. Depois de dois milénios de cristianismo, este tipo de mundo e de civilização não tem amanhã. Porque é um tipo de mundo e de civilização inspirado no evangelho de S. Paulo, quando, para ter amanhã, tem de ser inspirado no Evangelho de Jesus. E quem diz Evangelho, diz Projecto político de sociedade, com tudo de boa notícia para as populações. Enquanto o evangelho de S. Paulo tem no seu bojo um projecto de Poder político sobre a sociedade, para cúmulo, Poder político vencedor e que não é vencido por nenhum outro, e a sociedade que ele inspira é uma má notícia para as populações, inclusive, para as próprias minorias privilegiadas, o Evangelho de Jesus tem no seu bojo um Projecto político de sociedade que dispensa e até recusa liminarmente o Poder e seus agentes. Pelo que toda a sua aposta passa pelos seres humanos e pelos povos, maieuticamente religados uns aos outros, e a desenvolverem-se de dentro para fora, até serem sujeitos e senhores dos seus próprios destinos, segundo o princípio feminino, de cada um, segundo as suas capacidades, a cada um, segundo as suas necessidades, sempre ao modo dos vasos comunicantes.
E por ser assim, em meados deste mês de Fevereiro, andei com JESUS SEGUNDO JOÃO por terras de Leiria, Alhos Vedros, Lisboa e Paredes de Viadores. Terras e pessoas muito diferentes entre si e distantes geograficamente, mas com o mesmo denominador comum: fome, muita fome de JESUS SEGUNDO JOÃO. É que nunca, ao longo destes dois milénios de cristianismo, nos foi apresentado Jesus e o seu Projecto político, como este Livro, finalmente, no-los apresenta. Quem ainda desconhece o Livro, nem lhe passa pela cabeça a Boa Notícia que ele contém e dá a conhecer a quem se dispuser a adquiri-lo e a ler-escutar-estudar-debater cada um dos seus 21 capítulos e respectivas Anotações. Ao longo destes dois milénios de cristianismo, Jesus sempre nos foi apresentado como o fundador de uma nova religião e ligado ao mundo do religioso-eclesiástico. E não, como sempre nos deveria ter sido apresentado, ligado ao mundo da Política praticada. Sempre nos foi dito que Jesus e Cristo são sinónimos, quando, na verdade, são antónimos. Pelo que estes dois milénios de cristianismo são dois milénios de mentira que JESUS SEGUNDO JOÃO vem desmascarar e tirar-lhe o chão onde se tem apoiado. Porque o terceiro milénio é jesuânico, ou simplesmente não será. Basta de cristão, de cristianismo. Basta de mentira e de hipocrisia. Basta de Poder. O Poder sempre mente e mata, porque é mentiroso e assassino, por natureza. Do Poder, nunca vem salvação/saúde para a sociedade e os povos. Do Poder, sempre vem a barbárie, a selva, a descriação, a destruição da vida e das condições objectivas que a proporcionam.
Em Leiria, houve duas sessões de apresentação. Uma, ao Jornal de Leiria, através duma longa entrevista, já divulgada na sua edição semanal de 20 de Fevereiro 2014. São duas páginas, 8 e 9, com chamada à primeira página. A outra, na Livraria ARQUIVO. As pessoas presentes na Livraria e na Sessão – uma delas deslocou-se propositadamente de Águeda! – cuidavam de me “comer” e ao meu testemunhar JESUS SEGUNDO JOÃO. No final, aproximaram-se de mim e deram largas à sua alegria e à sua dor. À sua alegria, porque viam, finalmente, confirmadas as suas muitas intuições de que as coisas não podem ser como o cristianismo e suas igrejas cristãs sempre nos têm catequizado ao longo dos dois últimos milénios. E à sua dor, porque depois de dois milénios de tanta mentira, o tipo de mundo e de civilização que temos não é um tipo de mundo e de civilização que se apresente. É selvajaria, a mais obscena. É inumanidade estrutural e institucional. É tortura. É corrupção sobre corrupção. Vi e escutei as pessoas com os meus sentidos e com a minha mente cordial. E sei que nunca mais serão as mesmas. Depois da Sessão e depois de comerem/digerirem JESUS SEGUNDO JOÃO, que, felizmente, fizeram questão de levar com elas para suas casas.
O mesmo aconteceu, nos dias seguintes, em Alhos Vedros e em Lisboa, respectivamente, na Casa Amarela / Escola Aberta Agostinho da Silva, e na Espiral. Ninguém arredou pé, enquanto as horas se passavam. Houve olhos arregalados de espanto. A princípio, as pessoas que me ouviam testemunhar JESUS SEGUNDO JOÃO, pela primeira vez, estranhavam o que lhes estava a ser dito, mas depressa o que lhes estava a ser dito entranhava-se nelas. No final, ninguém queria ir-se embora. E foram muitos os abraços e os beijos. E quanta felicidade e luz nos olhos de cada uma das pessoas! E que dizer do acontecido, na noite de sexta-feira, 21 de Fevereiro, em Paredes de Viadores no Café Estrela?! O espaço foi pequeno para tanta gente que queria ver, escutar, tocar e comunicar comigo. O facto de eu ter sido lá pároco, durante 14 meses, em 1968-1969, explica em parte todo este entusiasmo. Mas, à medida que a Sessão se desenrolava, as pessoas arregalavam os olhos e acenavam com as cabeças em sinal de adesão à Boa Notícia que nunca mais lhes havia sido dita, depois que o Administrador Apostólico da Diocese me deu 24 horas para deixar compulsivamente a paróquia. Já então, naqueles inesquecíveis 14 meses, era Jesus e o seu Deus Abba-Mãe que estavam a passar por Paredes de Viadores, mai-lo seu Evangelho, não o de S. Paulo. Só que agora, com JESUS SEGUNDO JOÃO, este mesmo Evangelho apresenta-se muito mais amadurecido, desenvolvido e de todo irrefutável. Ninguém pode dizer que não é assim, mesmo que, ao admitir que é assim, as igrejas cristãs tenham de desaparecer e este tipo de mundo e de civilização, nascido do cristianismo, tenha de implodir, para dar lugar a um tipo de mundo e de civilização, ao gosto e ao jeito de Deus Abba-Mãe, de Jesus e nosso.
A hora que vivemos é de novo começo. Com JESUS SEGUNDO JOÃO, nas suas vidas, os seres humanos e os povos deixarão de ser cristãos, para serem humanos, simplesmente. Bem ao jeito de Jesus. E é como humanos, não como cristãos, que nos salvaremos e salvaremos o mundo. Nascerá, por isso, um tipo de mundo e de civilização, fundado no princípio feminino, de cada um segundo as suas capacidades, e a cada um segundo as suas necessidades, e não mais, como até aqui, no princípio masculino, o do Poder de um, ou de poucos, sobre todos os demais e que, lá, onde se mantiver activo, mente, rouba, oprime e mata as populações e os povos. Com o maior dos sadismos!
Urge, pois, passarmos do mítico Cristo, para Jesus, o da história. Do cristão, para o Humano. Do Poder para a Política praticada. Do cristianismo para a humanidade. Deixarmos de ser cristãos, para sermos humanos, vasos comunicantes uns com os outros, com Deus Abba-Mãe que nunca ninguém viu, a habitarmos mais íntimo a nós que nós próprios. Corramos a adquirir JESUS SEGUNDO JOÃO. Estudemo-lo, conversemo-lo, pratiquemo-lo. Porque o terceiro milénio é jesuânico, ou simplesmente não será! (NE. Se não encontrarem o Livro, eu próprio poderei enviá-lo pelo correio. À CONFIANÇA. Façam-me chegar por msg privada o vosso endereço postal. O pagamento será feito depois por transferência bancária para a conta da Assoc. AS FORMIGAS DE MACIEIRA, a favor da qual revertem os meus direitos de Autor).
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A derradeira Páscoa de Laura Conceição
A notícia apanhou-me em plena Missão
A notícia da sua derradeira Páscoa apanhou-me em plena Missão com JESUS SEGUNDO JOÃO, em Alhos Vedros e no Barreiro, para lá do Tejo. Impossível, pois, estar fisicamente presente, em Mogege, freguesia do Concelho de V N de Famalicão, onde tudo acabava de acontecer. Nessa impossibilidade, enviei uma msg de tlm a uma das filhas dela, a mais velha, e que diz: “Olá, Quina e irmãos. Já sei da Páscoa da vossa Mãe, minha amiga. Na dor, rebentam também a Alegria e a Paz. Estou inteiro convosco, mas em Missão no Barreiro. Abraço-vos.” Após o regresso à casinha arrendada onde vivo, em Macieira da Lixa, entrei de imediato em contacto telefónico com Joaquina e propus-me ir lá, à casa, onde Laura Conceição sempre viveu, primeiro, na companhia do marido, e, estes últimos anos, já na sua condição de viúva. Era garantido que encontraria lá a filha mais velha que a acompanhou na doença, quase a tempo integral, tal como já havia acompanhado o pai, na sua prolongada doença. E, com ela, encontraria o seu irmão Eduardo que, três vezes por semana, é transportado pelos Bombeiros aos tratamentos de hemodiálise. O telefonema e a minha disponibilidade para ir lá a casa deixaram, cheia de paz, Joaquina que logo passou a notícia à sua irmã Zesa e aos demais irmãos e familiares das redondezas. Era para ir lanchar com elas e com os irmãos que pudessem congregar-se lá à mesma hora. Em viva e intensa comunhão com a Mãe delas e deles, agora definitivamente vivente e, por isso, definitivamente invisível aos nossos olhos e demais sentidos.
O lanche que propus, veio a ser substituído por um almoço partilhado na mesma cozinha onde outras vezes comi/comunguei também com Laura Conceição e, antes, também com o meu amigo Marques, seu marido. Um almoço que quisemos fosse Eucaristia e comunhão intensa com Laura, a mãe delas, deles, e minha amiga de muitos anos. Quando soube da proposta de nos encontrarmos ao almoço, de preferência, ao lanche, alegrei-me e aderi, inteiro. O Sinal (semeion, em grego evangélico) seria ainda mais completo e muito mais substantivo. E logo adiantei, firme: Levarei comigo o Pão para ser Partido em memória de Jesus e em comunhão com Laura, vossa mãe. João, o companheiro de Zesa, levou com ele o Vinho. E Joaquina assumiu a confecção do almoço. Um assado no forno, como se aquele dia, 5.ª feira, 20 de Fevereiro 2014, fosse domingo, ou dia de festa. E de festa era, porque a festa é sempre que dois ou três nos reunimos em volta da Mesa compartilhada e nos damos a comer e a beber uns aos outros, ao jeito de Jesus, pela vida do mundo.
Cheguei um pouco antes da hora prevista. Os abraços prolongados e os beijos sucederam-se com cada um deles. Primeiro, com Serafim, o filho mais novo de Laura e vizinho de Joaquina e de Eduardo, respectivamente, sua irmã e seu irmão. Pressentiu a minha chegada e saiu de casa ao meu encontro. Depois, com Joaquina e com Eduardo, com Zesa e com João. E, mais tarde, também com a mulher de Serafim e vários netos de Laura que, ao saberem de mim, ali na casa que foi da sua Avó, fizeram questão de aparecer e de comungar, por momentos, desta fecunda vivência. Outros encontros sucederão lá em casa, mas agora, apenas com as filhas e os filhos, sempre na presença invisível aos olhos, da sua Mãe e do seu pai, para, todos juntos, decidirem o que será feito daquela casa que foi dos pais e que, presentemente, está habitada por Joaquina e Eduardo, assim como das outras casas onde residem os outros filhos, à excepção de um que vive em casa própria. São as inevitáveis sequelas da Páscoa definitiva de alguém que deixa algum património, em herança. Ao tornar-se invisível aos olhos, torna-se, para sempre, Corpo-Consciência entre nós e connosco. Porque a condição de invisibilidade não é não-existência. Pelo contrário, é a indispensável condição, para que a vida de cada mulher, cada homem possa prosseguir, em dimensões outras que desconhecemos, enquanto não nos acontecer a derradeira Páscoa.
Em Jesus, o ser humano que leva o Humano à sua plenitude, pudemos/podemos ver que a Morte, ao contrário do que parece, não é o Muro intransponível e o fim da vida. É, sim, a Porta que nos conduz à vida sem ocaso, num Hoje permanente e sempre novo. “Eu sou a Porta”, diz JESUS SEGUNDO JOÃO. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!” Só o Ser Humano que se desenvolve de dentro para fora até ao limite e para lá do limite, opera semelhante abertura. Ao entregar o seu último Sopro, este rebenta com todos os limites. E a vida torna-se definitivamente Corpo-Consciência, sem ocupar espaço, torna-se rio que chega ao Mar/Oceano. Para isso, acontecemos, um dia, pura graça, na história: para sermos plenitude de vida, corpos-consciência, irrepetíveis e únicos. Para sempre.
O almoço foi de partilha. De Palavra e de Pão. Porque quem diz Pão, diz Palavra. E quem diz Palavra, diz Pão. A palavra sem pão é apenas um conceito vazio. Um som estéril. Ideologia. Engana meninos, tira-lhes o pão. À medida que comemos, também dissemos com simplicidade o viver de Laura no nosso próprio viver. Foi um dizer partilhado, misturado com lágrimas de paz e de saudade, só porque ainda não desenvolvemos bastante a linguagem dos afectos, a única que consegue ver o Invisível e escutar o Essencial. Partilhei com todas, todos, o que de bom e de belo, tem sido para mim a derradeira Páscoa de Ti Maria do Grilo, minha mãe. E crescemos progressivamente em paz e em alegria, em abraços e em beijos. A cozinha onde almoçámos fez-se ventre de vida. E a Mesa compartilhada, comensalidade. A orfandade inicial deu lugar a intensa presença de Laura Conceição. Toda a casa está, desde então, cheia da sua presença. E será com Laura Conceição que as suas filhas, os seus filhos decidirão, na justiça e na ternura, a partilha das casas que os pais construíram e deixaram para eles. Este almoço partilhado é uma mais-valia nesse sentido. Porque para isto nos reunimos em memória de Jesus e em comunhão com Laura Conceição: para sermos outros Jesus, também à hora de tomarmos decisões, no que respeita à partilha dos bens.
Regressei à minha casinha arrendada, já depois das 16 horas, com a convicção de que tudo irá ser feito no respeito pela justiça e na ternura sororal/fraterna, segundo o princípio feminino, gerador do Humano, De cada um, segundo as suas necessidades. Em comunhão com Laura Conceição, a mãe delas, deles, que, durante mais de 80 anos, se desfez em ternura e em entrega de si, até à plenitude. E que lhes deu o seu último sopro, na pessoa da filha Zesa que, em nome de todos os irmãos, mais a acompanhou de perto, no Hospital de Famalicão. Cantemos.
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E a presidente do Brasil vem de novo ver o Papa
Cardeal e Mundial de futebol na agenda oficial!
Nunca a presidente Dilma Rousseff poderá dizer que veio a Roma e não viu o papa. Pelos vistos, sempre que vem a Roma, e esta é a segunda vez, em pouco tempo, tem de ver o papa. E o papa tem de ver a presidente. Os dois poderes sempre se entendem. E que bem se entende esta dupla, Dilma Rousseff, do Brasil e papa Francisco, da Argentina, em Roma! Nem que, aparentemente, seja só para brincar e dizer umas gracinhas, para os grandes media verem, filmarem e mostrarem ao mundo. Pelo menos, é esta a imagem de marca que os grandes do Poder fazem questão de passar para os respectivos media. E é com essas gracinhas que nos enganam, se não formos capazes de ir mais além do que nos dizem/mostram os grandes media. Infelizmente, o grosso das populações do mundo não vai além. Mas é precisamente para essas multidões que os grandes media trabalham. As multidões são o seu público-alvo. Os grandes financeiros que os suportam, sabem que, na hora de votar, são os votos das multidões que decidem eleições. Não são os votos das minorias mais esclarecidas. E não é que até estas minorias mais esclarecidas esquecem isto? Deste modo, o Poder perpetua-se, por mais hediondos que sejam os seus crimes contra as populações. São todos dissolvidos em apenas 15 dias de propaganda eleitoral, reduzida, quase toda, aos grandes media. Eis a chamada Democracia política. Uma pulhice que, preguiçosamente, alimentamos, em lugar de, esforçadamente, assumirmos os nossos destinos nas próprias mãos, religados maieuticamente uns aos outros, sem quaisquer intermediários.
E que vem a Presidente do Brasil fazer, esta sexta-feira, 21, a Roma? Ora, o que havia de ser? Vem assistir à entronização, como cardeal, do actual arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani Tempesta. É que não é todas as semanas que um arcebispo do Rio de Janeiro passa a cardeal. Se acontece, é apenas uma vez na vida. E, no caso presente, aconteceu, graças aos insondáveis desígnios do papa Francisco, o tal que, no início de 2014, foi capa nas principais revistas do Poder financeiro global. E ainda há quem pense que ele veio para mudar a Igreja e o mundo!!! O caso justifica bem que a Presidente do Brasil esteja pessoalmente na cerimónia litúrgica. Porque o arcebispo do Rio, depois de receber o barrete e o anel cardinalícios, passa a integrar, de corpo inteiro, o colégio cardinalício que elege o próximo papa de Roma. E, se tiver perfil que obtenha o consenso da Cúria romana, poderá, até, vir a ser – quem sabe?! – o sucessor do actual papa Francisco. A menos que, entretanto, se declare, no novo cardeal, uma doença grave e incurável, ou a morte venha como um ladrão. Ainda assim, morrerá satisfeito, porque conseguiu chegar a cardeal. E será cardeal para sempre, nos registos da Cúria romana e nos da igreja católica romana do Brasil. Porque nos da Humanidade e da Vida, será apenas ser humano, absolutamente despojado de tudo o que, ao longo dos anos, consentiu e procurou que lhe fosse acrescentado de fora para dentro. Uma vergonha e uma feiura de todo o tamanho. Na verdade, nada mais vergonhoso e feio do que a máscara do Poder sobre um ser humano. E a máscara de cardeal, é das mais vergonhosas e feias. Aqueles vermelhos, aquelas saias, aquele barrete, aquele anel, fazem de quem os enverga uma anedota ambulante, causa e ocasião de gargalhada geral, uma espécie de Carnaval do Rio às avessas. No Carnaval do Rio às direitas, elas apresentam-se (quase) despidas. Neste carnaval às avessas, o novo cardeal do Rio apresenta-se mascarado de mulher-macho, da ponta dos cabelos à ponta dos pés. Coisas próprias de eclesiásticos celibatários à força, sem vergonha e sem dignidade humana.
A Presidente do Brasil não podia faltar a semelhante tragicomédia. Afinal, é o seu Rio de Janeiro e o seu Brasil que estão em jogo. Um cardeal no Rio pode significar, a breve prazo, um papa de Roma brasileiro. No que depender da Presidente, é garantido que será. Ela é mulher, mas como Poder, é macho. E está em todas, quando se trata de privilégios e de mordomias. Já as vítimas do Poder e dos seus agentes históricos, inclusive, dela própria, podem esperar, estendidas em padiolas, em macas nos corredores dos hospitais ou nas valetas, ou soterradas sob os escombros, ou crucificadas na cruz por toda a vida. A Presidente não tem tempo para tudo nem para todos. E faz escolhas, define prioridades. No caso, deixou o Brasil e as suas inúmeras vítimas, para vir assistir à entronização do novo cardeal do Rio de Janeiro. As vítimas, também as vítimas dos clérigos e dos pastores das igrejas cristãs, podem esperar. Os seus gritos, apesar de lancinantes, não perturbam o sono da Presidente. Muito menos, o do papa Francisco. E como haveriam de perturbar, se ambos e todos os seus pares vivem protegidos por paredes e sistemas ideológicos e teológicos, à prova de todo o tipo de ruído? É por isso que todos eles são como os ídolos religiosos: Têm ouvidos, mas não ouvem. Só ouvem os seus iguais ou os superiores a eles. E, quando calha de se virarem para as multidões, é apenas para botarem discurso e deixá-las a sonhar com os seus luxos e com o fausto das suas liturgias laicas e religiosas.
Ah! E que vai a Presidente Dilma dizer ao papa Francisco? Mas que pergunta! Então o que vai dizer? Vai convidá-lo para ir assistir ao Mundial de Futebol, no Brasil, coisa de arromba. Lá do alto da tribuna VIP. Longe dos protestos e dos milhões de favelados, dos doentes sem hospitais e dos famintos de pão e de beleza, numa palavra, longe dos crucificados que o Futebol dos milhões produz e ajuda a produzir cada vez em maior quantidade. Ou pensam que a marca CR7 e outras marcas com outros nomes sonantes se fazem, sem produzirem milhares, milhões de vítimas humanas que ficam privadas do essencial, para que elas possam nadar em dinheiro e em vilania/imoralidade de toda a ordem? Eis Francisco, o papa de Roma! Eis Dilma Rousseff, a Presidente do Brasilff! Eis D. Orano Tempesta, o novo cardeal do Rio de Janeiro! Um trio, vestido de púrpura e de linho fino, que passa a vida a passear e a banquetear-se, como, de resto, é timbre do Poder e seus agentes históricos, todos crentes em Deus, o Senhor Dinheiro!
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Só faltou que alguém gritasse, Viva o fascismo! Viva!
50 anos a promover a pobreza e a caridadezinha
Chama-se Obra Diocesana de Promoção Social (ODPS). E é do Porto. Acaba de completar 50 anos de existência e de actividade. Vai daí, o respectivo Conselho de Administração decidiu que o facto merecia bem uma missa festiva. E missa houve, dia 6 de Fevereiro, na respectiva Sé catedral que se encheu de gente graúda, em ter e em parecer. Tudo conforme as hipócritas etiquetas do cristianismo. Presidiu o Pe. Lino Maia, quando era expectável que presidisse o Bispo Administrador Apostólico da Diocese. D. Pio, pelos vistos, preferiu delegar no Pe. Lino Maia, e este não se fez rogado. De resto, é o Assistente Eclesiástico da instituição, que ODPS, como é diocesana, tem de ter um assistente eclesiástico, clérigo, já se vê. A Diocese nunca deixa os seus créditos por mãos alheias. Em tudo o que meta dinheiro e poder de decisão, tem de estar sempre um clérigo. Nada sem os clérigos. Tudo com os clérigos. O Pe. Lino Maia presidiu à missa e fez homilia, mas nada disse que fosse notícia. Ficou-se pelo óbvio. Pelos narizes de cera da praxe. De resto, a missa é a missa. Produz efeito ex opere operato, assim a modos de automático. Tanto faz assim, como ao sol. O efeito é sempre garantido, independentemente do que diga ou deixe de dizer o clérigo que a ela preside. Talvez por isso o Bispo Pio tenha optado por delegar no Assistente eclesiástico. Ou, talvez já não esteja para mais maçadas e prefira delegar. Se não serve para Bispo titular da diocese, para que há-de servir para presidir a missas destas?! Contentem-se com o assistente eclesiástico. E com algum dos dois bispos auxiliares ainda em exercício de funções…
De resto, a missa não era tudo. Nem sequer era o principal das bodas de ouro da ODPS. O momento alto veio a ser o jantar comemorativo dos 50 anos, realizado no dia seguinte ao da missa. Um jantar de gala, pois então. Bem longe dos bairros degradados do Porto, por onde a ODPS estende a sua hipócrita acção de caridadezinha e de “promoção” da pobreza. Para isso foi criada. Não para acabar com a pobreza, mas para a promover. Os ricos precisam de obras assim, para descarregarem a consciência e, cada noite, dormirem descansados. Sabem que os pobres que produzem jamais se rebelam contra este tipo de mundo, enquanto houver obras como esta, administradas por cristãos ricos que, assim, aparecem aos olhos dos pobres, como seus benfeitores e não como os seus fabricadores. A comprovar a verdade do que aqui acaba de ser escrito, diga-se que o jantar decorreu no Palácio da Bolsa. Sim, Palácio da Bolsa. Não há engano. A missa, foi na Sé Catedral do Porto. E o banquete não lhe quis ficar atrás e foi degustado no Palácio da Bolsa. Bem longe dos pobres da diocese, condenados a ter de viver em bairros degradados, ou assim, assim. Bairros de habitação social. Que estigmatizam quem neles vive, tal como o Palácio da Bolsa enobrece quem o frequenta. Cada um no seu lugar, pois então. Os ricos, no Palácio da Bolsa. Os pobres, nos Bairros de habitação social. Tudo nos conformes, tal como a Diocese, com os bispos no palácio episcopal e no topo do interior da catedral, e todos os outros diocesanos, a seus pés.
O jantar foi organizado pela Liga dos Amigos da Obra, em parceria com o respectivo Conselho de administração. Amigos ricos, ora, pois. Os muitos comensais ocuparam nada mais, nada menos que o Páteo das Nações, no Palácio da Bolsa. E a presidir ao banquete, lá esteve o bispo D. João Lavrador. A presidir à missa, bastou o assistente eclesiástico da Obra. Ao banquete, o assistente foi apenas mais um dos comensais, não o presidente. No Palácio da Bolsa e com tanta gente fina e endinheirada, só mesmo um bispo a presidir. Os poderosos e os ricos atraem-se uns aos outros. Rico com rico. E o bispo é sempre um deles. É entre os ricos que o bispo se sente a jeito. Sobretudo, quando se trata de comer em honra de 50 anos de existência de uma instituição criada para a promoção da pobreza e da caridadezinha aos pobres.
Presidiu o bispo e foram muitas, as graúdas figuras. Tudo gente fina. “Personalidades”, como escreve a VP, em reportagem de página inteira, no interior do jornal, edição de 12 Fevereiro 2014. Foram mais do que muitas. Até “Sua Alteza Real o Duque de Bragança, D. Duarte Pio”. Assim, tal e qual. Sem ser escrito em tom de gozo. Tudo muito sério. Tão pouco faltou o Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Agostinho Branquinho. Houve comida requintada, ao nível da Liga dos Amigos. Só faltou dizer por quanto ficou o banquete. Mas gente fina é outra coisa. E nem faltaram os brindes, ao modo dos idos do fascismo. Houve, até, mensagens lidas, na ocasião, enviadas pelo “Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva” e pelo “Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho”. Tudo nos conformes, que o altar não se aguenta sem o trono e o trono cai, se lhe falta o apoio do altar e do Deus do altar. Os criminosos políticos andam sempre casados com os criminosos religiosos. Mas que ninguém diga ou escreva que são criminosos, diga e escreva que são “personalidades”. É assim o cristianismo eclesiástico. E o laico segue as pisadas do seu progenitor.
São eventos como este que nos revelam que o 25 de Abril de 1974 nunca existiu como nos querem fazer crer. Existiu no calendário e teve cravos vermelhos que já escondiam os cravos que atravessam hoje as mãos ou os pulsos dos povos crucificados. Saibam que a ODPS nasceu ainda no fascismo e mantém-se, desde então, com cada vez mais pobres e cada vez mais caridadezinha. Nela, andam, de mãos dadas, os ricos da Liga dos Amigos e os clérigos. Deste casamento sai sempre mais domesticação e mais resignação dos pobres. A tão falada promoção da ODPS é, afinal, promoção da pobreza e da caridade, em ligação com o Banco Alimentar contra a Fome. O que seria dos clérigos sem a existência dos pobres? E dos ricos que os fabricam? Missa e banquete, uma só realidade. Sé catedral e Palácio da Bolsa, a mesma casa em dois edifícios distintos, a mesma mentira. É nestas horas que se vê que os pobres têm de permanecer encurralados nos bairros, enquanto os seus fabricadores hipocritamente se juntam numa missa festiva na Sé Catedral e depois num banquete, no Páteo das Nações do Palácio da Bolsa. Segundo a urbanidade e as conveniências eclesiásticas cristãs e ricas. Só faltou que alguém, nos brindes, se levantasse, estendesse o braço direito ao jeito de saudação da Mocidade Portuguesa e gritasse, Viva o fascismo! Viva!
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D. Manuel III, Patriarca de Lisboa dixit
Co-adopção por Casais gay, a referendo!
Garante que não é discriminação. Prefere rotular esta sua discriminatória postura, de “distinção”. Só não se percebe é porque uns são filhos, outros, enteados; uns têm direito a sentar-se à mesa, outros são obrigados a comer sentados no chão. Ou, se um referendo que, segundo ele, tem de ser feito, vier a dizer que uns quantos nem sequer têm direito a comer, devem simplesmente, não comer e, consequentemente, morrer de fome, o mesmo é dizer, devem guardar os seus afectos só para eles, porque a Lei, sempre a soberana Lei, agora a da Co-adopção, proíbe-os de os partilhar com crianças que não deram à luz, mas que queriam adoptar, ou que um deles tem e leva com ele para um casamento gay, mas que não poderá ser co-adoptado pelo outro membro do casal. Patriarca dixit, em entrevista à TVI24, do alto da sua cátedra, em Lisboa. Surpreendente?! Não!
Só mesmo para quem em 2009 lhe atribuiu o Prémio Pessoa, era ele, então, o Bispo do Porto, ofício que deixou, mais ou menos às pressas, para correr ao cardinalato em Lisboa, que, afinal, não chegou, pelo menos, nesta primeira “fornada”, depois dele já ter tomado posse do Patriarcado de Lisboa. O papa Francisco trocou-lhe as voltas e D. Manuel III, apesar do pálio que foi, pressuroso, receber a Roma das mãos do mesmo papa Francisco – como se vê, dá uma no cravo, outra na ferradura! – terá, assim, de esperar pela próxima fornada. Ah! E, com todas aquelas pressas em subir a Patriarca de Lisboa, nem sequer cuidou de como ficaria a Igreja do Porto, após a sua saída, seis anos depois de nela ter entrado, aparentemente para ficar enquanto a Igreja do Porto quisesse e a morte o não surpreendesse antes dos 75 anos de idade. A verdade é que, desde então, a Igreja do Porto tem estado entregue à incompetência e à piedade opusdeísta de D. Pio que nem ata nem desata e, como ele próprio se sabe a prazo, pois é apenas Administrador Apostólico, nem sequer o serviço de manutenção consegue fazer bem. Nem ele, nem os 2 Bispos Auxiliares + 1 com os quais tem estado rodeado. Que isto de se ser bispo, hoje, é cada vez mais uma estopada. E logo no Porto. Provavelmente, não há candidatos à cátedra episcopal portuense. Só mesmo inconscientes ou vaidosos avançam. Ser Bispo, neste modelo de Igreja, é o que de pior podem fazer a um presbítero. Tem de ser muito beato, muito sacerdote pagano-cristão, muito carreirista eclesiástico, nada presbítero, nada jesuânico. Mesmo assim, será sempre um infeliz, quando se vir como um general sem oficiais e sargentos clérigos, só com leigas, leigos, e cada vez em menor número.
Chegou, felizmente, ao fim este modelo clerical e cristão de igreja. Venha daí a Igreja-Movimento de Jesus, mais fermento na massa, mais clandestina que visível, com mulheres e homens em igualdade de direitos e de deveres, sem nenhuma discriminação relativamente aos ministérios ordenados e relativamente ao casamento, sim ou não, independentemente, da orientação sexual de cada qual. Já que, ou somos todas, todos, filhas, filhos de Deus, ou, então, Deus é, Ele próprio, a fonte primeira de discriminação e, nesse caso, faz todo o sentido o ateísmo, como bem sublinhou o Concílio Vaticano II, de feliz memória, iniciado no mesmo ano em que eu próprio fui ordenado presbítero da Igreja do Porto. E que nunca deixei de ser, com a mesma naturalidade com que respiro e com a mesma naturalidade com que, desde Janeiro de 1975, aceitei ser simultaneamente jornalista profissional. Hoje, jornalista já reformado, mas ainda activo, por isso, de graça, tal como sou presbítero de graça e à intempérie, nas margens, bem longe dos privilégios eclesiásticos e outros, que sempre aviltam e castram mentalmente quem os aceita.
D. Manuel Clemente defende, nessa entrevista, que “os direitos das minorias devem ser referendados”. Sinal inequívoco de que, para ele, as mulheres, os homens, com orientação sexual não acentuadamente heterossexual, não são bem mulheres, homens, são uma espécie de mulheres, homens com defeito, fruto, quem sabe, duma tremenda distracção de Deus Criador. Isto, só mesmo o cristianismo e o seu Deus são capazes de conceber e, por isso, reivindicar que as Leis do Estado também concebam e aprovem. Já é grave, muito grave, que seja necessária uma Lei especial para casais gay poderem casar em igualdade de direitos e deveres aos casais heterossexuais. Mais grave ainda, que, para poderem, sim ou não, co-adoptar crianças, tenha de haver um referendo, que não houve para os casais heterossexuais. A menos que se considere que isto de ser gay, lésbica, bissexual e transexual é um defeito de fabrico e os seus portadores devem ser estigmatizados, desclassificados e serem excluídos dos direitos constitucionais de todo e qualquer País do mundo!!!
É mesmo de bradar aos céus e à terra, esta moral moralista do Patriarca de Lisboa, D. Manuel III. Em boa verdade, nem é dele. É do cristianismo e da igreja cristã católica romana e do seu evangelho, o mesmo de S. Paulo, para quem até a mulher, pelo simples facto de o ser, tinha de viver sujeita ao pai, enquanto menor, e, depois, ao marido, se casada; e, se virgem, sujeita à superiora do convento, ou ao bispo que recebia o seu voto de virgindade. E ainda há que quem continue a orgulhar-se de ser cristão!!! E quem escreva que o melhor que se pode dizer de alguém é que é um bom cristão! Talvez, porque, isto de gostos, não se discute. Mas seria bom que se discutisse, porque, certamente, muitas mais pessoas abririam os olhos da mente/consciência e dariam um rumo bem mais humano e bem mais ao jeito de Jesus, ao seu viver na história, em lugar de passarem o tempo nos templos, nos santuários, nas missas, nas catequeses, nos altares, nas peregrinações, nas rezas dos terços e nas procissões, velas na mão e andores sobre os ombros. Uma lástima!
Alerta, pois, casais LGBT do País. D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, celibatário, certamente, de orientação heterossexual, defende que o vosso direito natural e constitucional a co-adoptar crianças deve ser referendado. Vede se lhe dizeis, com afecto, que não quereis que as crianças que ficaram sem pais, cresçam sem afectos, como cresceram os meninos retirados às famílias e metidos em seminários tridentinos, orientados só por clérigos celibatários, ou em asilos só para rapazes, ou só para raparigas, onde qualquer manifestação de afecto tinha de ser reprimida, sob pena de expulsão, por tendência homossexual. Sei que tereis afecto bastante, para lhe pedir que aceite conversar convosco e, no final, tereis conseguido que ele passe de homofóbico a homófilo. Porque, afinal, o mesmo Deus que nos fez/faz heterossexuais, também nos fez/faz homossexuais. E, depois de concluída a sua obra, viu que tudo era bom. E, até, dançou! Dançareis, também, com Manuel Clemente, bispo da Igreja de Lisboa, simplesmente. Já que todos os títulos que actualmente ostenta e respectivos símbolos, são vaidade. Piores do que esterco!
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Eurogendfor, ordem para ocupar
TROPA DE POLÍCIA EUROPEIA
Este governo que tanto fala do TRATADO DE LISBOA, esqueceu-se de dizer ao Povo este aspecto, em particular, assim como outros tantos "segredos"
Existe um EXÉRCITO SECRETO EUROPEU, que também pode ser chamado de FORÇA SECRETA POLICIAL DE INTERVENÇÃO PARA O ESMAGAMENTO DE REVOLTAS NA EUROPA. Já se encontra dentro da União Europeia, porém apenas muito poucos sabem disso. A força possui os mais amplos direitos, tem de momento 3.000 homens e responde pelo nome de "EURO GENDFOR (EUROPEAN GENDARMERIE FORCE)", ou seja, TROPA DE POLÍCIA EUROPEIA. O seu comando encontra-se em Vicenza, na Itália, longe do Centro da UE.
Quem deu vida a este projecto foi a Ministra da Defesa Francesa, Alliot-Marie, com o objectivo de mais facilmente esmagar levantamentos populares, como os que têm surgido frequentemente em cidades francesas. Esta força, já existente, pode agora ser utlizada por toda a União Europeia, anulando os direitos nacionais e as soberanias dos Estados Membros!
O Tratado de Velsen (Holanda), decidiu de forma inequívoca, que vai ser um CONSELHO DE GUERRA, que vai decidir sobre a sua actuação. Este conselho compõe-se dos Ministérios de Defesa e de Segurança dos países membros da UE, inclusivamente do país onde vai ser aplicado.
Aos olhos dos observadores trata-se de uma clara manifestação de um DIREITO DE OCUPAÇÃO DA EUROPA. Porque, desde que tenha sido decidido por unidades da EURO GENDFOR a ocupação de edifícios e regiões, ficam estas debaixo da sua alçada, já não podendo sequer ser visitadas pelos organismos oficiais do país a que territorialmente pertencem. De facto, existe assim um DIREITO DE OCUPAÇÃO EUROPEU. Porém, a situação pode vir a piorar ainda mais.
A EURO GENDFOR não possui apenas os direitos policiais, mas também a competência sobre os serviços secretos, e, pode, em estreita colaboração com forças militares, restabelecer a lei e a ordem nas zonas consideradas convenientes. Em caso de necessidade, deve esta tropa possuir todos os direitos e acessos a todos os meios considerados necessários, para executar o respectivo mandato.
Graças à EURO GENDFOR encontram-se os governos europeus à vontade. Desta forma podem ordenar o abrir fogo contra as próprias populações em caso de demonstrações de massas, colocar regiões inteiras sobre quarentena militar e prender os principais cabecilhas, sem ter de chamar militares, ou polícias, da sua própria nação, visto existir o perigo destes se solidarizarem com os revoltosos. A EURO GENDFOR, por sua vez, graças às suas excepcionais atribuições de direitos civis e militares, não pode ser responsabilizada por ninguém.
Este cenário, que parece incrível, tornou-se agora possível através da entrada em vigor do TRATADO DE LISBOA, que não é mais do que a Constituição da UE sob novo título.
A European Gendarmerie Force (EGF) é uma iniciativa de 5 Estados Membros - França, Italia, Holanda, Portugal e Espanha. Iniciativa de Portugal? Porque nunca ouvimos falar disto antes?
As suas funções são:
- Responder á necessidade imediata de conduzir todo o espectro da acções de segurançaa civil. Como? Sozinhos ou em cooperação com as forças militares intervenientes.
Reparemos que são uma força multinacional. O quartel-general (HQ) está em Vicenza, Itália e reforçam a prontidão das forças. Olhemos só o objectivo: O objectivo da EGF goal é providenciar a Comunidade Internacional com um instrumento válido e operacional para gestão de crises, prioritariamente à disposição da EU, mas também de outras Organizações Internacionais, como NATO, UN e OSCE, e suas coligações.
Mas ainda há mais! Vejamos quem é o Comandante da Força! Um português - Coronel Jorge Esteves, da GNR. É português?! E nunca passou nas notícias nacionais uma coisa destas? Segundo o site, ele comanda desde 26/6/2009. É da GNR! Agora se percebe porque é que escolhem a GNR para ir para manutenção de paz (como Bósnia, Timor, Afeganistão, Iraque, etc.) em vez das tropas mais especializadas.... Estão a treiná-los em situações reais. O homem é de Abrantes, tem 52 anos e veio do Regimento de Cavalaria.
Ora bem vamos lá analisar o que podem fazer! A nível estratégico:
- Fazer policiamento em operações de gestão de crise, com base nas conclusões dos Conselhos de Santa Maria da Feira e de Nice:
http://www.ena.lu/conclusions_santa_maria_da_feira_european_council_1920_june_2000-02-27325%20target
= http://www.ena.lu/conclusions_nice_european_council_7_9_december_2000-02-17960
- Quem pode usar esta Força?
UE, ONU, OSCE, NATO, outras e coligações.
- Quem ordena?
A Estrutura de Comando é a CIMIN (Comité InterMinistiriel de haut Niveau) composta pelos representantes dos responsáveis pelos Ministérios de cada Pais, que assegura coordenação político-militar, nomeia o Comandante da Força e provisiona-lhe directivas e orientações para o emprego.
E a nível, táctico quem comanda esta Força?
- A Força pode ser posta sob o comando, tanto de autoridades militares como de civis, por forma, a assegurar a segurança pública, ordem pública e o funcionamento pleno das tarefas judiciais. (Entrega de alimentos, cuidados médicos não interessa!)
- Não é uma força permanente (é só para repor a ordem... a ordem deles, é uma Força de Intervenção).
- A força é formada num máximo de 800 oficiais de polícia, em menos de 30 dias. Para quem ainda não perceba como é que funciona, explicamos: existe um HQ permanente em Itália e, quando necessitam, formam uma força e essa é enviada para a crise, depois de fazer o que tem a fazer esta força é desmantelada.
Mas afinal o que é que eles têm a fazer?
- Missões gerais de segurança pública;
- Missões de manutenção da ordem pública, Combate ao crime;
- Investigação criminal (detecção, recolha, analise de informação);
- Processamento, protecção e assistência de indivíduos;
- Controlo de tráfego;
- Desactivação de explosivos;
- Combate ao terrorismo e crimes maiores e outros especializados;
- Armazenamento, gestão, recuperação e evacuação de equipamentos, transportes, ajuda médica (não se deixem enganar por este último ponto, pois reparem que não existe distribuição nem de propriamente a ajuda, apenas a organizam);
- Monitorizar e aconselhar a policia local no seu trabalho do dia-a-dia;
- Vigilância do público;
- Policiamento das fronteiras;
- Serviços secretos;
- Protecção de pessoas e propriedades;
- Treino de oficiais de polícia e de instrutores.
Mote e símbolos:
- O mote, "Lex Paciferat" (A Lei trará a Paz);
- A espada como cruz invertida;
- O louro maçónico;
- A granada a rebentar (parece uma planta, mas é uma granada e as chamas a sair dela).
Sendo tudo isto tão interessante, porque não passou nos média nacionais e europeus?
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Ainda a pedofilia do clero católico
E A ONU BATEU NOS PAPAS E NOS BISPOS
Os últimos papas e os bispos católicos em geral ficam muito mal na fotografia tirada pela ONU. Perante a realidade da pedofilia do clero católico – só se conhece a ponta do iceberg, não o iceberg! – fazem ainda pior do que a avestruz. Não se limitam, como ela, a enterrar a cabeça na areia, para poderem dizer que não sabem de nada, não vêem nada de anormal nos seus clérigos, todos obrigados ao celibato eclesiástico. Vão mais longe em perversão pastoral, e protegem /encobrem os praticantes de pedofilia. No máximo, chamam-nos a capítulo, tudo muito às escondidas, escutam a sua versão dos factos, acreditam no que os potenciais prevaricadores lhes dizem e mandam-nos passar a rezar mais, daí em diante, e a recorrer à confissão semanal desses pecados e outros na mesma área da sexualidade criminosamente reprimida, que a tanto estão obrigados pela Lei do celibato eclesiástico, apresentada ao longo dos séculos, como a “jóia” da instituição católica romana do Ocidente, já que, graças a ela, nunca o seu incontável património espalhado por todo o mundo corre o risco de ser repartido por herdeiras, herdeiros, que os não há, pelo menos, oficialmente. Depois e para cúmulo, têm como “menores” – não são menores, os abusados, abusadas por eles? – os actos de pedofilia dos clérigos. Confessem-se sucessivamente desses abusos e não se fala mais nisso. Num caso ou noutro, onde já há escândalo na paróquia, o clérigo pedófilo é removido e promovido para uma outra paróquia maior e financeiramente mais rendosa, para que não fique sequer a suspeita de que foi castigado pelo bispo residencial. E tudo isto, para que o bom-nome da instituição não seja conspurcado e permaneça acima de toda a suspeita.
Felizmente, o Relatório da ONU sobre o assunto, não alinhou pela mesma perversa prática dos Bispos residenciais e dos papas de Roma, com destaque, no que respeita a papas, para Bento XVI, que se viu obrigado a resignar e a residir, o resto da vida, no Vaticano como prisioneiro, e para o seu imediato predecessor, João Paulo II, canonizado às pressas, pouco tempo depois da sua mediatizada morte – o que o desgraçado teve de penar, nos últimos anos, para poder ser logo aclamado Santo, ainda o seu cadáver estava insepulto! – e, desse modo, tentar silenciar e descredibilizar os testemunhos das inúmeras vítimas de pedofilia que, finalmente, se dispuseram a contar os infernos que tiveram de suportar, quando meninas, meninos de coro e de catequese para o crisma, ou internadas, internados em instituições católicas de “protecção de menores”, confiadas a clérigos (!!!).
O Relatório da ONU põe o dedo na ferida e bate nos papas e na Cúria romana, a máfia das máfias em todo o mundo, o pecado global organizado e sacralizado. E que faz a Cúria, perante o Relatório? A Cúria, qual virgem pudica, reage com um inócuo comunicado, só para não ficar calada. Mas não refuta nenhuma das acusações da ONU. Deste modo, a ONU sai-se bem na fotografia e a igreja católica sai-se mal. Mas não se pense que o Relatório da ONU vem mudar alguma coisa nas práticas da Cúria romana, dos papas e dos bispos residenciais. Tudo vai continuar como até aqui e a ONU que, agora, gritou, voltará a silenciar-se e a acobardar-se, porque também tem telhados de vidro, e que telhados!!! Todos bem conhecidos da diplomacia vaticana, a mais eficaz do planeta!
Basta a Cúria romana levantar um dedo, do seu despótico Poder monárquico e absoluto, para a ONU se pôr logo de joelhos perante ela, a confessar os seus pecados que, entretanto, não deixará de continuar a cometer, tal e qual como os clérigos pedófilos que podem confessar-se e dizer-se arrependidos uma vez por semana, mas continuarão as práticas pedófilas, porventura, apenas com um pouco mais de discrição. Até porque se se deixarem dessas práticas, que outros pecados terão para continuar a confessar todas as semanas?
Os crimes da pedofilia do clero são gravíssimos e é para eles que os grandes media e a própria ONU apontam os seus potentes holofotes. O que ninguém diz, nem quer ver, é o porquê destes crimes ocorrerem em tamanha quantidade e tanta frequência. Ora, se não se retiram as causas dos crimes de pedofilia, como impedir a sua continuação? Ainda está para nascer quem tenha a lucidez e audácia de apontar como grave crime, causante de outros crimes, como os da pedofilia do clero, o desgraçado viver quotidiano de um jovem clérigo, celibatário à força, ele próprio internado com crianças e adolescentes à sua guarda, ou de milhares de outros clérigos condenados a ter de viver estupidamente sozinhos em paróquias, que lhes pagam as côngruas ou as obradas anuais e as missas pelos mortos e os casamentos e os baptizados, mas tudo feito ritualmente, sem afectos, sem proximidade, num vazio de partir a alma, a que se junta a auto-repressão diária da própria sexualidade. De repente, os desgraçados clérigos vêem-se sozinhos com as, os adolescentes que os rodeiam no altar, vestidos com aquelas roupas efeminadas e aqueles rostos de olhos brilhantes e o pior acontece, primeiro, de forma platónica, depois, progressivamente física, em que aliciador e aliciada, aliciado, perdem o auto-controlo, e é o que se sabe.
Pois bem. Mesmo que a ONU fosse acusada de ingerência no Estado do Vaticano, deveria ter posto neste seu Relatório que a Lei do celibato dos padres, em nome da qual, todos os clérigos são impedidos de casar e de constituir família, pelo menos, reconhecida pela igreja católica romana, é uma Lei contra a própria natureza humana, por isso, uma das maiores aberrações da Humanidade e, como tal, enquanto não for abolida, o Estado do Vaticano terá de ser excluído da organização. Enquanto o não fizer, por mais exaustivos Relatórios, como o que acaba de divulgar, a ONU é tão cúmplice dos crimes de pedofilia do clero, quanto os papas e os bispos residenciais. Porque fala do assunto, mas não mexe, nem com um dedo, na estrutura que, enquanto existir, produzirá inevitavelmente os mesmos crimes! Porque celibato, só o que resulta de uma opção pessoal, amadurecida e livre. Nunca, duma Lei. Semelhante Lei é o crime dos crimes. E quem a cria e mantém auto-exclui-se da própria Humanidade!
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Ainda os 6 jovens estudantes da Lusófona
QUEM OS MATOU?
O tema das praxes académicas continua na ordem do dia. Sem novidades. Um enfadonho chover no molhado. Manchetes diárias que não acrescentam nada de novo. Tudo se mantém opaco. Quanto mais se fala e escreve, menos se sabe. É um dos truques dos grande media. Parecem empenhados na busca da verdade. Mas tudo é feito para empatar, velar, esconder, vender. Nada de relevante foi dito, revelado, até agora. E já lá vão várias semanas. Uma coisa é certa: seis jovens estudantes perderam a vida no mar da praia do Meco. No decurso de uma acção da praxe académica da Universidade Lusófona. Quem os matou? Não foi o mar, que o mar não é assassino, por mais que os verdadeiros assassinos tentem convencer-nos disso, para nunca chegarem a ser descobertos. Quem os matou? Esta é a questão central e de fundo. Tudo o mais é poeira que nos atiram aos olhos.
Cabe às entidades oficiais investigar e concluir. É o que se diz, neste tipo de situações. Mas as entidades oficiais são parte no processo. A Máfia que está por trás das praxes académicas tem gente infiltrada em todos os sítios de investigação e de decisão. Ou somos assim tão ingénuos que não enxergamos o tipo de mundo em que nascemos e vivemos? Se este tipo de mundo é do Poder financeiro, as suas Máfias estão em todos os sítios de investigação e de decisão. Só assim se percebe que os seis jovens que perderam a vida no mar da praia do Meco tenham sido, de imediato tratados como vítimas de um lamentável acidente. O mar estava especialmente revolto e engoliu-os vivos. E como ninguém pode levar o mar a tribunal, o assunto morreu, quando o mar, por fim, devolveu os cadáveres (ele é ventre de vida, não é um necrotério e, por isso, vomita os cadáveres e fica com as vidas!), e os pais dos respectivos estudantes fizeram os funerais, no meio da dor, das lágrimas e da cólera cada vez mais mediatizada, como tanto convém às Máfias.
A dor e as lágrimas, mais a cólera dos pais prosseguem, sem quaisquer resultados. Acordaram tarde demais. As provas fundamentais foram destruídas nas horas imediatas ao crime consumado. E o único sobrevivente que se conhece, até agora, mantém-se distante e calado. Arreliadoramente calado. Ele sabe que, no universo das Máfias, aquele que falar, tem logo uma arma a disparar contra a sua cabeça ou o seu coração. E era uma vez um jovem! Em lugar de seis assassinados, serão sete. E os respectivos assassinos continuarão por descobrir e ficam impunes. As mães e os pais deveriam saber isto, quando entregam as filhas, os filhos às universidades. Não são escolas de Sabedoria, como mentirosamente se diz. São escolas de Crime organizado e institucionalizado, ao nível do Saber/Poder. Percamos a ingenuidade política. Não confundamos a realidade das universidades com o manto ideológico com que todas elas se cobrem. As máscaras nunca são a realidade. A realidade está sob as máscaras.
As universidades, privadas e públicas, são escolas do crime organizado e institucionalizado. Convençam-se disto, ou, então, acabamos todas, todos, comidos por elas. Só como escolas do crime é que elas estão aí reconhecidas e em funcionamento. Se o Sistema que gera este tipo de mundo é perverso – é o que os frutos que produz nos mostram/revelam – também são perversas as universidades que ele funda e autoriza. Tudo o que é legal, institucional, é perverso, ou, então, é, depressa, ostracizado, denegrido, assassinado, crucificado, nem que seja só de modo incruento. As universidades, como as religiões e as igrejas cristãs, reconhecidas pelo Sistema que gera este tipo de mundo, são todas outras tantas escolas do crime. Sempre sairão absolvidas. Os seus crimes são transmutados em acções curriculares, são transmutados em ritos litúrgicos de encher o olho, ou sem sacramentos, como o da Confissão. Ou ainda pensam que todos aqueles actos solenes das grandes instituições, cheios de pompa e circunstância, são autênticos? Não vêem que são encenações para impressionar e deixar as mães, os pais que lhes entregam as suas filhas, os seus filhos, sossegados, porque anestesiados?
Acordemos. Há responsáveis morais pelas mortes dos seis jovens estudantes da Lusófona, ocorridas no âmbito das praxes. O mar da praia do Meco não é o responsável. Aquelas seis mortes não foram um mero acidente. São um crime. Mas os próprios criminosos institucionais insistem em dizer que foi um lamentável acidente. Ora, a verdade, neste tipo de mundo, é a das Máfias que estão ao comando de tudo o que é investigação e decisão. Não é a dos assassinados. Nem das suas mães, dos seus pais. Ou mudamos de tipo de mundo, ou somos todos, mesmo ainda vivos, estes seis estudantes da Lusófona, assassinados na praia do Meco, no decurso de um ritual da praxe académica daquela universidade que, como todas as outras, é mais uma escola do crime. Pelo menos, é assim que a realidade se nos desnuda à luz da Fé e da Teologia de Jesus, a vítima maior deste tipo de mundo das Máfias, que ele, lucidamente, pôe a nu, quando o previsível, era que, historicamente, o servisse e o integrasse. A recusa a servi-lo e a integrá-lo, custou-lhe a vida e o bom-nome. Até hoje. Acordemos e mudemos de tipo de mundo. Ou, então, não nos queixemos. Tão pouco, demos espectáculo para as tvs mostrarem e ganharem muito dinheiro.
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Papa Francisco dixit
“Não se percebe um cristão sem Igreja!”
Na capela da Casa-palácio onde vive, o Papa Francisco preside, cada dia da semana, à missa. E improvisa uma homilia. Umas vezes, mais inspirada, outras vezes, menos inspirada. Depende dos dias. E do Espírito que sopra no mais íntimo da sua mente-consciência. Dificilmente, será o mesmo Espírito, a mesma Ruah que habita em permanência Jesus, o filho de Maria, uma vez que o Papa é o Poder monárquico absoluto e Jesus, o filho de Maria, é a vítima mais paradigmática do Poder monárquico absoluto. E, entre os dois, há um abismo intransponível. O Papa pensa que não. Pensa, até, que só ele tem a plenitude do Espírito e por isso fala do alto da sua cátedra papal, mesmo que esta, nos dias de semana, seja o altar da capela da casa-palácio onde reside. Só que a cátedra papal é a do Poder monárquico absoluto. Por isso, o Espírito que o inspira é o do Poder monárquico absoluto, absolutamente incompatível com o Espírito, a Ruah, de Jesus, a fragilidade humana desarmada, “sarx”, em grego, o do 4.º Evangelho canónico, como oportunamente anota o Livro mais recente do Pe. Mário de Oliveira, JESUS SEGUNDO JOÃO, Seda Publicações, 2.ª edição, Janeiro 2014.
A Agência Ecclesia, propriedade da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), regista uma síntese da homilia que o Papa Francisco proferiu num dos dias da última semana de Janeiro 2014. A agência dá a notícia, mas não comenta a notícia. Porque é refém da CEP que, por sua vez, é refém da Nunciatura Apostólica, em Lisboa, que, por sua vez, é refém da Cúria romana e do Papa, chefe de estado, o do Vaticano. Por isso, sem liberdade de pensar, de criticar, de comentar, apenas difundir o que lhe é transmitido pelo Poder que a criou e mantém, enquanto lhe der jeito. De resto, para a agência Ecclesia, como para a CEP, tudo o que diz o Papa, seja o que for, vem de Deus, o do Papa, obviamente, o do Poder monárquico absoluto, obviamente, não o Deus de Jesus, o das vítimas do Poder, todo o Poder, religioso-eclesiástico, político, económico-financeiro. Nisto estamos, desde que há sociedade organizada pelo Poder, em lugar de ousarmos ser organismos vivos, ao modo de vasos comunicantes, de cada uma, cada um, segundo as suas capacidades, a cada uma, cada um, segundo as suas reais necessidades. Sem nenhuma espécie de intermediários, muito menos, sacerdotes e papas.
Nesta homilia, destacada pela agência Ecclesia, o Papa Francisco diz ser “absurdo” ser “cristão sem a Igreja”. E critica a “dicotomia absurda” que leva algumas pessoas [só algumas, Papa Francisco?!] a aceitar Jesus e a recusar a Igreja. E a “dicotomia absurda”, de que fala, reside no facto de que a fé cristã exige uma dimensão comunitária. Ou, por palavras dele, “O cristão não é um baptizado que recebe o Baptismo e pode seguir pelo seu caminho. O primeiro fruto do Baptismo é fazer-te pertencer à Igreja, ao povo de Deus: não se percebe um cristão sem Igreja”. Assim fala o Poder monárquico absoluto, perdão, o Papa Francisco. Tal e qual.
Quer então dizer, à luz desta homilia papal, que Jesus, o filho de Maria, que nunca foi baptizado pela Igreja católica romana e nunca foi cristão, não pertence a esta Igreja. Ora, como pertencer à Igreja católica romana, cujo chefe n.º 1 é o Papa, é igual, segundo a homilia do Papa Francisco, a integrar o povo de Deus, tão pouco Jesus pertence ao povo de Deus. A conclusão está nas premissas que o Papa Francisco formula, nesta sua homilia de Poder monárquico absoluto. Não estranhem a conclusão. É que, no universo do cristianismo, que é o do Papa Francisco, o povo de Deus é constituído apenas pelos membros da Igreja católica romana. E só pelo baptismo de água que os párocos/pastores e os bispos residenciais administram, é que se passa a pertencer a esse povo.
Não é assim para Jesus e para Deus Abba-Mãe, o de Jesus e de todos os povos das nações. Para Jesus, o povo de Deus, são todos os povos de todas as nações da terra. A Igreja-Movimento de Jesus, toda Espírito/Vento/Ruah, nenhum Poder, é humanidade-na-humanidade-e-com-a-humanidade, ao modo do fermento na massa, do sal da terra, da luz do mundo. Não tem templos nem altares. Muito menos, papas, cardeais, clérigos, sacerdotes. É humanidade com a humanidade, consciente de que todos somos gratuitamente habitados e, por isso, humanidade que se faz irmã de todos, ao jeito da parteira, não da madre Teresa de Calcutá. Porque fora da humanidade, não há povo de Deus. Há seitas de Poder que dividem a humanidade e a fracturam, para mais eficazmente dominarem, explorarem, enganarem, alienarem, oprimirem os povos das nações. Alerta, pois. Infelizmente, o Papa Francisco, porque Poder monárquico absoluto, nunca poderá ver esta simplicidade e esta ternura de Deus Abba-Mãe. Só mesmo os “pequeninos”, de que nos fala, emocionado, Jesus, o filho de Maria, assassinado pelos sacerdotes do templo e pelo império de Roma, a mesma, onde reside o Papa Francisco, sucessor de Constantino!
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Edição 94, Janeiro 2014
Chamou-lhe Francisco
E a freira deu à luz um menino!
Quê?! É verdade uma freira ter dado à luz um menino? É verdade, sim senhor. Que as freiras e os frades, pelo facto de o serem, não deixam de ser mulheres e homens com capacidade de gerar filhas, filhos. O voto de castidade que são levadas, levados a fazer e que tem tudo de monstruoso, quando não é assumido em consciência amadurecida e como entrega incondicional a uma grande Causa que tenha a ver com a libertação/transformação da Humanidade e da Sociedade, não afoga nem mata a sexualidade de cada uma, cada um. E tal é, infelizmente, o caso da generalidade das freiras e dos frades dos múltiplos institutos, conventos e congregações, em todo o mundo. Não há, da parte delas, deles, nem entrega incondicional a uma grande Causa, que tenha a ver com a libertação/transformação da Humanidade e da Sociedade, nem o voto que fazem é assumido por uma consciência livre e amadurecida. Pelo contrário, as suas consciências são, na generalidade, formatadas, desde e infância/puberdade, para virem a fazer, atingida a maioridade legal, semelhante opção. Tal como são levadas a fazer também as outras duas opções impostas a todas as freiras, todos os frades, concretamente, o voto de pobreza e o voto de obediência. O caso mais paradigmático em Portugal do que acaba de ser escrito, é o da chamada Irmã Lúcia, a de Fátima e da sua macabra senhora cega, surda e muda. Macabra senhora, sim, tal como são macabras, todas as imagens religiosas, de madeira, ou de caco, de ouro ou de prata, de ferro ou de bronze, todas teologicamente obscenas. Para uso de gente propositadamente mantida no infantil, sem nunca chegar a ser capaz de se assumir na História. Uma vergonha e uma humilhação.
A freira, de 32 anos, que acaba de cometer a proeza de dar à luz um menino é salvadorenha, de nascimento, mas integra uma congregação de freiras em Itália, onde acaba de ser mãe pela primeira vez. Foi aliciada a ser freira e viu, nessa proposta, uma via, sem custos financeiros para ela, de fugir da pobreza imerecida que atinge a maioria dos salvadorenhos e latino-americanos. Vai daí, aceitou emigrar de El Salvador para a Europa do Dinheiro. Concretamente, para integrar a congregação italiana das “Discípulas de Jesus”. O filho que acaba de dar à luz, sem sequer saber que estava grávida – uma freira grávida é uma impossibilidade institucional e uma contradição e, por isso, nunca ela própria terá posto semelhante hipótese, mesmo quando sentia os vómitos e, por fim, as dores. Só quando foi levada ao hospital, com queixas de fortes dores de estômago é que soube, para espanto dela, que as dores eram de parto e que ia dar à luz um filho.
Obviamente, o filho não foi concebido “por obra e graça do espírito santo”, que o Espírito Santo, o de Jesus, não anda por aí a engravidar mulheres, freiras que sejam e se digam. Muito menos Maria, a mãe de Jesus, que nem sequer foi freira, tão pouco fez voto de castidade, pelo contrário, foi noiva de José e, depois, sua esposa. O cristianismo e as igrejas cristãs negam esta evidência, porque preferem o universo dos mitos, ao da realidade. Mas só a realidade nos faz humanos, de dentro para fora. Os mitos fazem-nos infantis e mentalmente doentes, como esta freira salvadorenha que acaba de dar à luz um filho, sem saber sequer que estava grávida!!! Felizmente, Deus, o de Jesus e nosso, se formos mulheres e homens ao jeito de Jesus, é no universo da realidade que vive, não no dos mitos. E a sua alegria é que cresçamos tanto, de dentro para fora, em humano e em sororidade/liberdade, que cheguemos a viver na história como se Ele não existisse.
Roxana Rodríguez – é este o nome da freira-mãe – decidiu pôr ao seu filho o nome de Francisco, o mesmo que o latino-americano que aceitou ser papa de Roma, escolheu. Diz que o fez, em homenagem a ele, o que é de lamentar e, nisto, mostra que nem o facto de ser mãe, a fez ainda sair do infantil e dos mitos. Porque o papa, nenhum papa, chame-se como se chamar, é referência de ser humano para ninguém. Referência de ser humano, será Francisco, o de Assis, cujo nome o papa argentino escolheu, não para ser outro Francisco, mas para ser mais e mais Papa. O que perfaz um desastre em toda a linha e o transforma em pedra de tropeço ou de escândalo, no qual, como aqui se vê, também esta freira salvadorenha acaba de tropeçar. O seu filho Francisco crescerá em humano, se vier a ter Francisco de Assis como uma das suas referências, e não, como pensa a freira, sua mãe, o papa Francisco. O futuro dirá por qual destas duas vias ele irá optar, à medida que crescer em anos e em estatura.
Mas então – pergunta-se – como é que a freira engravidou, se nenhuma mulher, nem mesmo a mãe de Jesus, engravida pelo Espírito Santo? Ora, como havia de ser? Roxana teve de viajar, ano passado, a El Salvador, para renovar o seu passaporte, a fim de poder continuar a ser freira em Itália. Uma vez lá, voltou a encontrar-se com um antigo amor que deixou, para se fazer freira em Itália e foi o que agora se sabe, nove meses depois. O seu filho Francisco tem pai humano e é salvadorenho como ela. Só não foi ainda revelado o nome. E a freira ficou a saber, depois de tudo, que, afinal, o voto de castidade não funciona como uma pílula anti-conceptiva. Uma vez consumado o acto sexual, sem preservativo, em período fértil da mulher, freira que seja, é concebido um filho que, nove meses depois, obriga a respectiva mãe a dá-lo à luz.
Falta agora saber se o papa Francisco sai em defesa da freira-mãe e se autoriza que ela, que até escolheu o nome dele, continue na congregação, juntamente com o seu próprio filho Francisco. Será a subversão da congregação e, porventura, o seu fim, se todas as outras freiras seguirem o exemplo desta salvadorenha, agora a viver na Europa, sem ter sido obrigada a passar por Lampedusa, a ilha que o papa Francisco visitou, mas que continua a ser a vergonha de Itália, do Estado do Vaticano e da Europa.
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N.ª S.ª do Carmo da Penha, em Guimarães
Volta Lutero!
Useiro e vezeiro, o papa Francisco volta a virar-se para Guimarães, mais propriamente, para o santuário de nossa senhora do carmo da Penha. É o que faz ter em Roma um cardeal nascido em Guimarães, o cardeal Dom Manuel Monteiro de Castro, plenipotenciário-mor emérito da Santa Sé. Graças a ele, o Papa Francisco, depois da indulgência plenária que concedeu a quem fosse peregrinar até à Penha, no dia da 120ª peregrinação, em 2013, concede agora, a indulgência plenária perpétua ao próprio Santuário da Penha. Querem mais absurda forma de promover o turismo religioso para a Penha? O belo espaço natural que é aquele ponto alto de Guimarães, de nada vale para o papa. O que vale para ele, é aquele mostrengo, chamado santuário que lá se encontra, a destoar por completo de toda aquela maravilha da Natureza, que poderia e deveria ser qualificada como património da Humanidade.
Lutero tem de voltar. Não à Alemanha, onde nasceu, mas, agora, à Penha, em Guimarães. Para, lá do alto, voltar a gritar ao mundo o vergonhoso e obsceno negócio das indulgências vendidas pela Cúria romana. Indulgências plenárias e perpétuas, conseguidas, se lá se rezar pelas intenções do papa, e se deixar ao santuário mais ou menos avultada quantia em dinheiro ou em ouro, que os seus gestores sacerdotes estão precisados para aumentarem ainda mais as suas fortunas. Também as empresas de turismo local e outras, agradecem o gesto e o favor do Papa. Sempre o maldito Dinheiro como a mola real de tudo!
Porém, o mais obsceno é que o próprio papa Francisco não faz ideia do que é o santuário da Penha. É, até, duvidoso que saiba que concedeu esta indulgência plenária perpétua a um santuário que não conhece e provavelmente nunca irá conhecer. Se conhecesse, sentiria vergonha, por ver o seu nome ligado a este negócio das indulgências, em Portugal. E, indignado com o facto, até dispensaria o regresso de Lutero. Assumiria, ele próprio, o grito dele, já com mais de 4 séculos. Porque a Cúria romana é que tudo faz e desfaz, em nome do papa. E ele, cada vez mais só – é o seu assassinato incruento! – incapaz, por isso, de controlar a Cúria, acaba a assinar de cruz tudo o que ela lhe coloca na frente para assinar.
Não seja, entretanto, por esta concessão da indulgência plenária perpétua ao tosco santuário, em má hora, levantado na Penha, que as pessoas deixem de subir ao ponto mais alto de Guimarães. Ignorem por completo aquele mostrengo sagrado, e saboreiem a beleza natural que a Penha nos oferece gratuitamente. Respirem a plenos pulmões o seu ar puro e bebam da água leve e cristalina que jorra daqueles seus enormes penedos. Passeiem-se por entre eles e, lá do alto, em dia de sol, contemplem Guimarães e o seu povo. Deixem a senhora do carmo entregue às rezas das suas devotas assustadas, refugiadas no seu santuário com tudo de túmulo de imagens de caco ou de madeira, vida nenhuma. Admirem os penedos e o seu matemático equilíbrio. Deixem as indulgências do papa Francisco para quantas, quantos não têm a audácia de se assumir na vida, como filhas, filhos adultos de Deus Abba-Mãe que não gosta de santuários, nem de nossas senhoras do carmo ou de fátima, nem de clérigos, nem de sacerdotes, apenas de mulheres, homens de carne e osso, quanto mais ao jeito de Jesus, o seu filho muito amado, melhor.
Viva, pois, a Penha e toda a sua beleza natural! Viva! Abaixo a senhora do carmo e toda a beatice que o seu santuário promove e vende! Abaixo!
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Papa Francisco não quer dois “galos” no mesmo “capoeiro”
E D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, não subiu (ainda) a cardeal
Não é que o Papa Francisco desista dos cardeais. Não desiste. Que foram os cardeais que o elegeram. E sem cardeais, ele não teria chegado nunca ao topo da carreira eclesiástica, como chegou. O nome Francisco, por que se faz chamar, é só para ele não se esquecer de que convém dar à Cúria romana uma outra máscara, para ela poder ser cada vez mais Cúria romana. Com o Papa Bento XVI, a Cúria romana estava já pelas ruas da amargura. E podia ruir a qualquer momento. Agora, não. Todo o mundo do Poder está rendido à mascara Francisco, porque ele lhes faz lembrar o pai de Francisco de Assis. Não era de bom-tom escolher o nome do pai, grande empresário de Assis. Francisco, sim. Mas apenas o Francisco das “Ordens Mendicantes” (???!!!) carregadas de riqueza, que há por esse mundo além, não o histórico Francisco de Assis, traído ainda em vida pelos próprios companheiros que avançaram, à revelia dele, com uma “Regra” aprovada pelo Papa Inocêncio III, também ele, inocêncio só de máscara. Em boa verdade, o Poder papal em todo o seu esplendor e corrupção.
Mas se o Papa Francisco não desiste dos cardeais, não deixa, contudo, de surpreender que tenha desistido, pelo menos, para já, de D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, que, às pressas, trocou a Diocese do Porto onde actuava há seis anos, para ir presidir ao Patriarcado de Lisboa, antes que o Papa Francisco escolhesse os novos cardeais. É que manda a Tradição do Poder eclesiástico em Portugal que o novo Patriarca de Lisboa seja feito cardeal, logo no primeiro consistório realizado depois da sua tomada de posse. O Bispo Manuel Clemente tomou posse como D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, antes da divulgação da lista dos primeiros cardeais eleitos pelo Papa Francisco. Só que, para surpresa dele e da própria Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o seu nome não figura nesta lista. A frustração é, pois, total. D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, foi para Patriarcado por lã, e acaba por sair tosquiado, ainda que se mantenha como Patriarca. Apesar de ter recebido, não há muito tempo, das mãos do Papa Francisco o pálio que, desde então, usa nas costas, sempre que preside aos cultos litúrgicos em honra de um Deus que, pelos vistos, gostará dessas coisas, com tanto de vaidade e de mau gosto, como de caricato.
As hostes eclesiásticas cá do burgo nacional abalaram-se e andam aos papéis, perante esta decisão do Papa. Mas Papa é papa. Não pode ser contestado. Nem sequer as hostes eclesiásticas nacionais podem apelar para Deus, porque as decisões do Papa são todas inapeláveis. O próprio Deus está submetido a ele. O que ele ligar na terra fica ligado no céu. E o que ele desligar na terra fica desligado no céu. Que é assim o universo do Poder monárquico absoluto. E tal é o universo do Papa e do seu Deus, não o dos seres humanos, da Humanidade e o seu Deus. E por esta é que os Bispos portugueses não esperavam. Mas o Papa Francisco só actua, assim, porque não quer dois “galos” no mesmo “capoeiro”. E, por agora, Lisboa tem um cardeal vivo e com idade inferior a 80 anos. Por isso, papável e com direito a participar, com o seu voto, na eleição de um novo Papa. É apenas isto que se passa.
Não. Não pensem que o Papa Francisco quer acabar com os cardeais. Não. O que ele não quer são dois “galos” no mesmo “capoeiro”. Já lhe basta a ele ter de conviver com um Papa emérito, com todos os direitos e privilégios de Papa. Até que a morte chegue e acabe com esta confusão. Por isso, D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, apenas terá de esperar que o cardeal Dom José Policarpo complete os oitenta anos de idade, ou sofra de um ataque cardíaco fulminante. E não só. Terá de esperar também que volte a haver uma nova “fornada” de novos cardeais. Porque, sem cardeais é que a Cúria romana não se aguenta. Mas tudo tem de ser realizado com conta, peso e medida. Coisas que o Espírito Santo, o de Jesus, manifestamente desconhece. E, por isso, é que tem de ser sempre escorraçado da Cúria romana. Porque, na Cúria, do que se percebe é de finanças. Não de Evangelho, o de Jesus. Alerta, povos do mundo. E deixemos de procurar fora de nós o que está dentro de nós. Cresçamos de dentro para fora e sempre em relação maiêutica uns com os outros, e tudo o mais virá por acréscimo.
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CR7 é ouro, mas não é Luz
Parece um ser humano, mas é um nome de marca do Mercado
E a marca CR7 fingiu que chorou, ao receber, pela segunda vez, a bola de ouro que a consagra como a melhor marca do mundo do futebol dos milhões, em 2013. As lágrimas, manifestamente provocadas e logo contidas, na mesma hora em que os holofotes do futebol dos milhões S.A. estavam todos a iluminar-lhe o rosto – a marca CR7 tem aspecto humano, mas é uma marca do Mercado – foram apenas para mundo ver. Aliás, quem seguraria hoje os milhares de milhões de vítimas humanas, fabricadas por este tipo de mundo dos Milhões, do Mercado global, intrinsecamente desumano e cruel, sem estes reiterados espectáculos transmitidos em directo e, depois, repetidos até ao vómito por tudo quanto é canal de televisão, Facebook, Youtube, grandes jornais do futebol dos milhões e, mesmo, os chamados diários generalistas, todos propriedade do grande Poder financeiro? Quem?
Pão e circo, foi a fórmula que o império de Roma inventou para tentar conter as populações subjugadas e cravadas de impostos, condenadas a ter de morrer antes de tempo e a ter de viver crucificadas até entregarem o seu último suspiro ou sopro/vento/espírito. Mas o império financeiro, hoje, já nem o pão junta, ao circo. É ainda muito mais cruel que o império de Roma. Enquanto a marca CR7 acumula milhões sobre milhões, quase à velocidade da luz, as populações dos países do planeta vêem-se cada vez mais condenadas a ter de gemer e de chorar no vale de lágrimas que é o lugar que lhes cabe neste tipo de mundo dos milhões, do futebol, das multinacionais, das grandes redes de supermercados, das igrejas cristãs e religiões, todas S.A, cujo topo, no Ocidente, pertence à Cúria romana, a do sorridente Papa Francisco, de branco vestido, mai-los seus frustrados cardeais, de vermelho vestidos, um e outros, já no termo de toda uma vida organizada em função da carreira eclesiástica, para, desse modo, tentarem encher o vazio e a frustração que o celibato eclesiástico obrigatório inevitavelmente causa em quem, um dia, quando jovem, aceitou renunciar aos afectos e reprimir a sua sexualidade humana, num viver sem Projecto e sem Causas, feito apenas de rotinas religiosas e de mesmice, no que respeita a rituais sagrados/sacerdotais, tudo por dinheiro, pois então.
É verdade. O império financeiro, hoje, já nem pão, distribui à esmagadora maioria das populações do mundo. Pelo contrário, faz aumentar cada vez mais o número das populações que nem sequer chegam a ser contratadas por ele, para receberem um naco de pão, em troca de inúmeras horas diárias de tripalium (= tortura = trabalho por conta dele). O desemprego em massa veio para ficar e matar mais depressa as populações que, naturalmente, quiseram ser humanas e, como tal, não aceitaram ser reduzidas a uma marca de futebol dos milhões, como tem feito e promete continuar a fazer a marca CR7. A sua própria boca – é uma marca que fala, como os robots – reconheceu no momento de receber pela segunda vez a bola de ouro, que, no próximo ano de 2015, espera voltar a receber o mesmo troféu e muitos outros, referentes ao ano em curso, 2014.
A transmissão em directo, realizada ontem, 13 de Janeiro e, depois retransmitida vezes sem conta pelas tvs do mundo, as generalistas e as do futebol dos milhões, teve tudo de cínico e de obsceno. Porque, enquanto a marca CR7 acumula milhões sobre milhões, as populações da Madeira, dos Açores, de Portugal continental, da Europa e do mundo gemem e choram sem cuidados de saúde à altura, sem Educação de qualidade, sem actividade dignamente remunerada, cada vez mais esmagadas e abatidas como ovelhas sem pastor, completamente sacrificadas e comidas pelos dirigentes do Poder político dos respectivos países, todos vendidos ao Poder financeiro.
Mas o clímax do cínico e do obsceno, foi a presença de um menino, a ser acariciado pela marca CR7, que dizem ser o seu filho primogénito, e cuja mulher-mãe se desconhece. Dificilmente, este menino crescerá em sabedoria e em graça (= em HUMANO), à medida que, se não vier a ser raptado e assassinado, irá, com certeza, crescer em idade e em estatura. Filho de uma marca de sucesso do futebol dos milhões e já metido sob os mesmos holofotes, tudo leva a crer que, marca dos milhões será, também. E o mais macabro em tudo, é que ninguém se indigna perante semelhante obscenidade e semelhante pedofilia, praticada pelo Poder financeiro. É de bradar aos ventos e aos mares, para que, ao menos, eles se levantem e derrubem/varram de vez este tipo de mundo!
P.S. Pouco depois de saber que a marca CR7 ganhou a bola de ouro e que, para o conseguir, suportou todo o tipo de trripalium = tortura imposto/imposta pelo Futebol dos milhões, postei no Twitter este curtíssimo Poema: Bendito o ser humano / que recusa servir o Poder / e se entrega, inteiro, a resgatar / as suas vítimas. Não há outro / ser-viver humano mais fecundo!
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A perfídia deste tipo de mundo do Poder financeiro
Tudo pela Morte contra a vida de qualidade dos povos da Terra
Constitui uma vergonha e uma humilhação contra as inumeráveis vítimas da história do passado, do presente e do futuro, tudo o que, nestes últimos dias, se tem feito por ocasião da morte de alguns dos considerados grandes entre os biliões de seres humanos que actualmente habitamos a Terra. Até com este seu modo de proceder/agir, os grandes do grande Poder financeiro global mostram toda a sua perfídia estrutural e institucional. Fazem, demencial e absurdamente, tudo, mesmo tudo, para celebrar a morte de alguns poucos, muito poucos, dos muitos que os servem e se lhes dedicam por inteiro e ao Poder financeiro, ao mesmo tempo que cientificamente continuam a fazer tudo, mesmo tudo, contra a vida de qualidade de todos os seres humanos e de todos os povos da Terra, e contra a própria Terra.
O que fizeram, nestes nossos dias, os milhões de euro ou de dólares que gastaram, as deslocações e mobilizações de pessoas que desencadearam, por ocasião da recente morte de Nelson Mandela, de Eusébio da Silva Ferreira, de Ariel Sharon, este último, anos e anos ligado às máquinas em coma profundo, é o cúmulo da vergonha e da humilhação com que todos os dias, 24 horas sobre 24 horas, estão, científica e impunemente, a fazer contra a vida e vida de qualidade dos mais de sete biliões de seres humanos sobre a Terra. Só um tipo de mundo, como este, gerado e alimentado pelo Poder financeiro global, intrinsecamente mentiroso, pai de mentira e assassino desde o princípio (é de JESUS SEGUNDO JOÃO, 8), é capaz de tamanha perfídia à escala global. Seremos cegos que não querem ver, se não vemos. E, também criminosos, se continuamos a manter e a justificar, ideológica e, até, teologicamente, semelhante tipo de mundo.
O lema deste tipo de mundo é este: Tudo pela morte contra a vida de qualidade de todos. Na incapacidade de promover e celebrar a vida de qualidade e em abundância de todos os seres humanos e povos da Terra, o grande Poder financeiro e os grandes que o servem e lhe dão corpo e visibilidade, matam sistematicamente os povos empobrecidos e oprimidos do mundo e, depois, para compensar e nos cegar, celebram a morte de uns poucos, muito poucos, que o servem e os servem. Os intelectuais – filósofos, cientistas, economistas, teólogos, escritores – mai-las universidades, igrejas, grandes media, estão todos apanhados por este sistema e por este tipo de mundo em que todos nós estamos condenados a ter de nascer, viver e morrer. Sim, condenados. O próprio acto de conceber e de gerar filhas, filhos, num tipo de mundo como este, é, hoje, só por si, uma crueldade. É conceber e gerar novos escravos, engravatados ou pé descalço, mas escravos, ao serviço do grande Poder financeiro e dos grandes que lhe dão corpo e visibilidade, uma planetária fábrica de produção de pobres e de pobreza em massa, de oprimidos e de excluídos, de vítimas, que já o são desde o ventre das suas mães.
O Mais trágico de tudo isto, é que, para cúmulo, achamos que, tentar saltar fora deste tipo de mundo, é, só por si, uma loucura. Não lhe chamamos assim, obviamente. Escolhemos uma palavra mais sonante, mais erudita, mas que, na boca de quem a diz ou na mão de quem a escreve, significa, exactamente o mesmo. Dizemos e escrevemos, utopia! E chamamos, utópicos, aos poucos lúcidos e corajosos que se atrevem a tentar saltar fora deste tipo de mundo, gerado e alimentado pelo Sistema de Poder financeiro, intrinsecamente mentiroso, ele próprio, mentira e assassínio. Quando empobrece os seres humanos e povos, e os oprime, exclui e mata, e os mantém, anos e anos condenados a ter de vegetar em condições degradadas e degradantes, faz simplesmente o que é da sua natureza fazer. Não se podem colher uvas e figos dos espinheiros, dos abrolhos, diz Jesus. E espinheiro, abrolho, à escala global é, hoje, o Poder, todo o Poder, hoje, um só, o grande Poder financeiro.
É ele que faz questão de celebrar, com pompa e circunstância, a morte de alguns poucos, muito poucos, que, de uma ou de outra maneira o serviram, enquanto, ao mesmo tempo, mata, sem dó nem piedade, os mais de sete biliões de seres humanos e povos que habitamos hoje esta nave Terra, transformada em nave dos loucos e numa planetária fábrica de produção de pobres e de pobreza, numa palavra, numa planetária fábrica de morte e de culto da morte, com panteões, basílicas, catedrais do futebol dos milhões e tudo. Uma vergonha. Uma humilhação para os seres humanos e os povos da Terra.
Seremos ainda capazes de nos desanestesiarmos e tomarmos em mãos, organicamente e ao modo dos vasos comunicantes, os nossos destinos nas próprias mãos? Saibamos que para isso nascemos e viemos ao mundo. Acreditemos em nós próprios e uns nos outros, e a ajamos politicamente em conformidade!
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É o que revela um pequeno vídeo da Agência Ecclesia
Nas suas missas matinais, só o Papa fala
Um curto vídeo divulgado estes dias de Janeiro 2014 pela Agência Ecclesia revela que nas suas missas matinais, agora, abertas também a pequenos grupos de fiéis oriundos das paróquias de Roma, só o Papa Francisco fala. A missa é toda dele. Não é de todos os presentes. Ele preside, a partir do altar. E os fiéis, no lugar que lhes compete, abaixo do altar, escutam, atentos e reverentes. E, como estavam a ser filmados, ainda mais atentos e mais reverentes do que o habitual. Nenhuma oportunidade para o contraditório. Tal e qual como por todas essas paróquias e dioceses católicas do mundo. A este rito, com tudo de rotina eclesiástica, chama-se-lhe missa. Não se chama Eucaristia. E, se aqui e ali, se lhe chama Eucaristia, é uma mentira. Porque Eucaristia pressupõe expropriar a terra e tudo o que ela contém, para que tudo seja de todos os povos, conforme a necessidade de cada qual. O que, obviamente, nunca acontece com as missas. Pelo contrário, elas servem, até, para tornar sagrada, não partilhada, a propriedade privada. Que assim deixa de ser de todos.
Fossem Eucaristia, as missas do Papa, dos bispos e dos párocos e as igrejas dos diversos cristianismos implodiriam todas, na hora. Em seu lugar, ficava só a humanidade, na multiplicidade dos seus povos, orgânica e maieuticamente, religados uns aos outros, uns com os outros. Porque ser Igreja-Movimento de Jesus, não é ser igreja cristã, uma humanidade à parte, auto-considerada como a humanidade dos bons, dos salvos, dos puros, dos decentes. Pelo contrário. É ser presença activa e discreta, quase sempre clandestina, entre os povos e com eles, ao modo do fermento entre a massa e com a massa. O que é visível, não é o fermento. É a massa que se torna pão. Pão para a vida do mundo. Não inquisição, para a morte do mundo. Como sempre têm sido as igrejas cristãs. A História aí está a comprová-lo.
Na homilia da missa que o vídeo da Ecclesia divulga, o Papa adverte os fiéis, atentos, reverentes e calados, para o perigo dos “falsos profetas”. Dito assim pelo Papa, sem nenhum direito ao contraditório, por parte dos fies, é, de imediato, suposto que os “falsos profetas” não estão ali presentes na missa, muito menos, naquele altar, para mais, papal. Nem na Cúria romana. Nem no Estado do Vaticano. Nem no IOR, o Banco do Vaticano. Nem nos paços episcopais do mundo católico. Nem nas residências paroquiais católicas do mundo. Desta banda, todos os que estão, são os verdadeiros profetas, já que quantos dissentem deles, são automaticamente rotulados de falsos profetas. Onde já se viu tamanha hipocrisia?
Curiosamente, enquanto o Papa fala, na homilia desta missa, o vídeo mostra, de fugida, uma das fiéis presentes, às voltas, nas suas mãos, com as contas do terço do rosário, o instrumento religioso mais anestesiador e embrutecedor do planeta, porque condena quem o reza, a ter de dizer sempre a mesma lenga-lenga 50 vezes por cada terço, 150 vezes, por cada rosário. E isto, todos os dias, várias vezes ao dia, ao longo de toda uma vida. Só mesmo para se fomentar, deste modo, nas populações, a rotina, o embrutecimento, a ignorância, a misantropia, a morte do Eu-sou único e irrepetível que cada uma, cada um de nós é.
Pois bem, são assim as já famosas missas matinais do Papa Francisco. Uma mão cheia de nada e outra, de coisa nenhuma. Soubessem as pessoas que as frequentam e que frequentam as missas dos bispos e dos párocos, por esse mundo fora, que a palavra missa significa, ide embora, ide meter-vos no mundo, como praticantes políticos, e nunca mais lá punham os pés. Porque o lugar dos seres humanos que se prezam de o ser e nunca aceitam ser outra coisa, é no mundo, sempre, orgânica e maieuticamente, religados uns aos outros, uns com os outros. Não são os templos da idolatria, onde só o altar tem valor e só o sacerdote que preside tem voz e vez. Sem nunca poder ser contraditado por nenhum dos presentes. É só ouvir e calar. E… pagar. Sim, e pagar. Porque a missa não é de borla, de contrário, não haveria quem a dissesse!... Quando é que os nossos olhos da mente cordial se abrem?!
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E tudo, o tornado levou em Paredes e noutros locais
De que valem os lucros, se perdemos o chão?
O nosso País e uma grande parte do mundo está a ser avassalado por sucessivos e inesperados tornados que, quais ladrões, levam tudo pelos ares e deixam as populações sem abrigo e sem chão, quase à beira de morrerem de terror. O concelho de Paredes, distrito do Porto, é, porventura, o mais paradigmático, neste início de 2014. Um tornado de curta duração, mas de forte intensidade, atacou, alta madrugada, quando as populações dormiam. Nem os serviços meteorológicos previram semelhante acção. Não se trata de um ataque da natureza contra as populações. Somos natureza consciência, não somos estranhos, muito menos, inimigos. Mas a verdade é que estas acções são provocadas pelo Poder financeiro global. Não é a natureza que nos ataca. Somos nós que a atacamos. Acontecemos, no decurso da evolução, para cuidarmos dela e uns dos outros, numa grande reciprocidade maiêutica, mas, em vez disso, metemo-nos a cuidar dos deuses e das deusas, com destaque para o deus Lucro – o Dinheiro – e agora sofremos as consequências. Saibam, entretanto, que este é apenas o princípio das dores. O próximo futuro traz no bojo acções muito mais violentas que estas. Porém, é em momentos como os deste início de 2014, que ganha ainda mais sentido a grande pergunta, De que valem os lucros, se perdemos o chão?
Em Paredes, nem o cemitério local escapou. Nem mesmo algumas igrejas. As reportagens tv mostraram-nos seres humanos como nós a transportar em braços grandes imagens de cristos crucificados e de nossas senhoras. Os supostos protectores e salvadores, afinal, são nada, em horas como estas. Em lugar de protegerem e salvarem as populações, precisam de ser protegidos e salvos por elas. Mas parece que nem assim aprendemos a lição. E insistimos no fabrico de novas imagens que, depois vendemos/compramos, e corremos a prostrar-nos diante delas. Uma humilhação sem nome. Deveríamos perceber, à luz deste tipo de tornados, de ventos ciclónicos, de chuvas torrenciais, de frios glaciares, e de invasão dos mares terra dentro, que as religiões de nada valem. Todas são tentação para os seres humanos. Desviam-nos dos prementes e permanentes actos políticos de cuidarmos uns dos outros e do planeta. Todas têm na sua génese, a busca do Lucro, do Dinheiro. Este, veste de protector e de salvador das populações, mas é a mentira e o assassínio. Servi-lo, é um suicídio, um genocídio e, por fim, um ecocídio. Temos deusas e deuses que se alimentam dos que os servem, mas perdemo-nos e perdemos o chão. É o que nos revelam estes primeiros dias de 2014. Em Paredes, noutras partes do País e em muitas outras partes do mundo.
Seremos insensatos, se, depois desta revelação, continuamos a correr para Fátima e para os santuários da nossa humilhação; se continuarmos a escolher os grandes interesses financeiros para nos governarem; se continuarmos a fazer promessas a todas as nossas senhoras e a todos os santos e a cumpri-las, em vez de cuidarmos uns dos outros e do planeta. Mas então não nos queixemos. A natureza não é nossa inimiga. Somos nós que somos inimigos uns dos outros e inimigos dela. Exploramo-nos uns aos outros e exploramos a natureza, quando deveríamos cuidar uns dos outros e da natureza. Dois mil anos depois de Jesus, ainda não percebemos que, tal como ele, também nós nascemos e viemos ao mundo para cuidarmos uns dos outros e do planeta, e não para cuidarmos das deusas e dos deuses, nem para sermos servos atentos e reverentes dos grandes interesses financeiros, a demência organizada e estrutural. Mudemos de ser, mudemos de Deus!
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100 anos depois da Primeira Grande Guerra Mundial
Recusemos o consenso político em torno do Poder financeiro
Que adianta ganhar o mundo inteiro, se perdemos os afectos?!
Há precisamente 100 anos (1914-2014), que começou na Europa a Primeira Grande Guerra Mundial. Milhões de vidas sacrificadas e assassinadas. Que as guerras matam. São antípodas dos partos. A Guerra de 14-18 foi o princípio do fim da Europa. E a verdade é que, 100 anos depois, o nosso País entra em 2014 com um OE que só o presidente Aníbal não vê que está mortalmente ferido de inconstitucionalidade. Por isso, não promove vida e vida em abundância, antes, exclui e mata. E, para cúmulo, ainda se atreve a apelar ao consenso político. Só pode ser um consenso em torno do grande Poder financeiro que, como se sabe, não pode ouvir falar em direitos humanos, nem em justiça social, nem em sororidade/fraternidade, nem em seres humanos de carne e osso, nem em povos, cada vez mais excedentários. À partida, o presidente Aníbal sabe que pode contar o Governo PP-PC, PauloPortas-PassosCoelho, mais uns quantos ministros e múltiplos secretários de estado. E com uma desavergonhada maioria parlamentar que há muito vendeu a alma ao Diabo/Poder financeiro. A que se junta uma esquerda parlamentar que protesta, protesta, mas não abre mão nem dos lugares onde se sentam, nem das mordomias. Todos num grande consenso de apoio e de protesto, sob a batuta do chefe de Estado que é, simultaneamente, comandante supremo das Forças Armadas, por sinal, também elas, demasiado domesticadas e corporativas.
A Primeira Grande Guerra Mundial de há 100 anos é hoje a Primeira Grande Guerra Mundial financeira. O Dinheiro, no lugar dos povos. As mercadorias, no lugar das pessoas de carne e osso. Nascemos cada vez menos em Portugal e na Europa. Cada dia, fecham mais empresas e somos cada vez menos a pisar o chão do País. Porque nascemos menos cada ano e porque os jovens saídos das universidades deixam os mais velhos entregues à solidão. Deveriam ficar, solidários com as gerações dos seus pais e avós. Teriam de começar tudo de novo, é verdade. Seria uma epopeia, nascida de raiz, digna de uns novos Lusíadas. Mas não estão para esse esforço criador. E desertam da sua mátria/pátria. Seduzidos pelo dinheiro com que lhes acenam de outros países da Europa e do resto do mundo. São como os jogadores de futebol dos milhões, cuja pátria é o Dinheiro!
Quando tudo se afunda e o deserto avança, galopante, sobre as aldeias e as cidades do interior, o presidente Aníbal, 100 anos depois da Primeira Grande Guerra Mundial, começa o ano de 2014 a apelar ao consenso político. Quer, a todo o custo, que o Governo PP-PC se eternize à frente do País, para o destruir por completo. Apela ao consenso, quando deveria apelar à rebelião política e à criatividade das novas gerações. Já nem os partidos políticos que ainda se dizem de esquerda – na verdade, são partidos que apenas querem ser Poder – sabem o que dizer/fazer. Uma coisa, os seus deputados sabem. Sabem que a manutenção deste status quo lhes traz vantagens pessoais e familiares. Enquanto houver consenso em torno do Poder financeiro, as vidas dos deputados, à direita e à esquerda, continuam asseguradas. Ao contrário das vidas das populações que vêem as suas próprias filhas, os seus próprios filhos desertar do País que tanto investiu na sua formação académica. Deixam tudo pelo dinheiro que aqui não auferem. Vão por lã, e acabam todas, todos, tosquiados. Porque sem afectos. Sem relações, pele com pele. Só mesmo relações virtuais. Por isso, estéreis. Já que as relações virtuais, por mais frequentes que sejam, nunca são geradoras de filhas, filhos. De bebés. As famílias virtuais são outras tantas bolas de sabão.
Somos, por isso, um País bolas de sabão. Sem alegria. Sem festa. Sem sol. Até a Natureza passa os dias e as noites a chorar. Lágrimas de chuva e de sangue. Tanto sofrimento só tem paralelo com o sofrimento de há 100 anos. Então, foi uma Guerra Mundial feita com armas e bombas despejadas por aviões. Hoje, as armas sobejam, porque a guerra é quase só financeira. Não corre sangue, a não ser nas estradas e auto-estradas da Europa e do mundo. Morre-se e não se nasce. Fazemos funerais, não celebramos natais a sério. Só os natais-faz-de-conta, dos meninos-jesus e dos pais-natais.
Entramos em 2014 com o presidente Aníbal a apelar ao consenso. Já ninguém faz caso do que do que ele diz, nem do que ele faz. Ele próprio não se toma a sério. O palácio de Belém é a sua prisão dourada. Um pesadelo. O Governo PP-PC que ele faz questão de manter em funções, é o coveiro do País. E as novas gerações, perante toda esta desgraça, em lugar de ficarem aqui, de pé, solidárias e criadoras, correm a procurar fora o que deveriam inventar/criar cá dentro. Porque para isso nascemos e viemos ao mundo. Para criarmos vida e vida de qualidade e em abundância. Este chão que nos deu à luz precisa das nossas mãos, dos nossos braços, dos nossos pés, das nossas capacidades, da nossa criatividade. Recusemos, pois, o consenso em torno do Poder financeiro, envolvido numa guerra mundial, bem pior que a de há 100 anos, e ousemos fazer das pedras, chão fecundo. Este chão que nos deu à luz, precisa de nós para poder frutificar e garantir vida a todas, todos. É tempo de ficar, não de desertar. É tempo de conceber e de dar à luz filhas, filhos. Só os afectos nos salvam, nos dão saúde, nos fazem extrair pão até das pedras, suculentos frutos, até do deserto, vida, até das aldeias do interior. Na Terra, temos vida. No Dinheiro, morte. Que adianta ganhar o mundo inteiro, se perdemos os afectos?!
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Uma estória com sabor a Evangelho, a abrir 2014
De como a CIA&C.ª ajudou um velho iraquiano nos EUA a plantar batatas
"Um velho árabe muçulmano iraquiano, a viver há mais de 40 anos nos EUA, quer plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele. O seu filho único, Ahmed, está a estudar em França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem:
"Querido Ahmed: Sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim. Já estou demasiado velho para cavar a terra.Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam. Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra. Beijos, Papá"
Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem: "Querido pai: Se fazes favor, não toques na terra desse jardim. Escondi aí umas coisas. Beijos, Ahmed"
Na madrugada seguinte, aparecem no local a polícia, agentes do FBI, da CIA, os S.W.A.T., os Rangers, os Marines, Steven Seagal, Silvester Stallone e alguns mais.... da elite estadunidense, bem como representantes da SNA, do Pentágono, da Secretaria de Estado, do Mayor, etc. Removem toda a terra do jardim procurando bombas, ou material para as construir, antrax, etc. Não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles buscavam. Nesse mesmo dia, o velhote recebe outra mensagem: "Querido pai: Certamente a terra já está pronta para plantar as batatas. Foi o melhor que pude fazer, dadas as circunstâncias. Beijos, Ahmed”.
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Diocese de Angra lança vinho de missa
Igrejas cristãs S.A.?
N.E. Dizer/fazer Eucaristia é o mesmo que dizer/fazer a desprivatização da Terra e dos frutos da Terra e do trabalho dos seres humanos, para tudo seja de todos, segundo as necessidades de cada qual. As igrejas cristãs, com destaque para a católica romana, transmutaram a Eucaristia em missas, e missas pagas, uma sacrílega fábrica de fazer dinheiro. A pretexto de que, com elas – é uma descarada mentira – as “almas” dos mortos saem mais depressa do “purgatório” (um mito, que tem dado muito dinheiro a ganhar ao clero!). Ora, a partir do momento em que se entra por aqui, depois, vale tudo, até tirar olhos. E as igrejas cristãs tornam-se Igrejas S.A., com milhares de sucursais em todo o mundo. Sem dúvida, a maior transnacional do planeta. E tudo isto a propósito da notícia que se segue. Ora, leiam e concluam: Missas? Não, obrigado!
Lajido Reserva 2004. É o nome de uma nova marca registada de vinho. Vinho exclusivo das missas das paróquias açorianas, a partir deste mês de Janeiro, dia 3. É produzido na Adega Vitivinícola do Pico.Trata-se de um lote de 3000 garrafas de Lajido, especialmente aprovado pelo Bispo de Angra, de acordo com o que está previsto no Direito Canónico, por se tratar de um vinho “quase puro”, sem aditivos ou outras misturas, a não ser uma percentagem “mínima” de aguardente.
“Como este lote de vinho Lajido reunia todas as condições para poder vir a ser consagrado na Eucaristia e, atendendo ao facto de se tratar de um vinho açoriano, a Diocese optou por um produto regional, em vez de estar a importar vinho de missa do continente”, disse ao Portal da Diocese o ecónomo Pe Adriano Borges.
O Lajido é um vinho Licoroso de qualidade, produzido a partir da vinha que constitui a Paisagem Protegida do Pico, declarada Património da Humanidade pela UNESCO, e é um descendente directo do famoso "Verdelho" que levou o nome da Ilha do Pico às mais requintadas mesas da América e da Europa, até à corte dos Czares da Rússia. Pôs-se o nome de Lajido, justamente a evocar o manto urdido de basalto que foi em todos os tempos o verdadeiro Solar do Velho "Verdelho". Com propriedades singulares, muito apreciado, quer como aperitivo, quer como digestivo, é um vinho “delicadamente perfumado e muito fresco”.
Este vinho Lajido Reserva 2004 reúne “as cepas de Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico que são plantadas, há mais de quatro séculos, nas encostas da rocha basáltica e abrigadas da salsugem do mar pelos muros dos currais”, como se pode ler no rótulo.
A diocese comprou o lote das três mil garrafas que irá colocar em todas as paróquias da região, que habitualmente consomem por ano entre 1200 a 1500 garrafas de vinho de missa. Apesar de ser “um pouco mais caro” do que o vinho que tem sido utilizado até hoje, “tem maior qualidade e a sua certificação de acordo com as regras estipuladas é muito mais credível”, acrescentou ao Portal da Diocese Adriano Borges.
Este vinho vai ser agora disponibilizado a todas as paróquias e colocado à venda naqueles que são os revendedores habituais, nomeadamente a livraria da Diocese, para que “quem quiser comprar este vinho o possa fazer”, disse ainda o ecónomo. “Para a Diocese é um orgulho utilizar vinho regional e, sobretudo, sentimos que estamos a contribuir para divulgar e escoar um produto açoriano de qualidade e simultaneamente contribuímos para o desenvolvimento da economia regional”, conclui.
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“O Cristianismo no espaço e o espaço do Cristianismo”
Jesus sem lugar nas conferências promovidas pelos Dominicanos em 2014
As conferências, promovidas em 2014 pelos Dominicanos de Lisboa, no seu Convento de São Domingos, deixarão de fora Jesus, o de antes do cristianismo, e o seu Projecto político. O que não será de estranhar, já que Jesus nunca foi em conventos nem em Ordens religiosas. Tão pouco, fundou uma igreja. Muito menos, uma igreja com um papa chefe de estado e poder monárquico absoluto. Com o que Jesus se preocupa é com a Terra e com os seres humanos, indiscriminadamente, constituídos na justiça e na verdade. Toda a temática girará em torno de “o cristianismo no espaço e o espaço do cristianismo”. Mais do mesmo, portanto. A primeira sessão é no dia 15 de Março. A última, dia 12 de Abril. Com início às 15h30.
A primeira sessão conta com a presença de Amílcar Coelho, que aborda o tema “Introdução metodológica: a questão do espaço”, e do frei Francolino Gonçalves, que disserta sobre “O imaginário bíblico e o mundo rural”. No dia 22 de Março, é a vez de Abel Pena, com o tema “Cristianismo primitivo e mito urbano” e do frei José Manuel Fernandes, com o tema “Os padres do deserto”.
A 29 de Março, cabe a José Mattoso abordar o tema “A ida para as aldeias: monaquismo e paróquias” e o frei António José de Almeida fala sobre “O regresso às cidades: ordens mendicantes”. No dia 5 de Abril, Dimas de Almeida fala sobre “Reforma protestante: o cristianismo noutro espaço”.Por sua vez, frei José Nunes reflecte sobre “Fé cristã e culturas dos novos mundos.”
A última sessão deste ciclo de conferências tem lugar no dia 12 de abril com o tema “Diálogo inter-religioso num mundo globalizado”, Frei Rui Manuel Grácio das Neves tem a palavra. Segue-se-lhe Teresa Messias, com o tema “O cuidar dum espaço interior”.
Por este andar, a Ordem dos Padres Pregadores corre o risco de ficar fora da história, como coisa inócua e sal que perdeu a força de salgar. Quando o Poder financeiro nos cerca e devora por todos os lados, os Padres Pregadores dissertam sobre um mito chamado Cristo e sobre uma ideologia/idolatria chamada cristianismo. Choremos.
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Natal 2013 em Lamarosa
1 Texto-denúncia de Leonel Pereira
“Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o Seu filho primogénito. Ela enfaixou-O e colocou-O numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria.” Lc 2, 6-7.
Estamos na quadra de Natal de 2013. Há cerca de dois mil anos nasceu Jesus. De quanto tempo mais se precisa para perceber esta simples passagem das escrituras?
A comunidade cristã da Lamarosa (paróquia da Olaia – T. Novas) foi visitada por um grupo de 4 escuteiros (dois rapazes e duas raparigas) dum agrupamento escutista católico de Oeiras que solicitou apoio logístico – acolhimento, comida, dormida – por um dia, conforme normas centenárias do seu fundador Baden Powel. Foi arrepiante a forma como a referida comunidade cristã “despachou” estes escuteiros católicos, sob pretexto de “falta de programa”, “ausência de instalações condignas”, outros afazeres cujos levam-nos a pensar sejam a “administração do Divino Espírito Santo”. Eu, ingenuamente, apenas tinha ouvido falar de “garota de programa”, agora “pároco de programa” nunca me tinha passado pela cabeça …
Muito me honrou recebê-los na minha modesta habitação, assim como vi neles, sem falsa modéstia, os peregrinos que necessitam de abrigo. Como direi, não fiz mais que a minha obrigação.
Posto isto, oferece-me perguntar: a caridade cristã, funciona só nas horas de expediente e com audiência marcada previamente?
Na recepção que a minha família pôde disponibilizar a estes quatro jovens, incluímos uma visita ao Centro de Documentação de Alternativas, propriedade do Casal Rodet, que se encontra instalado provisoriamente na Lamarosa. À partida para Tomar (era o seu destino imediato) foram-lhes dadas informações sobre o caminho pois não conheciam nada da região.
Da parábola do “Juízo Final” – “…Afastai-vos de Mim, malditos. Ide para o fogo eterno, preparado para o demónio e os seus anjos. Porque Eu estava com fome, e não Me destes de comer; estava com sede, e não Me destes de beber; era estrangeiro e não Me recebestes em casa; estava sem roupa, e não Me vestistes; estava doente e na prisão e não Me fostes visitar.” Mt 25, 41-43.
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Os “inimigos alemães” do Papa Francisco
Algo se move na Alemanha. A terra que viu nascer Lutero e Ratzinger, onde se traçaram as duas grandes linhas mestras da teologia conciliar (Tübingen e Regensburg), volta a apresentar-se hoje como exemplo das duas “almas” da Igreja católica: a reformista e a conservadora.
O acesso à comunhão dos divorciados recasados foi a faísca que acendeu a mecha do debate, que a imprensa alemã analisou com crueza. “O mundo gosta dele, mas...”, diz a manchete do Die Zeit, que dá nomes e sobrenomes tanto aos antagonistas como aos paladinos do Papa Bergoglio na Igreja do gigante centro-europeu. De um lado do campo de batalha, estão o secretário pessoal de Joseph Ratzinger, Georg Gänswein, e o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller, ambos criados no espírito de Tübingen (e do Papa emérito); do outro lado, os reformadores cardeais Reinhard Marx (um dos membros do C8 cardinalício), e Walter Kasper.
Os “inimigos” de Francisco são poucos, mas influentes. Podem ser vistos na cúria, entre os antigos colaboradores de Ratzinger e entre os que temem que uma Igreja mais aberta e dialogante acabe com as estruturas de poder, e com a própria visão da instituição como uma entidade mística e divina (e, portanto, inatacável). “Um poderoso clã de cardeais – conta o Die Zeit –, para quem o argentino, com seu espontâneo entusiasmo, modéstia, informalidade e, sobretudo, seu decidido ânimo reformista, se converteu numa ameaça à sua tradição de poderio”.
O mundo gosta do Papa, mas... e no interior da Igreja? A oposição silenciosa a Bergoglio, como se ressaltou, é cada vez menos silenciosa, e alguns já falam em cisma encoberto, que poderia plasmar-se, caso se abrirem as portas para os divorciados recasados, questão que não deveria ser tão relevante num mundo no qual a doutrina teria que estar submetida ao mandamento do amor e da misericórdia, como aponta o próprio Francisco. Francisco é visto por este grupo como um “latino irresponsável, que chegou e atreveu-se a desafiar e a desestruturar a estrutura milenar da Igreja”.
Tanto Müller como Gänswein, explica o semanário alemão, lavraram sua profusa biografia eclesiástica na poderosa e milenar “sementeira”, ou melhor, “criadouro”, teológico da arquidiocese de Regensburg, de onde foram ditados dogma e doutrina católica desde 1108, e se decidiu o rumo da Igreja, quase tanto ou mais que no próprio Vaticano.
É a mesma sementeira de onde proveio o Papa emérito Joseph Ratzinger, que, em outubro de 2012, quatro meses antes de renunciar, elevou o seu discípulo, o cardeal Gerhard L. Müller, ex-bispo de Regensburg, ao cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a segunda posição mais importante e com mais poder no Vaticano – depois do Pontífice –, cuja função é análoga e, de facto, sucessora do que foi o Tribunal da Inquisição. Se dermos como certo o que foi dito, que o hoje emérito pensou em sua renúncia já em março de 2012, após sua viagem ao México, a nomeação de Müller poderia representar uma tentativa de perpetuar um modelo de controlo doutrinal.
Die Zeit aponta Gerhard Ludwig Müller, de 64 anos, como o principal antagonista de Francisco. O outro “inimigo alemão” de Bergoglio está muito próximo dele. Trata-se do prefeito da Casa Pontifícia, e secretário pessoal de Ratzinger, Georg Gänswein. Em recentes declarações, Il Bello Giorgio, mostrava como lhe foi difícil aceitar a renúncia de Bento XVI e como algumas das primeiras decisões do seu sucessor, como deixar o Palácio Apostólico e viver em Santa Marta, representavam para ele uma afronta ao seu mestre Ratzinger. “Por acaso, o Papa anterior e os anteriores não eram nem viviam modestamente?”, declarou Gänswein, que sentiu a saída do Papa emérito como “uma amputação”.
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Banco do Vaticano (IOR)
Europa exige novos controlos
Desta vez, não houve nenhuma nova classificação, apenas uma lista de acções fortemente "recomendadas". O annus horribilis para as finanças vaticanas e para o IOR termina com o segundo relatório do Moneyval. Mais uma vez, entre luzes e sombras.
O Comité do Conselho da Europa sobre o combate à lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, depois de uma série de inspecções ocorridas entre outubro e Novembro 2013, publicou uma extensa análise. Destaca-se nela o caminho feito até agora pelo Vaticano em termos de transparência.
O objectivo continua a ser a whitelist, mas o caminho a percorrer ainda parece longo. Se, de um lado, Estrasburgo apreciou os esforços feitos até agora no fronte normativo, com a introdução do Motu Proprio de agosto e o decreto posterior de fortalecimento da AIF, a autoridade de controlo introduzida por Bento XVI, enfraquecida pelo cardeal Bertone e depois restaurada nas suas funções pelo Papa Francisco, de outro, foi trazido à tona a ausência de adequados controlos sistemáticos internos.
Inspecções
"É bastante surpreendente" que a AIF ainda não tenha conseguido fazer inspecções normais no IOR e na APSA, as duas caixas fortes do Vaticano. Uma prerrogativa que até agora foi banida. Até o fim de 2014, no entanto, a função de supervisor (considerada essencial para o equilíbrio do sistema financeiro) deverá ser restaurada.
Por enquanto, o Vaticano confiou-se a uma empresa externa, a norte-americana Promontory (que recebe cifras astronómicas por isso), que está a verificar e analisar as contas correntes do IOR. O Moneyval recomenda a importância de que as próximas inspecções internas "incluam testes por amostragem de contas de clientes para testar o seu risco".
O relatório do Moneyval conclui sem dar nenhuma nova "classificação" ao Vaticano, mas com uma longa lista de "acções recomendadas". A promoção ocorrerá, se forem seguidas nove recomendações "core" e "key" de um total de 16. Entre elas, está a consolidação não só da AIF, mas também da Gendarmeria. Além disso, espera-se que as sanções sejam impostas também a "directores e gerentes seniores das instituições financeiras" e a publicação dessas mesmas sanções.
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